Estágio nos anos iniciais: vivências e aprendizados
Denise Teresinha Campos Braga 1
Eliane Cristina Araujo Schneider 2
Resumo: Este artigo apresenta a proposta de estágio nos Anos Iniciais ocorrido em uma escola da
rede municipal de ensino de Santo Antônio da Patrulha, em uma turma de 3º ano, no qual a estagiária
juntamente com a professora orientadora do estágio apresentam o caminho do planejamento desse
período, ações e reflexões teóricas a partir das vivências realizadas. Partindo de uma proposta de
trabalho globalizada, integrada, que envolva os conteúdos de forma significativa e contextualizada, a
estagiária procurou reinventar o seu fazer docente. Percebe-se que a trajetória da mesma, durante o
estágio, possibilitou muitas reflexões em busca de diferenciação na ação docente, possibilitando
avanços significativos para a sua formação com professora.
Palavras-chave: estágio obrigatório - metodologias globalizadas - reflexões teóricas.
Abstract: This article shows the internship proposal at “Anos Iniciais” in a municipal public school in
SAP, in a third grade, in which the intern student and her advisos professor of internship show the
planning, action and reflections from situations experencied during this period. Based on globalised
and integrated proposal with meaningful and contextualized contents, the intern student tricol to
reinvent her teaching practice. We have noticed that the internships provided her a lot of reflections,
searching something different in the practice and meaningful advances of her background as a
teacher.
Keywords: compulsory internship - globalised methodologies - teorethical reflections.
Introdução
O estágio obrigatório é um componente do projeto pedagógico do curso de
Pedagogia. Entende-se o mesmo como parte do processo de ensinar e aprender, da
articulação teoria e prática e como forma de interação entre a instituição e as
escolas. O estágio obrigatório tem como objetivo oportunizar ao acadêmico um
contato mais direto e sistemático com a realidade profissional, visando à
concretização de pressupostos teóricos, associados a determinadas práticas
específicas, aplicando os conhecimentos obtidos no curso.
No que se trata do Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais, cabe ao (a) acadêmico
(a) iniciar esse período através do contato com a escola, do aceite da mesma, da
definição da turma com a qual irá estagiar e da concordância da professora titular
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia; professora da rede municipal de ensino de Santo António da
Patrulha.
2
Docente da Faculdade Cenecista de Osório; professora orientadora da disciplina de Estágio
Supervisionado nos Anos Iniciais.
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para a realização do estágio. Entende-se que o aceite compreende a abertura do
espaço necessário para o (a) estagiário (a) poder desenvolver seus planejamentos
com mais autonomia, definindo caminhos em relação à metodologia e a forma de
trabalho com os alunos, inclusive no que se trata das relações pessoais. Caminho
esse que se faz com o acompanhamento da professora da turma, auxiliando e
sugerindo no que for necessário. Nesse sentido, a presença do professor titular é
fundamental, pois é alguém experiente que está, no momento, colaborando com a
formação do aluno e, ao mesmo tempo, aprendendo com o mesmo.
Com o intuito de desenvolver um trabalho de qualidade o (a) acadêmico (a) realiza
as observações, elabora a fundamentação teórico-metodológica, opta por uma
metodologia integrada; realiza o projeto de estágio, o cronograma e o planejamento
das aulas. Todas essas etapas devem ser sempre discutidas com a professora da
disciplina de Estágio e ainda serem apresentados à professora titular para o seu
acompanhamento.
Para a realização da proposta de estágio, cabe a escolha de uma Metodologia
Globalizada, isto é, aquela que parte de um tema, uma temática, um assunto que
surja da necessidade dos alunos, da sugestão da estagiária ou da sugestão da
professora titular, além de também serem consideradas as observações realizadas
na turma. Ou seja um tema que possa agregar em seu desenvolvimento os
conteúdos que precisam ser desenvolvidos, levando-se em consideração que os
conteúdos são importantes, mas não precisam ser a base para decidir o que fazer
em sala de aula, e que o grande desafio do educador, na atualidade, é pensar como
fazer e não somente o que fazer, é que essa posposta é sugerida. Assim, os
conteúdos passam a ser vistos de forma integrada, contextualizada, trabalhados de
forma mais significativa para o aluno. Durante esse período, as propostas devem ser
as mais condizentes com os estudos realizados durante o curso e amparados por
concepções teóricas.
