UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL APPCC: ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE EM ABATE DE AVES Karen Michelline de Oliveira Dias Nogueira São Paulo, outubro de 2010. Karen Michelline de Oliveira Dias Nogueira Aluna do Curso de Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal APPCC: ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE EM ABATE DE AVES Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal apresentado à Universidade Castelo Branco, como requisito parcial para a obtenção de Título de Especialista em Higiene e Inspeção de produtos de Origem Animal, sob a orientação da Professora Marta Maria B. Baptista S. Xavier. São Paulo, outubro de 2010 Em especial ao meu esposo, pelo apoio e compreensão, a minha família que sempre esteve ao meu lado. AGRADECIMENTOS Aos meus pais... Ao meu querido marido... À Deus.... À Professora Marta Maria B. Baptista S. Xavier pela atenção que teve comigo em ser minha orientadora. É com enorme satisfação que reconheço todos aqueles que tiveram um papel determinante para que eu cumprisse mais uma etapa em minha vida. NOGUEIRA, Karen Michelline de Oliveira Dias. APPCC: Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle em abate de aves. RESUMO O programa de qualidade de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é um plano sistemático para identificação e controle de perigos nas diferentes fases do processo industrial que tem como pré-requisitos as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e os Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO). Esses pré-requisitos identificam os perigos potenciais à segurança do alimento desde a obtenção das matérias-primas até o consumo, estabelecendo em determinadas etapas, os Pontos Críticos de Controle (PCC), medidas de controle e monitorização que garantem, ao final do processo, a obtenção de um alimento seguro e com qualidade. Neste trabalho serão abordados conceitos referentes à qualidade voltados para indústria alimentícia, em especial a indústria avícola. O foco principal será a aplicação dos planos de autocontrole baseados nos princípios do APPCC nos matadouros de aves, através da descrição do fluxograma dos processos empregados na indústria. Palavras chave: APPCC; Aves; Risco; Perigos; Saúde Coletiva. ABSTRACT The program quality the Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP) is a systematic plan to identify and control hazards in different stages of the industryal process that has as pre requisites the Good Manufacturing Practices (GMP) and Sanitation Standard Operating Procedures (SSOP). These pre requisites identify potential hazards to food safety, from obtaining raw materials to consumption, establishing certain steps in the Critical Control Points (CCP), control measures and monitoring to ensure, at the end of the process, achieving a safe and quality food. In this study, concepts relating to quality-oriented food industry, particularly the poultry industry. The main focus will be implementing the plans of self-control based on the principles of HACCP in poultry slaughterhouses in the description of the flowchart of the processes used in industry. Key-words: HACCP, poultry, Risk, Hazard, Public Health. LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária BPF Boas Práticas de Fabricação CMS Carne Mecanicamente Separada DIPOA Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal GMP “Good Manufacturing Practices” HACCP “ Hazard Analysis and Critical Control Point” IF Inspeção Federal MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento PC Ponto de Controle PCC Ponto Critico de Controle PPHO Procedimento Padrão de Higiene Pré e Operacional PSO Procedimento Sanitário Operacional SIF Serviço de Inspeção Federal SSOP “Sanitation Standard Operating Procedures” FFO Fábrica de Farinha e Óleo LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação esquemática dos sete pontos de Analise de Pontos Críticos de Controle (APPCC)............................................................................... 20 Figura 2: Fluxograma da planta de funcionamento do matadouro de aves ............................................................................................................................... 26 Figura 3: Fluxograma dos setores de produção da indústria.................................27 Figura 4: Colaborador descarregando as gaiolas....................................................34 Figura 5: Pendura de frangos................................................................................35 Figura 6: Insensibilização......................................................................................37 Figura 7: Escaldagem............................................................................................38 Figura 8: Depenagem.............................................................................................39 Figura 9: Profissionais do serviço de inspeção federal...........................................42 Figura 10: Pré-Chiller...............................................................................................45 Figura 11: Chiller....................................................................................................46 Figura 12: Expedição.............................................................................................55 SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................ 8 ABSTRACT........................................................................................................ 9 LISTA DE ABREVIATURA .............................................................................. 10 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 13 2.1 HISTÓRICO ............................................................................................... 13 2.2 HACCP ...................................................................................................... 14 2.3 HACCP NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS NO BRASIL ............................. 15 2.4 CLASSES DE PERIGOS ........................................................................... 15 3 PRÉ-REQUISITOS E MEDIDAS PREVENTIVAS ......................................... 17 3.3 IMPLANTAÇÃO HACCP ............................................................................ 18 4 SETE PONTOS DO HACCP ......................................................................... 21 4.1 PRINCIPIO 1 .............................................................................................. 21 4.2 PRINCIPIO 2 .............................................................................................. 21 4.3 PRINCIPIO 3 ............................................................................................. 22 4.4 Principio 4................................................................................................... 22 4.5 Principio 5................................................................................................... 22 4.6 Principio 6................................................................................................... 23 4.7 Principio 7................................................................................................... 23 5 EQUIPE DO HACCP ..................................................................................... 24 5.1 DESCRIÇÃO DO PRODUTO ..................................................................... 24 5.2 FLUXOGRAMA DO ABATEDOURO .......................................................... 25 5.3 FLUXOGRAMA DOS SETORES .............................................................. 27 5.4 DEFINIR AÇÕES PREVENTIVAS ............................................................. 28 6 SELEÇÃO DOS PONTOS CRÍTICOS .......................................................... 29 7 DEFINIR MEDIDAS CORRETIVAS ............................................................. 