1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE NUTRIÇÃO BRUNA DEOLINDO IZIDRO DOENÇA DE CROHN: UM ESTUDO DE CASO COM ANÁLISE DESCRITIVA DO PERFIL CLÍNICO E FISIOPATOLÓGICO EM AÇÃO CONJUNTA À INTERVENÇÃO NUTRICIONAL CRICIÚMA, JULHO DE 2009. 2 BRUNA DEOLINDO IZIDRO DOENÇA DE CROHN: UM ESTUDO DE CASO COM ANÁLISE DESCRITIVA DO PERFIL CLÍNICO E FISIOPATOLÓGICO EM AÇÃO CONJUNTA À INTERVENÇÃO NUTRICIONAL Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição no curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Orientadora: Prof. (ª) MSc. Michele Biff CRICIÚMA, JULHO DE 2009. 3 Dedico este trabalho à família Deolindo e Izidro, como prova merecedora de toda sua confiança. 4 AGRADECIMENTOS Muito agradeço, A Deus, minha fonte máxima de confiança; Aos meus pais, Robson e Ana Maria, por me proporcionarem a oportunidade de seguir a carreira desejada, além de sempre me acompanharem e apoiarem nas horas difíceis, assim como no estímulo à dedicação neste trabalho de conclusão de curso, gerando orgulho e satisfação; Ao meu irmão, Glauber, pela amizade sempre presente e experiência compartilhada, pois com seus ensinamentos foi possível iniciar meu crescimento profissional; Ao meu namorado, Pedro, prestativo e parceiro de todas as horas, o principal responsável pelo suporte e carga emocional; À minha orientadora, professora Michele, pela aceitação e dedicação ao longo de toda a trajetória desta monografia, pois sua presença e princípios sempre foram sensatos, concisos e consequentemente, acolhidos; Ao paciente G.D.I, que ao concordar em participar da pesquisa se dispôs a seguir as orientações, sendo muito receptivo, atencioso e colaborador durante todo o período da investigação; À banca examinadora, Maria Cristina e Mariely, por terem aceitado o convite, colaborando assim com o trabalho, tornando-o, sem dúvidas, de melhor qualidade E aos meus familiares, amigos e colegas, que cooperaram direta ou indiretamente para a concretização deste trabalho, através do incentivo, força e boas vibrações por acreditarem na proposta. Os meus sinceros agradecimentos, obrigada! 5 “Faça do seu alimento seu medicamento.” Hipócrates 6 RESUMO Durante as últimas décadas o Brasil passou por diversas transformações, implicando, inclusive, na aparição de doenças crônicas, dentre elas às relacionadas à saúde intestinal, com incidência crescente da doença de Crohn (DC). Esta possui envolvimento transmural e porções descontínuas do trato gastrointestinal, com segmentos saudáveis intercalados por porções inflamadas. Com o envolvimento do trato gastrintestinal, pode comprometer o estado nutricional devido a problemas de má absorção, diminuição da ingestão, aumento das perdas intestinais, interações droga-nutriente e aumento nas necessidades nutricionais. O trabalho analisou a influência da intervenção nutricional no quadro clínico e estado nutricional de um paciente portador da doença de Crohn. Foi realizado acompanhamento semanal com: pré - intervenção realizada durante as três semanas iniciais, com entrevista para avaliar a história pregressa do paciente, um modelo de ficha de história global da doença e três dias de registro alimentar; intervenção nutricional feita em oito semanas, baseando-se em orientações individualizadas com complemento de três dietas, incluindo novos alimentos e receitas compatíveis à patologia e a avaliação pós-intervenção, encerrada com a nova verificação do quadro clínico, conferido por um questionário respondido pelo paciente para concluir a intervenção. O avaliado, um homem com 27 anos e diagnóstico de DC há 5 anos, apresentando dor abdominal, diarréia, falta de apetite, náuseas, mal-estar, fraqueza, vômito, aumento do volume abdominal, estenose e fístula, teve perda inicial, após o diagnóstico da doença, de 8 kg em 4 meses. Porém com o tratamento medicamentoso associado à alimentação, obteve um ganho de 20 kg nos últimos anos. No início da intervenção estava com 73,4 kg e 1,68 m, com IMC em 26 (sobrepeso) e 93 cm de circunferência abdominal, estando sob risco cardiovascular. Com as orientações individualizadas e específicas, exemplos de cardápios e novas receitas de acordo com as necessidades requerias pela DC, o paciente teve uma perda de 4,3 kg e 9 cm de circunferência abdominal em 3 meses, além de uma melhora em seus sintomas comum, como diarréia, gases, distensão abdominal e distúrbios do sono. Portanto a reeducação alimentar como auxiliadora do tratamento da DC buscou e verificou a relação positiva entre as mudanças de hábitos alimentares com o controle dos sintomas e complicações. Assim, a boa nutrição se dispõe à recuperação, manutenção e promoção do estado nutricional, do mesmo modo como a prevenção de sintomas e crises agudas. Palavras-chave: Doença de Crohn. Doença Inflamatória Intestinal. Intervenção Nutricional 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Fotos do Folder..................................................................................... 76 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Manifestações Clínicas da Doença de Crohn..........................................20 Quadro 2 - Principais Manifestações Extra-intestinais da Doença de Crohn.............20 Quadro 3 - Comparação Antropométrica Pré e Pós Intervenção Nutricional.............53 Quadro 4 - Principais Mudanças Sintomáticas da Intervenção Nutricional................55 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DII – Doença Inflamatória Intestinal DC – Doença de Crohn RCUI – Retocolite Ulcerativa Inespecífica TGI – Trato gastrointestinal IMC – Índice de Massa Corporal VET – Valor Energético Total 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 OBJETIVOS ...........................................................................................................14 2.1 Objetivo geral ......................................................................................................14 2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... ... 14 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................15 3.1 Fisiologia do trato gastrointestinal .......................................................................15 3.2 Doenças Inflamatórias Intestinais........................................................................ 15 3.3 Doença de Crohn ................................................................................................16 3.3.1 Conceito ...........................................................................................................16 3.3.2 Patogênese ......................................................................................................18 3.3.3 Epidemiologia...................................................................................................19 3.3.4 Manifestações clínicas .....................................................................................20 3.3.5 Diagnóstico.......................................................................................................21 3.3.5.1 Características endoscópicas........................................................................22 3.3.5.2 Características radiológicas ..........................................................................22 3.3.5.3 Características histopatológicas....................................................................22 3.4 Classificação da doença......................................................................................23 3.5 Tratamento ..........................................................................................................23 3.5.1 Terapia farmacológica e tratamento de suporte ...............................................24 3.5.2 Terapia Nutricional ...........................................................................................25 3.5.3 Tratamento cirúrgico.........................................................................................28 3.6 Doenças associadas ...........................................................................................28 3.6.1 Subnutrição .....................................................................................................28 3.6.2 Anemia .............................................................................................................29 3.6.3 Osteopenia .......................................................................................................30 3.6.4 Câncer..............................................................................................................30 3.7. Imunonutrientes..................................................................................................31 3.7.1 Ômega 3...........................................................................................................31 3.7.2 Glutamina .........................................................................................................32 3.8 Componentes funcionais .....................................................................................32 3.8.1 Probióticos........................................................................................................33 11 3.8.2 Prébióticos........................................................................................................33 4 METODOLOGIA.....................................................................................................34 4.1 Desenho do estudo (delineamento da pesquisa) ................................................ 34 4.2 População e amostra .......................................................................................... 35 4.3 Critérios de inclusão e exclusão..........................................................................35 4.4 Instrumento de obtenção de dados .....................................................................35 4.5 Forma de obtenção de dados..............................................................................36 4.5.1 Período pré - intervenção .................................................................................37 4.5.2 Intervenção nutricional .....................................................................................38 4.5.3 Avaliação pós - intervenção .............................................................................40 4.6 Forma de análise dos dados ..............................................................................41 4.7 Aspectos éticos ................................................................................................... 