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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE
TRABALHO NO SETOR DE
MANUTENÇÃO DE VAGÕES DE UMA
FERROVIA DO SUL DE SANTA
CATARINA
Eliete Medeiros (UNISUL)
[email protected]
Airton Correia (UNISUL)
[email protected]
Keyner Nunes Mayer (UNISUL)
[email protected]
William Gomes Figueiredo (UNISUL)
[email protected]
Beatriz Nozari Ribeiro de Carvalho (UNISUL)
[email protected]
O artigo foi baseado num estudo das condições de trabalho, realizada
na Ferrovia Tereza Cristina situada no Sul do Estado de Santa
Catarina. A ferrovia tem como atividade principal a exploração de
serviços de transporte ferroviário de cargaa, cujo principal produto
transportado atualmente é o carvão mineral, produzido no sul do
Estado, destinado a geração de energia termelétrica. A pesquisa foi
realizada no setor de manutenção de vagões utilizando a metodologia
da análise ergonômica do trabalho - AET. A partir do diagnóstico
elaborado algumas recomendações foram citadas para que a empresa
continue investindo em melhoria das condições de trabalho, em
treinamento em segurança e participação e envolvimento dos
trabalhadores com sugestões para criação de máquinas e
equipamentos, que diminuam o constrangimento nas situações de
trabalho.
Palavras-chaves:
ferroviário
Ergonomia,Condições
de
trabalho,
transporte
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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
1 Introdução
O artigo foi baseado num estudo ergonômico, realizada numa Ferrovia situada no Sul do
Estado de Santa Catarina. A ferrovia denominada Ferrovia Tereza Cristina tem como
atividade principal a exploração de serviços de transporte ferroviário de carga, cujo principal
produto transportado atualmente é o carvão mineral, produzido no sul do Estado, destinado a
geração de energia termelétrica.
A Ergonomia implica o estudo de um trabalho concreto, a observação da realização da tarefa
no local e com os equipamentos e equipes envolvidos, a coleta de todos os dados, qualitativos
e quantitativos, incertos, incompletos ou contraditórios, necessários a um diagnóstico
(SANTOS E FIALHO, 1997).
A FTC possui uma linha férrea de 164 Km de extensão, que interliga a região carbonífera de
Santa Catarina ao porto de Imbituba, passando pelo município de Capivari de Baixo, onde se
situa a usina termelétrica Jorge Lacerda – Tractebel Energia. Suas linhas cortam 12
municípios do Sul do Estado de Santa Catarina, que são: Imbituba, Laguna, Capivari de
Baixo, Tubarão, Sangão, Jaguaruna, Içara, Criciúma, Siderópolis, Morro da Fumaça,
Urussanga e Forquilhinha.
Desde que iniciou suas atividades em 1º de fevereiro de 1997, a FTC traçou uma nova etapa
no transporte ferroviário de cargas. Com uma nova filosofia de trabalho exigida pela
privatização da empresa, a FTC passou a trabalhar as particularidades da região sul do Brasil
e suas necessidades para o transporte de cargas. Além de oferecer os melhores serviços, a
confiabilidade, a segurança e a eficiência passaram a ser a prioridade da FTC para com os
seus clientes.
A ergonomia pode ser definida como o estudo de aspectos do trabalho e sua relação com o
conforto e bem estar do trabalhador, ou ainda, o estudo da adaptação do trabalho ao homem.
Geralmente, ela se ocupa de fatores do trabalho relacionados às posturas, movimentos e ritmo
determinados pela atividade e do conteúdo dessa atividade, nos seus aspectos físicos e
mentais (IIDA, 1992).
A tarefa , num primeiro plano, se define, para Guerin et all (2001) a um modo de apreensão
concreta do trabalho tendo por objetivo reduzir ao máximo o trabalho improdutivo otimizando
o trabalho produtivo, eliminar as formas nocivas de trabalho e pesquisar os métodos mais
eficientes, permitindo assim, o atendimento dos objetivos. Num outro plano, a terefa é um
princípio que impõe um modo de definição do trabalho com relação ao tempo. Estabelece,
consequentemente, métodos de gestão que permitem definir e medir a produtividade,
decorrente da relação entre os gestos dos trabalhadores e os meios de produção.
