Liderança e as novas gerações: um desafio insuperável?
Por Arthur Diniz
Num passado não muito distante, os líderes nas empresas tinham uma postura profundamente autoritária,
reflexo do funcionamento da sociedade desta época. Esse comportamento era uma extensão do que acontecia
nas famílias patriarcais, onde os homens mandavam e as mulheres e filhos obedeciam as suas ordens sem
questionamentos. Nada mais natural que a estrutura patriarcal presente nas famílias se repetisse nas
empresas, ou seja, os líderes mandavam e os demais obedeciam. Porém, estes modelos de Liderança que
funcionavam no passado não têm mais o mesmo impacto nos dias de hoje.
A sociedade mudou profundamente. Nas famílias contemporâneas é mais difícil encontrar uma voz de
comando única. Os filhos agora são educados para participar das decisões e questionar, tudo é negociado. Essa
mudança na educação das crianças gera reflexos cada vez maiores nas empresas. Jovens educados para
questionar chegam às empresas em número cada vez maior. A Liderança que funcionava no passado não
funciona mais. Por isso o líder que deseja atingir resultados extraordinários hoje tem que ser um líder bem
diferente do líder do passado.
Esses tipos de mudanças, cada vez mais rápidas na sociedade, estão criando uma nova realidade nas empresas
e um grande desafio para os líderes. Os valores e crenças são diferentes de geração para geração, impactando
a abordagem na gestão desses profissionais em seu trabalho do dia a dia. O estilo de liderança que funciona
para alguns, não funciona para outros, e uma grande reflexão se faz necessária. Como liderar as novas gerações
e, mais do que isso, como liderar as várias gerações hoje presentes nas empresas?
Para isso, precisamos inicialmente entender quais gerações são essas que hoje convivem nas empresas. Onde
será que elas são diferentes e onde são semelhantes? O que motiva cada uma delas?
Veteranos, Baby Boomers, Geração X e Geração Y são as quatro gerações presentes hoje nas empresas. Cada
uma delas foi moldada por diferentes experiências vividas durante períodos críticos da sociedade.
Os Veteranos são profissionais nascidos aproximadamente entre 1922 e 1943, e vieram à tona durante a
Grande Depressão e a II Guerra Mundial. Eles foram uma força estabilizadora nas organizações durante
décadas. São saudosistas com relação aos bons tempos.
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Os Baby Boomers são profissionais nascidos aproximadamente entre 1943 e 1960, que cresceram durante uma
época de mudanças e questionamento dos valores estabelecidos. Tinham como ideal reconstruir o mundo e
por isso priorizam a carreira em relação à família. Não se veem como problema nas organizações, mesmo que
muitas vezes o sejam. Ainda trazem paixão, participação e emoção para o ambiente de trabalho.
Já a geração X é composta por profissionais nascidos aproximadamente entre 1961 e 1980, que cresceram
durante a crise de energia, o alto índice de divórcio nas famílias e o downsizing nas empresas. Viveram o
Movimento Hippie e a Revolução Sexual, por isso pregam a paz e a liberdade. Precisam de autonomia e tem
dificuldade em trabalhar com supervisão próxima e constante.
A geração Y é composta por profissionais que nasceram a partir de 1980, ela caracteriza-se por jovens espertos
e ousados. Não esperam permanecer no emprego ou na carreira por muito tempo, até porque não gostam de
ficar muito tempo em qualquer compromisso. Eles querem um trabalho que seja flexível, com opções de
trabalhar em casa. Acostumados a conseguirem o que querem, não se sujeitam às tarefas subalternas de início
de carreira e lutam por salários ambiciosos desde cedo. Esta é a geração de múltiplas tarefas. Eles podem
navegar pela internet, comunicam-se por e-mail, msn, twitter e outros .
