A GERAÇÃO Y E O TRABALHO Aspectos relacionados à liderança e gestão por atitudes Sharlene de Miranda Kath1 Gilberto Barros Lima2 Resumo O tema deste artigo é a geração Y com foco delimitado para os aspectos relacionados à liderança nas empresas. Esta geração compreende as pessoas nascidas entre os anos de 1978 e 1989, em meio a um cenário de profundas transformações e deslocamentos históricos, sendo um dos marcos principal o avanço da tecnologia e da internet. Trata-se de jovens trabalhadores, de estilo diferenciado daqueles de outras gerações, dominam bem a tecnologia, tem atitudes de vanguarda, aceitam desafios e aos poucos vem assumindo cargos de liderança, renovando o perfil de gestores e líderes nas organizações. No entanto, por se tratar de uma geração jovem, o que num primeiro momento levaria a ideia de um choque de gerações, caminha para a adequação e não para o conflito de valores entre gerações, pois desafios, vida profissional condizente aos valores pessoais, ascensão acelerada, uso e adaptação às ferramentas tecnológicas são aspirações, habilidades e características bastante conhecidas do perfil da geração Y. Mas, para que isso aconteça são necessárias algumas ações no âmbito dos gestores, tais como investir em treinamento, prover os estímulos adequados para a motivação e dar feedback constante. Palavras-chave: Liderança. Gestão. Trabalhador. Perfil. Geração Y. RENAISSANCE IN EDUCATION Abstract The theme of this paper is defined Generation Y focused on aspects related to business leadership. This generation includes people born between the years 1978 and 1989, amid a scene of deep historical and displacement, one of the main landmarks the advancement of technology and the Internet. These are young workers, the distinctive style of those of other generations, and master technology, has cutting-edge attitudes, accept challenges and gradually has assumed positions of leadership, renewing the profile of managers and leaders in organizations. However, because it is a younger generation, which would at first the idea of a clash of generations, walks to the appropriateness and not to the conflict of values between generations as challenges, life consistent with personal values, the rise accelerated use and adapt to technological tools are aspirations, abilities and characteristics of the wellknown profile of generation Y. But for that to happen some actions are required as part of managers, such as investing in training, providing appropriate incentives to motivate and give constant feedback. Keywords: Leadership. Management. Worker. Profile. Generation Y. 1 2 Especialista Marketing e Vendas. Pós-Graduação Uniasselvi. E-mail: [email protected] Especialista Gestão Negócios Internacionais. Pós-Graduação Uniasselvi. E-mail: [email protected] 2 1 INTRODUÇÃO A geração Y corresponde a uma geração de jovens que vem ocupando novas posições nas empresas e, inclusive, cargos de liderança, apesar da pouca idade. Esta reconfiguração do perfil dos trabalhadores do século XXI está transformando a forma como as empresas funcionam, bem como as interações e os relacionamentos. Por se tratar de uma geração que nasceu no contexto dos avanços tecnológicos, dominam as áreas de tecnologia da informação e podem dispor de novas ferramentas para as empresas: o Twitter, instalar Blogs, criar comunidades no Orkut, Facebook, Linkedin, MySpace, Pintrest, dentre outras. No caso de empresas na área de tecnologia, de web, software e marketing, elas são 100% compostas por pessoas da geração Y. O diferencial da geração Y é que essas pessoas procuram equilibrar o tempo, gostam de jogos virtuais, passam bastante tempo na internet e interagem em redes sociais. Consideram o equilíbrio mais importante que o salário e tem tendências a multitarefas, preocupando-se em fazer tudo bem feito. Ao mesmo tempo em que a internet é lazer, também a utilizam para gerenciar e colaborar, usam softwares de produtividade, gostam de reuniões virtuais e cada vez menos da comunicação por e-mail, valorizando o tempo real. Uma das maiores contribuições da geração Y tem sido na área de tecnologia, pois como conhecem bem, utilizam e se atualizam no uso de novas ferramentas tecnológicas, tem facilidade para indicar aos gestores quando determinada tecnologia se tornou obsoleta. São pessoas criativas, que gostam de pesquisar, aprender e sugerir alternativas, encontrando mais de uma solução para o mesmo problema, o que pode trazer inovações para a empresa e que para eles muitas vezes não é problema, e sim, situações que necessitam