Aplicação de CPAP em neonatos via pronga nasal, tubonasofaringeo e mascara nasal (Application of continuous positive airway pressure to neonates via nasal prongs, nasopharyngeal tube, or nasal mask-2004 Revision & Update) Guideline 2004 Revisão e atualização da American Association of Respiratory Care (AARC) Tatiana Vasconcelo Goyanna Preceptor: Carlos Zaconeta-Unidade de Neonatologia do HRAS/SES/DF Respiratory Care 2004;49:1100-1107 1. Procedimentos: Discutir a aplicação de CPAP em neonatos e crianças usando prongas nasais (N-CPAP), tubos nasofaringeos (NP-CPAP) ou mascaras nasais (NM-CPAP) disponíveis no comercio 2. Descrição e Definição CPAP: é a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas dos pacientes com respiração espontânea durante o ciclo respiratório. Os neonatos são respiradores nasais preferenciais, o que facilita a aplicação do CPAP por meio de prongas nasais, tubos nasofaríngeos ou máscaras nasais. O sistema é alimentado por um fluxo contínuo ou variável de ar quente e umidificado proveniente de uma fonte contínua de gás, de um aparelho de ventilação mecânica ou de um aparelho que trabalha de modo opcional como ventilador ou como CPAP. O CPAP: mantém pressão insp. e exp. acima da pressão do ar ambiente o que resulta: – Aumento da Capacidade Residual Funcional – Melhora da complacência pulmonar – Diminuição da resistência da via aérea. Conseqüentemente, são necessárias pressões menores para se deslocar o mesmo volume de gás, o que implica em diminuição do trabalho respiratório. O aumento da pressão média das vias aéreas associado com o aumento da Capacidade Residual Funcional , provoca uma melhoria da relação Ventilação Perfusão e levando assim à redução da necessidade de O2. Como aumenta também a pressão da VAS, previne colabamentos e apnéias obstrutivas. 3.Instruções: Todos os tipos de CPAP devem ser aplicados por pessoas treinadas em hospitais secundários ou terciários 4.Indicações: 4.1: Anormalidades no exame físico: a)Aumento da freqüência respiratória > de 30% do normal b) Tiragem supra e intercostal c) gemência d) batimento de aletas nasais e) presença de palidez ou cianose f) agitação INDICAÇÕES 4.2 Exames complementares: Incapacidade de manter a PaO2 > 50mmhg com uma FiO2 60%. Incapacidade de manter um adequado volume minuto , indicado por uma PCO2 < 50mmhg e pH maior ou igual a 7,25. Presença de hipo expansibilidade pulmonar e/ou presença de infiltrados no Rx. Presença de condição clinica supostamente responsiva ao CPAP, associada a uma ou mais das apresentações clinicas apresentada acima Patologias supostamente responsivas ao uso do CPAP: – 1. Síndrome do desconforto respiratório – 2. Edema Pulmonar – 3. Atelectasia – 4. Apnéia da prematuridade – 5. Extubação recente – 6. Traqueomalacia ou outras anormalidades similares em vias aéreas isuperiores. – 7.Taquipnéia transitória do RN OUTRAS INDICAÇÕES Intervenção precoce associada a administração de surfactante para recém nascidos de muito muito baixo peso, com risco de desenvolverem desconforto respiratório Administração de quantidades controladas de oxido nítrico em RN com respiração espontânea 5. Contra indicações: 5.1: Embora o NCAP, NP-CPAP ou NM-CPAP tenham sido usados em bronquiolite , esta indicação deve ser contra indicada. 