Lembrando e respeitando as particularidades da escola e da turma em relação aos
projetos, eventos, e outros momentos, o que se pretende é demonstrar a
possibilidade de uma prática significativa para quem aprende e quem ensina,
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através de propostas que envolvam as diferentes áreas do conhecimento, como:
Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia, História, Educação Física,
Música, Artes, Ensino Religioso, Informática, entre outras, inter-relacionadas ao
tema do projeto.
O projeto do estágio
O projeto teve como tema: Aprender, criar e brincar através do mundo da
imaginação, sonhos e fantasias da literatura infantil, e o objetivo principal foi de
promover o interesse e o gosto pela leitura, ampliando e desenvolvendo o universo
linguístico e a comunicação oral e escrita. As crianças demonstravam muito
interesse pelos livros e queriam saber o que poderiam aprender com eles,
demonstrando que ‘dentro’ de cada um há um universo de informações importantes.
A escolha do tema literatura se justifica pelo resgate do interesse pelas histórias
para que se efetivasse um processo de leitura e como consequência que as crianças
pudessem ler e escrever de forma mais criativa e, principalmente, interpretar aquilo
que leem. Visto que as formas mais tradicionais de leitura não estão surtindo efeito
necessário, pensou-se na literatura infantil e a contação de histórias sendo uma
forma mais interessante para construção de saberes.
Atualmente a leitura é a habilidade intelectual mais importante a ser desenvolvida
por qualquer pessoa independentemente da idade. O fantástico mundo da leitura
envolve o leitor, proporcionando o mesmo a sentir várias sensações, sentimentos,
parecendo tornar tudo muito vivo e fascinante. Desperta o prazer, a imaginação e o
sonho infantil, possibilitando às crianças levantarem hipóteses e apontarem relações
entre os acontecimentos, argumentando e posicionando-se, além de oportunizar e
desenvolver seu potencial criativo, ampliando os horizontes da cultura e do
conhecimento.
A leitura precisa se fazer presente nas escolas, principalmente nos anos iniciais,
pois produzir linguagem significa produzir discursos para se dizer algo num
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determinado contexto histórico. A criança e a literatura infantil compartilham das
mesmas naturezas: a lúdica, a mágica e a questionadora.
Após a escolha do tema, os objetivos precisaram ser pensados. Com relação aos
objetivos do projeto, têm-se os seguintes: Problematizar situações do cotidiano
relacionando a situações novas e construir seus conceitos; sentir-se estimulado pela
leitura de livros e pelas histórias infantis; desenvolver a criatividade através de
construções de histórias individuais e coletivas; utilizar gestos e o ritmo corporal nas
brincadeiras, danças, jogos e demais situações de integração; produzir trabalhos de
arte, utilizando linguagens diversificadas; participar de diferentes momentos
literários, ouvindo, lendo, contando histórias e dramatizando; perceber as diferenças
entre os personagens da literatura e conhecer associando-as às diferenças entre as
pessoas; adotar hábitos e cuidados para si, para os colegas, para o material e o
ambiente escolar; socializar com as famílias as leituras abordadas em aula,
resgatando valores e ampliando sua leitura de mundo; estabelecer relações com o
meio ambiente e a forma de vida; conhecer a sua comunidade através de pesquisas;
valorizar e conservar meio ambiente em que está inserido; conhecer seus direitos,
deveres e valores básicos para o exercício da cidadania através de diálogos, e
diversos recursos; identificar-se como parte integrante da comunidade, exercendo
sua autonomia e cidadania; valorizar e reconhecer a importância das amizades e do
convívio social através das conversas informais; adotar atitudes solidárias com seu
próximo através das ajudas em grupos; descobrir a matemática presente nas
histórias, entre outros.
A avaliação se deu de forma diária em todas as atividades, obedecendo a alguns
critérios e a alguns instrumentos como: participação e interesse nas atividades
propostas, produções escritas, artísticas e corporais dos alunos, relatos orais frente
a situações trabalhadas, participação, envolvimento com a pesquisa, etc. A
avaliação possibilita o professor e ao aluno uma reflexão permanente do ensino,
diagnostica as dificuldades, corrige as falhas e estimula a superação dos problemas
para mudar os rumos do processo educativo, possibilitando-os avançar, rever
determinados conceitos até então não atingidos.
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Metodologia: que caminho(s) seguir?
