Conceitos de Sinais e Sistemas Mestrado em Ciências da Fala e da Audição António Teixeira AT 2006 1 • Informações sobre a cadeira • Sinais Aula AT 2006 2 Informações sobre a cadeira AT 2006 3 Motivações • Esta disciplina surge para tentar dar resposta à falta de formação da grande maioria do público alvo deste mestrado em conceitos relacionados com a área de processamento de sinal, – apesar de muitos deles usarem aplicações, mais ou menos sofisticadas, baseadas nesses mesmos conceitos. • Por exemplo, é habitual profissionais na área utilizarem gravação de sinal de voz, análises espectrais, determinação da frequência fundamental, sem, muitas vezes, possuirem os conhecimentos necessários para uma escolha informada entre várias possibilidades que se lhes oferecem. AT 2006 4 Programa Resumido • • • • • • • Sinais Sistemas Análise de Fourier Sinais através de sistemas LPC Cepstra Aplicação à obtenção de F0 e das formantes • MatLab AT 2006 5 Organização das Aulas • Parte mais “teórica” – Pode não ser necessária todas as aulas – Tentarei que inclua exemplos e demonstrações relacionadas com a área • Parte prática – Usando computadores • Matlab (e SFS) – Guiões – Algumas para avaliação AT 2006 6 Avaliação • Resultante da avaliação de 3 ou mais trabalhos/guiões – O final será maior – Podem ser o trabalho de uma aula • Exame para quem precisar – 30 % da nota final – Fazendo média com os trabalhos AT 2006 7 Bibliografia • “Signals and Systems for Speech and Hearing”, Rosen & Howell, Academic Press • “DSP First – A Multimedia Approach”, McClellan, Schafed & Yoder, Prentice Hall • “Techniques in Speech Acoustics”, Harrington & Cassidy, Kluwer • “Signals and Systems” Simon Haykin, Barry Van Veen. John Wiley, 1999. – Documento parcialmente digitalizado (acesso só em ua.pt). • “Sinais e Sistemas”, Isabel Lourtie, Escolar Editora AT 2006 8 Bibliografia • MATLAB – “Matlab 6, Curso Completo”, Duane Hanselman, Prentice Hall – "Notas sobre o Matlab", António Batel, Amaral Carvalho e Ricardo Fernandes – Matlab num Instante • Os acetatos das apresentações das aulas estarão disponíveis na página da disciplina AT 2006 9 Recursos Online http://www.ieeta.pt/~ajst/css Actualmente disponível a versão relativa à primeira edição do Mestrado Irá sendo actualizada... AT 2006 10 Sinais Fontes principais: Cap. 2 e 3 de Rosen & Howell Cap. 1 de Haykin & van Veen AT 2006 11 Variável • Seja E um conjunto qualquer de números, finito ou infinito, e convencionemos representar qualquer dos seus elementos por um símbolo, por ex.: x. • A este símbolo, representativo de qualquer dos elementos do conjunto E, chamamos variável. • Quando dizemos: seja E o conjunto dos números reais do intervalo (0,1), e seja x a sua variável, que queremos significar? – Que o símbolo x, sem coincidir individualmente com nenhum dos símbolos, é susceptível de os representar a todos AT 2006 12 Função • Definição: – Sejam x e y duas variáveis representativas de conjuntos de números; diz-se que y é função de x e escreve-se y=f(x), – Se entre as duas variáveis existe uma correspondência unívoca no sentido x y. • a x a variável independente • a y a variável dependente • Usa-se escrever simplesmente y(x) AT 2006 13 Funções • Modos de definição – Analítica • Ex: y=4.9 x2 – Geométrica • Sistema cartesiano de referência AT 2006 14 Exemplos de sinais • Os sinais são um componente básico das nossas vidas • Exemplos: – Uma forma comum de comunicação usa o sinal de voz – Outra forma de comunicar, visual, baseia-se em imagens – Temperatura e pressão arterial que transmitem ao médico informação acerca do estado do paciente – Flutuação diária das cotações em bolsa – A lista é (quase) infinita AT 2006 15 Exemplos relacionados com a área • Como estamos interessados essencialmente na fala poderiamos pensar que apenas nos interessaria o sinal conhecido como som • No entanto, – A produção de som por um diapasão dá-nos um exemplo de sinal mecânico, relativo ao