!"#$" %'&)(*&)+,.- /10.2*&4365879&4/1:.+58;.2*<>=?5.@A2*3B;.- C)D 5.,.5FE)5.G.+&4- (IHJ&?,.+/?<>=)5.KA:.+5MLN&OHJ5F&4E)2*EOHJ&)(IHJ/)G.- D - ;./);.& Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 POSITIVAÇÃO COMO INDICADOR DE DISTRIBUIÇÃO NUMÉRICA DE BENS DE CONSUMO DE ALTO GIRO Gilberto de Jesus Teixeira (PUCPR) [email protected] Leonardo Raduy Lemos (PUCPR) [email protected] Roberto Max Protil (PUCPR) [email protected] Este artigo tem por objetivo apresentar um estudo sobre a utilização do número de pontos de vendas compradores a cada período (positivação) para determinar a distribuição numérica de bens de consumo de alto giro. Foi realizada um uma revisãão bibliográfica da logística empresarial e dos canais de distribuição, em especial dos sistemas de distribuição intensiva e de atacados, seguindo-se uma análise empírica de dados de positivação e distribuição. Conclui-se que existem períodos em que a relação entre as variáveis distribuição e positivação é forte, todavia também ocorrem períodos em que esta relação é extremamente fraca, o que dificulta a definição de um padrão de comportamento. Portanto, para que a positivação possa ser corretamente utilizada como indicador de distribuição, torna-se necessário analisar melhor a influência de outras variáveis logísticas sobre a relação das duas variáveis em estudo. Palavras-chaves: Logistica de distribuição, positivação, indicadores de distribuição PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 1. Introdução A disputa das empresas pelos clientes em mercados competitivos tem propiciado canais alternativos de distribuição dos produtos nos diferentes segmentos de mercado. Neste contexto, os canais de distribuição estão adquirindo uma importância crescente para fornecedores e clientes. Segundo Ballou (2001), os fatores determinantes do sucesso na prestação de serviço de distribuição ao cliente são: disponibilidade de estoque, rapidez na entrega, rapidez e acurácia no atendimento de pedidos. A esses serviços podem ser somados outros serviços, prestados pelos participantes do canal de distribuição ou pelos fabricantes. Nas relações cliente-fornecedor, a distribuição numérica é um dos fatores mais importantes na gestão dos bens de consumo de alto giro, pois é fundamental para que esses produtos cheguem às mãos do consumidor. Apesar da sua importância, a mensuração é cara e demorada, por ser realizada a partir de pesquisas amostrais de periodicidade mensal ou bimestral. Devido ao processo de pesquisa por amostragem, as empresas costumam tomar conhecimento dos dados apenas algum tempo após a conclusão de cada etapa de pesquisa. Além desses fatores, o custo associado ao tamanho da amostra costuma limitar a segmentação dos dados a áreas bastante amplas, em vez de áreas menores. É necessário encontrar formas mais rápidas de determinar tendências de distribuição e que permitam também a segmentação dos dados a áreas menos extensas, possibilitando a atuação concentrada das empresas nos pontos em que a tendência se torne negativa. O número de pontos de vendas compradores de um determinado produto em um determinado período, conhecido no mercado distribuidor e atacadista como “positivação”. Intuitivamente, a positivação pode ser uma forma de identificar tendências de distribuição. De fato, essa variável é utilizada em um grande número de empresas atacadistas como indicador de desempenho das suas equipes. Esse comportamento foi verificado na rede de distribuidores de duas diferentes indústrias de bens de consumo de alto giro no Brasil. Conforme o aumento do intercâmbio de dados entre essas duas indústrias e seus parceiros distribuidores, a positivação passou a ser usada também pela indústria como indicador de desempenho distributivo. No entanto, não se conhecem estudos acadêmicos que atestem a aderência desse indicador à variável distribuição numérica propriamente dita, de maneira que a análise da relação real existente entre essas variáveis pode trazer muitos benefícios à prática da avaliação e auditoria do desempenho dos canais de distribuição intensiva. Este artigo tem por objetivo apresentar um estudo sobre a possibilidade de utilizar o número de pontos de vendas compradores a cada período (positivação) para determinar a distribuição numérica de bens de consumo de alto giro. O artigo inicia-se com uma revisão bibliográfica da logística empresarial e dos canais de distribuição, em especial dos sistemas de distribuição intensiva e de atacados. Em seguida é apresentada uma análise empírica de dados de positivação e distribuição, complementada por uma reflexão sobre as variáveis abordadas. 