5.2: Necessidade de intubação e/ou ventilação mecânica é evidenciado pala presença de: a) Anormalidades nas VAS que tornam o CPAP ineficiente e potencialmente perigoso (atresia de coanas, fenda palatina, fistula traqueoesofagica), Hérnia diafragmática congênita. b)Instabilidade cardiovascular severa. c)Episódios incoercíveis de apnéia. D) Incapacidade de manter PCO2< 60 ou pH> 7,25 6. Riscos e Complicações: Obstrução das prongas por rolhas de muco e “entortamento” do tubo nasofaringeo poderão interferir com a distribuição do CPAP e resultar numa queda da FiO2. Os alarmes podem ser” inativados” por: Obstrução completa das prongas nasais e tubos nasofaringeos que resultam em uma pressurização continua do sistema do CPAP sem a ativação dos alarmes de baixa ou alta pressão. O aumento de resistência criado pelo fluxo turbulento através dos pequenos orifícios das prongas nasais e tubos nasofaringeos podem manter as pressões no sistema do CPAP mesmo quando estes estejam fora do paciente. – Fluxo de gás insuficiente para suprir a demanda inspiratória resulta em uma pressão flutuante e pode aumentar o esforço respiratório – Fluxo excessivo resulta em hiperinsuflação e aumenta o esforço respiratório devido a expiração incompleta e PEEP inadvertida. – Descanulação e mal posicionamento das prongas ou tubos nasofaringeos causam flutuações ou reduções nos níveis do CPAP. – Escoriação nasal, escarificação, necrose por pressão e distorção do septo nasal – Irritação da pele da cabeça e pescoço por fixação inadequada do capuz ou dos arreios do CPAP. 6.2) Riscos e complicações associados com a condição clínica do paciente, incluem: – Hiperinsuflação pulmonar que leva a: - Síndromes de aprisionamento de ar - Distúrbios de ventilação/ perfusão - Retenção de CO2 e aumento do esforço respiratório - Aumento da resistência do fluxo sangüíneo pulmonar e redução do débito cardíaco – Insuflação gástrica e distensão abdominal que pode levar a aspiração – Danos a mucosa nasal por umidificação inadequada 7. Limitações do equipamento 1) A aplicação do CPAP não é isento de falhas, os operadores devem estar atentos a possibilidade de riscos e complicações e devem tomar todos os cuidados necessários para fornecer um uso seguro e efetivo 2) Respiração bucal durante o uso do CPAP pode resultar na perda da pressão desejada e diminuir o aporte de 02. Contudo muitos estudos demonstram a efetividade do CPAP com prongas nasais sem o fechamento da boca. 3) Os encaixes do CPAP são freqüentemente incômodos e difíceis de adaptar e podem causar agitação, causando descanulação inadivertida. 4) Rotação excessiva da cabeça e extensão do pescoço alteram a posição do tubo do CPAP por tubonasofaringeo ou obstruem as estruturas da via aérea superior diminuindo ou alterando a pressão, o fluxo e a efetividade do CPAP. 9.Avaliação dos resultados O CPAP é iniciado com níveis de 4 a 5 cm de água, podendo ser gradualmente aumentado até 10 cm de água Os resultados esperados são: – 1. Necessidades de FiO2 0,60 com PaO2 >50mmHg ou saturação aceitável. 2. Redução do esforço respiratório indicado pela queda de 30% a 40% da FR e redução das retrações, gemidos e batimento de aletas nasais 3.Aumento dos volumes pulmonares e melhora radiográfica dos pulmões 4. Melhora do conforto do paciente observada pelo cuidador 5. Redução clínica significativa dos episódios de apnéia, bradicardia e cianose 10. Recursos 1. Equipamento: – Tubos endotraqueais(posicionados na nasofaringe e fixados com localização verificada por laringoscópio ou palpação. – Prongas nasais simples ou duplas – Tubos nasofaríngeos bilaterais – Máscaras nasais . - As prongas unilaterais podem ser menos efetivas no sucesso da extubação. – O fluxo continuo de ar-oxigênio pode ser proveniente dos ventiladores neonatais de fluxo contínuo equipados com modo CPAP – Existem também aparelhos próprios para CPAP com fonte de fluxo, interface nasal, e alarmes (integrados ou adjuntos) de alta ou baixa pressão, além de analisador da concentração de oxigênio. - Uma fonte de fluxo contínuo de gás necessita de um aparelho