30 8 CONCLUSÃO ............................................................................................... 31 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................. 41 10 ANEXOS.........................................................................................................33 1 INTRODUÇÃO Segundo Paladini (1996) o termo qualidade há muito tempo já faz parte do vocabulário de muitas pessoas, portanto a qualidade envolve muitos aspectos simultaneamente e sofre alterações conceituais ao longo do tempo Alguns conceitos de qualidade foram estruturados tendo a satisfação do consumidor como o elemento principal. Juran; Gryna (1993) definiram a qualidade como a adequação ao uso. A Organização Européia de Controle de Qualidade define que qualidade é a condição necessária de aptidão para o fim a que se destina. Para Jenkins (1991) a qualidade é o grau de ajuste de um produto à demanda que pretende satisfazer. É interessante ressaltar que esses conceitos correlacionam os interesses da empresa com o atendimento às necessidades do cliente. Logo, para que se tenha uma contínua evolução da qualidade, deve-se saber o quanto os consumidores estão satisfeitos com os produtos que adquiridos. A qualidade hoje é uma vantagem competitiva que diferencia uma empresa de outra, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à sua expectativa no momento de adquirir um determinado produto. Logo, as empresas que não estiverem preocupadas com esta busca pela qualidade poderão ficar à margem do mercado consumidor. Quando se fala em qualidade para a indústria de alimentos, o aspecto segurança do produto é sempre um fator determinante, pois qualquer problema pode 12 comprometer a saúde do consumidor. Espera-se que empresas diferenciadas atuantes nesse ramo de atividade tenham algum sistema eficaz para exercer esse controle. No Brasil há empresas líderes do ramo de alimentos que estão implementando sistemas de gerenciamento através de programas de qualidade, porém ainda existe um grande número de outras empresas que não aplicam ferramentas para garantir este atributo aos produtos. Este trabalho tem por objetivo descrever a relevância da implementação deste programa de qualidade no abate de frangos, como ferramenta para avaliar de forma contínua e sistemática a qualidade do produto durante as diferentes fases do processamento industrial. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 HISTÓRICO O termo alimento seguro é um conceito que está crescendo na conjuntura global, não somente pela sua importância para a saúde pública, mas também pelo seu importante papel no comércio internacional (BARENDSZ, 1998). Este sistema foi utilizado pela primeira vez, nos anos 60, pela “Pillsburg Company”, junto com a NASA (“National Aeronautics and Space Administration”) e o “US Army Laboratories” em Natick, com o objetivo de desenvolver um programa de qualidade que, utilizando algumas técnicas, desenvolvesse o fornecimento de alimentos para os astronautas da NASA (BENNET; STEED, 1999), sendo apresentado ao público pela primeira vez em 1971, durante a conferência nacional para proteção de alimentos, realizada nos Estados Unidos (ATHAYDE, 1999). Segundo Jouve (1998) a legislação em segurança do alimento é geralmente entendida como um conjunto de procedimentos, diretrizes e regulamentos elaborados pelas autoridades, direcionados para a proteção da saúde pública. O programa de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) ou “Hazard Analysis and Critical Control Points” (HACCP) foi uma ferramenta desenvolvida originalmente pelo setor privado para garantir a segurança do produto e atualmente 14 introduzida na legislação de vários países. A partir de 14 de dezembro de 1995, todas as empresas de alimentos daUnião Européia deveriam ter um sistema de HACCP implementado. Este foi o resultado de diretrizes da EEC / 93-43, aprovada pelo Conselho da Europa em 14 de junho de 1993 (GRIJSPAARDT-VINK, 1994). No Brasil, apesar de existirem alimentos com padrões de excelência comparáveis aos produzidos nos países do Primeiro Mundo, ainda existem problemas que comprometem a qualidade e apresentam riscos à saúde humana (BRANDIMARTI, 1999). Nas pequenas indústrias, podem ser apontadas como questões ainda não resolvidas a falta de aplicação das BPF (Boas Práticas de Fabricação) (BRANDIMARTI, 1999). Apesar dos programas de BPF e do APPCC estarem estabelecidos na legislação por meio de portarias, Portarias n°. 1428 (BRASIL, 1993), Portaria n°. 326 (BRASIL, 1997), do Ministério da Saúde e as Portarias n°. 40 (BRASIL, 1998), Portaria n°. 46 (BRASIL, 1998), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). suas aplicações é quase inexistente (BRANDIMARTI, 1999). Inicialmente, o sistema HACCP desenvolvido pela “The Pillsbury Company” consistia de três princípios: Análise de perigo e avaliação do risco; Determinação dos pontos críticos de controle; Monitoramento dos pontos críticos de controle (JOUVE, 1998): 2.2 ANÁLISE DOS PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (APPCC) A University of Nebraska citou que o APPCC é um sistema preventivo para garantir a produção segura de alimentos. A aplicação do programa é baseada em princípios técnicos e científicos que assegurem o alimento seguro. Os princípios descritos no APPCC podem ser aplicados no abate, e processamento industrial, transporte e distribuição, em toda cadeia alimentar (FIGUEREDO, 2001). O aspecto mais importante do sistema APPCC é que deve ser um sistema de inspeção de controle e prevenção de riscos. Não devendo ser realizada somente na 15 inspeção do produto final. Atualmente, um sistema de APPCC pode ser certificado pela ISO 22000 (ibid.). O sistema APPCC é recomendado por organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo MERCOSUL, e exigido pela Comunidade Européia e pelos Estados Unidos (CAMARGO; PIEDADE, 2010). 2.3 APPCC NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS NO BRASIL A legislação nacional referente ao APPCC teve início em 1993 estabelecida pelo SEPES/MAARA, normas e procedimentos para pescados, e, no mesmo ano, a Portaria n°.1428 (BRASIL, 1993) recomendou normas para obrigatoriedade em todas as indústrias de alimentos. A Portaria n°. 40 (BRASIL, 1998), estabeleceu um manual de procedimentos baseado no sistema APPCC para bebidas e vinagres e, logo em seguida, a Portaria n°. 46 (BRASIL,1998), obrigou a implantação gradativa em todas as indústrias de produtos de origem animal do programa de garantia de qualidade APPCC, cujo prérequisito essencial são as BPF (CNC/CNI/SEBRAE/ANVISA, 2001). 2.4 PERIGOS DESCRITOS PELO PLANO APPCC Segundo o Programa de autocontrole da Empresa Rigor Alimentos em 2008, as classes de perigos cobertos pelo plano HACCP se dividem em três classes: Perigos Biológicos: Salmonella spp., Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Coliformes à 45° C e Aeróbios Mesófilos Viáveis, Enterobactereaceas, Campylobacter spp., Yersínia enterolítica, Listeria monocytógenes, Listeria spp., Clostridium perfringens e Clostridium spp.; 16 Perigos Físicos: Penas, Materiais estranhos, Corpos metálicos, Osso e Cartilagens; Perigos Químicos: Cloro, Bile, Medicamentos, Aflatoxinas, Pesticidas e Metais pesados. 