2. Logística Empresarial A missão da logística nas atividades empresariais é dispor a mercadoria ou o serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas (BALLOU, 2001). De acordo com Bowersox e Closs (2001), a logística é fundamental para o atendimento dos clientes, e o desempenho da logística depende de sua compatibilidade com a estratégia de marketing da empresa. Essa estratégia reflete-se nas dimensões dos serviços prestados aos clientes. É 2 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 possível alcançar o nível de serviço logístico desejado desde que sejam alocados os recursos necessários. No ambiente operacional atual, o fator restritivo é econômico e não tecnológico. O serviço logístico básico é medido em termos de disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade de serviço. Disponibilidade significa ter o nível de estoque tal que atenda de maneira completa e consistente as necessidades do cliente. Esta maior disponibilidade está vinculada a um adequado investimento em estoques e à existência de capital disponível para este investimento. O desempenho operacional do serviço logístico é avaliado principalmente pelo prazo de atendimento, o tempo decorrido entre o recebimento do pedido e a entrega do respectivo produto. A maioria dos clientes dá maior importância à entrega rápida e no prazo. Outro fator importante de desempenho operacional no serviço logístico é a flexibilidade. Flexibilidade consiste na capacidade de atender a solicitações inesperadas dos clientes. Finalmente, a confiabilidade do serviço logístico envolve robustez e precisão. Robustez representa a probabilidade de que o serviço logístico apresente problemas tais como produtos avariados, produtos incompletos ou documentação imprópria. A robustez do serviço logístico da empresa pode ser avaliada tanto pela probabilidade de ocorrência de falha quanto pelo tempo necessário para sua correção. A precisão significa entregar o produto certo, no lugar certo, e pontualmente. Para obter confiabilidade no serviço é essencial ter o controle completo sobre a disponibilidade de estoque e o desempenho operacional do serviço. Para um serviço logístico eficaz e eficiente, é necessário que os serviços sejam prestados de forma a satisfazer às necessidades peculiares de cada cliente ou, ao menos, de cada setor específico. Oferecer serviços fora da realidade compromete a capacidade da empresa em atender as necessidades específicas de clientes potenciais. 3. Canais de Vendas e Distribuição Na avaliação do sistema de distribuição, o produtor deverá tomar as decisões mais básicas do processo de comercialização, decidindo sobre que tipo de canal de vendas deve adotar (KOTLER, 1996). Os tipos podem ser: a) Canal de Vendas Direto - o produtor assume a própria distribuição, facilitando o controle das tarefas de marketing e propiciando ao produtor o contato direto com os consumidores. b) Canal de Vendas Indireto - o produtor ou fornecedor utiliza intermediários para realizarem a distribuição de seus produtos, sejam eles atacadistas, varejistas ou outro tipo de especialistas. Atualmente, existe grande dificuldade dos produtores venderem seus bens diretamente aos consumidores finais. Portanto, é necessário o desenvolvimento de uma cadeia de intermediários que, de acordo com os produtos e mercados em foco, será mais ou menos longa. Segundo Kotler (1996), os canais de marketing podem ser vistos como um conjunto de organizações no processo de disponibilizar o produto/serviço para uso ou consumo. As organizações buscam formas de facilitar o acesso de seus produtos ao maior número possível de compradores potenciais. Existem basicamente três estratégias disponíveis para decisão sobre o número de intermediários a ser utilizado (COUGHLAN et al, 2002). a) Distribuição Exclusiva - quando existe um único intermediário que irá comercializar os bens ou serviços da empresa em uma área comercial, mantendo o seu monopólio. É utilizado quando o produtor deseja manter rigoroso controle sobre o nível de prestação de serviços oferecidos aos consumidores finais. 