60 FATORES DE RISCO PARA EVENTOS CORONARIANOS EM PORTADORES DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA: UM RELATO DE CASO Joelma Curtinovi Nunes1 Eduardo Ramos da Silva2 Resumo: Aptidão física para saúde refere-se a um conjunto de componentes morfológicos e funcionais relacionados a uma boa qualidade de vida diária e a capacidade de realizar exercícios com menor esforço, ocasionando assim uma redução no acometimento de doenças não transmissíveis como diversas cardiopatias. Infere-se que deficientes auditivos possuam diminuição de sua capacidade cardiopulmonar o que poderia reduzir a funcionalidade dos mesmos e aumentar as chances da doença. Assim, o presente estudo, procurou investigar a relação entre resistência cardiorrespiratória de duas adolescentes surdas com os componentes da aptidão física, buscando saber se a doença pode potencializar o risco para púberes surdos. Para o presente estudo foram mensurados a Freqüência Cardíaca (FC) em repouso e imediatamente após o término do teste de 1 milha, assim como a estatura, percentual de gordura Corporal (%G), Índice de Massa Corporal (IMC), Índice Cintura-Quadril (ICQ), peso corporal, Capacidade Vital pulmonar (CV) e a capacidade cardiorrespiratória (VO2máx). Os resultados foram comparados com tabelas normativas de cada variável mensurada. Apesar dos resultados estarem dentro do considerado normal, para todas os fatores de risco, observou-se uma diminuída CV em ambas alunas o que possivelmente limite sua tolerância para esforços intensos e severos, impedindo assim níveis máximos de desempenho e maior risco. Palavras-chave: aptidão física; surdez; capacidade cardiorrespiratória. Abstract: Physical aptitude related to healthcare refers to a set of morphological and functional components which are associated to a fair quality of life and the ability to perform less demanding exercises leading to a reduction in the occurrence of non transmissible diseases such as cardiopathies and metabolic disfunctions. It has been said that the hearing impaired have a diminished cardiorespiratory fitness which could lower their functionality and raise the occurrence of disease. Thus the present study tried to show the relation between the cardiorespiratory fitness of two hearing impaired adolescent girls and the physical aptitude components, trying to find out if the disease might increase the risk for hearing impairded adolescents. The measurements made involved cardiac frequency (CF), both at rest and immeaditely after the one mile test, as well as: stature, body fat percentage (%G), corporeal mass index (CMI), hip-waist index (HWI), body weight, pulmonar vital capacity (VC) and cardiorespiratory fitness (VO 2max). The results were compared to normative data tables for each measured variable. Although the results were within the normal range, a lowered VC was observed in both subjects which could indicate a limited tolerance to submaximum and maximum efforts leading to a raise of the mentioned risks. Keywords: physical aptitude; hearing impaired; cardiorespiratory capacity. Introdução Estima-se que 16,6 milhões de mortes ou um terço de todos os óbitos no mundo resultam de várias formas de doenças cardiovasculares. Há também, sérios problemas de incapacidade por causa de cardiopatias ou acidentes vasculares cerebrais, que matam mais de 12 milhões de pessoas todo ano (OPAS, 2003). 1 2 Graduanda em Educação Física na FACOS- Faculdade Cenecista de Osório. Prof. Dr. Formado na URGS, Professor na FACOS – Faculdade Cenecista de Osório. Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 61 Importantes conhecimentos já foram acumulados nestes anos e deles pode-se retirar alguns dados numéricos e ensinamentos, para uma avaliação mais correta dos fatores de risco. No Brasil, alguns dados já são conhecidos, suficientes para mensurar a magnitude das cardiopatias e de alguns fatores de risco, muito provavelmente, os mais significativos (GUS, 1998). Um menor risco para o surgimento de uma doença e/ou de uma incapacidade funcional está associada aos componentes da aptidão física, composta por composição corporal, função musculoesquelética e capacidade cardiorrespiratória. ACSM (2003) define aptidão física relacionada à saúde como um estado caracterizado por(a) capacidade de realizar atividades diárias com vigor e (b) a demonstração de traços e capacidades que estão associados com um baixo risco de surgimento prematuro de doenças