de cautela exclusiva. O progresso desses profissionais é embasado no aprender, instruir-se, e a fazer coisas novas, aproveitando as ferramentas que as empresas disponibilizam. Em muitos casos, uma jornada flexível pode gerar mais motivação que o dinheiro, uma vez que para os jovens não existe separação no que fazem no trabalho, ou no que vivem fora dele. Tudo acontece de forma integral. No entanto, alguns gestores e líderes se queixam de certos comportamentos das pessoas da geração Y, tais como: terem pressa para promoções de função, serem novos demais para assumirem cargos de lideranças, que necessitam de estrutura e supervisão. Os jovens dessa geração não toleram o autoritarismo dos chefes, expõem com franqueza suas opiniões e sentimentos e precisam receber estímulos adequados para a motivação. Por este motivo, o treinamento desponta como uma possibilidade para aprender a lidar com os jovens trabalhadores da Geração Y e trabalhar com eles aspectos da cultura organizacional da empresa, administração de conflitos e formar equipes coesas, que trabalhem por objetivos e rumos coletivos, trabalhando as resistências e diferenças sem que haja o choque de gerações. O desenvolvimento de qualquer habilidade como, por exemplo, escutar, trabalhar em equipe, ter empatia, só faz sentido se for adaptado para a cultura organizacional em que o grupo de trabalho está inserido. Diante do exposto, este artigo aborda a relação da geração Y e o trabalho, bem como os aspectos relacionados à liderança e a gestão por atitudes, uma marca da juventude. Compreendendo o perfil da geração Y e orientado, dando feedback frequente, respeitando as diferenças e tentando encontrar a melhor maneira de somar o talento desses jovens à experiência da equipe, a empresa pode passar a ter diferenciais competitivos. 3 A mera proximidade de idade não basta para considerar um grupo parte da mesma geração. É necessário identificar um conjunto de vivências históricas compartilhadas – obviamente, de caráter macrossocial - que determina alguns princípios de visão de vida, contexto e, certamente, valores comuns. Sob essa lógica, podemos afirmar que estamos em um momento em que quatro gerações trabalham e convivem nas empresas, cobrindo um espectro de mais de 40 anos, cada uma com aspirações e contratos psicológicos diferentes com o empregador. 2 GERAÇÃO X E GERAÇÃO Y O que melhor define uma geração, em termos práticos, é um conjunto de vivências históricas partilhadas, princípios de vida, visão, valores comuns, formas de relacionamento e de lidar com o trabalho e a vida (BARBOSA; CERBASI, 2009). Para compreender o perfil da geração Y, é necessário caracterizar a sua antecessora, a Geração X. Porém, antes dela, havia a geração Baby Boomer, de 1940 a 1960, considerados os filhos da Segunda Guerra Mundial, nascidos na fase de explosão populacional. No entanto, por questões específicas pertinentes ao escopo deste artigo, a pesquisa considerou um olhar mais aprofundado para as gerações X e Y. A primeira diferença mais evidente entre as gerações X e Y é o período de surgimento de cada uma: a geração X compreende os nascidos entre 1965 e 1977 enquanto a geração Y compreende os nascidos entre 1978 e 1989. Os nascidos na geração X já sentiam o declínio da estabilidade e da segurança no emprego, o que influenciou este grupo a contar com seus próprios recursos para crescer profissionalmente num ambiente instável. “Essa geração tende a ter foco nos resultados, tem uma visão empreendedora e desenvolveu a habilidade para aprender novas tecnologias para se manter no mercado” (KHOURY, 2009, p. 124). A geração X é uma geração preocupada em ter uma relação mais equilibrada entre a vida pessoal e a profissional, e tende a preferir trabalhar sozinha e fazer as coisas por si mesma do que trabalhar em equipe. Por este motivo, é considerada uma geração mais individualista, para a qual os esforços individuais são mais valorizados do que os esforços em grupo. “A geração X viveu grandes transformações históricas e culturais. Foram tantas novidades e mudanças, que fizeram com que a Geração X tivesse uma completa ruptura ideológica e social com as gerações anteriores” (BARBOSA; CERBASI, 2009, p. 23). Dentre as transformações vivenciadas por esta geração estão a queda do Muro de Berlim, a decadência dos grandes estadistas, a difusão do microcomputador e o avanço das tecnologias como telefones celulares multifuncionais e a fase de transição para a geração Y. Já a geração Y compreende os nascidos entre 1978 e 1989, embora alguns especialistas a