41 4.8 Limitações do estudo .......................................................................................... 42 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................43 5.1 Caracterização da amostra .................................................................................43 5.2 Histórico da doença.............................................................................................43 5.3 Período pré - intervenção ....................................................................................47 5.4 Intervenção nutricional ........................................................................................49 5.4.1 Fatos ocorridos durante a intervenção nutricional............................................51 5.5 Resultado pós - intervenção................................................................................53 6 CONCLUSÃO.........................................................................................................57 REFERÊNCIAS.........................................................................................................59 ANEXOS ...................................................................................................................66 Anexo I - Modelo de ficha de história global.......................................................... ... 66 Anexo II - Modelo de Registro Alimentar...................................................................67 APÊNCIDE ................................................................................................................68 Apêndice I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................68 Apêndice II – Perguntas para Entrevista ...................................................................69 Apêndice III – Resultado e análise dos registros alimentar.......................................70 Apêndice IV – Folder educativo.................................................................................76 Apêncice V – Dietas .................................................................................................78 Apêncice VI – Novas receitas ...................................................................................84 Apêncice VII – Questionário .....................................................................................88 12 1 INTRODUÇÃO Durante muito o tempo o Brasil foi caracterizado como um país jovem, rural e pouco povoado. A partir das três últimas décadas, entretanto, esse cenário mudou devido aos resultados de profundas transformações sociais, econômicas e culturais, implicando, inclusive, em uma maior participação das doenças crônicas, que graças ao avanço da medicina e à rápida proliferação da globalização, estudos e pesquisas ficam em maior evidência a fim de esclarecer e tratar diversas patologias e suas conseqüências à saúde (GONDIM; SILVA, 2007). Diante disso, entra em questão a saúde intestinal, onde de acordo com Kotze (2004), diversos estudos epidemiológicos têm demonstrado incidência crescente da Doença Inflamatória Intestinal (DII) nas últimas décadas. Este termo é uma denominação geral para um grupo de distúrbios inflamatórios crônicos do trato gastrointestinal (TGI), representadas por dois tipos predominantes: a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI) (BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007). Diversos relatórios sobre ambas as doenças datam da segunda metade do Século XIX e mostram um aumento significativo nas últimas décadas na incidência das DII, estes estudos retrospectivos sobre a epidemiologia, sobretudo, a partir de 1980, consolidaram a noção da tendência mundial para o aumento dessa incidência, inclusive nos países da América do Sul, anteriormente considerados países com baixo número de casos diagnosticados (FLORA; DICHI, 2006). Tratando-se especificamente de DC, Mahan; Escott-Stump (2005), descrevem o extenso envolvimento do TGI, podendo afetar qualquer área, desde a boca até o ânus, cujas porções envolvidas se alteram em áreas acometidas, tendo, portanto, segmentos saudáveis intercalados por porções inflamadas. Quando totalmente desenvolvida, a DC caracteriza-se patologicamente por um envolvimento transmural típico e bem delimitado do intestino, sendo um processo inflamatório que lesa a mucosa, com presença de granulomas nãocaseosos e aparecimento de fissuras que podem dar origem a fístulas (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005). Habitualmente, o diagnóstico de lesões intestinais inflamatórias consiste em pacientes que apresentam "sintomas de aviso", como cólica, febre alta, perda 13 de peso, diarréia e sangue nas fezes (ESCOTT-STUMP, 2007). As complicações mais graves incluem a obstrução intestinal, formação de abscessos onde há um acúmulo de pus em um tecido localizado, formando uma membrana de tecido inflamatório e fístulas caracterizadas por aberturas anormais que facilitam infecções (LOZANO, 2001). O diagnóstico preciso é baseado em um conjunto de achados clínicos, endoscópicos, radiológicos e histopatológicos, mas, sobretudo, acompanhando da história atual da doença, coligada à história patológica pregressa, história familiar, história dietética, avaliação antropométrica, avaliação laboratorial e avaliação clíniconutricional (BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007; BURGOS et al., 2008). Para isso o tratamento é feito com uma terapia adequada, tendo além dos medicamentos, uma nutrição que possibilite o manejo da doença com controle dos sintomas, isto é, buscando interromper os sinais inflamatórios prevenindo recidiva clínica (SILVA, 2005). Diante destas circunstâncias, a manutenção do estado nutricional é fundamental para manter a remissão da DC, apresentando, efeito direto na atividade da doença e melhora da qualidade de vida do paciente (FLORA; DICHI, 2006). Sendo assim, a terapia nutricional tem se mostrado como recurso terapêutico auxiliar extremamente útil, podendo ser iniciada em todos os pacientes com estado nutricional comprometido, também indicada, independente do estado nutricional, como medida terapêutica nos casos de má evolução clínica e nas fases de atividade da doença (BURGOS et al., 2008). 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral • Analisar a influência da intervenção nutricional no quadro clínico e estado nutricional de um paciente portador da Doença de Crohn. 2.2 Objetivos específicos • Apresentar o histórico e acompanhar o percurso da doença no paciente; • Verificar os hábitos alimentares pré - período de intervenção; • Realizar intervenção nutricional através de orientações individualizadas e com auxílio de dieta; • Comparar o estado nutricional pré e pós - intervenção; • Analisar a evolução dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente no início do acompanhamento e após intervenção; 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Fisiologia do trato gastrointestinal O TGI se dispõe em boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Sua parede é composta pela mucosa, direcionada para o lúmen, com células epiteliais especializadas para executar a função absortiva e secretora e a serosa, uma camada mais interna, direcionada para o sangue (COSTANZO, 2007). A maior parte da digestão e absorção dos nutrientes ocorre no intestino delgado, um tubo que mede cerca de 2,5 cm de diâmetro e aproximadamente 6 metros de comprimento, constituído pelo duodeno, jejuno e íleo (HERLIHY; MAEBIUS; LIBERTI, 2002). Como as células de revestimento não são capazes de absorver a maioria dos nutrientes na forma em que são ingeridos, ocorre a digestão para as moléculas ingeridas serem clivadas em moléculas menores e a absorção, para transporte destas moléculas através das células epiteliais que revestem o TGI ao sangue ou à linfa (LEVY; STANTON; KOEPPEN, 2006). Para que os nutrientes alcancem sua eficiência dentro do corpo, eles devem ser absorvidos para a circulação e utilizados nas células. Isto depende dos alimentos consumidos, assim como de fatores intrínsecos da capacidade de digestão e da absorção intestinal (ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). A absorção intestinal requer degradação prévia do alimento, células altamente especializadas e um sistema de drenagem eficiente para entregar os elementos absorvidos à circulação do sangue ou à linfa. Caso este sistema seja alterado, observam-se distúrbios de absorção com causas intra-intestinais ou defeitos na absorção por alteração das células do epitélio intestinal, podendo causar uma enterite, levando à uma Doença Inflamatória (CISTERNAS, 2006). 3.2 Doenças Inflamatórias Intestinais 16 A história natural das DII é caracterizada por uma doença crônica, de etiologia desconhecida, com freqüente exacerbação de sintomas e diferenças pela localização e extensão do processo fisiopatológico, ou seja, dependendo destes sinais, podem ser classificadas em Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI) e Doença de Crohn (DC) (CARUSO, 2005; FLORA; DICHI, 2006). Em razão da variação do quadro clínico, o manejo das DII tem seu tratamento condicionado à extensão do local envolvido, sintomas e manifestações extra-intestinais, sendo assim a terapêutica deve começar pelo diagnóstico preciso, sujeito a um conjunto de achados de exames clínicos, endoscópico, radiológico e histológico, assim como dos exames laboratoriais (KOTZE, 2004; BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007). As DII são comumente associadas à desnutrição energético-protéica e carência de micronutrientes, causadas por redução da ingestão alimentar, má absorção, aumento das perdas gastrointestinais e necessidades nutricionais aumentadas. Essas alterações têm impacto em todas as idades, sofrendo a influência da fase de atividade, extensão e localização da doença. A desnutrição, por sua vez, agrava o prognóstico tanto do paciente em tratamento clínico, quanto naqueles submetidos a cirurgias, além de deteriorar a competência imune (SALVIANO; BURGOS; SANTOS, 2007). 