No estágio referente, a metodologia escolhida foram os Projetos de Trabalho, já que
a mesma envolve o aluno através de pesquisa, permitindo que a aprendizagem se
construa através das relações significativas, proporcionando e possibilitando aos
educandos realizarem uma abertura dentro do espaço escolar para a construção de
aprendizagens significativas, prazerosas e que estejam relacionadas às vivências e
realidade dos mesmos. Segundo Jollibert (2006), geralmente os professores estão
acostumados a dar seus conteúdos, a utilizar métodos de trabalho e esperar que os
mesmos recebam, apliquem e memorizem. Ao contrário, a proposta de projetos
procura enriquecer a aprendizagem através do envolvimento, dos conflitos, de
alegrias, experiências e vivências.
O trabalho com projetos permite aos alunos trabalharem coletivamente, favorece as
relações inter-grupais, estabelece uma rede de comunicações entre a escola e as
famílias, ajuda os alunos a organizarem-se, fazer combinações, tomar decisões.
Durante o estágio, foram trabalhados temas significativos que sejam do interesse
dos alunos contemplando-os em relação as suas curiosidades, sanando suas
dificuldades, necessidades, quando surgidas, fazendo ligações com as diversas
áreas do conhecimento, possibilitando o envolvimento e a resolução de problemas.
O trabalho desenvolvido procurou proporcionar atividades que auxiliassem os alunos
na formação como indivíduo autônomo, crítico e pensante, capazes de expressar
diversos sentimentos e emoções além de seus saberes, procurando solucionar as
dificuldades, através de debates, argumentações, interagindo com os colegas,
trazendo temas de interesse coletivo para ser trabalhado no grupo, buscando
soluções para resolver problemas do cotidiano quando surgidos. Dentro desta
perspectiva, o trabalho realizado foi o de orientar os alunos nas investigações,
auxiliando na construção de hipóteses, experimentação, avaliação e comunicação
proporcionando a busca de estímulos e respostas para o esclarecimento de suas
indagações podendo aprofundar o estudo e o conhecimento a cada dia.
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Para Zabala (2002),os projetos são considerados métodos de ensino utilizados na
aprendizagem dos alunos. Para ele, todos os tipos de projetos têm algo em comum
como o estabelecimento de um máximo de relações interdisciplinares, para alcançar
um novo conhecimento. O autor ainda afirma que o trabalho com projetos faz parte
de uma proposta de trabalho que envolve os métodos globalizados. Para ele:
Métodos globalizados são caracterizados como métodos complexos de
ensino, que de uma maneira explícita, organizam os conteúdos de
aprendizagem a partir de situações, temas ou ações, independentemente
da existência ou não de algumas matérias ou disciplinas que precisam ser
lecionadas (ZABALA, 2002, p. 27).
O professor deve proporcionar aos alunos uma aprendizagem através de pesquisas,
levando-o a exploração de assuntos através de leituras, entrevistas, e também das
observações da realidade dentro do seu contexto cultural, político e social. O aluno
sente-se realizado e demonstra muito prazer e satisfação quando atinge seu
conhecimento através das descobertas, já o professor pode desenvolver técnicas
diversificadas para ensinar coisas jamais esquecidas por eles, desde que estas
técnicas estejam de acordo com o grau de desenvolvimento dos mesmos.
Este tema foi escolhido porque o melhor meio de se conhecer os diferentes textos,
estrutura, intenções e vocabulários é através da leitura, daí constrói-se um leitor,
ampliando o universo linguístico e o prazer pela leitura. A leitura ajuda a formar
seres pensantes, preparados para a vida. Ela desenvolve a reflexão e o espírito
crítico. “É fonte inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo”
(CAGNETI, 1986, p.23). O contador de histórias deve permitir que haja a interação e
o prazer com a leitura e, ao mesmo tempo, oportunizar seus ouvintes a despertar
este prazer. Aroeira (1996, p.141) reafirma que “(...) contar história é uma
experiência de grande significado para quem conta e para quem ouve”.
Relatos e reflexões da vivência
Durante o período do estágio, a estagiária procurou organizar e realizar situações
que estimulassem a imaginação, ajudando-os a desenvolver seu intelecto e tornar
claras suas emoções, bem como a capacidade de raciocínio dos alunos, na busca
de seus conhecimentos, o gosto pela leitura, mostrando soluções para os conflitos
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apresentados no cotidiano, além de oportunizar uma aprendizagem ligada aos
encantamentos da literatura infantil. Para a abertura do projeto, foi apresentado ‘O
mundo mágico da literatura infantil’ onde as crianças entravam em um “porta
mágica” na qual encontravam personagens clássicos, fantasias, máscaras, livros
diversificados, materiais diversos. Questionavam-se os alunos sobre o que eles
queriam saber, o que pensavam sobre a literatura infantil, que livros conheciam,
entre outras perguntas. Dessa forma, foram apresentados os livros, sugeridos pela
estagiária, que seriam trabalhados durante o período de estágio: Os três porquinhos;
Se as coisas fossem mães; Uma Joaninha diferente; A viagem da sementinha;
Maria-vai-com-as-outras; A descoberta da joaninha. Nesse momento, a professora
combinou e organizou com os alunos uma pesquisa sobre as histórias infantis
conhecidas pelos pais, pedindo aos mesmos que contassem aos filhos estas
histórias.
