Tópicos Especiais em Controle de Conversores Estáticos Prof. Cassiano Rech [email protected] Prof. Cassiano Rech 1 Sumário • Controle clássico de conversores estáticos Ferramentas de análise e projeto de sistemas de controle Efeitos da realimentação Ações básicas de controle Projeto de compensadores Prof. Cassiano Rech 2 Controle clássico de conversores: Introdução • Definição das especificações • Proposição de um circuito/conversor • Modelagem do circuito/conversor • Análise orientada ao projeto • Verificação prática • Análise sob situações críticas • Iteração Prof. Cassiano Rech 3 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto • Existem diversas ferramentas clássicas para a análise e o projeto de compensadores, destacando-se: Análise transitória e em regime permanente Método do lugar das raízes Diagrama de Bode Diagrama de Nyquist Prof. Cassiano Rech 4 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto • Análise transitória e em regime permanente A resposta temporal de um sistema de controle é constituída de duas partes: a resposta transitória e a resposta em regime permanente. Por resposta transitória, entende-se aquela que vai do estado inicial ao estado final. Por resposta em regime permanente, entende-se o comportamento do sinal de saída quando t tende ao infinito. A análise e o projeto de sistemas de controle no domínio tempo usualmente utiliza sinais de teste, tal como a função degrau. Prof. Cassiano Rech 5 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Teorema do valor final O teorema do valor final estabelece que o comportamento em regime permanente de f(t) é o mesmo comportamento de sF(s) nas proximidades de s = 0. Assim, é possível obter o valor de f(t) em t = . f lim f t lim sF s t s 0 Este teorema é aplicável se e somente se a função f(t) tende para um valor constante quanto t tende ao infinito. Caso o sistema seja instável, ou f(t) seja, por exemplo, uma função senoidal, este teorema não se aplica. Prof. Cassiano Rech 6 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Especificações de resposta transitória 1) Tempo de subida: é o tempo requerido para que a resposta passe de 0% a 100% do valor final. Para sistemas de segunda ordem o tempo de subida depende tanto do coeficiente de amortecimento quanto da freqüência natural. Quanto maior a freqüência natural e menor o coeficiente de amortecimento, menor será o tempo de subida. Prof. Cassiano Rech 7 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Especificações de resposta transitória 2) Tempo de acomodação: é o tempo necessário para que a curva de resposta alcance valores em um faixa (usualmente 2% ou 5%) em torno do valor final, permanecendo indefinidamente. Está relacionado com a maior constante de tempo do sistema de controle. ts 4T 4 n (2%) ts 3T 3 n (5%) Prof. Cassiano Rech 8 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Especificações de resposta transitória 3) Máximo sobre-sinal: é o valor máximo de pico da curva de resposta, medido a partir da unidade. Para um sistema de segunda ordem, seu valor depende somente do coeficiente de amortecimento. Mp Prof. Cassiano Rech e 12 9 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto • Método do lugar das raízes A característica básica da resposta transitória de um sistema em malha fechada depende essencialmente da localização dos pólos de malha fechada O lugar das raízes é o lugar das raízes da equação característica do sistema em malha fechada quando um parâmetro específico (normalmente um ganho K) varia de zero a infinito. O gráfico obtido mostra claramente as contribuições de cada pólo ou zero de malha aberta nas localizações dos pólos de malha fechada. Prof. Cassiano Rech 10 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Considere o sistema em malha fechada mostrado abaixo: R(s) + K G(s) C(s) _ H(s) A função de transferência em malha fechada (FTMF) é: C s R s Prof. Cassiano Rech K G s 1 K G s H s 11 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Os pólos do sistema em malha fechada são as raízes da equação característica, dada por: 1 KG s H s 0 s z1 s z2 ... s zm 1 K 0 s p1 s p2 ... s pn Quando K = 0, os pólos do sistema em malha fechada são iguais aos pólos do sistema em malha aberta. Quando K , os pólos do sistema em malha fechada são iguais aos zeros do sistema em malha aberta. Então, variando K de zero até infinito obtém-se o lugar das raízes do sistema em malha fechada, a partir dos pólos e zeros do sistema em malha aberta. Prof. Cassiano Rech 12 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Regiões de interesse do plano complexo 1 0.8 0.6 0.4 Imaginary Axis 1) Linhas de coeficiente de amortecimento constante são linhas radiais que passam pela origem. No eixo imaginário tem-se que = 0. No eixo real, 1. 