3.3 Doença de Crohn 3.3.1 Conceito Descrita pela primeira vez em 1932, a DC possui este nome porque Burril Bernard Crohn, um gastroenterologista Nova Iorquino, foi o primeiro nome de um artigo de três autores, juntamente com Ginzburg e Oppenheimer, que descreveu a doença, significando um marco e conferindo identidade clínica a uma doença inflamatória crônica de etiologia ainda indeterminada (ANDERI; LARANJEIRA; PESSOTTI, 2001; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE COLITE ULCERATIVA E DOENÇA DE CROHN, 2008). 17 Por ser capaz de acometer todo o sistema gastrointestinal, desde a boca até o ânus, esta doença pode comprometer também o estado nutricional do paciente devido a manifestações intestinais como náuseas, vômitos, diarréia com sangramento retal, má absorção de vitaminas, minerais e gordura, além de manifestações extra-intestinais articulares, cutâneas e oculares (SPILLERE, 2007). A principal incógnita se refere à afecção de origem desconhecida, porém de acordo com Teixeira Neto (2003), a imunorregulação anormal da mucosa intestinal constitui o ponto central para o início e perpetuação da inflamação. Completando, Flora e Dichi (2006), descrevem que atualmente se aceita uma causa multifatorial, que somada aos fatores imunes, encontram-se agentes genéticos, ambientais, alimentares e alterações na permeabilidade da barreira do epitélio colônico. Esta doença se classifica por uma inflamação granulomatosa (lesões microscópicas na parede intestinal), com envolvimento transmural (acometendo toda a parede intestinal) e descontínuo (áreas sem alterações entremeadas a áreas comprometidas) do intestino (FUNDAÇÃO MÉDICO-CULTURAL DE GASTROENTEROLOGIA E NUTRIÇÃO DE SÃO PAULO, 2008). Por ter efeitos sobre a ingestão alimentar, Flora e Dichi (2006), mencionam que esta é uma doença comumente associada à desnutrição. Para completar Caruso (2005), relata fatores relacionados à deficiência nutricional, como: • Diminuição da ingestão alimentar pela presença de náuseas, vômitos, anorexia, diarréia ou dor abdominal; • Má absorção devido à área absortiva afetada ou ao supercrescimento bacteriano ou à deficiência de sais biliares; • Aumento das perdas intestinais por enteropatias perdedoras de proteína, fístulas que desencadeiam perda de eletrólitos e sangramento gastrintestinal; • Interações droga-nutriente que podem interferir nos níveis de cálcio e proteínas (corticosteróides), folato (sulfassalazina), gorduras e vitaminas (colestiramina); • Aumento nas necessidades nutricionais, como em casos de sepse, febre, fístulas, repleção das reservas orgânicas e terapia com esteróides (catabolismo protéico). 18 Por ser a depleção nutricional um ponto crítico na patologia do Crohn, Mannarino (2005), acrescenta que a terapia nutricional adequada é de essencial aplicação na tentativa de recuperação da resposta imunológica e cicatrizante, vulnerável ao catabolismo protéico, para a obtenção de um melhor prognóstico. 3.3.2 Patogênese Com o passar dos anos e avanço das investigações clínicas, acredita-se que a origem da DC seja multifatorial, permitindo as seguintes teorias, segundo Santos Jr (1999), e confirmados por Flora e Dichi (2006): • Fatores genéticos: precocidade ou “antecipação” genética, podendo ser expressa cada vez mais cedo nas gerações sucessivas. • Permeabilidade intestinal: alterações da barreira do epitélio colônico, onde as alterações das defesas do corpo nos portadores podem desencadear o processo inflamatório com alterações teciduais. • Fatores infecciosos e imunes: o sistema imunológico reagiria a algum tipo de vírus ou bactéria, disparando uma série complexa de reações que agravariam ou culminariam com a DII, causando assim, inflamações contínuas do intestino, tornando o sistema imunológico excepcionalmente ativo contra o organismo do próprio indivíduo. Ele não ataca apenas o intestino, às vezes ataca outros órgãos como a pele, os olhos ou o fígado. • Antiinflamatórios: causam alterações na mucosa, quando utilizados por um tempo prolongado, como, por exemplo, na terapêutica das artrites. • Hábito de fumar e dieta: fatores externos com relevante ação na expressão da doença podem interferir como fator exógeno, agravando e estimulando o processo inflamatório. Em síntese, conforme Gibney (2007), muitos desses fatores desencadeiam a liberação de mediadores inflamatórios (citocinas, eicosenóides, etc.), que são responsáveis pelas manifestações clínicas e histológicas da doença. 19 3.3.3 Epidemiologia A DC vem aumentando nos últimos anos por motivos ainda não determinados. Esta é uma doença que não tem preferência por sexo e pode ocorrer em qualquer idade, mas com distribuição bimodal, com um pico entre os 15 e 25 anos e outro pico menor dos 55 aos 65 anos (TEIXEIRA NETO, 2003; SILVA, 2005). Santos Jr. (1999), aponta que a população infantil raramente é afetada, ou seja, se limita antes dos 10 anos de idade. Porém quando afetadas, o caso seria mais grave, pois de acordo com Augusto (2005), pode afetar o crescimento e desenvolvimento normal, exigindo uma maior atenção nutricional. Teixeira Neto (2003), adiciona que também pode haver um retardo na maturação sexual. Sua ocorrência é mundial, sobretudo nas populações ocidentais desenvolvidas, com incidência anual de sete casos para 100.000 habitantes nos Estados Unidos e uma demanda mais rara na Ásia e América do Sul, com média de 0,08 por 100.000 habitantes (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005; BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007). O Brasil ainda é considerado área de baixa prevalência de DII, apesar do aumento significativo da incidência nos registros da literatura nacional. Em nosso meio, estas doenças não são consideradas de notificação compulsória, podendo então não estar sendo diagnosticadas, já que os prontuários médicos registram uma maior demanda de indivíduos com diarréia de etiologia bacteriana ou parasitária (SOUZA; BELASCO; AGUILAR-NASCIMENTO, 2008). A determinação de dados epidemiológicos das DII no Brasil, como em todos os países em desenvolvimento, é difícil em função das deficiências dos sistemas de registro de dados, bem como da impossibilidade do acesso às informações fora do sistema público de saúde (SOUZA; BELASCO; AGUILARNASCIMENTO, 2008). A partir do enunciado, dados epidemiológicos e mórbidos dos pacientes portadores de DII, em particular da doença de Crohn no estado de Santa Catarina, não foram encontrados em levantamento bibliográfico. Todavia o conhecimento destes dados poderia contribuir de forma satisfatória de acordo com Souza; Belasco; Aguilar-Nascimento (2008), para fornecer elementos sobre a história natural da 20 doença e suas complicações, auxiliando além de estimativas dos custos para a saúde pública, um planejamento de serviços apropriados para estes doentes. 3.3.4 Manifestações clínicas A doença de Crohn deve ser considerada quando o paciente apresenta, entre outros, os seguintes sintomas descritos no Quadro 1 (SILVA, 2005): Quadro 1: Manifestações Clínicas da Doença de Crohn. Sintomas comuns Achados laboratoriais e radiológicos Dor abdominal Anemia Febre, mal-estar, náusea Leucocitose Diarréia VHS elevada* Constipação Envolvimento do intestino fino Sangramento retal Estenoses Perda de peso, anorexia Fístulas Quadro I. Adaptado de Hanauer & Sandborn. * VHS = velocidade de hemossedimentação Ainda segundo o mesmo autor (2005), os sintomas são intermitentes e com períodos de remissão. À medida que a doença progride, os períodos sintomáticos podem aumentar em freqüência e gravidade. Não obstante, a DC também apresenta manifestações extra-intestinais, descritas no Quadro 2: Quadro 2: Principais Manifestações Extra-intestinais da Doença de Crohn. Articular (25%) Pele (15%) Ocular (5%) Artralgia Eritema nodoso Episclerite Artrite Pioderma gangrenoso Uveíte Úlcera aftosa de boca Irite recorrente Quadro II. Adaptado de Hanauer & Sandborn Resumidamente, Teixeira Neto (2003), considera as mais importantes causas e conseqüências dos achados clínicos: 21 • A dor abdominal: sintoma mais importante, podendo ser contínua ou em cólica e se intensificando após as refeições e sendo acompanhada de vômitos, melhorando com a eliminação e gases e/ou fezes. Em alguns casos, apresenta início agudo, com quadro semelhante à apendicite aguda. • A diarréia, usualmente, de moderada intensidade, com média de quatro a seis evacuações pastosas ou liquefeitas por dia, com perda de água e eletrólitos que podem ocasionar um grave quadro de desidratação, distúrbios eletrólitos diversos e dano ao funcionamento enzimático celular. Na maioria das vezes, não tem relação com a alimentação, mas pode ser exacerbada pela ingestão de leite e derivados devido à intolerância à lactose. A constipação pode acontecer em alternância com a diarréia, dificultando o diagnóstico. • A febre pode ocorrer em até 50% dos casos. Geralmente é de baixa intensidade, normalmente não atinge os 39°C. • O emagrecimento, refletindo na deterioração do estado nutricional como conseqüência da redução intencional da ingestão, em virtude do medo da dor ou agravamento da diarréia, sensação de desconforto abdominal, má-absorção, perda protéica pela mucosa intestinal lesada e hipermetabolismo (febre, atividade inflamatória aumentada ou infecção). O processo inflamatório causado pelo estado hipermetabólico, aumenta ainda mais as necessidades nutricionais, prejudicando a absorção de vários nutrientes de acordo com a área intestinal acometida, levando à uma perda aumentada de proteínas e outros nutrientes pela mucosa intestinal lesada, principalmente se associada à diarréia (TEIXEIRA NETO, 2003). 3.3.5 Diagnóstico De acordo com Reis (2003), esse tipo de doença inicia-se meses ou anos antes de seu diagnóstico. Para comprovar sua existência Silva (2005), menciona que o diagnóstico é confirmado a partir das características endoscópicas, radiológicas e histopatológicas. 22 3.3.5.1 Características endoscópicas É o método de escolha para diagnosticar DII que permite acessar o local da doença, avaliar a extensão e o grau de acometimento e até colher material de amostra para exame histopatológico, podendo-se observar áreas salteadas, com fístulas e úlceras aftóides rodeadas de mucosa, fatores sugestivos da doença de Crohn (SANTOS JR., 1999; BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007). Além deste exame, pode-se citar ainda a colonoscopia, que de acordo com Silva; Laudanna (2007), avalia todo o cólon e os 20 cm finais do íleo terminal, possibilitando definir a extensão e a gravidade do envolvimento colônico, a partir da visualização direta das alterações da mucosa, como lesões descontínuas, úlceras aftóides e úlceras lineares e profundas em permeio a mucosa edemaciada. 