considerem, também, para os indivíduos nascidos até 2002. É chamada, também, de “geração millenials” ou geração do milênio. A geração Y nasceu numa época em que a rede mundial de computadores teve seu crescimento disparado em todo o mundo; cresceu junto com o avanço e a rapidez da tecnologia; viu o dinheiro de plástico (cartões de crédito) substituir o dinheiro de moeda ou papel; e pertence a uma geração que usa o computador para tudo: fazer transações bancárias, trabalho, lazer e até relacionamentos amorosos duradouros (KHOURY, 2009). No quadro abaixo, com as principais características dos jovens profissionais de vendas da geração X e Y, ajuda a compreender o perfil da nova geração e os principais diferenciais entre ambas, ao mesmo tempo em que possibilita caracterizar a geração Y de um novo ângulo. 4 GERAÇÃO X Acredita que sabe tudo Não inova em suas ações É fechado e só acredita na escola da vida Conhece pouco os produtos que vende Tem a mente das 1001 desculpas Vende com base na tarimba É só chegar e vender de qualquer jeito GERAÇÃO Y É ávido por aprender coisas novas Inova e age com criatividade É aberto a mudanças. Busca aperfeiçoamento Conhece com detalhes os produtos que vende Tem a mente das 1001 alternativas Aprende e aplica técnicas de vendas É habilidoso e craque em cumprir todas as promessas. Quadro 1 – Comparativo do perfil de profissionais de vendas das gerações X e Y Fonte: Ventura (2010, p. 27). Pode-se dizer que a geração Y é a geração virtual: as pessoas participam de redes de relacionamento, tem muitos amigos distantes e até de outros países, mas alguns raramente os conhecerão pessoalmente um dia. Crianças da geração Y já nasceram aprendendo a mexer nos computadores de modo que é normal que crianças da geração Y tenham mais familiaridade e saibam manusear softwares específicos do que muitos adultos (MAIA, 2010). A geração Y vem ocupando um grande espaço no mercado de trabalho. É a geração Power Ranger, Orkut, Matrix, Twitter, Ipod, Iphone, etc. Boa parte de sua vida esteve dentro de um computador conectado à internet, muitos usaram MSN, Gtalk e Skype, entre outras ferramentas para fazer os trabalhos da escola ou faculdade (BARBOSA; CERBASI, 2009, p. 24). Khoury (2009) afirma que as pessoas da geração Y tendem a ser mais confiantes, mais tolerantes, extremamente hábeis no domínio e uso da tecnologia virtual e, inclinadas a valorizar a educação. Barbosa e Cerbasi (2009) complementam a geração Y é muito decidida, sabe o que quer e alguns parecem ter o seu próprio mundo. Se, por um lado, isso os destaca dentre as pessoas das outras gerações num grupo de trabalho, há aspectos que necessitam ser compreendidos e redirecionados no âmbito da gestão das organizações para que se possa potencializar e valorizar esses talentos. DIFERENÇAS ENTRE AS GERAÇÕES Perspectiva Ética profissional Postura diante da autoridade Liderança por... Espírito de ... Tradicionais Prática Dedicados Respeito Hierarquia Sacrifício Baby Boomer Otimista Focados Amor / Ódio Consenso Automotivação Geração X Cética Equilibrados Desinteresse Competência Anticompromisso Geração Y Esperançosa Decididos Cortesia Coletivismo Inclusão 2.1 GESTÃO DA GERAÇÃO Y NO TRABALHO A sociedade moderna, competitiva nos seus mais diferentes aspectos, onde a velocidade das informações torna imprescindível a busca constante de aperfeiçoamento, tanto por parte das organizações como por parte dos seus colaboradores requer um alinhamento de interesses por ambas as partes. Dentro desse cenário, observam-se a importância da Gestão de Pessoas, e que cabe, fundamentalmente a ela, alinhar as políticas organizacionais e as estratégias desenvolvidas pela própria organização. As políticas atuais de gestão de pessoas deixaram de considerar o papel profissional, independente e dissociado dos aspectos pessoais que tornam o indivíduo com características 5 próprias. Procura entender e extrair benefícios desses aspectos pessoais, que potencializam o desempenho profissional do indivíduo. Assim como as organizações são diferentes, as pessoas também o são. No que se refere à gestão de pessoas, muitos gerentes falham porque se esquecem de levar em conta a cultura da organização e as diferenças individuais dos membros do grupo. O que pode ser adequado para determinada organização ou pessoa pode não ser para outra. (KHOURY, 2009, p. 138). Num primeiro momento se poderia pensar num choque de gerações quando se tem representantes da geração Y num grupo de trabalho, principalmente porque, por estarem mais familiarizados com a tecnologia e serem