mecânico para limitar a pressão ou um resistor que inclui o uso de um resistor subaquático, o CPAP por borbulhamento. – c) Os gases devem ser umidificados e aquecidos. – d) Monitorização contínua não invasiva de O2 por oximetria de pulso ou monitor transcutâneo com alarmes altos e baixos são recomendados( monitorização transcutânea contínua de CO2 também pode ser usada) – e) Monitorização eletrocardiográfica e de FR, com alarmes alto e baixo são recomendados – f) Aspiradores para sucção periódica para assegurar a patência das vias nasais e dos tubos endotraqueais pelo CPAP por tubonasofaringeo, quando for necessário – g)Aparatos para ressucitação como manometros e máscaras apropriados ao paciente são obrigatórios – h) Tubo gástrico para descompressão periódica do estômago e tubos torácicos devem ser disponíveis 2. Pessoal(Equipe): A aplicação do CPAP deve ser realizada sob a direção de um médico, por pessoal treinado credenciado e de competência comprovada em: – a) Uso adequado, entendimento e domínio dos aspectos técnicos dos aparelhos de CPAP, ventiladores mecânicos e sistemas de umidificação. – b) Conhecimento do manejo do ventilador e da anatomia e fisiologia pulmonar dos neonatos – c) Habilidade na avaliação dos pacientes, com a capacidade de avaliar a interação entre o aparelho de CPAP e o paciente. – Habilidade de reconhecer e reagir frente a reações adversas e complicações – d) Conhecimento e entendimento do manejo de via aérea artificial, treinamento nos procedimentos de colocação e posicionamento dos tubos na nasofaringe – e) Habilidade pra interpretar os sinais vitais, a monitorização e os valores dos gases sangüíneos – f) Aplicações de precauções padrão – g) Conhecimento do uso adequado dos procedimentos e equipmentos de reanimação. – h) Capacidade de estimar, avaliar e documentar os resultados 11. Monitorização 1. Checagens no sistema pacienteventilador devem ser realizadas a cada 2 a 4 horas e incluem documentação dos parâmetros mecânicos, alarmes e avaliação do paciente 2. A monitorização do O2 e CO2, incluem: a) Amostras periódicas de sangue (arterial, capilar ou venoso) para verificação dos gases sangüíneos – b) Monitorização contínua não invasiva dos gases sanguineos por monitores transcutaneos de O2 e CO2. – c)Monitorização contínua não invasiva da saturação de oxigênio por oximetro de pulso 3. Monitorização contínua de eletrocardiograma e ritmo respiratório 4. Monitorização contínua da pressão proximal da via aérea, PEEP e pressão média de via aérea 5. Monitorização contínua de FiO2 6. Avaliação periódica, pelo exame físico, dos ruídos respiratórios e sinais de aumento de esforço respiratório 7. Avaliação periódica com radiografia de tórax 8. Avaliação periódica do septo nasal 12. Freqüência CPAP foi projetado para uso continuado , para ser descontinuado quando a condição clínica do paciente melhorar indicando sucesso no tratamento 13.Controle de Infecção Precauções especiais não são necessárias, mas precauções padrão descritas pelo centro de controle de doenças devem ser empregadas. – 1. Kits descartáveis de CPAP nasal são recomendados e são feitos para serem usados por um único paciente uma única vez – 2. Trocas de rotina em circuitos descartáveis são desnecessárias para fins de controle de infecção. – 3. A limpeza da superfície externa do ventilador deve ser realizada de acordo com a recomendação do fabricante, quando o aparelho permanece no quarto do paciente por um período prolongado, quando estiver sujo, quando tem contato com microorganismos potencialmente transmissiveis e após o uso de cada paciente – 4. Procedimentos estéreis de aspiração devem ser seguidos rigorosamente. OBRIGADA!!!!!