3.3.5.2 Características radiológicas A radiografia contrastada do intestino delgado, também denominado de trânsito intestinal, permite avaliar as diferentes formas de acometimento da doença de Crohn no intestino delgado (inflamatória, estenosante e fistulante) e no cólon (enema opaco), quando alguma estenose impede a passagem da colonoscopia (BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007; SILVA; LAUDANNA, 2007). O achado radiográfico típico da DC crônica é o “sinal de cordel”, que através da corrente de bário, apresenta segmentos de estreitamento luminal intercalados por segmentos normais (BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007). 3.3.5.3 Características histopatológicas As características histopatológicas são vistas, tanto macroscópicas como microscópicamente. Como na doença de Crohn a inflamação é transmural, ou seja, acomete toda a parede intestinal e como o comprometimento é descontínuo (áreas 23 sem alterações entremeadas à áreas comprometidas), são comuns úlceras lineares confluentes, profundas, fístulas e estenoses (FUNDAÇÃO MÉDICO-CULTURAL DE GASTROENTEROLOGIA E NUTRIÇÃO DE SÃO PAULO, 2008) 3.4 Classificação da doença Pode-se definir através dos parâmetros clínicos, a atividade da doença, classificada a seguir por Kotze (2004): • DC leve-moderada: tolera alimentação via oral sem manifestações de desidratação, febre alta, dor abdominal, massa dolorosa ou obstrução. • DC moderada-grave: paciente com falha na resposta ao tratamento para doença leve-moderada ou com sintomas mais proeminentes, como febre, emagrecimento (mais de 10% do peso), dor abdominal e dor à palpação sem sinais de irritação peritonial, náuseas e vômitos intermitentes (sem sinais de obstrução) ou anemia significativa. • DC grave-fulminante: sintomas persistentes à introdução de corticosteróides; doentes com febre alta, vômito persistente, obstrução intestinal, sinais de irritação peritonial, caquexia ou abscessos. • DC em remissão: paciente assintomático ou sem seqüelas inflamatórias, ou que respondem à intervenção aguda de medicamentos, ou que foram submetidos a ressecções cirúrgicas. 3.5 Tratamento Por não ter etiologia conhecida a DC carece de terapêutica específica. As medidas preconizadas atualmente não são curativas e tão pouco alteram a história natural da doença, mas o objetivo principal do tratamento são as recomendações terapêuticas, que dependem da localização, gravidade e complicações da doença. Por isso, a abordagem deve ser individualizada de acordo com a resposta sintomática e a tolerância medicamentosa do paciente (KOTZE, 2004). 24 De maneira geral, o tratamento visa o controle dos sintomas gastrointestinais, das manifestações extra-intestinais e alívio sintomático das complicações, para redução ou reversão do processo inflamatório, que envolve educação alimentar, medicações e cirurgia (SANTOS JR., 1999; SILVA; LAUDANNA, 2007). 3.5.1 Terapia farmacológica e tratamento de suporte Há dois grupos de substâncias de primeira escolha: antiinflamatórios (como é o caso dos corticosteróides e os 5-aminossalicilatos) e imunossupressores (azatioprina e a 6-mercaptopurina), mas caso a doença resista a estes, há ainda os antibióticos (metronidazol e quinolonas) (SANTOS JR., 1999). Portanto Kotze (2004) e Brito; Filgueira; Liberato (2007), descrevem alguns aspectos básicos destes medicamentos: • Sulfassalazina (derivado do ácido 5-aminossalicilatos): é a droga mais utilizada no tratamento das DII, pois passa inalterada no intestino delgado e, após sofrer ação das bactérias colônicas, é quebrada em dois compostos, a sulfapiridina (com papel carreador para ser absorvida) e o 5ASA (ação antiinflamatória na mucosa colônica). Porém há muitos efeitos colaterais, entre eles náuseas, tonturas, mialgia (dores musculares em qualquer parte do corpo) e urticária (erupção cutânea); • Corticóides: são efetivos em induzir a remissão da DC leve a moderada, porém não são eficazes como medida de manutenção, pois não alteram o curso da doença. Ocasionam efeitos colaterais bem significativos relacionados à nutrição, como osteoporose, hipertensão arterial, diabetes, ganho de peso e retenção de líquidos. • Azatioprina: é o imunomodulador mais frequentemente utilizado, pois é efetiva tanto na indução de remissão da doença ativa como na manutenção e no manejo de fístulas e prevenção de recorrência pósoperatória da DC. Mas, para isso, deve-se usar em longo prazo e é considerado um “poupador” de corticóides. Porém pode causar 25 náuseas,vômitos, cefaléia, infecções oportunistas como a herpes e pancreatite aguda. • 6-mercaptopurina: mesmo efeito de remissão da doença, porém mais utilizado para lesões perianais que não exigem tratamento cirúrgico. • Metronidazol: eficácia semelhante à Sulfassalazina, além de um tratamento de parasitoses intestinais e auxílio no tratamento de fístulas. Efeitos colaterais geralmente encontrados são náuseas e gosto metálico. Com o uso prolongado pode-se detectar efeito tóxico, sobretudo sobre o sistema nervoso periférico (neurotoxicidade). • Quinolonas: estudos mostram que associadas ao Metronidazol pode ser uma alternativa eficaz na substituição de corticóides. De encontro com o tratamento medicamentoso, Brito; Filgueira; Liberato (2007), citam o tratamento de suporte, composto por: • Antidiarréicos: melhora a continência fecal e alivia diarréia residual, aumentando a consistência das fezes e diminuindo a freqüência das evacuações, apresentando impacto na qualidade de vida do paciente. • Suplementação de ferro: em caso de perda crônica de sangue, mas pode piorar ou precipitar a diarréia. • Reposição de vitamina B12: indicada a pacientes com envolvimento extenso de íleo terminal e após ressecção desse segmento. • Reposição de cálcio e vitamina D: indicada para usuários de corticóides para reduzir os impactos na perda mineral óssea. A terapêutica medicamentosa é importante no tratamento de patologias do trato gastrointestinal, mas a dietoterapia cresce em igual ou maior importância, regularizando o estado nutricional e a função dos órgãos afetados (REIS, 2003). 3.5.2 Terapia nutricional Estudos epidemiológicos apontam associações entre dieta e DC. Por isso, recomenda-se que o início do acompanhamento nutricional ocorra a partir do diagnóstico, com uma conduta dietoterápica individualizada, tornando-se por base 26 as complicações adquiridas na avaliação nutricional do paciente e da medicação empregada (REIS, 2003; SILVA, 2005). A conduta dietoterápica possui concordância com a área anatômica acometida, assim os problemas nutricionais estão agravados quando ocorre comprometimento, sobretudo, do intestino delgado, já que este é o local de absorção da maior parte dos nutrientes (MANNARINO, 2005). Portanto as necessidades energéticas dependem, fundamentalmente, do gasto energético basal e do catabolismo de cada paciente (JÚNIOR et al., 2002). De acordo com Reis (2003); Mannarino (2005) e Caruso (2005), a conduta nutricional para manutenção da estrutura do organismo em portadores de DII, pode ser descrita através de recomendações de macronutrientes e micronutrientes: • Calorias: no caso de hipermetabolismo em função do processo inflamatório, o gasto energético aumenta, uma solução seria multiplicar 1,75 ao resultado do valor energético total. Todavia, segundo Júnior et al. (2002) e confirmado por Silva (2005) e Flora; Dichi (2006), a avaliação da demanda energética constitui assunto adverso, podendo ter ainda uma aplicação de 30 a 35kcal/kg/dia, para obter um balanço energético positivo na DC. • Carboidratos: controla-se de acordo com a fase clínica do paciente. Na fase aguda, evita-se leite e derivados (pois a enzima lactase pode estar diminuída em virtude da diarréia), controla-se mono e polissacarídeos (para evitar soluções hiperosmolares que possam aumentar a diarréia), ser rica em fibra solúvel (a ação das bactérias intestinais formam ácidos graxos de cadeia curta, que constituem fonte de energia para as células intestinais) e pobre em fibra insolúvel (auxilia no controle da diarréia). Já na fase de remissão pode-se evoluir progressivamente o teor de fibras insolúveis. A quantidade em % contribui para a administração da dieta hipercalórica, sendo o complemento das proteínas e lipídeos. (MANNARINO, 2005; CARUSO, 2005). • Proteínas: o plano alimentar deve considerar a gravidade da lesão, podendo ter um aumento da necessidade principalmente na fase aguda, refletindo em um caráter hiperprotéico da dieta, podendo ser calculado com 1 - 1,5 g/kg/peso/dia (MANNARINO, 2005; CARUSO, 2005). 27 • Lipídios: teor menor de 20% das calorias totais, pois podem piorar a diarréia e ter deficiência de sais biliares (MANNARINO, 2005; CARUSO, 2005). • Vitaminas: necessárias para a manutenção da vida, favorecendo as respostas imunológicas e dando proteção ao organismo, como a vitamina A (atua no sistema imunológico e é antioxidante, minimizando a formação de radicais livres, repercutindo na diminuição do risco cardíaco), vitamina E (atua prevenindo a peroxidação lipídica e é depletada pela sulfassalazina), vitamina C (atua na cicatrização da mucosa, importante no processo de formação de colágeno, substância que participa na restauração tecidual, é antiinflamatória e antioxidante), vitamina B12 (é necessária para o funcionamento das células do trato gastrointestinal e sua absorção realiza-se principalmente no íleo, estando comprometida no caso de ressecção, havendo anemia megaloblástica) e Folato (responsável pela maturação de glóbulos vermelhos do sangue e necessário para a formação de novas hemácias na medula óssea, além do crescimento, e regeneração celular, ou seja, sem este há risco de anemia, além da sulfassalazina reduzir sua absorção) (REIS, 2003). • Minerais: necessários para o crescimento e conservação do ser humano, além de uma contribuição na formação dos tecidos, como é o caso do Ferro (com papel na formação da hemoglobina, pode causar anemia ferropriva pelas perdas sangüíneas provenientes das áreas lesadas e hemorragias gastrintestinais), Cálcio (responsável pelo transporte da vitamina B12, participa da formação da fração mineral óssea, atua na contração muscular e cardíaca e na coagulação sanguínea), Magnésio (necessário ao metabolismo de cálcio, vitamina C, fósforo, sódio e potássio), Zinco (é antioxidante, imunoestimulante, favorece a reepitelização da mucosa e é importante para a palatabilidade), Potássio (garante a função tônica motora do intestino), Fósforo (colabora na metabolização dos macronutrientes) e Sódio (monitorar, pois pode provocar retenção de água dentro das células), (REIS, 2003). 