seus usuários permanentes, podem ter sim, mais competência que os seus próprios líderes nesse aspecto. No entanto, para Barbosa e Cerbasi (2009, p. 24) “o que veremos nos próximos anos é uma adequação, e não conflitos de valores entre as gerações”. Por outro lado, Khoury (2009) afirma que, as queixas de profissionais veteranos em relação aos jovens da geração Y em função da sua juventude e impetuosidade, podem, ao mesmo tempo, fornecer pistas para descobrir e reter novos talentos. Para tanto, é necessário criar estratégias próprias, de acordo com o estilo de liderança, para incentivá-los e motivá-los. Por exemplo, as principais queixas em relação aos profissionais da geração Y é que, embora independentes e brilhantes, necessitam de estrutura e supervisão. Neste caso, a empresa necessita oferecer objetivos claros, bem definidos e feedback permanente. Outra queixa é que se trata de profissionais apressados, que esperam crescer rápido na empresa e não sabem lidar com conflitos. Portanto, por ser uma geração que cresceu aprendendo a respeitar os colegas, não aceita bem o fato de que um líder grite com seus liderados. “Gritar, ameaçar despedir, falar agressivamente são estratégias que não funcionam com esse grupo” (KHOURY, 2009, p. 130). Os jovens da geração Y são capazes de trabalhar duro e se dedicar ao trabalho, mas não apreciam horas extras ou sacrificar o tempo para o lazer, família e amigos. É uma geração que pergunta muito e costuma questionar os valores de uma função sem muita importância na hierarquia da empresa. Seu interesse está voltado à compreensão sobre o modo que as pequenas partes estão conectadas ao todo, portanto, o estilo autoritário do chefe que diz “faça porque estou mandando” precisa ser substituído por “existe outra forma de fazer isso”. Segundo Khoury (2009), ter na equipe jovens trabalhadores da geração Y é ter pessoas que são sinceras, seguras e que em algum momento vão expor suas ideias e sentimentos ao grupo porque falam o que pensam. Gostam de ser elogiados quando fazem algo certo ou se destacam e necessitam de feedback, e por não ser um estilo típico de gestões anteriores, há que se pensar em desenvolver o feedback e os elogios como ferramentas de motivação. A questão está, então, em canalizar essa competência dos trabalhadores da geração Y para beneficiar o grupo e a organização. Uma das características da geração Y que se destaca é se tratar de trabalhadores jovens e não suportam serem discriminados por isso. Para eles, não importa a idade, mas o que podem fazer. Já as mulheres da geração Y esperam ser tratadas, reconhecidas e remuneradas como os homens de sua geração. Portanto, desde que sejam respeitadas no grupo, tem-se ótimas possibilidades de atuação de um grupo integrado e coeso, funcionando como um time. 6 2.1.1 Investir em Treinamento O treinamento é uma das melhores estratégias para incentivar os jovens da geração Y, uma vez que são curiosos, propensos a novas descobertas e valorizam as aprendizagens. Como essa geração cresceu com abundância de estímulos e valoriza a aprendizagem, ela tema expectativa de continuar esse processo dentro da empresa: pode ser por meio de treinamento formal, informal, workshop, curso online, reciclagem ou atualização de determinado conteúdo ou simplesmente por ser permitido que os “Y” sejam observadores de determinados profissionais (KHOURY, 2009, p. 128). Mesmo sem treinamento específico em tecnologia, os trabalhadores jovens da geração Y são habilidosos em perceber quando uma tecnologia já se tornou obsoleta para as necessidades da empresa. Então, treiná-los em novas tecnologias para que coloquem em prática rapidamente o que aprenderam é uma fonte de estímulos importantes que leva à motivação. De preferência, o treinamento deve estar voltado para as áreas que atuam e as oportunidades de aprendizado coerentes com suas necessidades e da empresa. Num treinamento inicial com jovens da geração Y há 3 principais temas a serem abordados inicialmente: a ética no trabalho, o atendimento ao cliente e a gestão do tempo. A ética no trabalho está associada intimamente com a cultura organizacional da empresa, ou seja, aos princípios que orientam o modo de pensar, de agir e de fazer as coisas coletivamente. As habilidades para atender o cliente correspondem à conhecer o perfil do cliente, suas necessidades e atendê-las para satisfazê-lo. Resolver conflitos, lidar com clientes difíceis e saber ouvir são técnicas primordiais a serem desenvolvidas e treinadas com os jovens da geração Y. O terceiro tópico do treinamento é