A cada história explorada, curiosidades e desafios iam surgindo. Na contação dos
Três Porquinhos, foi analisada a história, a criação dos personagens, o imaginário
presente na mesma, as histórias atuais, envolvendo esses personagens clássicos;
realidade das construções de ontem e hoje, as possibilidades de acontecerem os
fatos relatados na história; as visões de bom e mau, etc. Através das atividades
propostas,
construíram-se
conhecimentos
diversificados,
havendo
uma
aprendizagem significativa e envolvente, na qual eles eram autores do seu próprio
saber.
No retorno das entrevistas, houve uma conversa sobre a realização da mesma,
sobre as questões, o que acharam da atividade, se foram importantes as respostas
que obtiveram, o que observaram em relação às atitudes dos pais para responderem
as perguntas, além de outros questionamentos que foram surgindo. Durante a
conversa, foram colocados no quadro os nomes dos livros que eles falavam e que
escutavam as histórias em casa. Ainda com relação à entrevista realizada com os
pais, foram também exploradas as respostas quanto à importância da leitura, a
vivência com a leitura, livros que lembram de terem lido, etc. Construímos um gráfico
sobre a pesquisa realizada e fizemos a análise do mesmo, verificando as histórias
que apareceram em maior número, as casas que mais apresentam a contação de
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histórias em seu contexto familiar, entre outros aspectos. Foi sugerido pelos alunos
que, durante o projeto, os pais lessem para eles essas histórias e que eles
contassem aos pais as leituras que estavam fazendo na escola.
Ainda, durante o estágio, havia a data comemorativa “O dia das mães”. Entendendo
que as datas comemorativas não podem ser a base para a organização do
planejamento na escola, mas que não se pode fugir de trabalhar com algumas
culturalmente impostas, deu-se início a discussão sobre o que é ser mãe a partir do
livro “Se as coisas fossem mães” da autora Silvia Orthoff. Houve uma conversa
sobre as mães de ontem e hoje, sobre o que é ser mãe, sobre os papéis das
diferentes pessoas da família em substituição da mãe, sobre as tarefas das mães e
encaminhou-se mais uma pesquisa sobre o ser mãe na atualidade. Importante
ressaltar que as crianças não estavam acostumadas a buscar informações através
de pesquisa, sendo esse um importante aprendizado. Assim, a cada tema
trabalhado uma pesquisa era sugerida para que se compreendessem como autores
do aprendizado.
Martins (2001, p.23) aponta que a metodologia de trabalho por projetos “permite
superar as práticas habituais e já superadas e, tornar o ensino mais dinâmico e
diversificado pelo relacionamento interdisciplinar, assumindo a postura de aprender
a prender e do aprender a pensar”.
De acordo com Wallon (1980), a criança na idade escolar está com seu
desenvolvimento e sua sociabilidade ampliada. Ela se vê capaz de participar de
diferentes grupos de diferentes graus de classificações, dependendo das atividades
das quais participam. Essa etapa é muito importante para o desenvolvimento das
aptidões intelectuais e sociais da criança.
Para que o professor desenvolva uma boa prática pedagógica, deve diversificar e
usar várias metodologias, fundamentando-as de acordo com as características
físicas e psíquicas que correspondem à fase de maturação do indivíduo, pois, do
contrário, ocorre o risco de não se obter êxito no processo de ensino aprendizagem.
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Em relação ao professor, Weisz (1999, p. 45) afirma que:
Se o professor procura inovar sua prática, adotando um modelo de ensino
que pressupõe a construção do conhecimento sem compreender
suficientemente as questões que lhe dão sustentação, corre o risco, grave
ao meu modo de ver, de ficar se deslocando de um modelo que lhe é
familiar para o outro, meio desconhecido, sem domínio de sua própria
prática – “mesclando”, como se costuma dizer.
Para realizar o referido estágio, a estagiária procurou pesquisar, também,
embasando-se em diversos teóricos, cujo objetivo era analisar a importância da
literatura infantil e suas contribuições no desenvolvimento da criança nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental.