3 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 b) Distribuição Intensiva - significa vender um produto através de muitos pontos de vendas (atacadistas e varejistas) disponíveis, chegando à saturação para todos os pontos possíveis. Esse tipo de distribuição é normalmente utilizado para comercialização de produtos de conveniência e produtos de consumo diário de pequeno valor. c) Distribuição Seletiva – é o caso intermediário entre distribuição exclusiva e intensiva. Envolve o uso de alguns membros de canal intermediários bem escolhidos que estejam dispostos a vender um produto ou marca específica. A indústria pode desenvolver boas relações com os intermediários escolhidos, esperando com isto obter retornos de vendas acima da média. A distribuição seletiva tem custo menor que a intensiva. A decisão de intensidade (ou seletividade) com que se deve cobrir uma área comercial é uma decisão de canal fundamental para o produtor: a maneira como o produto ou serviço é apresentado ao mercado depende da sua facilidade de acesso, que impulsiona a capacidade do produtor de implementar seus programas de canal (COUGHLAN et al, 2002). Quanto mais intensiva for a distribuição, menos o produtor poderá influir na forma como os membros desempenham fluxos de canal de marketing. Para controlar o desempenho de fluxos, o produtor deve deixar de saturar os pontos de distribuição de uma área de comércio. Porém, poderá estar cedendo vendas e lucros aos concorrentes. Naturalmente os produtores preferem distribuição intensiva, enquanto os canais de venda preferem a distribuição exclusiva. A decisão de limitar a cobertura fica ligada à uma decisão de até que ponto o produtor deve impor limites contratuais à condução que o membro de canal dá a seu negócio. 3.1. Cobertura versus Seletividade Quando se trata de disponibilidade de um produto em uma área comercial, supõe-se que quanto mais pontos de venda possuem uma marca, mais ela será vendida. Isso nem sempre é verdade, pois depende da natureza do produto. Isso é verdade para produtos com grande demanda e que escoam rapidamente (FCMG – fast consuming consumer goods). São produtos ou serviços que compõem compras de rotina, de baixo envolvimento, que o comprador considera secundárias e de baixo risco. Dada uma escolha aceitável de marca, o consumidor tende a comprar o que é oferecido, em vez de procurar uma marca em outro ponto de venda. Por outro lado, pela perspectiva do revendedor, a maior cobertura de uma marca é um ponto negativo. A distribuição intensiva implica que seus concorrentes também têm a mesma marca, reduzindo a vantagem do ponto de venda como motivo para o consumidor escolher aquele ponto de venda e não o do concorrente (COUGHLAN et al, 2002). Assim, surgem conflitos: − Produtores desejam cobrir completamente uma área comercial de pontos de revenda com seus produtos, enquanto os pontos de venda preferem o contrário; − Pontos de venda preferem ter marcas múltiplas para oferecer em sua categoria, enquanto produtores/distribuidores preferem exclusividade; − Produtores desejam que os pontos de venda promovam suas marcas e tenham margens baixas, enquanto os membros de canal preferem custos mais baixos e margens mais altas. Esses conflitos levam à necessidade de um acordo negociado mutuamente satisfatório entre o produtor, distribuidor e seus canais de venda. 3.2. Natureza do Produto e o Grau de Seletividade A cobertura intensiva de um mercado por um produtor torna fácil para um futuro cliente 4 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 encontrar sua marca. Por outro lado, quando um conjunto pequeno de pontos de venda mantém a marca, a concorrência intramarcas é baixa e os membros de canal tenderão a não destinar seus melhores esforços para a marca (COUGHLAN et al, 2002). Ao decidir quanta seletividade se deve conceder aos membros de canal de uma área de mercado, o produtor deve verificar as características comuns à classe do produto, entre as seguintes: − Bens de conveniência - devem ser distribuídos o mais intensamente possível; − Bens de compra comparada - bens em que compradores comparam marcas e preços entre pontos de revenda, um grau intermediário de seletividade é desejável; − Bens de especialidade – bens tais que os compradores empenham um esforço considerável para fazer a escolha correta e procuram pontos de revenda tecnicamente confiáveis, sendo mais apropriado que a distribuição seja altamente seletiva e até exclusiva. 