hipocinéticas. A composição corporal, um dos componentes é constituído por subcomponentes como estatura, massa corporal, circunferências e dobras cutâneas. Ela apresenta implicações tanto na saúde funcional como na fisiológica. No caso das crianças, as mais pesadas correm um maior risco de transferirem o problema do peso excessivo para a vida adulta (ACSM, 2003). Nesse sentido, Winnick e Short (2001) afirmam que quando o nível de gordura corporal está alto demais, a capacidade de erguer e movimentar o corpo é afetado de forma negativa. Ainda tratando-se da aptidão física relacionada à saúde, Barbanti (1990) afirma que a capacidade cardiorrespiratória é o componente mais importante desta. Ela está relacionada à saúde porque: (a) os baixos níveis desta estiveram associados com um risco extremamente maior de morte prematura por todas as causas, mais especificamente, por doença cardiorrespiratória (b) os aumentos nas aptidões cardiorrespiratórias estão associados com uma redução na morte por todas as causas e (c) os altos níveis de aptidão cardiorrespiratória estão associados com níveis mais altos de atividade física habitual (ASCM, 2003). Tendo esta capacidade como uma capacidade do sistema circulatório e respiratório, é necessário salientar os objetivos da respiração, que são prover oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de carbono, sendo dividida em quatro principais funções: Ventilação pulmonar; Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 62 difusão de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue; transporte de oxigênio e dióxido de carbono no sangue e líquidos corporais; e regulação da ventilação. Mudanças nos padrões respiratórios podem afetar a ventilação alveolar e, logo, a quantidade de ar disponível para as trocas gasosas, pois nem todo o ar inspirado alcança os alvéolos. Visto que este fator pode afetar negativamente a aptidão cardiorrespiratória, deve-se levar em consideração uma parcela da população que possui deficiência auditiva. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que no Brasil são mais de 5 milhões de surdos e um pouco menos de 170 mil se declaram surdos ( CORRÊA et al., 2010). A política Nacional de Educação Especial define a deficiência auditiva como sendo a “perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala através do ouvido” (BRASIL, 1994). Nesse sentido, Diehl (2006) afirma que as causas da surdez na fase pré-natal são aquelas que surgem durante a gestação, na forma de doenças hereditárias, do meio ou má formação do bebê. Na fase perinatal, os problemas surgem em decorrência de dificuldades ocorridas no momento do parto. Doenças ou traumatismos ocorridos durante as diversas fases de desenvolvimento do indivíduo que o levam a adquirir deficiência auditiva são causas pós-natais (DIEHL, 2006). Para Adams, Daniel, Cubbin e Rullman (1985), a perda da audição pode ser classificada pelo local da lesão ou como condutiva ou sensoneural (nervosa, neural, perspectiva). A perda da condução auditiva é causada por lesões e/ou obstruções do ouvido externo ou do ouvido médio, onde o som é reduzido antes que atinja o ouvido interno (RONALD et al.,1985). Ainda segundo a autora, as atividades aeróbicas são muito importantes, pois as crianças que não se utilizam da fala costumam ter uma respiração curta, isto é, não enchem completamente os pulmões, deixando de expandir a caixa torácica e de exercitar os músculos envolvidos na respiração e ainda podem contribuir indiretamente, para o aprendizado da emissão de sons da fala (FILHA, 1996). Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 63 Essa afirmação de Filha (1996) nos remete à hipótese de que a Capacidade Vital desta população seja, conseqüentemente, reduzida e afete negativamente o VO 2 máx. Sendo este um fator de risco para doenças coronarianas, o presente estudo buscou investigar a relação entre deficiência auditiva e prevalência de fatores de risco para cardiopatias. Metodologia O presente estudo configurou-se em um relato de caso em que duas estudantes adolescentes surdas, (adolescente “a” e “b”), alunas de uma escola estadual de uma cidade do litoral norte com idades “a” 15 e “b” 11 anos, ambas com surdez congênita e profunda. A adesão foi voluntária e elas foram escolhidas por serem alunas de uma turma de surdos de uma escola de ensino fundamental estadual, onde todas as outras turmas são de ouvintes. Outro critério foi a de “a” e “b” serem