0.2 0 -0.2 -0.4 -0.6 -0.8 -1 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Real Axis Prof. Cassiano Rech 13 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Regiões de interesse do plano complexo 1 0.8 0.6 0.4 Imaginary Axis 2) No semi-plano direito < 0. Logo, o sistema não pode apresentar pólos em malha fechada no semi-plano direito, pois será INSTÁVEL. 0.2 0 -0.2 -0.4 -0.6 -0.8 -1 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Real Axis Prof. Cassiano Rech 14 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Regiões de interesse do plano complexo 1 0.8 0.6 0.4 Imaginary Axis 3) Os lugares de freqüência natural n constantes são círculos com centro na origem do plano complexo. 0.2 0 -0.2 -0.4 -0.6 -0.8 -1 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Real Axis Prof. Cassiano Rech 15 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Regiões de interesse do plano complexo 1 0.8 0.6 0.4 Imaginary Axis 4) Os lugares de tempo de acomodação constantes são linhas paralelas ao eixo imaginário. 0.2 0 -0.2 -0.4 -0.6 -0.8 -1 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Real Axis Prof. Cassiano Rech 16 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto • Exemplo Conversor BUCK em malha fechada com controle proporcional Vin = 100 V L = 250 mH C = 220 mF R=2W 1 vˆo s LC Vin 1 1 dˆ s s2 s RC LC f = 50 kHz Vo = 50 V Prof. Cassiano Rech 17 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto 2 x 10 4 0.115 0.085 0.056 0.17 0.036 1.75e+004 0.016 1.5 1.25e+004 1 0.26 7.5e+003 Imaginary Axis 0.5 0.5 2.5e+003 0 2.5e+003 -0.5 0.5 7.5e+003 -1 0.26 1.25e+004 -1.5 0.17 0.115 -2 -3000 Prof. Cassiano Rech -2500 -2000 0.085 -1500 0.056 0.036 1.75e+004 0.016 -1000 Real Axis -500 0 500 1000 18 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto 100 90 80 70 Tensão (V) 60 K=1 50 K = 0,1 40 30 K = 0,01 20 10 0 Prof. Cassiano Rech 0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 Tempo (s) 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 19 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto • Diagrama de Bode O termo resposta em freqüência significa a resposta em regime permanente de um sistema a uma entrada senoidal. Nos métodos de resposta em freqüência, variamos a freqüência do sinal de entrada dentro de um certo intervalo e estudamos a resposta resultante. A informação que obtemos com base nessa ferramenta é diferente da que é obtida na análise baseada no lugar das raízes. Em muitos projetos práticos de sistemas de controle, ambos os métodos são empregados. Um diagrama de Bode é constituído de dois gráficos: gráfico do módulo em dB de uma função de transferência e gráfico do ângulo de fase. Ambos são traçados em relação à freqüência em escala logarítmica. Prof. Cassiano Rech 20 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto Informações relevantes • Freqüência de cruzamento do ganho (crossover frequency): é definida como a freqüência em que o ganho é unitário ou 0 dB. Quanto maior é a freqüência de cruzamento maior será a capacidade do conversor sintetizar sinais de freqüência elevada e sua resposta transitória poderá ser mais rápida. • Margem de fase: é o atraso de fase adicional na freqüência de cruzamento de ganho da função de transferência em malha aberta (FTMA), necessária para que o sistema atinja o limiar de instabilidade. Quanto menor a margem de fase, mais próximo da instabilidade o sistema em malha fechada se encontra. • Margem de ganho: a margem de ganho é o recíproco do módulo na freqüência em que o ângulo é -180º. Para um sistema de fase mínima estável, a margem de ganho indica em quanto pode ser aumentado o ganho antes que o sistema se torne instável. Para um sistema instável, a margem de ganho indica o quanto o ganho deve decrescer para