3 PROGRAMAS DE PRÉ-REQUISITOS E MEDIDAS PREVENTIVAS O APPCC não é um programa isolado, mas é parte de um sistema de Garantia da Qualidade. Para assegurar a eficácia do sistema de APPCC necessita dos seguintes programas de pré-requisitos e suas respectivas medidas preventivas: 3.1 BPF As Boas Práticas de Fabricação são procedimentos a serem seguidos para prevenir eventual contaminação biológica, química ou física do produto final. O objetivo do programa é assegurar que os requisitos gerais de higiene e de Boas Práticas de Fabricação sejam cumpridos para que o produto esteja a salvo de contaminantes, ou seja, preparado, manipulado e embalado sob condições sanitárias adequadas. As regras sobre BPF relacionam as práticas envolvidas no processamento, embalagem e armazenamento dos alimentos destinados ao consumo humano. Esses guias gerais incluem normas básicas de higiene pessoal, PPHO, manutenção preventiva de equipamentos e calibração, controle de pragas, treinamentos periódicos, Programa de Rastreabilidade e Programa 5S (PROGRAMA DE AUTOCONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). Desempenham um importante papel nas operações de uma planta processadora de alimentos. Neste programa estão incluídos os controles da prevenção e contaminação por lixo e sujidades, a qualidade 18 da água, o controle de pragas, a remoção de matérias-primas impróprias, a proteção quanto à contaminação da matéria-prima e os danos à saúde coletiva, controles de armazenamento e o transporte, práticas sanitárias dos manipuladores, adequacidade das instalações e equipamentos e tratamento de efluentes (BRASIL, 1997). 3.2 PPHO Os Procedimentos Operacionais Padrão de Higiene tem como objetivo estabelecer procedimentos de limpeza e sanitização dos equipamentos, utensílios e instalações, visando eliminar as sujidades e corrigir problemas que possam levar à contaminação por substâncias químicas estranhas, físicas, microorganismos, pragas e pessoal (PROGRAMA DE AUTOCONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). Delazari (2002) fez alusão ao PPHO, como sistema capaz de garantir que todas as superfícies dos equipamentos, utensílios e instrumentos de trabalho que entrem em contato com os alimentos, ou não, mas que de alguma forma implica no processo sejam limpos visando evitar condições que possam causar alteração dos produtos (PROGRAMA DE AUTOCONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). Apenas as plantas que possuam programas básicos sólidos de BPF e PPHO estão aptas a implantarem o sistema HACCP (DELAZARI, 2002). 3.3 IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE ANÁLISE DE PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE O sucesso da implantação do sistema APPCC é dependente do comprometimento da direção, pois requer a locação de recursos, de fundos e de mão-de-obra especializada. Esse comprometimento deve ser alcançado mediante o fornecimento de informações sobre os conceitos e benefícios da implantação do sistema. A motivação pelo envolvimento dos funcionários é um dos principais fatores 19 para o atendimento das exigências legais e sucesso do programa. (Foodsafety, 2005) Toda essa discussão está embasada no fato de uma alteração na integridade física ou qualidade química e microbiológica da matéria prima pode vir a constituir risco à saúde do consumidor e, por isso, deve ser evitada (Foodsafety, 2005) O plano APPCC é documento formal que reúne as informações-chave elaboradas por equipe capacitada contendo todos os detalhes do que é crítico para a produção de alimentos seguros, e consiste em catorze etapas, sendo citados sete os princípios do sistema (Foodsafety, 2005) 1° Etapa: Definição dos objetivos. 2° Etapa: Identificação e organograma da empresa. 3° Etapa: Avaliação de pré-requisitos*. 4° Etapa: Programa de capacitação técnica*. 5° Etapa: Descrição de produto e uso esperado. 6° Etapa: Elaboração do fluxograma de processo. 7° Etapa: Validação do fluxograma de processo. *Avaliação de pré-requisitos e programa de capacitação técnica citados nas etapas acima são exigências para o MAPA. Na condução dessas etapas existem variações, dependendo do órgão competente que as preconiza, quando pelo Ministério da Saúde, as etapas são resumidas em doze. Na Portaria 46 (BRASIL, 1998) consta que o plano APPCC também é utilizado para controlar aspectos de qualidade e de fraude econômica. A primeira etapa inicia-se com a definição dos objetivos, seguida pela identificação e organograma da empresa (2° etapa) com nomes e atribuições, avaliação de pré-requisitos (3° etapa), programa de capacitação técnica (4° etapa) e, depois, a partir da 5º etapa, a seqüencia seria igual para ambos (MS e MAPA). Observa-se que as exigências do Ministério da Saúde diferenciam-se, iniciando-se na 1ª. etapa, conseguinte a 2ª. etapa, a 5ª. etapa, nessa, descreve-se o produto e o uso esperado, todas as informações devem constar, ingredientes, pH, instruções de rotulagem e etc. Um fluxograma de processo deve ser elaborado na 20 6ª. etapa, para proporcionar descrição fiel das etapas que envolvem o produto e, o mesmo, deve ser validado no local, na 7ª. etapa. Inicia-se então a aplicação dos sete princípios do APPCC (ou seja, as sete etapas restantes), adotado pelo Codex Alimentarius (Figura 1). Figura 1: Representação esquemática dos sete pontos de Analise de Pontos Críticos de Controle (APPCC). Fonte: CANÔA, 2008. 4 OS SETE PONTOS DE ANALISE DE PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE 4.1 PRINCÍPIO 1: ANÁLISE DE PERIGOS E MEDIDAS PREVENTIVAS A equipe do APPCC deve conduzir uma análise de perigos potenciais e identificar as etapas do processo em que os perigos significativos possam ocorrer (PARDI, 2001). O critério para inclusão do perigo na lista dos pontos críticos de controle deve ser desenvolvido com base nas especificações para produção de alimentos inócuos. Dessa maneira a equipe do APPCC poderá determinar as medidas corretivas aplicáveis a cada um dos perigos, decidir quais perigos são significativos e quais devem ser incluídos no plano (SILVA, 2004). 4.2. PRINCÍPIO 2: IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE Um Ponto Crítico de Controle pode ser definido como um ponto na fase de produção, ou procedimento, em que se podem aplicar medidas corretivas para manter o perigo em níveis aceitáveis, ou seja, abaixo do limite de segurança ( SILVA, 2004). Um PCC pode se localizar em qualquer ponto onde os perigos possam existir, por isto, deve ser descrito e documentado detalhadamente. (ibid.). 22 4.3. PRINCÍPIO 3: ESTABELECIMENTO DOS LIMITES CRÍTICOS Toda medida preventiva tem seu limite crítico. O mesmo pode ser definido como sendo o limite que assegura a prevenção, eliminação ou redução dos perigos que podem interferir na inocuidade de um produto, como temperatura, tempo, umidade, pH (PARDI, 2001). 4.4. PRINCÍPIO: ESTABELECIMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE MONITORAMENTO Com a utilização dos resultados do monitoramento, deve-se ajustar e fazer a manutenção do processo. Os requisitos de controle devem ser uma seqüencia de observações e medidas que têm como objetivo avaliar se o PCC está sob controle,baseados em três propósitos: Garantir a inocuidade do alimento, à medida que acompanha todas as etapas das operações, implementando-se se necessário, medias corretivas imediatas; Detectar perdas de controle e desvios dos limites críticos, onde medidas corretivas devem ser implantadas; Proporcionar documentação escrita a ser utilizada na verificação do plano APPCC; Como característica final deste princípio, o intervalo entre as observações deve ser suficientemente confiável para que se possa assegurar que o perigo está sob controle (PARDI, 2001). 4.5. PRINCÍPIO 5: ESTABELECIMENTO DAS AÇÕES CORRETIVAS A ocorrência de desvios dos limites críticos é passível de acontecer no plano APPCC. Deve ser estabelecido para cada PCC um plano de ações corretivas quando houver ocorrência destes desvios (SILVA, 2004). 23 Em relação aos registros, tanto a identificação do lote em não conformidade, quanto às ações corretivas realizadas, deverão constar no registro do plano APPCC, desta maneira, o PCC estará sempre sob efetivo controle (ibid.). 4.6. PRINCÍPIO 6: ESTABELECIMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE VERIFICAÇÃO É um princípio fundamental visando-se a operação adequada, constantemente avaliada, corrigida de um sistema APPCC (PARDI, 2001). Os procedimentos de verificação demonstram a adequação dos limites críticos para os Pontos Críticos de Controle, garantem que o plano HACCP está funcionando de maneira efetiva, e comprovam a confiabilidade do sistema, mediante validações periódicas. 