moradoras da mesma cidadã, o que facilitou a realização dos testes, além de as duas possuírem o mesmo tipo de surdez. Os alunos participaram dos testes com o consentimento de seus responsáveis, através de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em dia e hora marcado, os alunos “a” e “b”, encaminharam-se para as instalações de uma faculdade situada na mesma cidade em que elas residem e estudam, acompanhados pelos responsáveis. O procedimento foi esclarecer, detalhadamente, todas as etapas da pesquisa, enfatizando os riscos e benefícios da participação dos alunos “a” e “b” na coleta de dados, com o auxílio de um aluno parcialmente surdo que fez toada a tradução em libras. Feito isso, aplicou-se os questionários como anamnese geral e o questionário de prontidão para atividade física (PAR-Q) (HEYWARD, 2004). Logo após os questionários serem respondidos com o auxílio dos responsáveis e a tradução em libras ser feita por um aluno com surdez leve, o procedimento seguinte foi de verificação da a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), em posição sentada, com um esfigmomanometro e estetoscópio, marca Solidor. Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 64 Foram utilizados manguito de tamanho adequado e um estetoscópio sensível a fim de obter valores reais em repouso e depois do trabalho. Para mensuração em repouso, o indivíduo foi orientado a deixar os pés bem firmes no chão e manter uma posição relaxada, com o braço apoiado. O manguito foi ajustado em torno do braço, no nível do coração e com o tubo do lado de dentro do braço; o estetoscópio ficou abaixo do manguito e não sob ele. O primeiro e quarto sons de Korotkoff (o primeiro som ouvido e o som quando o tom muda ou se torna abafado) foram utilizados para detecção da PAS e PAD, respectivamente (HOWLEY e FRANKS, 2008). Em seguida, foi verificada a Frequência Cardíaca dos alunos, ainda sentados, por palpação da artéria radial, contando os batimentos durante 15 segundos e multiplicando por quatro (batimentos por minuto). Segundo Hawley e Franks (2008), a Freqüência Cardíaca de repouso e durante o exercício sub-máximo costumam ser usadas como indicadoras do condicionamento. Imediatamente, os alunos, descalços e com roupas leves, foram pesados em uma balança digital Toledo. Em seguida foram realizadas a mensuração das circunferências com uma trena antropométrica e das dobras cutâneas com um plicômetro WCS Skinfald Caliper. As dobras cutâneas aferidas foram a triciptal, subescapular, peitoral, supra-ilíaca e abdominal. Orientações são encontradas nos estudos de Harrison et al. (1991) e em Guedes (1994), citados por Queiroga (2005), que indicam realizar as medidas no lado direito do corpo, destacar a dobra iniciando a pinçada a aproximadamente 8cm entre os dedos; manter a dobra elevada enquanto realiza a medida; aplicar o compasso perpendicularmente à dobra; soltar a pressão das hastes do compasso lentamente; realizar uma série de três medidas no mesmo local de forma alternada em relação às demais. Para efeito de cálculo, considerou-se o valor intermediário entre as três medidas (QUEIROGA, 2005). A mensuração das dobras cutâneas, serviram para o cálculo do percentual de gordura. Para esse procedimento foi utilizado a equação de Guedes para crianças e adolescentes (7-18 anos). %G= 1,33(S) – 0,013(S)2 – 6,8 Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 65 Sendo que S é a somatória das dobras cutâneas triciptal e subescapular. As circunferências mensuradas foram cintura e quadril, para a coleta de dados para o cálculo do Índice Cintura-quadril através da divisão da circunferência da cintura pela circunferência do quadril. O IMC foi calculado pela divisão do peso em quilos pela altura em metros, elevada ao quadrado (kg/m2). Conforme a tabela normativa de IMC de crianças com idades entre 7 e 17 anos da PROESP (Projeto Esporte Brasil), consideram-se valores abaixo dos pontos de corte como parâmetros de normalidade. Os valores superiores aos pontos de corte configurem-se como indicadores de risco à presença de níveis elevados de colesterol e pressão arterial, além de provável ocorrência de obesidade. A medida da estatura foi realizada utilizando-se um antropômetro da marca Sanny, afixada a uma parede plana, no qual os alunos ficaram em pé, descalços, braços ao longo do corpo, os pés unidos com calcanhares encostados no aparelho, cintura pélvica, cintura escapular e cabeça encostada