Living far away from home - “God squeezes but does not hang” Puerto Cumarebo, Venezuela, 1983. It was very shocking for me to arrive to an unknown country without knowing anyone, unable to speak the same language and, moreover, to see the way that people used to live. Children and adults walked half - naked, wearing slippers. Most lived in ugly houses, made of blocks and sheets of plate, but very clean. In the morning, after my husband left for work, I drove myself to the beach and delighted me to watch the fishermen. I watched all those flimsy wooden boats reaching the shore, powered by the strength of a tiny motor. Lots of people were waiting in the bustling docks to buy fish. Some were merchants, owners of fishmongers, others simply enjoyed the very fresh fish. As the meat was expensive, they resorted to fish for food daily. Every day I learned with them, watching them, studying the way they proceeded. The inhabitants of those regions, close to the sea, make a very large patties with corn flour which they call "empanadas", typical food for everyday breakfast. Their mothers cooked them and children flocked to the beach to sell them, bringing money home. At first, I looked curiously those old aluminum pots or the styrofoam chests, used to maintain warm the “empanadas”, not knowing what it was. And every those small sellers strove to be the first to draw near to the boats that docked! For me, they just seemed a bunch of crooks, badly dressed and unkempt. But over time I got used and I realized that it was not what I thought. They were just poor children. The little they had was enough to let them be always happy. I still have in memory the smell of that fish, those “empanadas”, that excited gang, that unforgettable Caribbean Sea. Laurinda Silva – Secondary School D. Sancho I (Portugal) Viver longe de casa - "Deus aperta, mas não enforca" Puerto Cumarebo, Venezuela, 1983. Marcou-me muito chegar a um país desconhecido, sem conhecer ninguém, sem saber falar a mesma língua e, mais ainda, ver como viviam. Crianças e adultos andavam semi-nús, calçando chinelos. A maioria vivia em casas muito feias, feitas de blocos e folhas de chapa, mas muito limpas. De manhã, depois do meu marido sair para o trabalho, dirigia-me à praia e deleitava-me a observar os pescadores artesanais. Via chegar todos aqueles frágeis barcos de madeira, movidos com a força de um minúsculo motor. Muita gente animada os esperava no cais para comprar o pescado. Como a carne era cara, recorriam ao peixe para a alimentação diária. Todos os dias aprendia com eles, a vê-los, a estudar a maneira como procediam. Os habitantes daquelas regiões marítimas fazem uns rissóis muito grandes com farinha de milho a que chamam «empanadas», alimento típico do pequeno-almoço. As mães confeccionavam-nas e as crianças acorriam à praia para as vender, levando dinheiro para casa. Ao princípio, eu olhava curiosa as velhas panelas de alumínio ou as gastas arcas de esferovite para manterem as «empanadas» quentinhas, desconhecendo o que era aquilo. Os pequenos vendedores rivalizavam para serem os primeiros a abeirarem-se dos barcos que aportavam! Para mim, pareciam um bando de malandros, mal vestidos e desgrenhados. Mas com o tempo fui-me habituando e percebi que não eram o que eu pensava. Eram apenas pobres crianças que, pelo pouco que tinham, se mostravam sempre felizes. Ainda tenho na memória os cheiros daquele peixe, das «empanadas», daquele bando alvoroçado, daquele inesquecível mar do Caribe. Laurinda Silva – Escola Secundária D. Sancho I (Portugal)