4.7. PRINCIPIO 7: ESTABELECIMENTOS DOS PROCEDIMENTOS DE REGISTRO Segundo Silva 2004, o sistema de registro do plano APPCC,quando bem desenvolvido,confere credibilidade e dinamismo às operações de controle, devem ser incluídos os seguintes registros: - Relação dos integrantes da equipe HACCP com suas respectivas funções; - Descrição do produto e seu uso; - Fluxograma das operações de produção, com indicação dos respectivos PCC; - Perigos relacionados em todos os PCC e suas medidas corretivas; - Limites críticos em todos os PCC; - Sistemas de monitoramento utilizados para todos os PCC; - Ações corretivas quando do desvio dos limites críticos; - Procedimento de verificação e registro do plano. 5 A EQUIPE DO APPCC Toda equipe do APPCC deve ser composta por profissionais que detenham conhecimento técnico-científico sobre a produção de alimentos. Basicamente, deve ser formada por um coordenador geral do programa, a quem será delegada a responsabilidade e a autonomia das decisões do projeto e, por uma Equipe Multidisciplinar, de no mínimo três e no máximo sete integrantes que devem estar diretamente envolvidos operacionalmente no processo. É importante assegurar-se de que todos eles possuam qualificações que lhes permitam entender o treinamento que irão receber, para conduzir adequadamente sua parte do trabalho (DELAZARI, 2002). Os membros da equipe devem ser capazes de reconhecer e identificar os perigos, definir o nível de severidade e os riscos associados, recomendar os sistemas de monitoramento a serem efetuados, os critérios a serem adotados e as medidas corretivas a serem tomadas no caso da ocorrência de desvios, o monitoramento e a forma de registro. (US NATIONAL ADVISORY COMMITTEE ON MICROBIOLOGICAL CRITERIA FOR FOODS, 1991). 5.1 DESCRIÇÃO DO PRODUTO Uma vez selecionado o produto, a equipe do APPCC inicia o trabalho com a descrição do mesmo. A descrição inclui informações sobre ingredientes, formulação, 25 especificações, detalhes de composição (ph, atividade da água), informações sobre embalagem, condições de processa meto e instruções de rotulagem (SMITH, 1990). O histórico do produto deve ser descrito com base nas informações obtidas por manifestações dos clientes e consumidores, por análises de laboratório e estudos de vida de prateleira. Os procedimentos na rede de distribuição podem ser descritos juntamente com as informações do modo de conservação do produto. O uso pretendido para o produto deve ser baseado nas práticas normais dos consumidores, a menos que sejam transmitidas aos usuários, instruções que alertem sobre cuidados específicos de manuseio e preparo. 5.2 FLUXOGRAMA DO MATADOURO Toda equipe do APPCC deve elaborar um fluxograma do processo em estudo (Figura 2). Este deve ter caráter ilustrativo para facilitar uma análise mais detalhada da racionalidade e segurança do fluxo de processo. Esta fase é de extrema importância pois evidencia as linhas de produção (DELAZARI, 2002). É exatamente neste ponto que os membros da equipe se conscientizam das diferenças entre o grau de percepção e conhecimento das operações que compõem o processo como um todo. 26 PCC1-Quimico presença de resíduos nos produtos acima do LMR Recepção de aves PCC1-Q Insensibilização e sangria F.F.O Escaldagem / Depenagem Pré resfriamento miudos Evisceração Saquinhos de miudos Pré resfriamento Por imersão PCC2-Biológico – presença de contaminação gastro intestinal e biliar PCC2-B Re pendura Pré-resfriamento Ar chiller Frango Inteiro Frango em Cortes Adição de miúdos Embalagem primária Corte Asa Corte Coxa Recorte de Asa Desossa de Coxa Corte Peito Recorte de Filé Padronizar Dorso Embalagem Secundária Moer Túnel de congelamento PCC3-B PCC3-Biológico 4 graus Celsius em 4 horas 1 Congelamento em placas Contrátil Embalagem Primária Paletizar Armazenar/Estocar Expedir Figura 2: Fluxograma da planta de funcionamento do matadouro de aves. Fonte: Programa de auto controle Rigor alimentos, 2008. 27 5.3 FLUXOGRAMA DOS SETORES Plataforma de desembarque Frango Vivo Frango Morto Sangria Graxaria Sangue Frango batido Penas Depenagem PÉS Frango com Vísceras Eviscerado Frango abatido sem miúdos, cabeça e pescoço Frango condenado Cortes SIF Parcial/total Coração, Moela e Fígados embalados Frango com defeito Gotejamento/ Embalagem Frango com Miúdos embalados Desossa embalados Produto Mercado Interno Padronização Colocação de contrátil Exportação Túnel de congelamento estático Câmara de estocagem Detector de Metais Expedição Figura 3: Fluxograma dos setores de produção da indústria. Fonte: Programa de auto controle Rigor alimentos, 2008. 4.3 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS PERIGOS 28 Esta análise tem como objetivo identificar os perigos reais e potenciais associados a processos, modo pelo qual o alimento é exposto a venda e o seu uso/preparo para o consumo. Nesta fase requer competência técnica para identificação correta dos perigos, prática para estabelecer a severidade dos mesmos e os possíveis riscos conseqüentes (US NATIONAL ADVISORY COMMITTEE ON MICROBIOLOGICAL CRITERIA FOR FOODS, 1991). Ainda a equipe do APPCC deve considerar quais são os consumidores- alvo, pois o alimento pode destinar-se a apenas uma faixa restrita da população. É muito importante que a equipe considere que um alimento exposto no ponto de venda possa ser adquirido por pessoas pertencentes ao grupo de risco, susceptíveis a toxinfecções, como crianças, mulheres grávidas e idosos. Assim, a equipe de minunciar o processo de produção com obstáculos fortes o bastante para inibir, destruir ou controlar todos os perigos. 5.4 DEFINIR AÇÕES PREVENTIVAS Cada PCC terá uma ou mais medidas preventivas.A equipe do APPCC deve estabelecer medidas preventivas que possam ser aplicáveis a cada PCC .Delazari (2002) relatou que é possível existir situações onde sejam necessárias mais de uma medida preventiva para controlar um perigo bem como situações onde mais de um perigo seja prevenido com o uso de uma só medida preventiva. 6 SELEÇÃO DOS PONTOS CRÍTICOS A seleção dos PCCs deve ser conduzida através de respostas ordenadas a uma série de perguntas pré-estabelecidas conhecidas como Árvore Decisória de PCC, que além da identificação fornece informações sobre qual o tipo do PCC. Os principais PCC dizem respeito à: - Formulação de um alimento; - Processos térmicos empregados durante a produção; - Refrigeração; - Congelamento; - E quaisquer outros processos e/ou etapas que possam interferir na qualidade final do produto. 7 DEFINIR MEDIDAS OU AÇÕES CORRETIVAS Ações corretivas devem ser estabelecidas para o caso de desvios dos limites de segurança ou limites críticos. Para contaminações inaceitáveis ou falhas no processo, medidas corretivas imediatas devem ser tomadas a fim de restabelecer as condições de normalidade de todo o processo produtivo. Essas medidas corretivas podem variar de acordo com tipo de operação das medidas de controle, porém, devem englobar todos os PCC, em todas as etapas de produção. 