no antropômetro. O cursor ou esquadro, num ângulo de 90o em relação à escala, toca o ponto mais alto da cabeça no final de uma inspiração, onde se realiza a leitura em metros (BECK et al., 2007). Depois de realizadas as mensurações corporais, os alunos, um a um, foram submetidos ao teste de Capacidade Vital Forçada, feito em um espirômetro de Barness marca Fami, em que o indivíduo expele dos pulmões a quantidade máxima de ar que puder, após primeiramente enche-los à sua extensão máxima e então expirar também à sua extensão máxima (GUYTON E HALL, 2006). Os valores alcançados através do cálculo da Capacidade Vital previstos para “a” e “b” foram respectivamente 3325 ml e 2770 ml. Como limite inferior previsto foram encontrados 2840 ml para “a” e 2293 ml para “b”. Para a análise dos resultados da Capacidade Vital, foram utilizadas equações propostas por Mallozi (1995), citada por Drumond (2006), considerada equação de normalidade para a espirometria em crianças e adolescentes. A equação utilizada foi para o sexo feminino: Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 66 CV = estatura(cm)0,02417 + idade x 0,0561 + peso x 0,010 – 2,2197 Considerando, ainda, um limite inferior que foi calculado através do CVF previsto – 0,0477. A aluna “a” obteve o valor de 1700 ml e “b” 1600 ml. Ao final da coleta destes dados, “a” e “b” foram conduzidos até o ginásio da entidade, onde foram esclarecidos sobre como deveria ser realizado o teste de 1 milha. Para a realização do teste, foram utilizados cones para a demarcação do percurso, na quadra de esportes da Faculdade Cenecista de Osório e um cronômetro para o controle do tempo. Para predição do VO 2 máx. foi utilizada a equação de predição (campo) de caminhada de 1 milha (8-17 anos) proposta por Cureton et al. (1995) apud Heyward (2004): VO2máx= 108,94 – 8,41(tempo em minutos) + 0,34(tempo em minutos) + 0,21(idade x sexo) – 0,84(IMC) O tempo foi cronometrado do início do exercício até o exato momento em que o aluno ultrapassou os cones que demarcaram a distância de 1609 metros, ou 1 milha. As comparações absolutas do VO2 máx medido em litros de oxigênio consumidos por minuto não explicam de forma adequada as diferenças nos desempenhos dos exercícios. Dessa forma, o VO2 máx é mais comumente registrado como mililitros de oxigênio consumidos pelo examinado por quilograma de peso corporal por minuto de exercício. (HOWLEY E FRANKS, 2008). Resultados e discussão Idade VO2 máx . -1. IMC -1 T.A. repouso 2 (anos) (ml Kg min ) ICQ (Kg/m ) (mmHg) %G A 15 47,67 0,73 20,58 130/80 19,64 B 11 50,66 0,72 14,69 100/60 14,6 Tabela 1: Tabela de resultados das mensurações e cálculos realizados com os dados coletados Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 67 Nenhuma publicação foi encontrada para a ratificação da hipótese de que o deficiente auditivo tenha um elevado risco para problemas coronarianos, devido a sua possível limitação ventilatória, obtendo uma menor Capacidade Vital e consequentemente, um VO2 máx menor. Todos os dados observados foram escolhidos para que, através de cálculos e análise dos mesmos, obtivéssemos respostas para a hipótese descrita acima. Comparando os dados calculados com as tabelas normativas apresentadas para cada variável, observou-se que o VO2 máx de “a” e “b” possuem os valores de 47,67 ml.Kg-1.min-1 e 50,66 ml.Kg-1.min-1 respectivamente, considerados bons em relação aos apresentados como média normal para crianças e adolescentes da mesma faixa etária e até mesmo, em comparação com valores de pessoas não surdas, de faixas etárias diferentes. Nesse caso, não se confirmou a hipótese de um menor VO 2 máx para esta população. Quanto ao IMC, conforme a tabela normativa de IMC de crianças com idade entre 7 e 17 anos do Programa Esporte Brasil (PROESP), observou-se que “a” está dentro dos parâmetros de normalidade, pois apresenta um valor de 20,58 Kg/m 2, menor do que o acusado na tabela como ponto de corte para mulheres da mesma idade que é de 22,4 Kg/m2. Já “b”, apresentou um valor de 14,69 Kg/m 2, muito abaixo do considerado normal pela tabela da Proesp, que indica o valor de 22,3 Kg/m 2, mas, ainda assim, está englobada nos parâmetros de normalidade. Os valores de ICQ (Indice Cintura-Quadril) das alunas “a” e “b” comparados à tabela normativa sugerida por Gray apud Heyward, Stolarczyk (1996) citado por Pitanga (2004), indicou que tanto “a”, com o ICQ 0,73, quanto “b” com 0,72, apresentam resultados considerados como de baixo risco para a idade até 29 anos que é de 0,83. Os mesmos autores ainda citam uma classificação do percentual de gordura, no qual “a” encontra-se na classificação acima do normal, pois apresentou um percentual de 19,64%, que refere-se ao percentual entre 18 e 25%. No caso de “b”, seus valores para percentual de gordura está classificado na faixa abaixo do normal, ou seja, dentro da porcentagem até 16%, com o percentual de 14,60%. Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 68 Em relação à tensão arterial de repouso (TArep), “a” teve sua TA aferida com o resultado de 130/80 mmHg e “b” 100/60 mmHg, valores considerados normais, classificando-as como normotensas. Até este ponto, os dados calculados apresentaram valores considerados dentro da normalidade, comparados com os valores normativos. Por outro lado, a Capacidade vital calculada apresentou valores abaixo do limite inferior, tanto para “a” com 1700ml quanto para “b” com 1600 ml, sendo que o previsto pela equação proposta por Mallozi (1995) seria de 2840 ml para “a” e de 2293 ml para “b”, desfazendo a hipótese de que uma CV baixa não é um fator que provoque uma maior propensão para doenças coronarianas. Esses resultados descritos anteriormente sugerem que a Capacidade Vital nestes dois casos, não influencia a prevalência de fatores de risco nesta população. Conclusão Apesar de os resultados estarem dentro do considerado normal, a CV das duas alunas pesquisadas está abaixo do limite inferior previsto pela equação de Mallozi (1995). Porém, é necessário que haja mais estudos neste sentido, com a utilização de métodos mais sensíveis e um número maior de voluntários para que seja apresentados dados mais consistentes sobre a relação da capacidade vital e aptidão física nesta população. Referências ACSM. Diretrizes do ASCM para os testes de esforço e sua prescrição. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2003. DANIEL, A.N.; CUBBIN, J.A.M.C.; RULLMAN, L.; ADAMS, R.C. Jogos, esportes e exercícios para deficientes físicos. 3. ed. São Paulo: Ed. Manole, 1985. BARBANTI, V.J. Aptidão Física: um convite à saúde. São Paulo: Manole, 1990. Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 69 BECK, C.C.; DINIZ, I.M.S.; GOMES, M.A.; PETROSKI, E.L. Ficha antropométrica na escola: o que medir e para que medir? Rev Bras Cineantropom Desempenho Humano. 2007. 9(1):107-114. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial: livro1/MEC/SEESP-Brasília: a Secretaria, 1994. CORRÊA, C.S.; PEREIRA, L.A.C.; BARRETO, L.S.; CELESTINO, P.P.F.; ANDRÉ K.M. O despertar do enfermeiro em relação ao paciente portador de deficiência auditiva. Rev. Pesqui.: Cuid. Fundam. (Online); 2(2):758-769, abr.-jun. 2010. DRUMOND, S.C. Estudo dos valores de referência de parâmetros espirométricos em crianças e adolesecntes com diferentes índices de massa corporal. Dissertação de Mestrado – UFMG, Belo Horizonte, 2006. FERREIRA, S. Atividades motoras para deficientes auditivos. In: PEDRINELLI, V. I. Educação Física e Desporto para pessoas portadoras de deficiência. Brasília: MEC/SEDES: SESI, 1994. FILHA, D.A.S. A Linguagem de Crianças Deficientes Auditivas do INES: um estudo avaliativo (Dissertação de Mestrado). UFRJ: Rio de Janeiro, 1996. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. GUS, I. Prevenção de cardiopatia isquêmica. O investimento na saúde. Arq Bras Cardiol. Vol.70, Nº5, 1998. HEYWARD, V.H. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. HOULEY, E.; FRANKS, B.D. Manual de condicionamento físico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 70 WINNICK, J.P.; SHORT, F.X. Testes de aptidão física para jovens com necessidades especiais. 1. ed. Barueri: Manole, 2001. Organização Pan Americana da saúde (OPAS). Doenças crônico degenerativas e obesidade: Estratégia mundial sobre alimentação saudável , atividade física e saúde. Brasília, 2003. Disponível em: http://www.opas.org.br/sistema/ arquivos/d_cronic.pdf. Acesso em: 24/05/2012. PITANGA, F.J.G. Testes, medidas e avaliações em educação física. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2004. QUEIROGA, M.R. Testes e medidas para avaliação da aptidão física relacionada à saúde em adultos. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2005. PROESP. Avaliação da aptidão Física relacionada http://www.proesp.ufrgs.br. Acesso em 24/11/2011. Revista Vento e Movimento – FACOS/CNEC Osório Nº 1, Vol. 1, ABR/2012 à saúde.