28 3.5.3 Tratamento cirúrgico De acordo com a Kotze (2004), a cirurgia como terapêutica fica reservada apenas aos casos de complicações mecânicas, especialmente obstrução intestinal. Sendo que as indicações cirúrgicas da doença de Crohn visam o controle das complicações, sem resultados curativos definitivos. As técnicas operatórias são selecionadas visando resolver a complicação que determinou a indicação cirúrgica, ao mesmo tempo em que se tenta preservar a maior extensão possível do intestino (AYRIZONO et al., 2007). As ressecções maiores do intestino podem resultar em graus variáveis de má absorção de líquidos e nutrientes, para isso não ocorrer, deve-se poupar ao máximo as ressecções extensas e múltiplas, pois a longo prazo pode desenvolver a síndrome de intestino curto, que via resultados de pesquisas, até 30% dos pacientes voltam a apresentar sintomas três anos após o procedimento. (MAHAN; ESCOTTSTUMP, 2005; BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007). Doentes com DC apresentam risco aumentado para malignidades gastrointestinais, com risco de carcinoma estimado em 6%–32%. Entretanto, apesar dessas considerações, não se justifica ressecar toda a área inflamada porque a doença freqüentemente recidiva após a cirurgia (AYRIZONO et al., 2007). 3.6 Doenças associadas 3.6.1 Subnutrição Com freqüência são observados déficits nutricionais em pacientes com DC, principalmente naqueles que apresentam extenso comprometimento do intestino delgado. Sendo assim, diversos fatores podem estar associados no desenvolvimento da desnutrição, como relata Gibney (2007): • Ingestão precária de nutrientes: pelos episódios de náuseas, vômitos, dor ou desconforto abdominal e até anorexia; 29 • Metabolismo aumentado: estudos demonstram que o consumo de energia pode estar aumentado ou diminuído, pois depende da extensão da doença, da atividade inflamatória e do estado nutricional; • Aumento das perdas intestinais de proteínas que acompanha o grau de inflamação da mucosa intestinal; • Má absorção de nutrientes, freqüentemente secundária à má absorção de sais biliares ou a uma proliferação bacteriana intestinal, principalmente quando o íleo terminal está acometido. Sendo assim o transbordamento de sais biliares pelo cólon, além de reduzir seus reservatórios, provoca diarréia e má absorção de gordura. A proliferação bacteriana compromete a absorção de carboidratos, proteínas e o metabolismo de sais biliares. 3.6.2 Anemia A anemia de doença crônica é uma síndrome clínica que se caracteriza pelo desenvolvimento de anemia em pacientes que apresentam doenças infecciosas crônicas, inflamatórias ou neoplásicas (CANÇADO; CHIATTONE, 2002). Sendo assim, a DC faz parte dessa condição patológica associada, podendo acometer 10% a 73% dos casos e como é considerada muitas vezes inevitável, nos últimos anos seu tratamento tem sido valorizado para ajudar a reduzir a gravidade da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente (SILVA, 2005). Um aspecto peculiar é a presença de anemia associada à diminuição da concentração do ferro sérico e da capacidade total de ligação do ferro, embora a quantidade do ferro medular seja normal ou aumentada, ou por perda crônica de sangue pelo trato gastrointestinal, falha na absorção de ferro, ácido fólico e vitamina B12, causando fadiga fácil, mal-estar, fraqueza, náusea, irritabilidade e dificuldade de concentração (CANÇADO; CHIATTONE, 2002; SILVA, 2005). Para seu tratamento, além dos medicamentos, indica-se aumentar a ingestão das fontes de ferro, tanto heme, quanto não-heme, como carne vermelha, fígado, peixe, aves, grãos vegetais, frutas e ovo, ingerir também fontes de vitamina C que auxiliam na absorção do ferro, evitar alimentos que contenham oxalatos e 30 fitatos que prejudicam sua absorção e em casos de extrema deficiência, ser suplementado com sulfato ferroso ou pela administração parenteral (SILVA, 2005). 3.6.3 Osteopenia Pacientes com doença inflamatória intestinal têm maior prevalência de redução da densidade mineral óssea, em comparação com as pessoas saudáveis e geralmente se verifica que pacientes com Crohn apresentam a maior incidência quando comparados a pessoas com retocolite ulcerativa (LORA et al, 2005). A doença óssea na DII tem causa multifatorial, incluindo inflamação sistêmica, uso crônico de corticosteróides, má absorção de cálcio e vitamina D causada pela inflamação da mucosa intestinal ou ressecção intestinal, baixa atividade física e hipogonadismo (SOUZA et al,2008). A conseqüência dessa perda óssea aumenta o risco de fraturas, podendo ocasionar em uma diminuição da qualidade de vida dos pacientes por aumentar as chances de morbidade (LORA; et al, 2005). 3.6.4 Câncer A relação entre DC e presença de lesões malignas ainda não foi bem definida, porém sabe-se que o risco de desenvolvimento não depende da extensão da doença, mas de sua localização, sendo maior em cólon e reto e menor quando apenas o íleo se encontra comprometido, além da instalação precoce e a longa evolução da doença inflamatória (VALÉRIO et al., 2006). Na maioria dos casos relatados, o câncer instala-se muitos anos após o início dos sintomas, ocorrendo em 79% dos pacientes após 20 anos do início da DC e em 53% após 30 anos, já com obstrução intestinal, massa abdominal palpável, perfuração e sangramento. Muitas vezes não são distinguíveis da doença em atividade, dificultando e até impedindo o diagnóstico pré-operatório do tumor. Em 31 cerca de 65% dos casos, o diagnóstico de câncer é realizado após laparotomia exploradora devido a quadro obstrutivo (VALÉRIO et al., 2006). 3.7. Imunonutrientes O sistema imune é alvo de diversos fatores exógenos e endógenos que podem comprometer o estado de saúde, causando doenças auto-imunes ou um desequilíbrio funcional originando uma hiper-inflamação desencadeadora de doenças crônicas não transmissíveis (ROGERO; NAVES, 2007). Alguns nutrientes podem atuar modulando a resposta imunológica, mantendo a integridade da mucosa intestinal, evoluindo o quadro clínico e gerando uma melhora no estado nutricional de pacientes com DC (FLORA; DICHI, 2006). 3.7.1 Ômega 3 Pertence a uma categoria muito especial de gorduras, denominada ácidos graxos essenciais, pois são necessárias à saúde e não são produzidas pelo organismo (CRAVEIRO; CRAVEIRO, 2003). Fundamentalmente, existe na forma de óleo de peixe e óleo marinho, que atuam na diminuição dos riscos de doenças cardíacas, pois reduzem os níveis sanguíneos de triglicerídeos e da pressão arterial a níveis seguros, além de ser praticamente isento de efeitos colaterais, possuindo, sobretudo, efeitos antiinflamatórios (CRAVEIRO; CRAVEIRO, 2003; FLORA, DICHI, 2006). Como terapia alternativa, Craveiro; Craveiro (2003), relatam que a administração oral através de cápsulas gelatinosas vem como complemento dietético na prevenção de várias doenças, especialmente as inflamatórias. Para comprovar Flora, Dichi (2006), apresentaram os resultados de um estudo que verificou um aumento significativo na remissão de pacientes com DC, utilizando 32 cápsula especial de ácidos graxos ômega 3 de óleo de peixe desenvolvida para atuar principalmente em nível de íleo. 3.7.2 Glutamina É o principal substrato energético para os enterócitos (células fisiologicamente responsáveis pela absorção seletiva dos nutrientes) e linfócitos (participam na regulação das interações que ocorrem entre o meio ambiente e o sistema imunológico) (REIS, 2003). Além de proteger a integridade estrutural e funcional da mucosa intestinal, promove a melhora da permeabilidade e da integridade intestinal e mantém ou aumenta as funções imunes, especialmente aquelas associadas à imunidade mediada por células (ROGERO; NAVES, 2007). Entretanto, há relatos de piora da atividade da doença,com aumento da permeabilidade intestinal em pacientes com doença de Crohn com o uso da glutamina, pois a síntese de arginina a parir da glutamina libera óxido nítrico, aumentando a permeabilidade vascular intestinal (FLORA; DICHI, 2006). 3.8 Componentes funcionais Diversos estudos clínicos e experimentais evidenciam que a interação microbiota-hospedeiro pode influenciar favoravelmente na saúde humana como ação antibacteriana, inibindo a multiplicação e adesão de patógenos e imunomoduladora, com tolerância e estimulo imunológico (MARTINS, 2009). Como exemplo existem os probióticos e prebióticos, classificados também como alimentos funcionais, pois contém outras funções além de seu papel nutricional, auxiliando na DC por representar uma estratégia eficiente no combate à infecções (FLORA; DICHI, 2006). 33 3.8.1 Probióticos Profissionais da área da nutrição consideram probióticos os microorganismos vivos que, quando consumidos, agem no trato gastrointestinal do hospedeiro atuando imunologicamente como primeira linha de defesa contra bactérias potencialmente danosas inaladas ou ingeridas, além de funções digestivas e respiratórias (CRAVEIRO; CRAVEIRO, 2003; OLIVEIRA, 2007). Para isso estes microorganismos devem conter critérios e características desejadas, como não serem tóxicos nem patogênicos, mas capazes de sobreviver e agir em sítio alvo possuírem identificação taxonômica precisa, serem geneticamente estáveis e com viabilidade em altas populações (OLIVEIRA, 2007; MARTINS, 2009). As mais estudadas são as bactérias (principalmente às que pertencem ao gênero Lactobacillus e Bifidobacterium) e as leveduras, cuja função primária é reforçar a barreira das mucosas (CRAVEIRO; CRAVEIRO, 2003). Diversos estudos indicam o alívio nos sintomas da doença de Crohn, ou seja, os probióticos produzem efeito benéfico na imunidade intestinal, melhorando a atividade clínica da doença e prevenindo recidivas, além de também estarem associados a uma redução de risco de câncer de intestino, atenuação da intolerância à lactose e controle da diarréia aguda (FLORA; DICHI, 2006). 