8 CONCLUSÃO O sistema APPCC é um programa de qualidade utilizado na indústria de alimento que visa identificar os perigos podem ocorrer em uma linha de produção, estabelecendo os processos de controle, possibilitando a reversibilidade de correção nas falhas durante as etapas de processamento, desde o campo a mesa do consumidor, garantindo a inocuidade do produto, e a preocupação com a saúde coletiva. Neste trabalho foram descritos os requisitos do sistema de gestão implantados por empresas, com a finalidade de demonstrar a capacidade em se produzir produtos que atendam aos requisitos do cliente, legislações, regulamentos, acrescentando a satisfação por meio da efetiva aplicação do sistema, incluindo processos para melhoria contínua do mesmo e a garantia da conformidade do produto final. Os padrões, diretrizes e outras recomendações do Codex tornaram-se a base identificada para a produção de alimentos seguros e proteção do consumidor no comércio internacional de alimentos. Sendo assim, as diretrizes para a aplicação do APPCC através Codex Alimentarius tornou-se o ponto de referência para as exigências internacionais de inocuidade de alimentos. A equipe do sistema APPCC de qualquer empresa deve estar ciente que a responsabilidade pela produção do alimento seguro, torna-se um comprometimento em fornecer um produto com características sensoriais preservadas, e qualquer falha no processo, os transtornos passíveis de ocorrerem, as penalidades previstas 32 recaírem não somente sobre a indústria produtora, mas comprometendo seus fornecedores e os profissionais envolvidos na linha de produção. Concluiu-se que por ser um sistema baseado em emprego de técnicas que apontem os Pontos Críticos de Controle, suas falhas e correções, seus registros, certificando a origem da matéria prima, seu beneficiamento durante as etapas tecnológicas as quais obter-se-á um produto final com qualidade, seguro, sem comprometimentos e riscos à saúde coletiva. 9 ANEXOS 9.1 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO PROCESSO 9.1.1 Galpão de espera Neste estabelecimento existem galpões de espera com capacidade para 10 caminhões, equipados com ventiladores de nebulização. das aves enquanto ela aguardam o momento do início do abate. 9.2 PLATAFORMA 9.2.1 Recepção de aves - PCC1Q O funcionário do controle de qualidade capacitado pelo APPCC para atuar no PCC1Q, PCC2B e PCC3B, analisa o Boletim Sanitário e a Ficha Técnica do aviário para confrontar as informações referentes ao cumprimento das exigências das vacinações realizadas e do período de carência da utilização de drogas veterinárias. Caso o período de carência não tenha sido respeitado, o lote é interditado para o abate, devendo retornar para a granja. 34 Caso o medicamento utilizado não esteja na lista de drogas permitidas, o lote somente será liberado para abate após averiguação com o setor de fomento de todas as informações pertinentes. Em qualquer um dos casos não tendo condições de retorno do lote para o aviário, o abate deverá ser feito no final do turno, o produto deverá ser seqüestrado enquanto aguarda o resultado das análises laboratoriais do PNCRB. De acordo com o resultado emitido no laudo os produtos serão liberados para a comercialização ou destinados para o setor de subprodutos. 9.2.2 Descarga dos caminhões Através de esteiras é feito o transporte de gaiolas até o processo de pendura (Figura 4). Após esta etapa, as gaiolas passam pelo lavador de gaiolas, os caminhões serão higienizados, providos com as gaiolas lavadas e liberados. Figura 4: Colaborador descarregando as gaiolas. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 35 9.2.3 Pendura Retirada dos frangos das caixas de transporte, e apanhá-los pelo tarso. Ocorre verificação visual se o frango está vivo ou morto. Caso o animal encontre-se morto, destiná-lo para o container de produtos condenados (graxaria / subprodutos). Etapa onde os colaboradores penduram as aves pelos pés (Figura 5). Figura 5: Colaboradores pendurando os frangos. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 9.2.4 Lavagem e Desinfecção das Gaiolas Após a pendura das aves, as gaiolas seguem para a máquina de lavagem a qual é subdividida em dois estágios. Subseqüente à lavagem ocorre a desinfecção das gaiolas, através de injeção de quaternário de amônio ou ácido peracético por bicos aspersores. 36 9.2.5 Controle da Plataforma Os horários de entrada e saída dos caminhões da plataforma são anotados. É realizada a contagem de aves mortas em viagem e carregadas mortas nos caminhões. Aves mortas são transportadas para o container de produtos condenados. Os dados referentes à realização da Inspeção ante mortem pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). 9.3 LAVAGEM E DESINFECÇÃO DOS CAMINHÕES Após o descarregamento das caixas com as aves, cada caminhão segue para área de higienização dos veículos, a qual se localiza ao lado do galpão de espera. A higiene do caminhão é feita com uma mangueira de água de alta pressão. Posteriormente o caminhão passa pelo processo de desinfecção. Em seguida as caixas lavadas e desinfetadas são colocadas no caminhão e o mesmo segue viagem. 9.4 INSENSIBILIZAÇÃO Etapa seguinte à pendura das aves. Os frangos dependurados pelas patas, onde há contacto com o metal em 3 pontos, passam por uma cuba contendo solução salina, onde suas cabeças encontram-se imersas até a asa e recebem corrente contínua de 65 V a 75 V, com Amperagem de 1ª, freqüência de 1,3 Hz (Figura 6). 37 Figura 6: Tanque da insenbilização. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 9.5 SANGRIA Após passar pela insensibilização, as aves entram na calha de sangria, em que o corte é feito em equipamento próprio, há um funcionário para fazer o repasse. O equipamento utilizado para fazer o corte da sangria é esterilizado à vapor. 9.6 ESCALDAGEM Fase seguinte à sangria, onde as aves mortas são submersas em um tanque de escaldagem, com água à temperatura de no máximo de 62°C. Esta etapa tem por finalidade a dilatação dos folículos das penas, facilitando sua retirada no processo seguinte (Figura 7). A renovação da água é constante. Existe também uma escaldadeira específica para a cabeça que trabalha com água à temperatura máxima de 64 °C. 38 Figura 7: Etapa seguinte à sangria, onde as aves mortas passam pelo tanque de escaldagem. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 9.7 DEPENAGEM Após a passagem pelo tanque de escaldagem, as aves atravessam duas depenadeiras em série (Figura 8). Nesta etapa se verifica a separação de área suja para área limpa do estabelecimento. É realizada o repasse e rependura após as depenadeiras, e Inspeção prévia pelo funcionário designado pelo SIF. 39 Figura 8: Saída das carcaças de frango das depenadeiras. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 9.8 CORTE DE PATAS Terminado o processo da depenagem das carcaças, estas seguem para sala de evisceração, sendo que a pata é separada da carcaça através de disco seguido para o depilador de patas. 9.9 ESCALDADOR DE PÉS / DECUTILAÇÃO DAS PATAS A pata é desenganchada da nórea através de um sistema automático caindo dentro do tanque de escaldador de pés a temperatura máxima de 64°C. Através de uma calha segue para uma máquina, e no seu interior a cutícula é separada através de um eixo com dedos de borracha que giram em um sentido só, com alta rotação tendo o auxílio de água a temperatura mínima de 63°C para amolecer a cutícula. 40 O pé é classificado, o que estiver quebrado, com calo ou melanose é condenado, os demais são liberados e por meio da calha seguem para o “chiller” situado na sala de miúdos. O pé condenado é pesado e é destinado para o setor de subproduto. Os pés para exportação são transportados para sala própria para nova seleção e acondicionamento em caixas brancas, seguem para o setor de padronização, onde são acondicionados em caixas de papelão e a seguir são acondicionados em carrinhos para congelamento. 9.10 EVISCERAÇÃO MANUAL A linha de evisceração subdivide-se em duas linhas manuais. Após o corte das patas separando-as das carcaças, esta desprende-se da nórea e cai em uma esteira, outra vez, estas são rependuradas nas nóreas de evisceração pela cabeça. 9.11 PENDURA / TOALETE INICIAL As carcaças passam por um chuveiro inicial providos de bicos com alta pressão de água com intuito de retirar qualquer resíduo permanente observado. 