Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 24 e 25 de setembro de 2013 CONTEÚDOS, INTERAÇÃO E FINANCIAMENTO NAS WEBRADIOS DE CAMPINAS Beatriz Silva Pereira dos Santos Carlos Alberto Zanotti Faculdade de Jornalismo Centro de Linguagem e Comunicação [email protected] Sociedade Mediatizada: Processos, Tecnologia e Linguagem Centro de Linguagem e Comunicação [email protected] Resumo: Com o avanço tecnológico iniciado no final do século XX, em especial após o surgimento da internet, as mídias impressas e audiovisuais se viram obrigadas a se adaptar a essa nova realidade. As webradios são um exemplo desta adaptação, despertando o interesse dos pesquisadores por representar um modelo considerado mais democrático de mídia, já que não necessitam de concessão governamental para existir e nem se regem pela legislação do sistema de telecomunicações. Iniciativas desta natureza estão presentes também na cidade de Campinas, aqui investigadas com um método híbrido de abordagem que reúne pesquisa bibliográfica, análise sistemática dos sítios locais e realização de entrevistas com os responsáveis pelas webemissoras. Ao que se apurou, esses empreendimentos são, ainda, marcados pelo amadorismo, não sendo gerenciados como uma nova possibilidade de negócios, o que tende a dificultar seu desenvolvimento. Palavras-chave: webradialismo, financiamento do jornalismo, sociedade mediatizada. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas – Comunicação Social – Jornalismo 1. O RADIALISMO NA WEB O acelerado desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas causou diversas alterações sociais, econômicas e políticas. As principais mudanças aconteceram no campo da informação e da comunicação, principalmente com o advento da internet [1]. Os pesquisadores buscam ainda compreender as possíveis adaptações das mídias tradicionais (impressa e audiovisual) a esse novo espaço comunicacional, condizente com a realidade econômica da chamada Sociedade da Informação [2]. A adaptação do rádio à internet, em especial, foi vista por algum tempo como o fim do veículo como o conhecemos. Essa previsão, porém, já é considerada ultrapassada por diversos pesquisadores, como Comassetto, que afirma estar “por demais vencida a ideia, a mesma quando do advento da televisão, de que o rádio pode desaparecer em função do surgimento de modernos e sofisticados instrumentos de comunicação” [3]. Por meio das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), definidas como “a reunião dos meios audiovisuais, informáticos e comunicacionais que permitem criar, armazenar, recuperar e transmitir informação em grande velocidade e em grande quantidade” [4], surgiram três diferentes modelos de adaptação do rádio à web [5]: • Rádio offline • Rádio online • Webradio O primeiro refere-se aos sítios que apresentam informações institucionais (como grade de programação, quadro de locutores, formas de contato) das emissoras que, necessariamente, existem no dial. O segundo formato é aquele que reproduz no sítio a programação transmitida pelas ondas hertzianas além de conteúdos complementares e informações institucionais sobre a empresa. O terceiro modelo, das webradios, refere-se àquelas emissoras que existem apenas na internet. Elas surgiram em 1995 nos EUA, e jogaram por terra “todos os pressupostos conhecidos até então sobre radiodifusão, como necessidade de concessão, presença de elementos visuais, interação em tempo real e, é claro, a ausência do bom e velho aparelho de rádio” [6]. A independência de concessões governamentais é uma das principais justificativas para o crescente interesse dos pesquisadores nas webradios, já que, dessa forma, elas podem proporcionar espaço e voz àqueles que estiveram, de alguma maneira, excluídos do processo de produção midiático no Brasil. De acordo com Nair Prata [6], um dado importante desse processo é que parcela considerável da mídia brasileira se organiza em torno de políticos; em 2009, por exemplo, pelo menos 45% das estações de rádio apresentavam essa característica. Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 24 e 25 de setembro de 2013 A modificação desse cenário é possível com as webradios. Segundo Prata “é cada vez maior, hoje em dia, o número de emissoras na web representativas de grupos que dificilmente teriam o amparo da legislação para um espaço no dial” [6]. Esses grupos teriam, nas webemissoras, um espaço para livre difusão de diferentes ideias e visões de mundo, característica fundamental da democracia [7]. O acesso a esse novo espaço da radiodifusão, porém, ainda é limitado, visto que no Brasil a exclusão digital atinge milhões de pessoas. Visando minimizar este problema, o governo federal criou em 2010 o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que objetiva promover a inclusão digital, capacitando a população para o uso das tecnologias de informação, entre outras metas [8]. A consecução desses objetivos está fortemente ligada ao futuro do rádio online, de acordo com Luiz Artur Ferraretto [9]. Alguns deles poderão ser alcançados com a expansão da cobertura do serviço, o aumento da velocidade disponível e a diminuição do seu preço. Em 2011, 48% dos