4. Metodologia Para responder ao problema de pesquisa, foram coletados dados sobre a distribuição e positivação da subsidiária brasileira de uma indústria de doces. Os dados se referem a uma marca em particular de doce, distribuída no mercado em quatro diferentes sabores, além de sabores temporários, lançados com freqüência média aproximada de um sabor por ano. No Quadro 1, temos a definição constitutiva e operacional das variáveis. Variável Distribuição Positivação Definição constitutiva Número de pontos de vendas que têm um determinado produto em um determinado momento Número de pontos de vendas que compraram um determinado produto em um determinado período Obtida a partir de levantamento quantitativo em amostra de pontos de vendas, realizada com lojas dos canais Tradicional e supermercados de até 4 check-outs. Leitura de faturamento populacional de pontos compradores. Definição operacional Levantamento realizado a cada mês com 5.000 pontos de vendas escolhidos aleatoriamente. – Número de vendas Neste trabalho, o levantamento realizado mensalmente. foi Quadro 1 – Definição constitutiva e operacional das variáveis Esta é uma pesquisa exploratória que procura prover critérios para maior compreensão da relação entre as variáveis de pesquisa. Os objetivos de pesquisa são (a) desenvolver hipóteses e (b) estabelecer prioridades para aprofundamento de pesquisas futuras sobre este tema. O período de coleta estendeu-se de setembro de 2004 a outubro de 2006. Os dados coletados são mensais e referem-se à distribuição e positivação dessa marca nos estados do PR, SC, RS, SP, RJ, MG e DF. No total, foram extraídos dados de positivação de 21 distribuidores exclusivos localizados nesses estados. Segundo o instituto AC Nielsen (2004), o universo total de pontos de vendas de produtos alimentares presentes nessas áreas é de aproximadamente 230.000 lojas, sendo que 98% delas pertencem aos canais Tradicional e Supermercados de até 4 check-outs (até 4 caixas registradoras). 5. Análise dos Dados 5 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 Na Figura 1 pode-se visualizar um gráfico de linhas referentes às duas variáveis comparadas nesta pesquisa. Para verificar a força da relação entre as variáveis, verificou-se o coeficiente de correlação entre elas em diversos períodos ao longo do tempo (Tabela 1). Para o período total considerado, o coeficiente de correlação de 0,453 demonstra uma correlação média entre as duas variáveis (Figura 2). 60.000 62 60 50.000 Distribuição numérica 40.000 56 30.000 54 Positivação Disribuição Numérica (%) 58 20.000 Positivação 52 10.000 50 48 0 feb-05 mar/ 05 apr-05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/ 05 set/ 05 out /05 nov/05 dec-05 jan/06 f eb-06 mar/06 apr-06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 Periodo Figura 1 – Representação gráfica das variáveis Observando a correlação em períodos separados ao longo do tempo, verificam-se relações diferentes em períodos de tempo diferentes. Na última coluna da Tabela 1 encontramos a correlação nos últimos 12 meses. No período de maio de 2005 a abril de 2006, há uma correlação forte entre as variáveis (0,815), enquanto no período de novembro de 2005 a outubro de 2005 há uma correlação extremamente fraca (0,093). 6 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 60.000 Positivação (no. de lojas) 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Distribuição numérica (%) Figura 2 – Diagrama de dispersão das variáveis Mês feb-05 mar-05 apr-05 mai-05 jun-05 jul-05 ago-05 set-05 out-05 nov-05 dec-05 jan-06 feb-06 mar-06 apr-06 mai-06 jun-06 jul-06 ago-06 set-06 out-06 Distribuição numérica (%) 60 58 57 55 55 55 57 56 54 54 53 53 53 53 52 53 54 53 52 52 52 Positivação 46.727 42.465 40.184 50.384 48.797 45.669 49.724 42.398 41.326 43.177 35.554 35.132 38.897 41.831 36.982 47.673 45.064 40.831 41.235 39.230 45.771 Correlação nos últimos meses 4 meses 8 meses 12 meses -0,305 -0,932 -0,900 0,345 0,369 0,816 0,800 0,506 0,962 0,925 0,033 0,345 0,455 0,740 0,778 0,580 0,780 -0,662 -0,212 -0,015 0,218 0,740 0,833 0,864 0,803 0,571 0,279 0,380 0,303 0,358 0,538 0,449 0,522 0,547 0,613 0,815 0,680 0,631 0,598 0,277 0,301 0,093 Tabela 1 – Coeficientes de correlação ao longo do tempo. 