estabilizar o sistema em malha fechada. • Erro estático: quanto maior for o módulo da FTMA na freqüência de interesse, menor será o erro estático. Prof. Cassiano Rech 21 Controle clássico de conversores: Ferramentas de análise e projeto 60 K=1 40 Magnitude (dB) K = 0,1 20 0 K = 0,01 -20 -40 -60 0 Phase (deg) -45 -90 System: ftma Phase Margin (deg): 10.1 Delay Margin (sec): 1.26e-005 At frequency (rad/sec): 1.4e+004 Closed Loop Stable? Yes -135 -180 2 10 System: ftma Phase Margin (deg): 44.3 Delay Margin (sec): 0.000138 At frequency (rad/sec): 5.59e+003 3 10 Closed Loop Stable? Yes Frequency (rad/sec) Prof. Cassiano Rech 4 10 System: ftma 105 Phase Margin (deg): 3.07 Delay Margin (sec): 1.25e-006 At frequency (rad/sec): 4.28e+004 Closed Loop Stable? Yes 22 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação Os sinais de saída dos conversores estáticos são uma função das fontes de energia, das razões cíclicas dos interruptores e da carga, assim como dos parâmetros do conversor. Então, não podemos esperar que os sinais de saída se manterão ajustados nos valores de interesse para todas as condições de operação, apenas mantendo a razão cíclica fixa. Prof. Cassiano Rech 23 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação O objetivo da realimentação é construir um circuito que ajuste, quando necessário, a razão cíclica automaticamente para obter os sinais de saída desejados, mesmo com distúrbios nas fontes de energia e na carga, ou com variações paramétricas. Prof. Cassiano Rech 24 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação Para analisar os efeitos da realimentação no desempenho do sistema em malha fechada, iremos utilizar o seguinte diagrama de blocos que representa o modelo de pequenos sinais do sistema em malha fechada. Prof. Cassiano Rech 25 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação Uma vez que existem três sinais de entrada, a tensão de saída pode ser obtida por superposição: Prof. Cassiano Rech 26 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação Função de transferência entre a tensão de saída e a tensão de referência Prof. Cassiano Rech 27 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação Função de transferência entre a tensão de saída e a tensão de entrada Prof. Cassiano Rech 28 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação Função de transferência entre a tensão de saída e a corrente na carga Prof. Cassiano Rech 29 Controle clássico de conversores: Efeitos da realimentação Relação entre margem de fase e coeficiente de amortecimento em malha fechada • Qual a margem de fase (jm) necessária? • Uma pequena margem de fase resulta em FTMF com reduzido coeficiente de amortecimento. Q 1 2 Prof. Cassiano Rech 30 Controle clássico de conversores: Ações básicas de controle • Proporcional: para um controlador com ação de controle proporcional, a saída do compensador é proporcional ao sinal de erro. up t e t Up s E s • Integral: no controle integral, o sinal de saída do compensador em qualquer instante é a área sob a curva do sinal de erro, até aquele momento. t ui t e t dt 0 Ui s E s s O sinal de controle pode ter um valor não-nulo mesmo quando o sinal de erro for zero. Isso é impossível para o controlador proporcional. Embora a ação de controle integral remova o erro em regime permanente, para entradas do tipo degrau, pode conduzir a uma resposta oscilatória ou até mesmo instável. Prof. Cassiano Rech 31 Controle clássico de conversores: Ações básicas de controle • Derivativo: A ação de controle derivativo responde a uma taxa de variação do erro e pode produzir uma correção significativa antes que o valor do erro atuante se torne muito elevado. ud t de t dt Ud s sE s Portanto, o controle derivativo prevê o erro, inicia uma correção antecipada e tende a aumentar a estabilidade do sistema. Embora o controle derivativo não afete diretamente o erro estacionário, ele aumenta o amortecimento do sistema, permitindo o uso de ganho proporcional mais elevado, o que vai resultar em maior precisão em regime permanente. Prof. Cassiano Rech 32 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores Especificações • As variáveis controladas devem permanecer dentro de uma faixa especificada mesmo com variações na carga (ganho em malha aberta