focado na gestão do tempo, pois para alguns jovens da geração Y gerenciar o próprio tempo constitui um desafio. Por terem suas agendas de compromissos gerenciadas pelos pais e educadores, podem ter dificuldades para subdividir um objetivo principal em objetivos específicos (KHOURY, 2009). Outro ponto não menos importante do treinamento para a geração Y é em relação à aparência, uma vez que muitos têm tatuagens em partes visíveis do corpo, piercings, cabelos compridos e outras características que podem remeter à ideia de relaxamento com a aparência. A maneira que uma pessoa se veste projeta um conceito para as outras pessoas e, em alguns casos, dependendo do tipo de trabalho, pode comprometer a imagem da empresa que o profissional representa. Desta forma, se a aparência for fundamental, há que se expor esses aspectos durante o treinamento, ser específico e explicar o que é adequado e o que não é para a empresa. “Treine, explique e compartilhe informações” (KHOURY, 2009, p. 135). 2.1.2 Motivação Quando se fala em motivação, muitas pessoas, inclusive líderes e gestores, se propõem a buscar formas de motivar seus funcionários, quando na verdade, a motivação é subjetiva, intrínseca, própria de cada um. O que significa que só a própria pessoa pode motivar-se. O que os gestores e líderes podem fazer é proporcionar estímulos que causem a motivação pessoal, e ao mesmo tempo buscar conselhos de como atrair, reter e gerenciar esses colaboradores, conforme demonstra o quadro abaixo: 7 O que os atrai? • Seus critérios de decisão entre diferentes ofertas de emprego são: estabilidade, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e nível salarial adequado. • Valorizam e representam a diversidade. • Tendem a pensar no curto prazo (lembre-se de que, como tem amplo acesso a informação, possivelmente têm varias alternativas a escolher). O que esperam como remuneração? • Para eles, remuneração está relacionada com resultados. • Geralmente têm expectativas de alta remuneração para manter elevado padrão de vida. O que oferecem as empresas? • Alto nível de formação. • Iniciativa e criatividade. • Resultados. O que os reterá? • Consideram fundamentais a responsabilidade individual e a liberdade para tomar decisões. • Creem mais na co-decisão do que na hierarquia. • Pedem flexibilidade de tempo e espaço para manter sua esfera privada. • Querem que seu estilo de vida e sua forma de enfocar o trabalho sejam respeitados. • Não é fácil despertar neles um sentido de fidelidade a empresa “para a vida toda”. Em que ambiente darão o máximo de si? • Comunicação: fluida e aberta. • Desenvolvimento profissional: oportunidades de aprendizado e desafios profissionais, mas sempre respeitando a esfera privada. • Clima: próximo, agradável, que estimule e permite a iniciativa. Parte-se do princípio de que uma pessoa só se sente motivada em função de um estímulo que seja significativo para ela, que ela valorize. Neste ponto, Khoury (2009) recomenda conversar individualmente com cada funcionário para conhecer um pouco de seu perfil e pedir que ele próprio lhe conte quais são seus interesses e o que é importante para sentir-se motivado no trabalho além da remuneração. Sabendo do próprio funcionário o que lhe motiva é possível prover os estímulos adequados, identificar e eliminar os fatores que desmotivam e obstruem o trabalho. Neste ponto, Ventura (2010) afirma que ao receber os estímulos adequados, quando motivados, os jovens da geração Y rompem, por exemplo, com o modelo tradicional de se fazer as coisas, buscando mais eficiência e melhores resultados. No que se refere especificamente ao trabalho com vendas, aqueles da geração Y tendem a aniquilar a chamada geração X das vendas, onde atuam o que chama de piratas da profissão: vendedores agressivos, mas que seguem modelos tradicionais de vendas. “A geração Y é diferente e capaz de encontrar dentro de si uma nova abordagem mais adequada aos novos tempos”. O mesmo autor continua que “Sabem que precisam ser inovadores para vencerem o poder da internet e outros canais de vendas que surgem” (VENTURA, 2010, p. 26). 2.1.3 Geração Y e liderança Khoury (2009) afirma que uma das formas de desenvolver a liderança entre jovens da geração Y é agir como coach, desenvolvedor, em que o líder assume o papel de treinador que visa o desenvolvimento dos colaboradores. Neste caso, o treinamento estará voltado não para as normas e procedimentos técnicos e operacionais, mas para o desenvolvimento de habilidades técnicas e pessoais, tais como: trabalhar em equipe, resolver e administrar conflitos, conduzir reuniões produtivas, dar feedback, promover o relacionamento interpessoal, dentre outros. 