Apesar da empresa não apresentar elevados índices de acidentes é constante a preocupação
em melhoria das condições de trabalho e para tanto tem investido em treinamento em
segurança do trabalho e participação e envolvimento dos trabalhadores com sugestões para
criação de máquinas e equipamentos, que diminuam o constrangimento nas situações de
trabalho.
2 Metodologia
A pesquisa foi realizada no setor de manutenção de vagões utilizando a metodologia da
análise ergonômica do trabalho - AET. Foram realizadas observações e entrevistas constando
de registros fotográficos, elaboração e aplicação de questionário.
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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
As entrevistadas foram aplicadas em sete funcionários do setor de manutenção de vagões,
estando eles na faixa etária de 35 a 43 anos e a maioria deles com formação escolar do
segundo grau incompleto.
3 Resultados e discussão
O processo de produção do setor de vagões é organizado obedecendo as exigências do seu
cliente interno, o setor de transporte. As tarefas a serem executadas, são formalizadas através
de ordem de serviço. A planificação das tarefas é feita entre gerente e supervisor da equipe, e
as demais instruções são feitas verbalmente entre os supervisores e trabalhadores, conforme o
fluxograma do sistema de produção, Figura 1.
Figura 1 – Fluxograma do sistema de produção
A tarefa a ser realizada sempre é discriminada e planificada pelo setor de transportes que
encaminha o vagão com uma ordem de serviço até a equipe de manutenção que decide como
fazer e o tempo máximo para entrega do vagão.
Durante todo o trabalho a equipe é acompanhada pelo supervisor que verifica se tudo está
sendo feito dentro dos padrões. Como a equipe já possui experiência e conhece os
procedimentos da manutenção a própria equipe resolve os problemas que surgem durante a
manutenção. Quando surgem dúvidas a equipe consulta o supervisor e este o gerente.
3.1 Condições organizacionais
A jornada de trabalho dos funcionários é de 44 horas semanais. Todos os trabalhadores do
escritório e das equipes de campo trabalham de segunda-feira à sexta-feira das 7:30 às 12:00
horas e das 13:00 às 17:18 horas. As equipes de campo realizam trabalhos aos finais de
semana quando necessário, caracterizado por banco de horas.
3.2 Condições ambientais
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Os trabalhos são realizados dentro da oficina mecânica onde existe uma proteção ambiental.
Porém quando ocorre algum tipo de acidente nas linhas férreas, a equipe é deslocada até local
do acidente tendo em certos momentos difícil acesso, temperaturas e climas variados.
A iluminação da oficina é adequada para os tipos de serviços realizados, porém a temperatura
pode ser alterada de acordo com o dia. Os ruídos são acima de 85db(A) sendo necessário a
utilização do protetor auricular em toda a oficina. Os vagões transportam resíduos de carvão
que geram poeiras no local de trabalho interferindo na qualidade do ar e dificultando a
realização das tarefas.
3.3 Condições técnicas
As ferramentas utilizadas pelos trabalhadores são quase todas manuais e de fácil manuseio.
Geralmente são de usos gerais e polivalentes. Os trabalhadores possuem experiência em
mecânica, conhecendo cada ferramenta e suas funções. No entanto existe também o uso de
alguns equipamentos que possuem comandos como, por exemplo a dobradeira. A operação do
equipamento requer treinamento e muito cuidado, pois pode ocasionar acidentes aos
trabalhadores e danificar a máquina.
Os equipamentos e ferramentas foram especificados conforme nome tipo, função, peso e
característica da impugnadora, sendo alguns destes selecionados para a pesquisa. São eles:
máquina de solda, maçarico de corte, gabaritos, trena, lixadeira, macaco de rosca, martelo de
pena e EPIs.
3.4 Saúde e segurança
A empresa Ferrovia Tereza Cristina, por sua vez possui a CIPA (Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes) e dá condições aos funcionários de utilizarem os serviços de saúde e
segurança da empresa. O responsável pelo serviço na empresa é um engenheiro de segurança
do trabalho, que atua juntamente com um médico e uma enfermeira do trabalho além de dois
técnicos em segurança do trabalho.
Quanto aos índices de acidentes com afastamento os dados da empresa demostram que eles
ainda ocorrem apesar das medidas adotadas. A empresa fornece os equipamentos devidos e
realiza as substituições periodicamente. Todos os funcionários da empresa passam por
treinamentos (brigada de incêndio) para as situações de emergência.
