economy Brazil A Tribute to the “Country of the Future” b y Frederico Turolla a n d Ferdinand Rogoschewski The Brazilian tax load has grown significantly in the last two decades, and the private sector hands over to the State as much as 35% of the value added by the economy. The bite on taxpayers comprises mainly cumulative taxes. Nonetheless, public services are supplied in quantity and quality inferior to those of other nations with similar levels of taxation. razil has three challenges to face: the high and increasing tax burden, the bad quality of the tax system, and the low return to the citizen. Moreover, the system lacks transparency since the relationship between the taxpayer and the authorities is marked by complexity, leading different tax inspectors to construe the rules in different ways. All this boosts the informal sector, paves the room for corruption, and undermines the competitiveness of the companies that produce domestically. B Why do taxes keep growing? The answer is clear when we analyze the financing profile of the Brazilian public sector. In the past, it relied upon inflation and increases in debt to be able to increase its outlays. Nowadays, additional spending requires tax increases since the country cannot increase debt or issue new money. That should be seen as a positive development, but the remaining challenges are noteworthy. Social transfers, mainly those without counterpart requirements, offer significant political benefits. Thus, in Brazil, the scale clearly tips towards the benefits of spending, which generates political advantages that are higher than the burden of taxing the middle class. The middle class is the usual target: it has political opinions that are somewhat consolidated and that will hardly change in response to more taxes. The beneficiaries of transfers, on the other hand, tend to change their minds more easily. Said in a more formal way, there are more chances beneficiaries of social transfers will change votes in favor of the politician whose image is linked to a “social” program, per real spent, than the middle class will quit voting in that same politician per real in increased taxes. Frederico Turolla e Ferdinand For each real it plans to spend, a municipality, state or the federal government has to weigh the underlying burden of taxation against the benefits generated. The burden comes from the unpopular tax increase that will be required to finance the additional expenditure. The benefit is clear - the government wants to spend more to please voters. Social transfers, mainly those without counterpart requirements, offer significant political benefits. Rogoschewski são consultores da PEZCO Pesquisa e Consultoria Ltda. Frederico Turolla and Ferdinand Rogoschewski are consultants with PEZCO Pesquisa e Consultoria Ltda. [email protected] [email protected] 16 swisscam magazine 50 10/2007 The problem goes beyond tax increases. There is a significant deterioration in the quality of the tax system. In particular, the federal government is looking for new sources of revenues in the form of the so-called ‘contributions’, which it would not have to share with the state governments. There is a number of initiatives under way, some of them from people defending disclosure of the final rate of taxes paid in every transaction, and some public protesting by the informed middle class. Those initiatives, however, are too shy to challenge the political benefit that creates the most powerful incentive towards the escalation of taxation. The only way out requires Congress to pass legislation enabling stronger institutions, which must be able to prevent increases in public spending. It should be made clear that there is no gain, right now, in addressing revenue-side reforms. Recent initiatives towards tax reform have proved to be no more than good opportunities for different government levels to agree on new increases in the total tax level, a bill to be passed on to taxpayers. The solution lies on the expenditure side: it is necessary to restrict the inefficient spending of the Brazilian public sector. Otherwise Brazil will continue deserving its reputation as “the country of the future”, never being able to experience a bright present. economia brasileira Um tributo ao “País do Futuro” por Frederico Turolla e Ferdinand Rogoschewski A carga tributária brasileira cresce continuamente há quase duas décadas e já permite ao Estado reter o equivalente a 35% do valor agregado anual da economia. A mordida do fisco se apóia fortemente em tributos de caráter cumulativo. Mas a quantidade e qualidade dos bens públicos oferecidos são sensivelmente inferiores aos de outras nações com níveis semelhantes de tributação. rata-se, portanto, de um múltiplo problema: carga elevada e crescente, má qualidade do sistema tributário, com baixo retorno ao cidadão. Como se não bastasse, o sistema possui baixa transparência, pois o relacionamento entre o contribuinte e as autoridades tributárias é marcado por uma complexidade que acaba gerando certa discricionariedade dos fiscais. Tudo isto gera informalidade, abre espaços para a corrupção e mina a competitividade das empresas que produzem no país. T Por que cresce a carga tributária? A resposta passa por uma breve análise do financiamento dos gastos do Estado brasileiro. No passado, o governo contava com a inflação e com o aumento da dívida pública para poder gastar sempre mais. Hoje - o que pode ser considerado um avanço - o país não pode mais endividar-se nem tampouco emitir nova moeda. Portanto, tem que aumentar os impostos. Para cada real que se deseja gastar, uma prefeitura, um governo estadual ou o governo federal tem que pesar na balança os ônus e os bônus. O ônus virá da impopular medida de elevar os impostos para financiar o gasto adicional. O bônus é claro: qualquer governante deseja gastar para agradar seus eleitores. No caso das transferências sociais do governo federal, muitas vezes com caráter assistencialista, há benefícios políticos sensíveis. Assim, no Brasil, claramente, a comparação pende em favor do bônus de gastar, cujos benefícios são bastante superiores ao ônus político de tributar a classe média e as empresas. A classe média é o alvo favorito: ela tem opinião política razoavelmente estável e dificilmente registrará grandes migrações de votos devido a mais impostos. Os beneficiários das transferências de renda tendem a alterar seu voto mais facilmente. Dito de forma mais formal, a idéia subjacente é que a propensão dos beneficiários a mudar seu voto em favor do político associado ao programa por cada real gasto é sensivelmente superior à propensão da classe média a deixar de votar no mesmo político por cada real de imposto majorado. O problema não se limita à expansão dos impostos: salta aos olhos a deterioração da qualidade do sistema tributário. Em especial, a União busca novas fontes de receita não compartilhadas com estados e municípios, notadamente as contribuições. Há iniciativas em curso, como a defesa da explicitação dos impostos pagos em cada transação, e ainda alguma reação pública da classe média. Estas iniciativas, entretanto, são tímidas diante do bônus político que constitui o mais poderoso incentivo à continuidade da escalada tributária. No caso das transferências sociais do governo federal, muitas vezes com caráter assistencialista, há benefícios políticos sensíveis. A única saída visível passa por um avanço legislativo para criação de instituições ainda mais sólidas, de amarração do crescimento dos gastos públicos. Não cabe agora pensar em reformas do lado da receita: as recentes iniciativas de reforma tributária revelaram-se nada mais do que boas oportunidades para que os próprios entes federados se acertassem sobre novos aumentos da arrecadação total, passando a conta ao contribuinte. A solução está do lado da despesa pública: é preciso conter a ineficiente gastança do Estado brasileiro. Caso contrário, o Brasil poderá continuar merecendo a sua fama de “país do futuro”, sem nunca desfrutar de um presente brilhante. swisscam magazine 50 10/2007 17