9.12 CORTE DA PELE DO PESCOÇO Corte realizado manualmente visando retirar o excesso de pele residual do corte do pescoço. Deve-se atentar para uma perfeita higienização das facas utilizadas nesta etapa. A cada 10 aves, a faca utilizada deve ser esterilizada em equipamento próprio a temperatura mínima de 85°C. 41 9.13 EXTRAÇÃO DA CLOACA Fase anterior ao processo de evisceração, realizado por meio de pistola automática extratora de cloaca, com sistema de auto limpeza. 9.14 CORTE ABDOMINAL Nesta etapa, o colaborador deve estar capacitado para sua realização, pois o corte é realizado com destreza a fim de evitar o rompimento de vísceras e não causar a contaminação da carcaça. A esterilização da faca deve ser realizada a cada 10 aves, em equipamento próprio, à temperatura mínima de 85°C. 9.15 EVENTRAÇÃO Realizada por colaborador capacitado para desempenhar esta função. Há o deslocamento das vísceras da cavidade celomática da carcaça de frango, e exposição das mesmas. A cada 10 aves os colaboradores devem lavar as mãos para evitar a contaminação das carcaças subseqüentes. 9.16 SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL (SIF) Os profissionais designados a serviço da Inspeção Federal têm como função avaliar as condições sanitárias das aves, desviando aquelas com comprometimento parcial ou total da carcaça ou vísceras para área de Inspeção Federal. 42 Na área de inspeção final, é realizado o critério de julgamento e destino das carcaças pelo Médico Veterinário do SIF, auxiliado por profissionais que estão sob sua ordem direta, onde é determinado o aproveitamento parcial ou condenação total das carcaças, as partes liberadas são pré-resfriadas em “chiller” específico para esta finalidade. A Inspeção post mortem são realizadas nas linhas A, B, C (Figura 9). As carcaças e vísceras não conformes, que exigem exame minudenciado, estas serão destinadas para o Departamento de Inspeção Final (DIF), onde serão julgadas e destinadas à condenação total ou parcial. Figura 9: Profissionais do Serviço de Inspeção Federal (SIF) realizando a inspeção das carcaças desviadas das linhas. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 9.17 CORAÇÃO Durante a evisceração, este órgão nobre, é separado manualmente e conduzido através da calha até o “chiller” de pré-resfriamento no setor de miúdos. 43 9.18 FÍGADO No processo de evisceração, o fígado é separado manualmente das vísceras não comestíveis e enviado através da calha até o “chiller” de pré-resfriamento no setor de miúdos. 9.19 VÍSCERAS NÃO-COMESTÍVEIS/MOELA Os colaboradores retiram a moela, o pró-ventrículo e o papo juntamente com as vísceras não-comestíveis. O conjunto segue através de uma calha para a máquina de beneficiamento da moela. Neste processo ocorre a separação das vísceras não comestíveis da moela, onde seguem para o setor de subprodutos. Sistema automático corta a moela retira o excesso de gordura e cutícula.No final da máquina será realizado um toalete final, através da limpeza manual em um sistema de roletes. Após a limpeza é conduzida através de calha para “chiller” de resfriamento no setor de miúdos. 9.20 EXTRAÇÃO DOS PULMÕES A retirada dos pulmões é realizada por sucção de bomba de vácuo. 9.21 ARRANCADOR DE CABEÇAS As carcaças seguem através de um estrangulador que promove a retirada das cabeças. 44 9.22 REVISÃO FINAL - PCC2 B A revisão da carcaça de frango é realizada para se verificar a sua conformidade e ausência de contaminação biliar, fecal, e biliar e fecal. O frango é inspecionado 100% por colaborador capacitado no APPCC especificamente no PCC2B na linha de evisceração antes do toalete final, se apresentar contaminação pequena acima descrita, é realizada toalete na própria linha e no caso de contaminação maior o frango é retirado da nórea por este colaborador capacitado. As partes condenadas são depositadas na calha condutora de resíduos, e destinadas para o setor do subproduto. Posteriormente o restante da carcaça retornará para linha de evisceração. Estas carcaças serão marcadas no ábaco nosológico da contaminação, que se encontra na frente do funcionário na linha de evisceração sendo distinguidas de acordo com a contaminação fecal, biliar, e fecal e biliar. A cada 2 horas será realizada uma monitoria (auditoria) do PCC2B, pelo colaborador do Controle de Qualidade (C.Q.) capacitado no APPCC no PCC1Q, PCC2B e PCC3B, realiza-se inspeção visual de 10 carcaças antes do toalete final. A verificação final é exercida pela Coordenadora do C.Q. do APPCC do mapa de contaminação fecal, biliar e fecal e biliar, além da reciclagem da capacitação para todos os colaboradores envolvidos com o PCC2B. 9.23 TOALETE FINAL Esta etapa ocorre com um sistema de lavagem das carcaças com bicos d’água com alta pressão. Com renovação de água de 1,5 L/ave. A água utilizada durante o processamento deve estar nos padrões de potabilidade exigidos na legislação e cloração de acordo com as exigências e permissibilidade dos países importadores. 45 9.24 RESFRIAMENTO DE FRANGO A carcaça ainda mantém uma temperatura elevada. Não deve ocorrer seu resfriamento de maneira brusca, a fim de evitar o encurtamento das fibras musculares e danos com perdas oriundas dos equívocos no processamento tecnológico. 9.24.1 Pré-Chiller As carcaças são submersas à temperatura de 16°C, com renovação de água 1,5 L/ave (Figura 10). A condução de frio para a carcaça ocorre com água e gelo em sentido contra fluxo. Figura 10: Carcaças de frango imersas no pré “chiller”. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 46 9.24.2 Chiller A temperatura da água de abastecimento deve estar em torno de 4°C, a temperatura da água do “chiller” deve encontrar-se no máximo a 4°C (Figura 11). Sobre o “chiller” estão instaladas quatro máquinas de gelo que permitem a manutenção do frio. A renovação da água ocorre a 1 L/ave. A temperatura da carcaça na saída do “chiller” deve ser até 7°C para Mercado Interno ou Lista Geral. Atentando para a temperatura de 4°C a 0,5cm da pele no subcutâneo do peito, medindo a temperatura de cinco carcaças. As carcaças com temperatura entre 7°C à 10°C, deverão ser destinados ao congelamento imediato, devido as medidas preventivas para controle de Salmonella. Figura 11: Carcaças de frango imersas no “chiller”. Fonte: Arquivo do autor, 2010. As embalagens dos produtos fornecem instruções nítidas permitindo que o consumidor tenha condições de manusear, dispor, armazenar e usar o produto com segurança. 47 Este alimento se manuseado incorretamente e ou consumido cru pode causar danos à saúde. Para sua segurança, siga as instruções abaixo: - Mantenha resfriado ou congelado; - Descongele somente no refrigerador ou no microondas; - Mantenha o produto cru separado dos outros alimentos; - Lave com água e sabão as superfícies de trabalho (incluindo tábuas de corte), utensílios e mãos depois de manusear o produto cru; - Consuma somente após cozido, frito ou assado completamente. 9.24.3 Ar Chiller Após a saída do “chiller”, as carcaças são rependuradas e seguem para o ar chiller. É um túnel em que as carcaças permanecem por um tempo mínimo de 3 minutos à temperatura de 2°C. 9.25 ANTE CÂMARA Localiza-se no setor de pré-resfriamento, é a câmara de estocagem de produtos durante o processo, todos os produtos devem possuir ficha de estocagem de produtos durante o processo, devendo constar o nome do produto, data de produção, turno, devem estar em caixas brancas ou contentores. 9.26 RESFRIAMENTO E PRODUÇÃO DE PACOTES DE MIÚDOS COMESTÍVEIS Os miúdos são resfriados em chiller’s individuais (sendo para cabeça, fígado, coração, moela, e pés). A temperatura da água de abastecimento deve estar em torno de 4°C e a temperatura de água do chiller deve estar em torno de 4°C. Após o chiller de 48 resfriamento os produtos caem em caixas brancas, seguem para mesas de aço inox para serem embalados em sacos plásticos que são transportados por uma esteira em bandeja que seguindo para o setor de padronização. A parte dos produtos será destinada para a produção de pacotinhos de miúdos seguindo para a máquina de pacotes de miúdos. A temperatura dos miúdos não deve ultrapassar 4°C, caso isso aconteça deve ser adicionado gelo a água dos “chillers” e caso não seja possível fazer a adição de gelo, serão destinados para graxaria. Para se produzir os pacotinhos de miúdos, estes consistem em 2 pés, cabeça, 1 fígado e 1 moela. Quando há excesso de pacotinhos são conduzidos para ante câmara. Depois de prontos são conduzidos através do óculo para o setor de embalagem de frango inteiro para acondicionamento dentro de carcaças selecionadas. 