O quadro baixo descreve essas diferenças de forma mais detalhada:
Fonte: The Insight Generation
Geração Y : 1980-2000
1. Gostam de projetos de trabalho em equipe
2. Operam com tranquilidade em estruturas matriciais
3. Gostam de alinhar valores e trabalhar em congruência com os mesmos
4. Gostam de fazer várias coisas ao mesmo tempo
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Geração X : 1961-1980
1. Preferem resolver problemas e tomar decisões individualmente
2. Gostam de trabalhar com propósitos definidos
3. Precisam de tarefas e papéis claros e definidos
4. Preferem ter reuniões rápidas e objetivas
Baby Boomers 1943-1961
1. Gostam de trabalhar individualmente , mas como parte de equipes bem
estruturadas
2. Gostam de um sistema definido para tomada de decisões e de toma-las em
consenso
3. Gostam de compartilhar metas e objetivos
4. Preferem reuniões de equipe altamente focadas em ação
Veteranos : Pre 1943
1. Gostam de ter um líder claramente identificado e poderoso
2. Gostam de equipes organizadas e hierárquicas
3. O líder sempre toma a decisão no final do processo
As gerações mais antigas trabalharam nas organizações com posições hierárquicas definidas e respeitadas. Já
as gerações recentes possuem pouco respeito pelas lideranças que não demonstram que podem entregar. Ou
seja, estas gerações não acreditam na liderança que apenas participa de reuniões e faz declarações bonitas
sobre visão e missão. A liderança precisa evidenciar no dia a dia que seus valores e crenças estão alinhados à
missão e visão da organização, é preciso liderar pelo exemplo.
Independentemente do tamanho das organizações, as diferenças das gerações devem provocar um impacto
forte na performance dos profissionais e nos resultados das empresas. Se os líderes deixarem essa questão de
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lado, os impactos podem ser vários. Tenho visto os seguintes exemplos:
•
Desalinhamento de metas e de comprometimento;
•
Problemas constantes de comunicação;
•
Forte resistência a mudanças por parte dos mais antigos e grande frustração por parte dos mais jovens;
•
Conflitos desnecessários;
•
Insatisfação e turn over.
Um novo estilo de liderança se faz necessário. Essa liderança precisa entender todas as gerações, sem
preconceitos. Precisa ajudar a todos a se conhecerem e a se respeitarem. Se olharmos cada geração como
complementar, veremos que a empresa que conseguir o máximo de cada uma delas e souber trabalhar com
todas unidas terá resultados extraordinários.
Dentro desse cenário, o grande desafio atual da gestão de pessoas é, sem dúvida, integrar a Geração Y nas
organizações, evitando conflitos com as outras gerações, que já estão no mercado de trabalho, e com as regras
das empresas. A quebra de paradigmas se torna uma ferramenta poderosa quando a empresa se depara com
os colaboradores da Geração Y que trazem consigo características distintas das gerações anteriores, como o
gosto pelo desafio e apatia às atividades de longo prazo. A Geração X deve se revestir de tolerância e
flexibilidade para compreender, sem realizar um juízo de valor, o comportamento e as atitudes da Geração Y,
fazendo desta uma parceria em busca do sucesso.
É fundamental que os novos líderes entendam o valor de cada geração e saibam como tirar o máximo de cada
uma delas. A empresa ideal com certeza terá a organização dos veteranos, o foco em resultados dos baby
boomers, a objetividade da geração X e a criatividade da geração Y. A pergunta que fica é: de qual geração é
esse novo líder?
Sobre o autor:
Arthur Diniz é Fundador e um dos principais executivos da Crescimentum. Autor do livro "Líder do Futuro - a
transformação em líder coach". Possui MBA pela Columbia Business School em Nova York e certificado em
"Liderança em equipes de Alta Performance" pelo Center for Creative Leadership. Foi alto executivo de
empresas como Deutsche Bank e Santander. É professor de Empreendedorismo e Liderança nos cursos de pós-
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graduação do INSPER de São Paulo.
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Liderança e a Geração Y um desafio insuperável