movimento • Infelizmente o armazenamento e manipulação das variações de pressão que ouvimos não é fácil – Conversão para sinal eléctrico através de microfones • Os sinais eléctricos não são adequados à audição – Conversão de volta para sinal acústico • Para ter acesso ao processo de produção podemos socorrer-nos de técnicas como MRI obtendo imagens AT 2006 16 Sinal • Um sinal representa a medida de uma grandeza mensurável. • Exemplos: – – – – – AT 2006 Temperatura do ar PSI20 Gravação de voz Nível da água do mar (marés) ECG (Electrocardiograma) 17 Definições de sinal • Um sinal é formalmente definido como: – “Uma função de uma ou mais variáveis, que contêm informação acerca da natureza de um fenómeno físico” • Ou – Sinais são funções de uma ou mais variáveis independentes que contêm informação acerca do comportamento e características de determinados fenómenos físicos. São representados matematicamente como funções de uma ou mais variáveis independentes • Pg 4 de “Sinais e Sistemas” de Isabel Lourtie, Escolar Editora AT 2006 18 Contínuo vs Discreto • Contínuo – Se se puder medir o seu valor em qualquer instante de tempo – Variável independente é contínua • O domínio é um subconjunto dos números reais – Representa-se como x(t) – Ex: a temperatura ambiente é um sinal contínuo • Discreto – Apenas se conhecem medidas do sinal tiradas em alguns instantes de tempo – Variável independente é discreta • O domínio é um subconjunto dos números naturais – Representação: x[n] – Ex: a temperatura ambiente medida todas as horas • Em ambos os casos os valores de x() podem ser contínuos ou discretos AT 2006 19 Digital e analógico • Se juntarmos ao carácter discreto da variável independente o facto de serem discretos os valores que x(n) pode assumir – Temos um sinal DIGITAL • O sinal x(t) assumindo valores de um subconjunto dos reais – É um sinal ANALÓGICO AT 2006 20 Vantagens do Digital • A abordagem digital tem vantagens importantes sobre o analógico – Flexibilidade • A mesma máquina digital (hardware) pode ser usada para implementar diferentes versões de processamento. • No caso analógico teria de redesenhar-se a máquina – Repetição • Uma operação pode ser repetida exactamente as vezes necessárias • O caso analógico sofre de variações dos parâmetros pela influência de factores externos como a temperatura AT 2006 21 Dimensionalidade • Unidimensional – Quando a função depende apenas de uma variável (independente) – Exemplo: sinal de voz, que varia com om tempo • Multidimensional – Quando de depende de mais do que uma variável – Exemplo: uma imagem é um sinal bidimensional • Com as coordenadas horizontais e verticais representando as duas dimensões – Pergunta: Quantas dimensões possuem as imagens de televisão ? AT 2006 22 Periódico vs não periódico • Um sinal periódico x(t) satisfaz a condição – x(t) = x(t+T) para todo o t • Onde T é uma constante positiva • Sendo satisfeita a condição para T=To também será para T=2 To, 3 To, 4 To … – O menor valor que satisfaz a condição, To, é designado por período fundamental de x(t) – O recíproco do período fundamental é a frequência fundamental, f=1/T – A frequência angular, em radianos por segundo, define-se como =2 f • Quando não existe um valor de T que satisfaça a condição, o sinal é aperiódico ou não periódico AT 2006 23 Sinais determinísticos e aleatórios • Um sinal determinístico é um sinal acerca do qual não existe incerteza acerca do seu valor em qualquer instante • Nos outros (random signals) existe incerteza antes da sua ocorrência – Exemplo: O ruído gerado por um amplificador AT 2006 24 Sinusóides Um sinal simples mas importante ... AT 2006 25 Sinusóide • Formula geral A cos (wot + ) A - amplitude wo - frequência angular - fase Exemplo de sinal sinusóidal: o produzido por um diapasão AT 2006 26 Repetição • Medição – Período (ex: ms) – Frequência (Hz) • Número de ciclos por segundo – Lembram-se dos 50 Hz da electricidade lá de casa ?! • Percepção – Gama de audição: 20-20 000 Hz – Pitch: 100-250 (maior para crianças, canto) AT 2006 27 Fase • Medida em graus – 360 graus = 1 período – 90 graus = ¼ período 1 0.5 0 • Pouco efeito na percepção -0.5 -1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1 0.5 0 -0.5 -1 AT 2006 28 Amplitude, Intensidade AT 2006 29 Medidas de “amplitude” • Uma forma de quantificar a diferença em amplitude de dois sinais é medir a diferença entre os máximos (picos) e mínimos 6 4 2 0 -2 -4 -6 0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250 6 4 – Conhecido por Valor pico a pico, Vpp – A sinusóide de cima tem um Vpp que é o dobro da de baixo 2 0 -2 -4 -6 1 0.8 •Problemas: •Só existe energia quando o sinal é diferente de zero ! 0.4 0.2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 0 50 100 150 200 tempo 250 300 350 400 1 Pressão (uPa) –Sinais com o mesmo valor pico a pico podem ter diferentes quantidades de energia 0.6 0.8 0.6 0.4 0.2 0 AT 2006 30 Medidas de “amplitude” II • Como o que é importante é a variação da pressão – Somar apenas os desvios do valor de pressão ambiente – Problema: • Nas sinusóides a soma dos desvios positivos e negativos daria zero para uma sinusóide (de duração infinita ou contendo períodos completos) • Seria óptimo para quem paga electricidade ! Péssimo para empresas como a EDP ! – Tem que arranjar-se uma forma de lidar com os desvios positivos e negativos em simultâneo ... AT 2006 31 Valor RMS • A solução passa por calcular o quadrado dos desvios (relativamente à pressão atmosférica) • Ficando apenas com valores positivos • Todos os desvios são somados • Efectuada a média, dividindo pelo período • Finalmente, para compensar o elevar ao quadrado inicial, efectua-se a operação inversa - raiz quadrada • Temos assim o valor “root mean square” ou RMS AT 2006 32 Relação amplitude intensidade • O valor RMS pressupõe uma grandeza relacionada, a intensidade • Para uma onda sonora, a intensidade em campo (“field”) livre ou completamente difuso é proporcional ao quadrado da amplitude • Pode converter-se uma medida de pressão (num instante ou valor médio como o RMS) em intensidade) em intensidade aplicando o quadrado e multiplicando por uma constante apropriada – A operação inversa envolve a divisão pela constante e a aplicação da raiz quadrada AT 2006 33 Escalas • Todas as escalas necessitam de: – Um ponto de início/referência – O tamanho da unidade – Exemplo: Medição de temperatura • O ponto de início da escala em graus centígrados é definido como o ponto de (des)congelamento – Sendo 0oC • A unidade oC é dada pela divisão em 100 partes da diferença entre o início e a temperatura de ebulição (100oC) AT 2006 34 Escala para a Intensidade – o dB • A escala usual de intensidade usada em acústica é o Bel – Define-se como o logaritmo base 10 do quociente entre duas intensidades Bel= log (I / Iref) • 1 Bel é demasiado grande – Usa-se 1 décimo, ou seja o deciBel (dB) • Como I=k p2 , temos: • dB=10 log(p/pref )2 • dB=20 log(p/pref ) AT 2006 35 Valores de referência • O valor de referência mais importante para a pressão é de 20 micro Pascal 20 x 10-6 • Neste caso temos Sound Pressure Levels (SPL) – Exemplo: 39 dB SPL » Qual a pressão correspondente ? AT 2006 36 Características da escala • Compressão – log(10)=1, log(100)=2, log(1000000)=6 • 0 dB não significa ausência de som – O que significa ? • “Não se pode” expressar ausência de som – A que valor corresponderia ? • Não se adiciona/subtrai directamente • A soma de dois sinais de 94 dB SPL não resulta em um de 188 dB SPL – Qual é o resultado ? AT 2006 37 94 dB + 94 dB= ? • Temos de converter para pressões, somar e converter de volta 94 dB SPL 20 log( p / 20 Pa) 94 / 20 log( p / 20 Pa) 1094 / 20 10log( p / 20 Pa) 1094 / 20 p / 20 Pa com o1094 / 20 50118.7 50118.7 p / 20 Pa 20 Pa(50118.7) p p 10000000Pa 1Pa som andoos dois tem os 1Pa 1Pa 2 Pa 20 log(2 Pa / 20Pa) 20 log(105 ) 100dB AT 2006 x+x = 2*x dB => + 6 dB 38