domicílios que possuíam computador não tinham acesso à Internet devido ao custo elevado [6]. Essa é uma das principais dificuldades encontradas pelas emissoras na web que, quando comparadas ao modelo hertziano, tornam-se muito mais caras, já que não conseguem atingir grande audiência, apesar da possibilidade de serem acessadas de qualquer região do mundo. A exemplo da crise de financiamento que atinge a imprensa escrita [10, 11, 12], a baixa audiência das webradios suscita questionamentos quanto ao financiamento e à viabilização da atividade enquanto modelo de negócio nesse novo espaço aberto ao radialismo. Ao tratar dos modelos de financiamento na Internet, Ferraretto [9] reconhece a abrangência de possibilidades e considera dois tipos de comercialização centrais para a viabilização do rádio online como negócio: • “a captação de recursos no mercado publicitário, na qual aparece, mesmo que subentendida, a ideia da maior ou menor audiência como a definir o valor a ser cobrado”; e • “a assinatura do serviço oferecido, que tende a se viabilizar ou não com base no interesse do consumidor em relação ao conteúdo oferecido”. A qualidade e dinamicidade dos conteúdos são, também, consideradas pelos pesquisadores como fun- damentais para o sucesso da webradio como empreendimento na sociedade de mercado. De acordo com Prata e Martins, “a webradio como business de sucesso, para ser viável, deverá, além de conteúdo criativo e dinâmico, oferecer experiências contínuas e interativas para os seus ouvintes, bem como proporcionar aos seus usuários vantagens intuitivas e claramente afetivas, possibilitando assim rentabilidade e sustentabilidade para o negócio” [13]. 2. METODOLOGIA O trabalho de pesquisa aqui empreendido foi dividido em três etapas, iniciando-se com as pesquisas bibliográfica e documental. Dessa maneira, foi possível aprofundar conceitos relacionados a essa nova mídia e compreender as possibilidades agora existentes para o radialismo. A segunda etapa consistiu em localizar os sítios das webradios de Campinas e monitorá-los por três meses, organizando os dados obtidos em tabelas baseadas em modelo proposto por Palácios [14] para o estudo do jornalismo online. Por este modelo, abordam-se as seguintes propriedades para o novo meio: • Multimidialidade/Convergência: refere-se ao uso convergente dos formatos midiáticos tradicionais na transmissão da informação; • Interatividade: refere-se à capacidade de fazer com que o usuário da internet sinta-se mais envolvido no processo jornalístico; nos sites das rádios em que o jornalismo não é o principal conteúdo, a interatividade se dá, principalmente, na relação ouvinte/produtor, através de mensagens, enquetes, sugestão de músicas e programas, entre outros; • Hipertextualidade: refere-se à possibilidade de interconexão de textos através de links (hiperligações), seja para outras notícias ou outros elementos complementares, como fotos, sons, vídeos, animações etc., presentes tanto em sítios jornalísticos quanto de entretenimento; • Customização do Conteúdo/ Personalização: refere-se à opção oferecida ao usuário para configurar os produtos jornalísticos de acordo com os seus interesses individuais, tanto em relação à aparência do sítio quanto ao seu conteúdo; • Periodicidade/ Atualização Contínua: refere-se à rapidez do acesso, combinada com a facilidade de produção e disponibilização, propiciadas pela digitalização da informação e pelas tecnologias telemáticas; • Memória: refere-se ao acúmulo de informações através do processo de hiperligação; na web, ela Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 24 e 25 de setembro de 2013 pode ser recuperada tanto pelo produtor dos conteúdos quanto pelo usuário por meio de motores de busca (search engines) que permitem múltiplos cruzamentos de palavras-chave e datas; com espaço ilimitado, rapidez de acesso e atualização e o uso da hipertextualidade, a memória na web passa a ser múltipla, instantânea e cumulativa; As propriedades acima descritas foram utilizadas como parâmetro para quantificar o uso que as webradios locais fazem dessas possibilidades que a rede já proporciona há quase vinte anos. 3. AS WEBRADIOS DE CAMPINAS Por meio de pesquisas em sites de busca e outros especializados em radialismo virtual, foram encontradas 37 webradios operando em Campinas. Dentre elas, 15 são religiosas, com programação musical e esporádica veiculação de textos e imagens relacionadas a essa temática. Três emissoras são voltadas a esportes, especialmente o futebol, transmitindo partidas e conteúdo relacionado. Outras 12 emissoras possuem conteúdo exclusivamente musical (textos e melodias), porém segmentado em rock, sertanejo, samba e pagode, gospel, eletrônica e black music. Existe ainda uma rádio voltada ao universo GLBTS e outra voltada a usuários de serviço de saúde mental. Além das webradios musicais, existe uma voltada à divulgação cultural e acadêmica (Web Rádio Unicamp) e outra criada pelos controladores de tráfego aéreo do aeroporto de Viracopos, cuja programação se resume à retransmissão da frequência utilizada pelos controladores. As três restantes são a Rádio Rebelde, a Rádio Paz e a Web Rádio Casa de Deus Campinas, cujos sítios não dispõem de ferramenta para a transmissão de áudio, não sendo atualizados há pelo menos dois anos. Elas entraram no corpus da pesquisa por ainda apresentarem o sítio, que pode ser estudado quanto ao uso das TICs, por meio das tabelas baseadas no modelo de Palácios. 