8 Neste caso, o gestor deverá estar preparado para estabelecer uma relação de confiança com o trabalhador da geração Y, aproveitando se tratar de um perfil de pessoas que falam o que pensam. Neste caso, o estímulo deverá ser no sentido de relatem seus progressos, falem abertamente sobre suas dificuldades e admitam seus erros. Faz parte dessa relação de confiança respeitar a confidencialidade e a liberdade de opinião do colaborador, ajudá-lo a identificar a habilidade que deseja desenvolver, a estabelecer metas e traçar os objetivos específicos. Dar feedback com frequência permite acompanhar o desenvolvimento do colaborador e avaliar se suas ações estão alinhadas com os objetivos. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre as tantas mudanças e transformações profundas que ocorreram ao longo do período de transição para o século XXI, uma delas é a renovação do perfil dos profissionais de diversas áreas na empresa pela entrada dos jovens da geração Y. Tratam-se de pessoas de perfil diferenciado das gerações anteriores. Tem grande intimidade e domínio da tecnologia, gostam de aprender e utilizam as ferramentas virtuais como os blogs, redes de relacionamento e outras ferramentas tecnológicas em benefício da empresa. Gostam de inovar em vendas e marketing virtual, utilizam gráficos para acompanhamento e monitoramento de índices para a empresa, frequentam redes de relacionamento profissionais, e apesar de se dedicarem ao trabalho, o grande diferencial das gerações anteriores é que prezam pelo equilíbrio do tempo para trabalho e lazer. Não gostam de esticar as jornadas de trabalho, trabalhar até tarde ou de chefes autoritários. São jovens ambiciosos que vem assumindo cargos de liderança mais cedo que os líderes de gerações anteriores e isso, às vezes, pode originar alguns pontos de conflito na empresa. As eventuais queixas de que o jovem da geração Y é impetuoso demais ou que não reconheça alguns limites podem e precisam ser analisadas no âmbito da gestão das atitudes, uma marca da juventude. Estima-se que em 2025 73% da força de trabalho no Brasil será constituída por pessoas da Geração Y. A sociedade de serviços já terá alcançado a velocidade de cruzeiro e o mundo será completamente diferente do que foi até o final do milênio e também diferente do que é hoje. Dentre os principais desafios das empresas que sobreviverem e quiserem prosperar nesse novo mundo, o maior de todos é como reter seus talentos da geração Y. Treinamento, motivação e oferta de oportunidades de crescimento profissional são expectativas dessa nova geração que se veste, se comporta, age, pessoal e profissionalmente de modo diferente. Portanto, horizontalizar a comunicação com os jovens da geração Y, oferecer treinamento adequado, motivação e feedback é uma das principais estratégias de alinhamento de atitudes de acordo com a cultura organizacional da empresa. Pensando bem, a função do líder não é motivar seus funcionários, mas sim, de apurar o que os motiva individualmente e no trabalho em grupo, eliminar as barreiras e oferecer estímulos adequados para que o próprio colaborador desperte dentro de si a motivação. Caso contrário, o treinamento não vai atingir os seus objetivos ou modificar qualquer coisa na empresa. Identificando as diferenças entre uma geração e outra de trabalhadores, líderes e gestores, é possível extrair o melhor de cada uma em prol do próprio funcionário, do grupo e da organização como um todo. 9 Mas tudo isso diz respeito a apenas uma parcela da Geração Y que permanecerá interessada em trabalhar como colaboradores em empresas, pois uma boa parte preferirá empreender, trabalhar de forma independente, ter seu próprio negócio. 4 REFERÊNCIAS BARBOSA, Christian; CERBASI, Gustavo. Mais tempo, mais dinheiro. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2009. KHOURY, Karim. Liderança é uma questão de atitude. São Paulo: Editora Senac, 2009. MAIA, Cristiano Escobar. Os filhos da revolução. Revista Mercado Brasil. Disponível em: <http://www.revistamercadobrasil.net/index.php?option=com_content&view=article&id=313 :os-filhos-da-revolucao&catid=53:artigos>. Publicado em ago 2010. Acesso em: 2 fev. 2010. p. 21-26. VENTURA, Gregório. Seja um fera em vendas: dominando seu território com conhecimentos, habilidades e atitudes vencedoras. São Paulo: Biblioteca24x7, 2010. OLIVEIRA, Sidnei. Geração Y: o nascimento de uma nova versão de líderes. São Paulo: Integrare Editora, 2010.