3.8.2 Prebióticos Por definição os prebióticos são alimentos não-digeríveis (principalmente carboidratos, como os frutooligossacarídeos e inulinas) que promovem a saúde do hospedeiro ao estimular seletivamente a proliferação e/ou atividade de uma bactéria ou um grande grupo delas que tenham atividade benéfica no trato digestivo, um exemplo são as fibras solúveis, que atuam como suporte nutricional para o crescimento das colônias (CRAVEIRO; CRAVEIRO, 2003; OLIVEIRA, 2007). 34 4 METODOLOGIA 4.1 Desenho do estudo (delineamento da pesquisa) Por ser um estudo de caso, sua natureza foi classificada como aplicada, pois como menciona Cervo, Bervian e Silva (2007), o investigador contribui para fins práticos em busca de soluções para um problema concreto, no caso estudado, as complicações da doença de Crohn em relação à alimentação. Ao considerar o tipo de pesquisa, tomaram-se por base os objetivos do trabalho, iniciando com a pesquisa descritiva, que interpreta e correlaciona os fatos para descobrir como o fenômeno ocorre e suas características, trabalhando com dados colhidos de uma própria realidade (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). Os dados foram coletados e registrados para o foco do estudo, sendo assim a forma caracterizada é de um estudo de caso, já que um determinado indivíduo que faz parte do universo da doença de Crohn foi estudado e interrogado sobre seu estilo de vida. Também se considera uma pesquisa exploratória, pois houve uma descrição de um caso patológico que solicitou um planejamento para considerar os diversos aspectos do problema. Os procedimentos técnicos foram iniciados com uma pesquisa bibliográfica, tendo em vista que qualquer área de estudo necessita de uma literatura prévia para a análise do tema. Com isso, procurou-se explicar o problema a partir de referências publicadas em livros e artigos científicos, buscando conhecer e analisar estas contribuições sobre o determinado tema. Com relação à abordagem e procedimento técnico são usadas as duas classificações redigidas por Leopardi (2002): qualitativa (apropriada para o interesse do foco, prevendo o contexto social no qual o evento ocorre) e quantitativa (usada em situações que exigem um estudo exploratório para um conhecimento mais profundo do problema ou do objetivo da pesquisa). Quanto ao período de tempo e investigação, considera-se como um estudo longitudinal, já que a pesquisa buscou encontrar a correlação entre observações dos mesmos aspectos ao longo de um período de tempo, usados 35 assim, para descobrir fatores de risco ou determinantes para a continuidade da doença. 4.2 População e amostra A pesquisa tratou-se de um estudo de caso específico, com um paciente do sexo masculino, 27 anos e diagnóstico de doença de Crohn, há cinco anos. O mesmo colaborou com informações ao longo da pesquisa, facilitando o andamento e os resultados. A amostragem foi não-probabilística e por conveniência, já que o paciente foi escolhido de acordo com a acessibilidade da pesquisadora. 4.3 Critérios de inclusão e exclusão Os critérios de inclusão consistiram em: paciente com diagnóstico da doença de Crohn, ausência de acompanhamento prévio com nutricionista ou orientações nutricionais e dieta específica e aceitabilidade por parte do indivíduo em participar da pesquisa (com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido – Apêndice I), bem como de ser submetido à intervenção nutricional. Já os critérios de exclusão consistiram na presença de acompanhamento nutricional com o portador e abdicação em participar da pesquisa. 4.4 Instrumentos de obtenção de dados Para obter as informações da pesquisa, inicialmente foi preenchida uma ficha de história global (ANEXO I), para adquirir dados clínicos, antropométricos, nutricionais e alimentares do paciente. 36 Posteriormente foi feita uma entrevista com perguntas pré – estabelecidas elaboradas pela pesquisadora (APÊNDICE II), que orientou-a a explorar o universo da doença de Crohn na vida do paciente em questão, podendo avaliar a história pregressa. Dados como peso, altura e circunferência abdominal, foram aferidos pela própria pesquisadora. Para isso utilizou-se: balança digital (marca Tech Line com capacidade de 180kg e graduação de 100g), estadiômetro (marca Sanny com graduação em milímetros) e fita métrica inelástica. Para dar continuidade, foi solicitado ao paciente três dias de registro alimentar (ANEXO II), com anotação de todos os alimentos e bebidas consumidas, bem como as quantidades, em dois dias de semana, e um dia de final de semana. Os dados foram repassados para o software de nutrição Dietwin, que promoveu a análise dos nutrientes presentes na alimentação do paciente pré - período de intervenção. Após a intervenção foi entregue um questionário ao paciente, adaptado de Pontes et al. (2004), com a tradução do “Inflammatory Bowel Disease Questionnaire” (IBDQ), um questionário desenvolvido nos Estados Unidos em 1988, que caracteriza a análise das alterações do estado de saúde dos pacientes com Doença Inflamatória Intestinal, dentre as dimensões de sintomas intestinais, sistêmicos, aspectos emocionais e sociais envolvidos. As perguntas selecionadas (APÊNDICE VII) serviram para a certificação dos fatos ocorridos durante a intervenção nutricional, a partir de relatos do paciente, servindo para finalizar a pesquisa e verificar os resultados obtidos. 4.5 Forma de obtenção de dados Os dados foram coletados na residência do paciente e em acordo com o mesmo houve um acompanhamento semanal, de acordo com sua disponibilidade. Os instrumentos de dados foram de única responsabilidade da pesquisadora, utilizados a fim de facilitar a conduta frente à pesquisa. 37 4.5.1 Período pré - intervenção Realizado durante o primeiro mês da pesquisa, partiu do preenchimento da ficha de história global, que ao conter dados de antropometria, com medidas de peso, estatura e circunferência abdominal, consistiu em técnicas de mensuração. Para aferir o peso o paciente estava vestido com roupas leves, sem sapatos e de pé sobre a balança com o peso do corpo igualmente distribuído em ambos os pés e olhar fixo para frente (WAITZBERG, 2002). Já para a estaura, o paciente foi colocado de pé com os calcanhares e joelhos juntos, braços soltos e posicionados ao longo do corpo, com as palmas da mão voladas para a coxas; ombros relaxados e olhar para frente, respirando profundamente, segurando a respiração e mantendo a postura ereta, para a avaliadora baixar a borda móvel até o ponto mais alto da cabeça, com pressão suficiente para comprimir os cabelos (MARTINS, 2008). Com os valores de peso e estatura foi possível classificar o paciente por meio do índice de massa corporal (IMC), de acordo a WHO (1998), com o resultado definido a partir da razão do peso corporal total em quilogramas pela estatura elevada ao quadrado expressa em metros. O resultado classifica-se como: <18,5 baixo peso; 18,5 a 24,9 eutrofia; 25 a 29,9 sobrepeso; 30 a 34,9 obesidade grau I; 35 a 39,9 obesidade grau II; > 40 obesidade mórbida. Já a circunferência abdominal, como descreve Marim; Navarro (2007), diagnostica risco aumentado de complicações metabólicas associados a obesidade. Para a coleta utilizou-se uma fita métrica inelástica, medida na prega horizontal adjacente à cicatriz umbilical, com o avaliado em pé e com os músculos abdominais relaxados e respirando calmamente (MARTINS, 2008). O resultado foi classificado segundo Marim; Navarro (2007), que fazem alusão à IV Diretriz segundo critérios recentes da Federação Internacional de Diabetes, tendo risco cardiovascular aumentado em homens com circunferência abdominal superior a 90 cm. Esta medida foi escolhida devido a um sintoma muito comum na DC, a distenção abdominal. Além dos dados antropométricos, questionou-se a parte clínica da doença e fatores alimentares do paciente, tendo como complemento uma entrevista que 38 permitiu a troca de informações a fim de investigar a história completa da doença no paciente, desde sintomas iniciais até o atual quadro patológico. Ao anteceder a intervenção nutricional, o paciente fez três dias de registro alimentar, cujo resultado serviu para maior potencial de análise dos hábitos alimentares. Este registro fora escolhido por não se basear na memória do indivíduo, fornecendo informações detalhadas e fidedignas, a fim de esclarecer segundo Martins (2008), sua ingestão atual e comparação do consumo médio de nutrientes de diferentes grupos. Para isso, o treinamento prévio com o indivíduo, associado à explicações de medidas caseiras e quantidades dos alimentos, foi necessário para minimizar possíveis falhas ao preencher o diário alimentar. Para analisar os registros alimentares, utilizou-se o programa de cálculo Dietwin, uma linha de softwares de nutrição, capaz de calcular todas as refeições com seus devidos alimentos em medidas caseiras a fim de descobrir a quantidade de energia, carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e minerais ingeridas pelo paciente em seus dias habituais. 