6. Discussão 7 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 É possível obter uma definição matemática da relação entre as variáveis Distribuição numérica e Positivação. Se a distribuição numérica é dada pelo número de pontos de vendas que têm um determinado produto em um determinado momento, é possível assumir um momento inicial T0, em que um produto começa a ser vendido. Nesse momento, a distribuição é zero, porque nenhum ponto de vendas teve ainda a oportunidade de receber o produto. Sendo a positivação dada pelo número de pontos de vendas que compraram um determinado produto em um determinado intervalo de tempo, T, no momento T0 a positivação é nula. Teoricamente, a distribuição é uma medida instantânea, que pode variar a cada momento. A sua aferição instantânea é possível em sistemas interligados de abastecimento, tais como cadeias de supermercados, redes de franquias ou associações de varejo, em que uma central de compras possui as informações de estoque de todos os produtos praticamente em tempo real. Nesses casos, para determinar a distribuição a cada momento, basta verificar no sistema centralizado a quantidade de pontos de vendas em que o estoque de um determinado produto é diferente de zero. Nessas situações específicas, o acompanhamento da distribuição numérica não é tão importante quanto no caso de uma empresa industrial ou atacadista, que verifica essa variável sobre todas as lojas de um determinado mercado, utilizando-a como indicador de desempenho da cadeia de distribuição. Porém, esse acompanhamento sobre uma quantidade grande de pontos de vendas não é possível a partir de sistemas interligados. O método utilizado pela indústria para acompanhar a distribuição numérica é a pesquisa quantitativa sobre uma amostra de lojas representativa do seu mercado de interesse. O maior instituto do mundo a realizar esse tipo de pesquisa de mercado é o AC Nielsen, pertencente ao grupo VNU. A medida é tomada sobre um intervalo de tempo, mensal ou bimestral. Assim, existe uma limitação associada à medida, uma vez que uma loja pesquisada no início do período pode não mais possuir o produto ao final do período de pesquisa. Neste trabalho, a medida de distribuição é realizada mensalmente, em uma amostra probabilística estratificada. Outro modo de definir a distribuição numérica é pelo “número de pontos de vendas em que o estoque de um determinado produto é diferente de zero”. Assim, um ponto de vendas tem distribuição de um determinado produto se, e somente se, o estoque é diferente de zero. A partir dessa definição, começa a se delinear uma relação entre positivação e distribuição, uma vez que a positivação indica o número de pontos de vendas que compraram o produto. Em um intervalo de tempo T, em que se medirem a distribuição numérica e a positivação, é possível assumir que essas variáveis terão o mesmo valor se (a) todos os pontos de vendas que possuem um produto o comprarem ao menos uma vez e (b) o volume comprado pelo ponto de vendas for suficiente para que o estoque não se esgote entre duas reposições. Período Venda ao consumidor Dia 0 Estoque Inicial Compra Estoque Final 0 50 50 5 0 5 0 50 50 0 50 50 45 Dia 7 5 Dia 14 50 Dia 21 Dia 28 40 10 10 8 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 Tabela 2 – Exemplo hipotético de distribuição e positivação em um ponto de vendas No exemplo apresentado na Tabela 2 são apresentados 4 períodos de 7 dias, sendo que em três deles o ponto de vendas comprou o produto, e em um deles não. Uma conseqüência do critério (a) é que o volume da cada compra não seja muito maior que a demanda entre as compras, de maneira que o ponto de vendas sinta a necessidade de comprar a cada visita do vendedor. Compreende-se então que outras variáveis associadas à relação entre distribuição e positivação são o volume de produto comprado a cada compra e o volume vendido entre duas compras. A primeira delas é dada diretamente pelo volume faturado aos pontos de vendas, enquanto que a segunda converge para a primeira no longo prazo. Por exemplo, se um ponto de venda comprar muito mais do que a demanda de um determinado período, é provável que no período