9.27 CHILLER DO SIF Após aproveitamento parcial das carcaças contaminadas ou condenadas pelo SIF os cortes são colocados em um chiller próprio, para resfriar. A temperatura entre 7°C à 10°C todos produtos deverão ser embalados imediatamente e congelados para comercialização no Mercado Interno, permanecendo seqüestrados em câmara de congelado até o resultado da análise microbiológica. Após emissão dos resultados das análises o CQ juntamente com o SIF analisará o mesmo, destinando os produtos de acordo com os padrões microbiológicos descritos nos Programas e Verificações Laboratoriais (R.A.7.5.5.1), RDC nº12 (BRASIL, 2001) e Circular 12/DICAO/CGI/DIPOA. Dentro do padrão do mesmo destina-se para o setor de graxaria. Encontrando-se nos padrões pré determinados destinam-se para o Mercado Interno, fora do mesmo destina-se para o setor de subprodutos. 49 Nas embalagens de produtos congelados são indicadas medidas preventivas para controle de Salmonela fornecendo ao consumidor instruções que permitem manusear, dispor, armazenar e usar o produto com segurança. 9.28 EMBALAGEM DOS FRANGOS As carcaças são retiradas da linha para acondicionamento do pacote de miúdos no interior da carcaça. Posteriormente são embalados e conduzidos através de uma esteira até as grampeadeiras onde são fechados, em seguida seguem para o setor de padronização. 9.29 PADRONIZAÇÃO A pesagem é realizada em balanças automáticas que pesam os frangos embalados de acordo com a faixa de peso, até 20 kg. Após a pesagem os mesmos são colocados em caixas de papelão. As caixas são montadas na sala de embalagem secundária e conduzidas através de uma nórea. As caixas de papelão são pesadas e conferidas para se observar se não há diferença de peso. Em seguida as caixas de papelão são conduzidas através de esteiras até o túnel de congelamento. 9.30 TÚNEL DE CONGELAMENTO-PCC3B O congelamento é realizado em túnel de congelamento estático, atingindo a temperatura máxima de 4°C em 4 horas. A temperatura de entrada dos produtos no túnel de congelamento deve ser de -22°C. 50 Os produtos elaborados que entram nos túneis de congelamento são monitorados a cada 2 horas, medindo a temperatura de cinco produtos. Esses produtos devem atingir até 4°C. Para assegurar que este tempo de percurso não seja extrapolado é feita a verificação um a vez ao dia, aferindo o binômio tempo x temperatura do frango. É cronometrado o tempo desde a sangria até o setor de padronização, não ultrapassando o tempo de processo de 2 horas até entrada do túnel de congelamento. 9.31 SALA DE CORTES Os cortes são realizados manualmente e em áreas próprias com temperatura controlada. O fluxograma é delineado de acordo com o tipo de corte, embalagem, padronização e pesagem, tratamento pelo frio e armazenagem. 9.31.1 Esteira da Asa A asa é cortada, acondicionada em caixas e selecionada para exportação e/ou mercado interno. 9.31.1.1 Asa Mercado Interno O colaborador transporta a asa para as esteiras onde são empacotadas, grampeadas e seguem para o setor de padronização, onde são acondicionados em caixas de papelão e ajustados seus pesos. 51 9.31.1.2 Asa Exportação Estas asas são acondicionadas em caixas brancas e destinadas para a sala de exportação. Na sala de exportação, as caixas são montadas pesadas e seguem para o setor de padronização. O funcionário da sala de embalagem secundária coloca as caixas em carrinhos para serem transportadas até o túnel estático para congelamento. 9.31.1.3 Meio da Asa, Ponta da Asa, Drumet As asas são colocadas nas máquinas de corte automático de asas. Onde separa-se o meio da asa,a ponta e a “drumet”, este é empacotado na calha coletora da máquina para o mercado interno. O meio das asas segue para a sala de exportação em que as caixas são montadas, pesadas e seguem para o setor de padronização. A ponta das asas são condicionadas em embalagem de 15kg, onde seguem para a padronização e túnel de congelamento. 9.31.2 Esteira da Coxa e Sobrecoxa 9.31.2.2 Coxas e Sobrecoxas Mercado Interno As coxas e sobrecoxas são empacotadas pesadas e depositadas na esteira para fechamento com grampo. Seguem para o setor de padronização, onde são acondicionados em caixas de papelão e ajustados seus pesos, para serem acondicionadas no túnel de congelamento. 52 9.31.2.3 Coxa de Exportação As coxas são retiradas da esteira do mercado interno, onde é feito o corte de separação da coxa e sobrecoxa, após classificação. As coxas seguem para a sala de exportação. Na sala de exportação, as caixas são montadas pesadas e seguem para o setor de padronização. O colaborador da sala de embalagem secundária coloca as caixas em carrinhos para serem transportadas até o túnel estático para congelamento. 9.31.3 Esteira do Peito Após a realização dos cortes da asa e da coxa e sobrecoxa, o peito é retirado da nórea, depositado em esteira e segue para a sala de retirada de filé. 9. 31.3.1 Corte do Filé Mercado Interno O peito é colocado em cones para a retirada do filé, este é transportado através da esteira para a seção de embalagem primária onde são pesados e depositados para fechamento com grampo. Seguem para o setor da padronização, onde são acondicionados em caixas de papelão e ajustados seus pesos, para serem acondicionados no túnel de congelamento. 9.31.3.2 Filé Temperado Após a retirada do filé, seguem para as máquinas injetoras para adição de salmoura, no máximo 10%, caem na esteira onde são pesados e empacotados para 53 fechamento com grampo. Seguem para o setor de padronização, onde são acondicionados em caixas de papelão e ajustados seus pesos, para serem acondicionadas no túnel de congelamento. 9.32 SALA DE TEMPEROS Os condimentos são pesados de acordo com formulação aprovada pelo MAPA. Os condimentos são diluídos em água e por meio de tubulação própria abastecem as máquinas injetoras de temperos. 9.33 PADRONIZAÇÃO Todos os produtos elaborados seguem através da esteira para o setor de padronização. Na padronização são acondicionados em caixa de papelão, ajustados seus pesos e seguem para o congelamento de túnel estático. 9.34 SALA DE CARNE MECANICAMENTE SEPARADA (CMS) Através da esteira transportadora o dorso oriundo da desossa do filé de peito é recebido caindo diretamente em balança automática seguindo para a máquina de moer dorso. O colaborador abastece o equipamento com a matéria-prima. A carne mecanicamente separada (CMS) extraída é transportada através do “chut” para a sala de congelamento em placas para ser congelada. 54 O restante da matéria-prima (resíduos) é transportado através de tubulações para o setor de subprodutos. 9.35 SALA DE CONGELADORES EM PLACAS A CMS extraída é colocada nos congeladores em placas para congelamento. São formados blocos de 15 kg. Após o período de congelamento são embalados, selados pesados e conduzidos para a câmara de estocagem. 9.36 SALA DE ESTERILIZAÇÃO As facas devem estar afiadas, limpas e esterilizadas, chairas e luvas de aço limpas e esterilizadas. A temperatura da água dos esterilizadores de facas deve estar acima de 85°C. O colaborador do setor deve trocar a cada 2 horas facas e chairas verificando a coloração do cabo (brancas ou azuis). 