4.5.2 Intervenção nutricional Com dois meses de visitas semanais ao paciente, pode-se aplicar e acompanhar a mudança dos hábitos alimentares no cotidiano deste. Ao observar a atual alimentação através dos registros alimentares, elaborou-se orientações individualizadas, considerando as necessidades especiais relacionadas à DC e os sintomas apresentados pelo paciente através da entrevista. Essa educação nutricional foi feita em forma de folder (APÊNDICE III), uma conduta que objetivou iniciar a mudança para uma alimentação saudável e equilibrada. Ao continuar os encontros semanais foi possível auxiliar as alterações na alimentação do paciente, sendo assim, para concretizar essas mudanças, foi oferecido como complemento três exemplos de dietas, uma para finais de semana (pois os horários eram mais alternativos) e outras duas para dias de semana habituais. A elaboração destas foi feita de acordo com as necessidades nutricionais do paciente, adaptando horários e alimentos ao seu estilo de vida e à DC. 39 De forma a complementar os nutrientes da dieta, foi sugerido a inclusão de alguns alimentos que tendem a auxiliar a vida do paciente, já que são possíveis contribuintes para a doença de Crohn, pois contém entre outros, ômega 3, fibras solúveis e cálcio, com efeitos antiinflamatório e de assistência ao organismo. Para isso as necessidades de energia, macro e micronutrientes foram definidas de acordo com a literatura (conforme especificado na fundamentação teórica). Assim, inicialmente foi feito o cálculo do IMC com o peso atual do paciente, classificando-o como sobrepeso. Em virtude deste resultado foi calculado o IMC com o peso teórico, definido a partir do IMC médio desejável para homens eutróficos entre os valores mínimo e máximo de IMC: 18,5 e 24,9. Sendo assim, o valor convencionado de IMC 22 foi multiplicado pela estatura ao quadrado do paciente, encontrando o peso teórico de 62kg, utilizado para encontrar o Valor Energético Total (VET) necessário ao paciente. Então através da literatura recomendada por Waitzberg (2002), Lameu (2005) e Flora; Dichi (2006), aplicou-se 35kcal/kg/dia, resultando em um VET de 2170 kcal (35kcal x 62kg), que serviu para perda de peso em virtude deste peso teórico. Para os cálculos dos macronutrientes, utilizou-se a conduta nutricional para portadores de DII a partir dos relatos de Caruso (2005), associados às recomendações específicas de Reis (2003), que visa um bom aporte de vitaminas e minerais para o manejo da Doença de Crohn, calculando assim uma dieta: • Hipolipídica, com 20% de lipídeos, resultando em 434 kcal (48,22g). Aliada à recomendação de colesterol <200 mg/dia, gordura saturada <10%, Monoinsaturada até 20% e Poliinsaturado até 10% de Marim; Navarro (2007), sendo o ômega 3 com indicação de 3g/dia, de acordo com Caruso (2005). • Normo – hiperprotéica, que favorece a manutenção tecidual e ajuda na reepitelização e na cicatrização da mucosa, sendo recomendada a preferência de carnes brancas, por conter menor concentração de purina, excitante de mucosa, e tem melhor digestibilidade. Para isso usou-se 1,2g/kg/dia resultando em = 1,2g x 62kg = 74,4g (297,6 kcal), sendo 13,71% do VET. • Carboidrato = resultou-se do total de porcentagem dos lipídeos (20%) e proteínas (13,71%), diminuídas de 100% do total de energia, 40 permanecendo com 66,29%, ou seja 1438,49 kcal, com 359,62g. Priorizam-se os carboidratos complexos, porém as fibras tiveram o mínimo da recomendação, 20g/dia e foram modificadas por cocção, principalmente as verduras cruas que aumentam a secreção ácida. Objetivou-se dar ênfase às fibras solúveis, pois além de serem carreadoras de sódio e colesterol, constituem ótimas fontes para as células intestinais e menor conteúdo de insolúveis, para auxiliar no controle de possíveis eventos diarréicos. • Adequada em Vitaminas: com valores adquiridos da ingestão dietética de referência da Dietary Reference Intakes (DRIs): A = 900 mcg, E = 15 mg, C = 90 mg, B12 = 2,4 mcg e Folato = 400 mcg. • Adequada em Minerais: foram adquiridos os valores de ingestão dietética de referência da Dietary Reference Intakes (DRIs): Ferro = 8mg, Cálcio = 1000 mg, Magnésio = 400 mg, Zinco = 11 mg, Sódio = 1,5 g, Potássio = 4,7 g e Fósforo: =700 mg. De modo a auxiliar e evitar a monotonia dos alimentos e refeições nos dois meses de intervenção foram ofertadas algumas receitas (Apêndice V) para serem consumidas pelo paciente, tendo garantia da ingestão de alimentos saudáveis e não prejudiciais à saúde, quando relacionados à patologia. Para garantir os resultados, as orientações nutricionais eram reforçadas semanalmente, assim como observações do segmento das mesmas pelo paciente através da retirada de dúvidas, bem como a avaliação de seus sinais e sintomas através de determinados alimentos e suas quantidades consumidas. 4.5.3 Avaliação pós – intervenção Ao encerrar a intervenção nutricional, verificaram-se os atuais dados antropométricos do paciente, a fim de averiguar se a perda de peso foi considerável, tanto a partir da mudança no valor de IMC, quanto da circunferência abdominal, ou seja, se o paciente modificou seu quadro de sobrepeso e risco do cardiovascular. Outro critério incluído na avaliação pós – intervenção foi a reeducação alimentar como forma auxiliadora ao tratamento da doença de Crohn. Para certificar 41 os resultados alcançados, foi redigido um questionário que certificou a pesquisa, pois o paciente descreveu como a mudança de hábitos alimentares refletiu na sua qualidade de vida, através da melhora dos sintomas. Sendo assim foi possível selecionar algumas perguntas que se encaixavam no perfil da atual pesquisa a fim de obter do paciente os novos ajustes pós – intervenção. Contudo buscou-se verificar o modo como as orientações individualizadas atuaram em relação e associação às mudanças de hábitos alimentares, buscando resultados positivos a partir da funcionalidade da nutrição. 4.6 Forma de análise dos dados Segundo Marconi e Lakatos (2008), evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e seus fatores é o objetivo da análise de dados. Para isso, os dados antropométricos do paciente foram utilizados a fim de descobrir a classificação de IMC e circunferência abdominal, assim como as necessidades energéticas, ou seja, seus valores de macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídeo) e micronutrientes (vitaminas e minerais) em níveis adequados ao sexo, idade e quadro clínico do paciente, comparando também com o encontrado nos registros alimentares, observando se o consumo habitual estava dentro das necessidades requeridas pela patologia. Ao final da intervenção, realizou-se uma nova análise de peso e circunferência abdominal a fim de avaliar a mudança do perfil antropométrico, além da melhora do quadro clínico através das respostas do questionário, que especificaram a mudança de sintomas e qualidade de vida do paciente. 4.7 Aspectos éticos Por envolver um ser humano, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense 42 (processo número 358/2008) aprovado em seus aspectos éticos e metodológicos, de acordo com as Diretrizes e Normas Internacionais e Nacionais no dia 16 de dezembro de 2008. Com isso o paciente que se dispôs a participar da pesquisa, assinou um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice I), que preservou sua identidade ao longo do trabalho apresentado, a fim de manter sigilo sobre a apresentação de seus dados pessoais. 4.8 Limitações do estudo Uma característica resultante foi a impossibilidade de generalização, já que por estudar unicamente um caso, não necessariamente representou a totalidade de uma população, sendo difícil compará-la a outros estudos, já que em relação ao proposto, há poucos casos relatados em forma de estudo de caso. O estudo feito foi útil para pesquisa exploratória, porém foi inverso para pesquisas conclusivas, pois não permitiu generalizações, já que não foi representativa da população, justamente por se tratar de uma única pessoa. 43 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Caracterização da amostra Paciente G.D.I, sexo masculino, 27 anos, casado, terceiro grau completo, trabalha em um escritório como Administrador no setor de vendas e possui diagnóstico de doença de Crohn, há cinco anos. 5.2 Histórico da doença O paciente possui história familiar, avó materna e mãe, com gastrite crônica e enfermidades passadas, como meningite na infância e apendicite retirada através de cirurgia meses antes de diagnosticar a doença de Crohn. Aos 22 anos, apresentou dor abdominal, diarréia, falta de apetite, náuseas, mal-estar, fraqueza, vômito e aumento do volume abdominal, realizando diversos exames para descobrir a causa dos sintomas. Em apenas um mês o paciente se consultou em quatro diferentes médicos, dois clínicos gerais da cidade de Criciúma e dois gastroenterologistas, um de Porto Alegre e outro de Curitiba, não obtendo sucesso no diagnóstico. Todavia, foi indicado a um clínico com especialidade em Doença Inflamatória Intestinal da cidade de Criciúma. Este ao ter conhecimento dos sintomas pediu os mesmos exames de sangue que os médicos anteriores, além de uma ultrasonografia, com visualização prejudicada pelo excesso de líquido e gás, descobrindo assim, a apendicite, que por estar em situação grave, foi operado imediatamente. Após um mês da cirurgia as fortes dores abdominais voltaram devido a decorrência de gastrite aguda, além de anemia. O tratamento foi baseado em sulfato ferroso (três comprimidos por dia durante um mês, melhorando e mantendo o hematócrito) e omeprazol (antes das três principais refeições do dia). Há diversos casos envolvidos nas deficiências nutricionais, um muito comum é a anemia, presente em 54 – 80% dos pacientes com DII (CAMPOS F. G et 44 al., 2002). De encontro com isso, um estudo realizado com 43 pacientes com DII, sendo 72,1% com DC, internados no Hospital Universitário do Rio de Janeiro no período de 2001 a 2004, constatou que 69,8% dos portadores apresentaram anemia, sendo mais frequente em pacientes com DC (ELIA et al, 2007). Contudo, em quatro meses o paciente relatou uma perda de 8 kg, chegando aos 60 kg. Segundo Hawthorne (2005), o diagnóstico demorado contribui para a queda do estado nutricional, sendo o peso um indicador excelente da condição geral da doença. Assim suspeitou-se de Doença de Crohn (DC) ou Retocolite Ulcerativa inespecífica (RCUI), visto que como o estômago já estava protegido pelo remédio ingerido, a causa da dor poderia ser do intestino. Com a colonoscopia, tomografia computadorizada do abdômen e exame radiológico de trânsito intestinal foi confirmada a DC, pois havia lesões descontínuas e penetrantes, de localização íleo-cólica, estando, de acordo com o médico, na fase moderada da doença. Estes exames são de importância central no diagnóstico da DC, pois de acordo com Kotze (2004), a colonoscopia faz um estudo de todos os segmentos do cólon e reto, a tomografia computadorizada define a anatomia e cavidades da doença e o trânsito intestinal detalha o íleo terminal sob fluoroscopia, sendo o intestino delgado comprometido em mais de 90% dos pacientes. O resultado observado no paciente foi de encontro com o estudo de Dewulf et al. (2007), que em sua amostra de 26 pacientes portadores da DC, encontrou predomínio na mesma região (46,2%) e também de forma penetrante (53,8%), porém com um menor caso de doença em atividade (15,4%) tendo a remissão como predomínio (80,8%). Assim como o estudo prospectivo de Elia et al (2007), que demonstrou maior incidência de doença de Crohn (72,1%), por ser de evolução clínica mais agressiva se comparada à RCUI, com localização íleo-colônica (60%) e de comportamento