A partir da pesquisa e na realização do estágio, foram desenvolvidas brincadeiras,
dramatizações, jogos, quebra-cabeça, trilhas, problemas e cálculos matemáticos,
composição
e
decomposição
numérica,
sequências
numéricas,
atividades
relacionadas às dúzias, unidade, dezena e centena, leitura e interpretação, produção
textual, acrósticos, pesquisas e entrevistas, desenhos livres e direcionados,
construção de livros, confecção de cartazes, atividades gramaticais, entre outras
atividades.
Sabe-se que os ‘conteúdos’ estão presentes na realização das aulas, dentro do
possível, os mesmos apareceram de forma integrada ao projeto.Para Zabala (2002),
quando os conteúdos necessitam ser trabalhados, mas não há possibilidade de
integração ao projeto, devemos dar a ele um enfoque globalizador.
Com esse termo, define-se a maneira de organizar os conteúdos a partir de
uma concepção de ensino na qual o objeto fundamental de estudo para os
alunos seja o conhecimento e a intervenção na realidade. Aceitar essa
finalidade significa entender que a função básica do ensino é a de
potencializar nas crianças as capacidades que lhes permitam responder aos
problemas reais em todos os âmbitos de desenvolvimento pessoal, sejam
sociais, emocionais ou profissionais, os quais sabemos que, por sua
natureza, jamais serão simples. Ser capazes de compreender e intervir na
realidade comporta dispor de instrumentos cogniscitivos que permitam lidar
com a complexidade. O enfoque globalizador pretende oferecer aos alunos
os meios para compreender e atuar na complexidade (p.35 -36).
Assim foram organizadas situações que estimulassem a imaginação, ajudando-os a
desenvolver seu intelecto e tornar claras suas emoções, bem como a capacidade de
raciocínio dos alunos, na busca de seus conhecimentos, o gosto pela leitura,
mostrando soluções para os conflitos apresentados no cotidiano, além de
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oportunizar uma aprendizagem ligada aos encantamentos da literatura infantil.
Através das atividades propostas, foi oportunizada a realização de uma construção
de conhecimentos diversificados, mostrando a importância de se construir uma
aprendizagem significativa e envolvente, na qual eles eram autores do seu próprio
saber.
De acordo com Bissoli:
O professor deve levar em conta que, a partir do momento em que são
dadas condições de o aprendiz interagir e participar de situações
significativas, ele vai realizar novas conquistas a cada minuto, sendo,
portanto, imprescindível observá-lo frequentemente. (2005, p. 8).
Durante o período de estágio, a procura pela diversificação de propostas possibilitou
que a aprendizagem fosse construída de maneira agradável, prazerosa e instigante,
buscando atender as necessidades dos alunos dentro dos níveis em que se
encontram, a fim de que eles participassem ativamente, possibilitando e
proporcionando a interação de todos na construção de seu conhecimento.
Muitos jogos foram trabalhados, desde os pedagógicos até os mais livres. Em
relação aos jogos, o professor deve explicar sempre o porquê ele está sendo
utilizado naquele momento. Através dos jogos, as crianças ao participarem,
representam conquistas cognitivas, emocionais, morais e sociais, estimulando o
desenvolvimento de seu raciocínio lógico. "A criança que joga acaba desenvolvendo
suas percepções, sua inteligência, suas tendências à experimentação, seus instintos
sociais" (Piaget, 1972, p. 156).
Através do lúdico, os alunos demonstram compreender melhor os conteúdos
trabalhados, pois o mesmo tem finalidade de desenvolver habilidades de resoluções,
proporcionando aos mesmos, oportunidades de estabelecerem e atingirem
determinados objetivos. "Os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos
com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a
construção de um novo conhecimento" (ANTUNES, 2002, p. 38).
Os jogos são alternativas pedagógicas que os professores utilizam para auxiliá-los
na aprendizagem dos alunos. Através dele pode reforçar os conteúdos já
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aprendidos. Eles favorecem e contribuem para uma aprendizagem em que o aluno
possa
fazer
suas
próprias
descobertas,
desenvolver
suas
habilidades
e
competências, além do cognitivo, envolvendo e explorando a imaginação.
Segundo Luckesi (2000, p. 52),
a ludicidade é um fazer humano mais amplo, que se relaciona não apenas à
presença das brincadeiras ou jogos, mas também a um sentimento, atitude
do sujeito envolvido na ação, que se refere a um prazer de celebração em
função do desenvolvimento genuíno com a atividade, a sensação de
plenitude que acompanha as coisas significativas e verdadeiras.