- Satisfação pessoal
Com base em entrevistas realizadas com os trabalhadores sobre os relacionamentos entre eles,
entre as equipes, com supervisores, e também sobre o reconhecimento e valorização dos
serviços, todos os itens avaliados apresentaram resultados acima de 80% de satisfação.
3.5 Análise das atividades
Para a realização das atividades o supervisor conta com uma equipe de cinco pessoas sendo
quatro mecânicos e um soldador. O supervisor gerencia a execução das atividades.
As atividades realizadas necessitam de conhecimento técnico e de força física, pois são
trabalhos extremamente braçais, porém se não realizados corretamente, podem ocasionar uma
série de problemas no vagão podendo também vir a descarrilar dos trilhos provocando
acidentes envolvendo outras pessoas que transitam próximo as linhas férreas.
- Atividades gestuais e posturais
As atividades gestuais e posturais dos trabalhadores na área de manutenção de vagões foram
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analisadas de acordo com as ações realizadas ao longo do dia de trabalho.
As posturas assumidas variam de acordo com o serviço realizado, agachadas, ajoelhadas, em
pé ou andandando, conforme as ilustrações da Figura 2 e 3.
Figura 2 - Posturas assumidas na manutenção dos vagões e na regulagem do engate.
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Figura 3 - Gestos e posturas assumidas na solda dos dois lados da chapa.
4 Diagnóstico
O diagnóstico diz respeito as patologias homem-tarefa. Nesta etapa apontam-se as situações
críticas que necessitam de intervenções. A seguir apresentam-se os principais aspectos
sujeitos à intervenções:
a) Queda de altura - Os mecânicos estão sempre correndo os riscos potenciais de quedas, pois
muitas vezes precisam ficar pendurados nos vagões para fazer substituições de tábuas e
parafusos do revestimento lateral.
b) Postura - Todos os serviços realizados na parte mecânica do vagão exigem posições não
confortáveis, por exemplo, troca de molas com agachamento prologando e frequente.
c) Transporte e elevação de carga - O processo de manutenção requer troca de componentes,
exigindo o transporte e elevação frequente de cargas pesadas.
5 Conclusões e recomendações
A analise ergonômica realizada demonstrou que a Empresa Ferrovia Tereza Cristina S.A.
atende às determinações de segurança do trabalho o que evita acidentes. Porém no que se
refere às doenças provocadas pelo trabalho, os trabalhadores estão sucetíveis devido aos
riscos inerentes ao processo de produção e as posturas inadequadas assumidas na realização
das tarefas.
Para atenuar estas condições faz-se indispensável algumas recomendações:
a) Aspectos técnico-ambientais - Para os trabalhos realizados em altura aconselha-se a
utilização de escadas ou andaimes com proteção nas laterais.
Os trabalhos que são feitos agachados ou em posições desconfortáveis, devem ser utilizados
cavaletes para levantar o vagão para poder trabalhar de pé. Componentes recuperados como
truques devem ser içados com talha e recuperados em giradores de truque. Conforme Figura 4
e 5 a seguir.
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Figura 4 - Equipamentos recomendados: Cavaletes para levantar o vagão.
Figura 5 - Equipamentos recomendados: giradores de truque para a recuperação dos truques.
b) Aspecto organizacional
Apesar da empresa não apresentar elevados índices de acidentes, é bom citar que os cincos
últimos acidentes ocorreram nas mãos. A empresa deve reforçar treinamentos sobre a
segurança no trabalho e com isto contribuir com a redução dos acidentes de trabalho.
Referências bibliográficas
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Tradução de João Pedro Stein,
Porto Alegre: Bookman , 1998.
GUERIN, F.et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da Ergonomia. Tradução: Giliane
M. J. Ingratta, Marcos Maffei. Ed. Edgard Blücher ltda, 2001, 201p.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher Ldta, 1992.
MONTMOLLIN, M. A ergonomia. Tradução: Joaquim Nogueira Gil. Sociedade e Organizações, 1997.
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NOULIN, M. Ergonomie. Paris: Tecniplus, 1992.
SANTOS, Neri. dos, FIALHO, Francisco. Manual de Análise Ergonômica do Trabalho. Florianópolis: Ed.
Genesis, 1997, 238p.
WISNER, A. Por dentro do trabalho. Ergonomia: método e técnica, São Paulo: FTD/Oboré, 1987, 189p.
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