3.1. Uso das Propriedades do Jornalismo Online Foi verificada uma subutilização das propriedades propostas por Palácios [13]. O uso da Memória, por exemplo, está presente em apenas dois sítios; e a Periodicidade e Personalização estiveram ausentes dos sítios de todas as webradios. Os dados coletados no período de 1º de novembro de 2012 a 31 de janeiro de 2013 deram origem ao gráfico abaixo, que apresenta o número de emissoras web e a utilização de cada propriedade estudada. Gráfico 1. Propriedades utilizadas pelas webradios A propriedade mais utilizada pelas webemissoras foi a Interatividade, que se apresentou de diferentes maneiras nos sítios. A variedade das possibilidades de interação é vista por Prata [6] como necessária para despertar o interesse do público e de possíveis anunciantes. Para a autora, a interação “é a palavra-chave desse novo modelo de rádio que surge na internet e, com toda certeza, a sua marca mais importante”. As possibilidades de interação categorizadas para a coleta de dados estão relacionadas no gráfico a seguir: Gráfico 2. Formas de interação nos sítios Os números indicam que a interação produtor/internauta se fez mais presente nas redes sociais do que nos sítios das webradios, o que prejudica a venda de espaços publicitários nas páginas do empreendimento em detrimento das redes, onde a comercialização é proibida. Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 24 e 25 de setembro de 2013 3.2. Modelos de Financiamento Em relação aos modelos de financiamento adotados por tais empreendimentos, foram encontradas quatro iniciativas diferentes na área de publicidade: banner, link, pop-up e vídeo. O número de emissoras que utilizou cada um desses recursos ao longo do período de coleta de dados se encontra no gráfico abaixo: Gráfico 3. Uso de anúncios nas webradios Das 37 webradios, 10 apresentaram espaços vazios reservados para publicidade. Embora sinalizem em seus sítios que procuram por anunciantes, apenas uma, a Solid Rock Radio, divulgou informações completas ao possível interessado, como o tamanho exato e valores de cada anúncio, além de elencar as vantagens de se anunciar em uma webradio. Outras informações importantes, como o número de pessoas online e o total de visitas ao sítio, só foram disponibilizadas por 8 e 10 emissoras, respectivamente. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa bibliográfica revelou que existem experiências positivas com o modelo webradio. Em Campinas, entretanto, esses empreendimentos ainda são marcados pelo amadorismo. Ao estudar o uso que as webemissoras de Campinas fazem das possibilidades de comunicação que a Internet permite, foi possível concluir que seus produtores as consideram apenas como um hobby, mas não uma nova possibilidade de negócios. Isso acontece porque não geram renda suficiente para que passem a ser a principal fonte de recursos em substituição a um emprego formal. Uma indicação das dificuldades de manutenção das webradios é a volatilidade dos sítios, que surgem e desaparecem rapidamente: das 37 emissoras estudadas, sete já não existiam quando da conclusão desta pesquisa. A dificuldade em se dedicar integralmente aos empreendimentos webradiofônicos impede que sejam produzidos conteúdos próprios, que explorem as novas possibilidades existentes. Em nenhum momento as webemissoras se utilizaram da convergência das mídias, por exemplo, o que permitiria o envolvimento “visual-verbo-voco-sonoplástico” [15] do usuário, somente possível na web. Por fim, em relação ao financiamento das emissoras e suas formas de sustento, a pesquisa apontou que as rádios poderiam, sim, gerar alguma rentabilidade caso conseguissem atrair grande número de internautas e, por consequência, de anunciantes. Prata [6] considera que “a tendência é de webradios com foco na convergência multimídia e páginas com usabilidade cada vez mais centradas no usuário”, o que não ocorre no panorama local. Essa tendência levaria as emissoras a apresentar sítios melhor elaborados; programação ao vivo; atualização contínua do site, atentando para o uso da multimidialidade e, se possível, para experiências novas com a linguagem e maior interatividade com os ouvintes, especialmente através dos sites, e não apenas das redes sociais. AGRADECIMENTOS Agradeço à PUC-Campinas pela oportunidade de ser bolsista de Iniciação Científica; ao orientador, pela confiança, paciência e ensinamentos; e aos produtores das webradios que concederam as entrevistas, possibilitando a obtenção de informações importantes para a realização do trabalho. REFERÊNCIAS [1] Aguiar, K. F. (2006), Blog-jornalismo: interatividade e construção coletiva da informação, BOCC: Biblioteca Online de Ciências da Comunicação, capturado online em 08/07/2013 de <http://www.bocc.ubi.pt/pag/aguiar-katia-blogjornalismo.pdf>. [2] Castells, M. 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