seguinte se verifique a distribuição do produto sem que tenha havido a sua positivação. Analogamente, se comprar muito menos que a demanda do período, é provável que não se verifique a distribuição, mesmo que tenha havido a positivação. Estendendo as relações acima a um produto cuja demanda não é estável, é provável que, se a demanda for crescente, um ponto de vendas tenderá a comprar menos do que a demanda. Isso provocará uma distribuição menor do que a positivação. Em caso contrário, se a demanda for decrescente, o ponto de vendas tenderá a comprar mais do que a demanda, diminuindo a positivação no período seguinte, mas com manutenção da distribuição. Por outro lado, outras variáveis podem influenciar na decisão de um ponto de vendas em comprar mais ou menos do que a demanda. Citam-se algumas, tais como incentivos aos vendedores, incentivos aos pontos de vendas, descontos financeiros, dificuldades financeiras, ações de outros produtos, variações na margem de lucro, aumentos de preços, entre outros. Estas afirmações representam hipóteses a serem testadas em pesquisas futuras, tais como: − H1: se a demanda de um produto é crescente ou decrescente, a positivação terá menor aderência à distribuição. − H2: se a demanda é crescente, a distribuição tende a diminuir para uma positivação estável. − H3: se a demanda é decrescente, a positivação tende a diminuir para uma distribuição estável. 7. Conclusão A distribuição é uma variável extremamente importante na gestão de bens de consumo de alto giro, e influencia decisivamente a gestão da logística das empresas, ainda mais em um país de dimensões continentais como o Brasil. Este trabalho procura relacionar a distribuição, uma variável de auditoria cara e complexa, com a positivação, uma variável facilmente auditável, porém nem sempre compreendida corretamente pelas organizações. O desempenho da logística liga-se diretamente ao seu relacionamento com a gestão de marketing das empresas. Nesse contexto, a gestão da distribuição é fundamental na ligação entre ambas as áreas funcionais. Ainda nesse panorama, alguns equívocos podem ser cometidos, tal como a má avaliação de algumas variáveis de negócio como a positivação. Assim, conclui-se que existem períodos em que a relação entre as variáveis distribuição e positivação é forte, e existem períodos em que a relação é extremamente fraca. A compreensão das demais variáveis que governam essa relação pode ser crucial à correta 9 PPQRSRUT8VWXYVAZ\[XVA]WRSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY%dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk%h l'mMn?mIo p?q rsut9mvwJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v{9q ~ w?p9w~w9?o myq nO mMp9o r~|u}~w9>z?o wOm NwmyIt?N mMnJ rM?q q {?r~{9m Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007 utilização da positivação como indicador de distribuição. Dentro desse objetivo, algumas hipóteses são propostas como recomendação a pesquisas futuras: − H1: se a demanda de um produto é crescente ou decrescente, a positivação terá menor aderência à distribuição. − H2: se a demanda é crescente, a distribuição tende a diminuir para uma positivação estável. − H3: se a demanda é decrescente, a positivação tende a diminuir para uma distribuição estável. Pesquisas futuras também devem relacionar a concentração de vendas em determinado grupo de clientes com as variáveis distribuição e positivação, pois é possível que o volume vendido a clientes com potenciais de demanda diferentes seja bastante diferente daqueles com menor potencial de demanda. A verificação dessas hipóteses é crucial para a compreensão dessas variáveis e à evolução do conhecimento na área de canais de marketing e distribuição. Referências AC NIELSEN, Instituto de pesquisa de mercado. Censo Nielsen. São Paulo, 2004. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. São Paulo, Atlas, 1993. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial. São Paulo, Atlas, 2001. COUGHLAN, Anne T.; ANDERSON, Erin; STERN, Louis W.; EL-ANSARY, Adeli I. Canais de Marketing e Distribuição. 6ª ed. Porto Alegre, Bookman, 2002. CHURCHILL, Gilbert; PETER, Paul J. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo, Saraiva, 2000. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 4ª ed. 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