A ludicidade não pode ser vista somente como uma diversão, pois ela é uma
necessidade do ser humano independentemente de idade. Através dela, o professor
pode desenvolver um ótimo trabalho no auxílio à aprendizagem, no desenvolvimento
pessoal, no social e no cultural. Dessa forma ajuda no processo de socialização,
comunicação, expressão e construção do conhecimento, além de permitir que a
criança assimile tudo aquilo que está vivenciando.
Segundo Aguiar (1998, p.37),
a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da
criança, sendo por isso, indispensável a pratica educativa. E, pelo fato de o
jogo ser um meio tão poderoso para a aprendizagem das crianças que em
todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciação a leitura, ao
calculo ou à ortografia, observa-se que as crianças se apaixonam por essas
ocupações, geralmente tidas como maçante.
Através dos jogos lúdicos, o professor pode realizar um trabalho diferenciado,
motivador e que seja significativo para os alunos, possibilitando a construção de
novos conhecimentos e habilidades, explorando o raciocínio e estimulando os
discentes a descobrirem novos meios de reproduzir soluções para resolver situações
problemas apresentadas pelo docente, tornando-se uma atividade prazerosa.
Trabalhar com jogos em sala proporciona a quem está jogando conhecimentos
gratificantes por estar realizando uma aprendizagem espontânea, criativa e
significativa. O jogo possibilita o desenvolvimento da criatividade, a sociabilidade e
as múltiplas inteligências bem como proporciona a autoconfiança e a concentração.
Quando é oferecido o jogo, o professor está oportunizando aos alunos a aprender a
jogar numa participação ativa com os demais.
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Para utilizar os jogos em sala de aula como recurso didático, esse deve passar por
um processo seletivo, além de um planejamento com as etapas a serem seguidas e,
se caso precise, o professor deve confeccioná-los e avaliá-los a sua aplicabilidade,
verificando o desempenho dos alunos ao utilizá-los. Jamais pense em usar os jogos
pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcando por etapas
muito nítidas e que efetivamente acompanhem o progresso dos alunos (ANTUNES,
2002, p. 37).
Os professores devem procurar alternativas pedagógicas que favoreçam e
contribuam aos alunos uma aprendizagem de forma que sejam capazes de
desenvolverem suas habilidades e competências.
Os livros de literatura infantil, propostos para o projeto e os sugeridos pelos alunos,
proporcionaram o estudo de diferentes temáticas, como a diversidade, a autonomia,
a cooperação, assim como os jogos, proporcionando momentos de aprendizado.
Considerações finais
Acredita-se que a formação inicial norteará a atuação do futuro professor em sala de
aula, possibilitando a esse a apropriação da realidade presente no cotidiano da
escola e, certamente, a prática do estágio torna-se o caminho para esta apropriação.
Entende-se que o estágio supervisionado tem a função de orientar o acadêmico para
reconhecer o espaço escolar, apropriando, problematizando, criando o seu projeto
de pesquisa e trabalho a ser realizado na escola, o que viabiliza que o mesmo atue,
comprometendo-se com o processo de ensino e aprendizagem no período de
estágio.
Pode-se considerar que o período de estágio é fundamental para o aluno, já que
nesse cabe relacionar saberes construídos durante a sua formação à prática
planejada para esse período. O desafio proposto é o de organizar uma prática
pautada por teorias e promover inovações nas escolas, refletindo-se a respeito dos
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fazeres dos professores em exercício em turmas dos anos iniciais. Percebe-se que,
durante esta etapa, aprendizagens foram construídas pela estagiária e pelos alunos.
Sendo assim, nós, enquanto educadores, estamos em constante busca de novos
conhecimentos, realizando uma reelaboração de nossas práticas pedagógicas e nos
permitindo mudar, quando necessário, para que possamos ressignificar nossa
prática educativa e sempre beneficiar nossos alunos.
Além de todos os benefícios e aprendizados que o trabalho com projetos e a
literatura infantil proporcionam às crianças, também possibilitam que o trabalho do
professor seja mais significativo, quando este observa seus alunos durante o ato de
ler, escrever, dramatizar, contar as histórias e ouvi-las com muito entusiasmo.
Quando isso ocorre, abrem-se inúmeras possibilidades de trabalho que devem ser
aproveitadas pelo professor para a melhoria de sua prática pedagógica.
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