elevado). • As variáveis controladas devem permanecer dentro de uma faixa especificada mesmo com variações nas fontes de energia (ganho em malha aberta elevado). • O sistema deve responder a distúrbios com uma resposta transitória satisfatória. Tipicamente, o tempo de resposta pode ser diminuído ao aumentar a freqüência de cruzamento do sistema realimentado. • As variáveis controladas usualmente devem apresentar sobre-sinal e oscilações reduzidas. Isto implica que a margem de fase deve ser suficientemente grande. Prof. Cassiano Rech 33 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores Compensador em avanço (Proporcional-Derivativo – PD) • Empregado para aumentar a margem de fase. • A freqüência de cruzamento do sistema realimentado também pode ser aumentada, mantendo uma margem de fase adequada. • Um zero é adicionado na FTMA, em uma freqüência fz suficientemente menor que a freqüência de cruzamento fc, tal que a margem de fase de T(s) é aumentada de um valor desejado. • Devido à inclusão do zero, o ganho do compensador aumenta com a freqüência em uma taxa de +20 db/dec. Caso o ganho do compensador seja elevado na freqüência de comutação, os harmônicos produzidos pelas comutações serão amplificados pelo compensador e podem prejudicar a operação do PWM. • Assim, é usual adicionar pólo(s) em freqüência(s) menor(es) que a freqüência de comutação. • Normalmente, a freqüência de cruzamento é limitada em torno de 10% da freqüência de comutação. Prof. Cassiano Rech 34 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores s 1 z Gc s Gc 0 s 1 p Prof. Cassiano Rech 35 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores A máxima defasagem introduzida pelo compensador ocorre na freqüência fjmax, dada pela média geométrica das freqüências do zero e do pólo: fj max fz fp Para obter o máxima acréscimo na margem de fase, o compensador deve ser projetado para que a freqüência fjmax coincida com a freqüência de cruzamento desejada. Esta especificação é alcançada quando: fz fc 1 sen 1 sen fp fc 1 sen 1 sen onde é o avanço de fase introduzido pelo compensador para atingir a margem de fase desejada. O ganho do compensador deve ser selecionado para selecionar a freqüência de cruzamento desejada. Prof. Cassiano Rech 36 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores Prof. Cassiano Rech 37 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores Compensador em atraso (Proporcional-Integral – PI) • Empregado para aumentar o ganho em malha aberta em baixas freqüências, de tal forma que a saída apresenta melhor regulação em freqüências bem abaixo da freqüência de cruzamento do ganho. • Um pólo é adicionado na origem para aumentar o ganho CC da FTMA. • Com a inclusão do pólo na origem, o erro em regime permanente é nulo para entradas do tipo degrau. Além disso, a função de transferência da saída em relação a um distúrbio é zero para corrente contínua. • Um zero é adicionado em uma freqüência fL suficientemente menor que a freqüência do cruzamento do ganho (usualmente uma década abaixo), de tal forma que a margem de fase não se modifique. • O ganho do compensador deve ser selecionado para selecionar a freqüência de cruzamento desejada. Prof. Cassiano Rech 38 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores L Gc s Gc 1 s Prof. Cassiano Rech 39 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores Compensador Proporcional-Integral-Derivativo – PID) • As vantagens dos compensadores PD e PI podem ser combinadas para obter uma larga banda passante e para eliminar o erro em regime permanente • Em baixas freqüências, o compensador integra o sinal de erro, aumentando o ganho CC da FTMA e melhorando a regulação em baixa freqüência das variáveis a serem controladas. • Em altas freqüências, em torno da freqüência de cruzamento, o compensador introduz um avanço de fase na FTMA, melhorando a margem de fase. Prof. Cassiano Rech 40 Controle clássico de conversores: Projeto de compensadores s L 1 s 1 z Gc s Gcm s 1 p Prof. Cassiano Rech 41 Bibliografia • R. W. Erickson, D. Maksimovic, “Fundamentals of Power Electronics”, Second edition. • J. G. Kassakian, M. F. Schlecht, G. C. Verghese, “Principles of Power Electronics”. • K. Ogata, “Engenharia de Controle Moderno”, 4ª edição. Prof. Cassiano Rech 42