9.37 DETECTOR DE METAIS Na padronização está inserido o detector de metais situado em algum ponto nas laterais da esteira, na qual passam as embalagens com os produtos para exportação. No detector de metais deve-se verificar o seu funcionamento com o padrão próprio a cada hora, caso ele não funcionar, a linha de embalagem deve ser paralisada de imediato. Os pacotes com produto que acionam o detector de metais devem ser passadas mais uma vez pelo detector e em caso de reincidência o pacote é seqüestrado para achar o corpo estranho (metal). 55 Anota-se a irregularidade no processo. 9.38 SALA DE LAVAGEM DE CAIXAS BRANCAS / SALA DE ARMAZENAMENTO DAS CAIXAS LIMPAS Os colaboradores devem manter as caixas brancas empilhadas e organizadas para lavagem no setor de caixas sujas. As caixas são penduradas na nórea que segue para a máquina de lavagem de caixas. A máquina tem três estágios e funciona com água a uma temperatura de 45°C. As caixas lavadas seguem para a sala de estocagem de caixas limpas. 9.39 EXPEDIÇÃO Os produtos estocados em câmaras são retidos para o congelamento de acordo com a ficha do conferente, referente ao pedido de compra. Figura 12: Caminhão sendo carregado na expedição. Fonte: Arquivo do autor, 2010. 56 9.39.1 Termoencolhível Os produtos elaborados saem do túnel de congelamento, os colaboradores acondicionam a caixa de papelão no saco de termoencolhível seguem por esteira para o túnel de encolhimento, após a passagem pelo equipamento as embalagens são armazenadas em “raks” ou “pallets”. 9.39.2 Armazenamento Os colaboradores colocam nos produtos raqueados ou palletizados uma ficha com a identificação do mesmo, a qual consta nome do produto, data de produção, código do produto, quantidade e turno que estocou. Os “racks” ou “pallets” são armazenados de acordo com o produto nas câmaras. Os produtos ficam armazenados nas câmaras até o momento que solicitado os pedidos. A partir deste momento seguem para expedição e transferidos para os caminhões (Figura 12). 10 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 10.1 DOENÇAS ALIMENTARES Os alimentos envolvidos com mais freqüência nos surtos de doenças alimentares são aqueles de origem animal. Os produtos podem ser de origem bovina, aves e ovos, carne suína, pescados, lácteos. Para que ocorra a doença alimentar, o patógeno ou sua toxina deve estar presente no alimento. Entretanto, apenas a presença do patógeno não significa que a enfermidade ocorrerá. O patógeno deve estar em quantidade suficiente para causar uma infecção ou para produzir toxinas. O alimento deve ser capaz suprir as exigências específicas para o desenvolvimento do microrganismo. O alimento deve permanecer na zona de perigo de temperatura por tempo suficiente para que o micróbio se multiplique e/ou produza toxina. Deve-se ingerir uma quantidade suficiente do alimento de modo a ultrapassar o limiar de susceptibilidade do indivíduo que ingere o alimento. De acordo com o exposto, as doenças alimentares são classificadas em infecções, intoxicações ou infecções mediadas por toxina (PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). 58 10.1.1 Infecção transmitida por alimentos É uma enfermidade que resulta da ingestão de alimentos contendo microorganismos vivos prejudiciais (PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). 10.1.2 Intoxicação causada por alimentos Ocorre quando as toxinas ou os metabólitos de bactérias ou bolores estão presentes no alimento ingerido. Essas toxinas geralmente não possuem odor ou sabor e são capazes de causar enfermidade mesmo depois de os microorganismos serem eliminados (PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). 10.1.3 Infecção mediada por toxina Segundo o PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS( 2008) é uma enfermidade que resulta da ingestão de alimentos contendo uma determinada quantidade de microrganismos patogênicos, e capazes de produzir ou liberar toxinas quando ingeridos, como Vibrio cholerae e Clostridium perfringens, respectivamente . 10.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PERIGOS A definição de perigo para a segurança alimentar é um agente biológico, químico ou físico presente no gênero alimentício, com potencial para causar um 59 efeito adverso para a saúde (PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). Importa diferenciar perigo de risco para a segurança alimentar. O risco é calculado pela avaliação do perigo (severidade) e sua probabilidade de ocorrência, avaliação esta que servirá para determinar quais os perigos significativos num determinado processo, na elaboração de um plano APPCC (PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). Os perigos são classificados de acordo com sua natureza e podem ser biológicos, químicos ou físicos, abordados mais detalhadamente adiante. 10.2.1 Perigos Biológicos Segundo o PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008 os perigos biológicos são os que apresentam o maior risco à inocuidade do gênero alimentício. Estes incluem os microrganismos (bactérias, fungos e leveduras) assim como as toxinas microbianas (ocratoxina A, aflatoxinas, histamina, entre outros), os vírus, parasitas e pragas. É considerado um perigo quando a fase do processo onde estão inseridos esteja fora de controle; agentes que podem causar risco para saúde do consumidor; e agentes que interferem na qualidade comercial e tecnológica do produto. 60 Tabela 1: Alguns exemplos de perigos biológicos e controle. PERIGOS BIOLOGICOS IDENTIFICADOS CONTROLE SALMONELLA spp BPF e HACCP STAPHYLOCOCCUS AUREUS BPF e HACCP COLIFORMES TOTAIS E FECAIS BPF e HACCP CONTAGEM TOTAL DE MESOFILOS BPF e HACCP BOLORES E LEVEDURAS BPF e HACCP ANAEROBIOS SULFITO REDUTORES BPF e HACCP ENTEROBACTERIACEAS BPF e HACCP Continuação da Tabela 1 E.COLI BPF e HACCP CAMPYLOBACTER sp BPF e HACCP LISTERIA MONOCITOGENES BPF e HACCP YERSINIA ENTEROLITICA BPF e HACCP CLOSTRIDIUM sp BPF e HACCP 10.2.2 Perigos Químicos Os perigos químicos nos alimentos podem estar associados a produtos químicos adicionados ao gênero alimentício ou naturalmente presentes no alimento na sua composição, tal como uso descontrolado de pesticidas, no controle da captação da água de captação, adoção de materiais próprios para o contacto com alimentos, entre outros. (PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). Tabela 2: Alguns exemplos de perigos químicos que podem ocorrer em alimentos. PERIGOS QUIMICOS IDENTIFICADOS CONTROLE DETERGENTES DOSAGEM DE ACORDO COM PPHO DESINFETANTES DOSAGEM DE ACORDO COM PPHO GRAXAS SOMENTE EM GRAU ALIMENTICIO RESIDUOS QUIMICOS PNCR 61 10.2.3 Perigos Físicos Os perigos físicos são os mais facilmente identificáveis pelo colaborador e pelo consumidor (PROGRAMA DE AUTO CONTROLE RIGOR ALIMENTOS, 2008). Os perigos físicos são simplesmente evitáveis através da aplicação correta e adequada de Boas Práticas de Fabricação. No entanto, a contaminação de um produto por um perigo físico associa muitas vezes uma contaminação microbiológica (Tabela 3). Tabela 3: Alguns exemplos de perigos físicos que podem ocorrer em alimentos. MATERIAL LESÃO POTENCIAL FONTES VIDRO CORTE, SANGRAMENTO LÂMPADAS, UTENSILIOS MADEIRA CORTE ,SANGRAMENTO PRODUÇÃO PRIMARIA METAL CORTE,INFECÇÃO MAQUINAS, CAMPO OSSOS ENGASGO PROCESSO INADEQUADO PLASTICO ENGASGO,CORTE,INFECÇÃO EMBALAGEM, EQUIPAMENTO OBJETOS ENGASGO, CORTES FUNCIONARIOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATHAYDE, A.: “Sistemas GMP e HACCP garantem produção de alimentos inócuos.” Engenharia de Alimentos, ano 5, no 23, janeiro/fevereiro, 1999. BARENDZ, A. W.: “Food safety and total quality management.” Food Control, vol. 9, no 2-3, 1998. BENNET, W. L.; STEED, L. L.: “An integrated approach to food safety.” Quality Press, vol. 32, no 2, February, 1999. BRANDIMARTI, L.: “Comer é questão de vida ou de morte.” Banas Qualidade, junho de 1999. BRASIL. Ministério da Agricultura Pesca e Abastecimento. Portaria n°. 40 de 20 de Janeiro de 1998. Manual de procedimentos no controle da produção de bebidas, baseados no HACCP. Disponível em: www.mapa.gov.br Acesso em: 17 out 2010. BRASIL. 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