penetrante (77,4%). O laudo médico ainda apontou presença de uma estenose, complicação comum na DC, caracterizada por obstrução intestinal, com redução de calibre, gerando cólicas, distensão e náuseas pós-prandiais, intercaladas a episódios mais graves (BRITO, FILGUEIRA, LIBERATO 2007), e fístulas perianais, as mais comuns que ocorrem em 15 a 35% dos pacientes, causando perda de nutrientes, dor, desconforto e infecção. Atualmente a Azatioprina, serve como opção terapêutica, devendo, então, deixar a opção cirúrgica para os casos onde ocorra insucesso da 45 terapêutica medicamentosa, ou quando existir associação com outra complicação, tal como abscesso ou infecções (STEINWURZ, 1999; GONÇALVES, COELHO, AMARANTE, 2005; BRITO; FILGUEIRA; LIBERATO, 2007). Quanto às manifestações orificiais, foi observado que a incidência varia de 20% a 33% dos pacientes com doença de Crohn (FEIJÓ, KNOLLER, MACARIELLI, 2005). O médico caracterizou a causa e origem da etiologia como um fator imune pela falta de dois genes que impedem a morte de uma bactéria alojada no intestino, sendo assim, o organismo não combate contra este agressor. Kotze (2004), confirma a etiopatogênese, pois o problema básico parece ser um estímulo na mucosa intestinal, em um indivíduo geneticamente predisposto, seguido de uma resposta de sistema imune isenta de autocontrole, com isso Feijó, Knoller, Macarielli (2005), ainda citam que pesquisadores acreditam na hipótese de um defeito no sistema imunológico, em que os anticorpos do próprio organismo ataquem o cólon, tendo também a causa de um microorganismo não identificado seja responsável pela doença. Com este diagnóstico, foram feitos testes de intolerância à lactose e glúten, onde o resultado mostrou-se negativo. Porém, quando houvesse crises de dor, o médico recomendou evitar leite e derivados, pois poderia desencadear azia. Já a cafeína (possível irritante da mucosa intestinal) e o glúten ficaram sem restrição. Com relação à exacerbação de sintomas, como enjoo forte, inchaço e cólica, havia maior gravidade quando associado à má alimentação, pois o paciente relatou excesso de gases e ingestão dificultada, causando, algumas vezes, vômitos. Em decorrência destes episódios, havia um receio em comer, pois já consciente, sabia da dor. Além destas, havia conseqüências extra-intestinais, como eritema nodoso (nódulos dolorosos e avermelhados), aftas na boca (raramente), episclerite (inflamação no tecido que cobre o branco dos olhos: sempre, com coceira no olho) e uveíte (inflamação intra-ocular, fotofobia, lacrimejamento excessivo). De acordo com Hawthorne (2005), eritema nodoso e uveíte são as manifestações mais comuns. Para início de tratamento, o médico indicou 14 comprimidos diários: 6 Pentasa (2 a cada 8 horas = 500 mg cada), 1 Antidepressivo (noite, 25 mg), 3 Sufassalasina (1 a cada 8 horas = 150 mg cada), 1 Corticóide – Meticortém (manhã, 46 25 mg) e 3 Ciprofloxacino (1 a cada 8 horas = 250 mg cada). Após uma semana os remédios surgiram efeito e a dores diminuíram, mas ao mesmo tempo surgiram efeitos colaterais, como aumento de peso (passando dos 60 kg para 80 kg em um ano), dificuldade de realizar atividades físicas (o esforço era impedido pelas dores intestinais, ficando assim dois anos sem praticar exercícios), pele oleosa, inchaço na região abdominal e formigamento nas extremidades dos dedos. Com o declínio das dores, o tratamento medicamentoso diminuiu gradativamente. Há seis meses, já na fase leve-moderada, o paciente se trata com Azatioprina em duas doses diárias de 50mg, que segundo a Kotze (2004), é capaz de induzir a remissão clínica em até quatro anos de uso. Segundo a pesquisa de Dewulf et al (2007), esse medicamento foi o mais relatado de consumo (42,4%) em portadores de DC. Para acompanhar o percurso da doença, o paciente realiza semestralmente exames com hemograma completo, funções pancreáticas e hepáticas, além da endoscopia, colonoscopia, verificação do trânsito delgado (sulfato de bário = raio x para contraste do intestino) e ultra-som (acúmulo de gases) uma vez por ano. Porém após os coquetéis de remédios, o paciente não voltou a emagrecer, considerando seu apetite bom e sem mudanças desde o início do tratamento medicamentoso. Por este conceito não segue uma dieta especial para a patologia e nunca se consultou com um nutricionista. Os dados alimentares, obtidos através do registro alimentar, mostram uma alimentação habitual com arroz, feijão, carne (geralmente frita), peixe, legumes cozidos, farinha de mandioca, banana, sorvete, maionese industrializada, pão francês, bolos, doces, café, mortadela, pastel frito e melancia, com aversões à preparações grelhadas e arroz integral e intolerâncias à tomate, alface, couve-flor, melão, mamão e goiaba. Como cita Mahan, Escott-Stump (2005), em uma avaliação subjetiva de 375 pacientes com doença gastrointestinal, as reações adversas a alimentos ocorreram em 32% dos pacientes, porém apenas 3,2% apresentaram alergias alimentares confirmadas, com alimentos consistentemente responsáveis por sintomas como gases, inchaço e diarréia. O paciente mora com a esposa que prepara suas refeições, sendo assim, raramente alimenta-se fora de casa, mas quando não está em sua residência, tem 47 preferência em massas e churrascos. Sua ingestão hídrica é baixa, com três copos por dia, uma média de 600 ml/dia, não fuma, mas o uso do álcool é presente na cerveja (em média 6 latas aos finais de semana) e vinho (2 taças por final de semana). Para evitar desidratação, Escott-Stump (2007), recomendam uma grande reposição de líquidos, que auxiliam tanto na prevenção de desequilíbrios hidroeletrolíticos, quanto à presença de diarréia. Seus hábitos intestinais são baseados em duas evacuações pastosas por dia, com exacerbação na forma de diarréia geralmente uma vez por semana ou em períodos de crise. Realiza atividade física duas vezes por semana, pois a doença está mais controlada. Há seis meses as fortes dores abdominais o impediam de se exercitar. Por isso, atualmente, o futebol é bem controlado, sendo praticado apenas na ausência de maiores sintomas e no máximo duas vezes por semana. 5.3 Período pré - intervenção Ao constatar, a partir dos relatos da entrevista, a ausência de um equilíbrio nutricional por parte da alimentação do paciente, confirmou-se através dos três registros alimentares a irregularidade de sua nutrição, com horários pouco intercalados das refeições, ficando muito tempo sem comer e ocasionando um maior volume na refeição posterior, além de diferenças significativas do valor calórico total dos três dias, sendo um com 1875,15 kcal, outro com 2659,03 kcal e o último com 2862,19 kcal, significando uma média de ingestão calórica maior que sua necessidade e consistindo no ponto base da conseqüência do sobrepeso, sendo assim, caso os outros dias da semana seguirem o mesmo exemplo do cardápio apresentado, o paciente corre o risco de cada vez mais aumentar seu peso. Ao comparar os macro e micronutrientes ingeridos pelo paciente com o valor recomendado pela literatura, observa-se um alto consumo de alimentos fonte de gordura, principalmente saturada e trans, sendo presente rotineiramente na preparação de alimentos fritos ou através de produtos industrializados, que geram constantes dores abdominais e azia, além de um baixo consumo de carboidratos, 48 porém em análise qualitativa se observa um excesso de carboidrato simples, que de acordo com o paciente determina na presença de gases. O insuficiente consumo de frutas e verduras levou a um baixo valor de vitaminas e minerais, principalmente as vitaminas A e C, potássio, zinco e magnésio. O contrário ocorreu com o sódio, sendo o consumo excessivo de sal, responsável pela retenção de líquidos e desconforto abdominal no paciente. Vale lembrar que a deficiência de algumas vitaminas e minerais pode ocorrer devido ao fato das fontes destes nutrientes se apresentarem em sua maioria na forma crua, o que não é recomendado para o paciente com Crohn, como relata Raouf e col apud Waitzberg (2002), que estudaram detalhadamente um caso durante quatro anos, introduzindo e retirando diversos alimentos, verificando efeito desfavorável ao paciente quando se introduziam vegetais verdes e alaranjados crus. De acordo com Mahan, Escott-stump (2005) resultados dos estudos mostram que fatores dietéticos errôneos são comumente observados antes das exacerbações da doença, estes incluem a ingestão aumentada de sacarose, ausência de frutas e hortaliças e baixa ingestão de fibra dietética, refletindo em uma dieta com pouca qualidade e que tende a aumentar a suscetibilidade geral do TGI ao processo de doença. Sendo assim, ao comparar o resultado da atual ingestão alimentar com a necessidade energética total, calculou-se a porcentagem de adequação, que apresentou um desequilíbrio do consumo de macro e micronutrientes. Este fato pode explicar os resultados da avaliação antropométrica, que resultou em 1,68 m de altura e 73,4 kg, encontrando IMC 26 kg/m² com classificação de sobrepeso e 93 cm de circunferência abdominal, categoria esta de risco cardiovascular aumentado. Esse excesso de peso resultante do padrão alimentar leva à um acúmulo de gordura corpórea, tradicionalmente diagnosticado pelo IMC que apresenta uma boa correlação com a gordura corporal e associações metabólicas relacionadas à obesidade, além da circunferência abdominal, que expressa a concentração de gordura e é apontada como importante preditor de risco para doenças cardiovasculares (OLIVEIRA et al., 2009). Porém o resultado obtido nas medidas antropométricas foi em desencontro com os relatos de Mahan, Escott-Stump (2005), que apontam a desnutrição em DC como fator que tende a permanecer para toda a vida, sendo a perda de peso presente em 60 – 70% dos pacientes contra 20 – 50% da RCUI. 49 Assim como os estudos de Gibney (2007), que consta a prevalência de desnutrição de 20 – 85%, sendo essa ampla faixa devido ao fato de que a maioria dos estudos considera em conjunto a DC e a RCUI, bem como pacientes hospitalizados. Estes resultados auxiliaram a conduta da pesquisadora na intervenção nutricional, pois como observado, o paciente estava em desequilíbrio nutricional, pois de acordo com o mesmo, a alimentação não era controlada, sendo a influência medicamentosa responsável pelo cuidado da doença. Ao expor o resultado da alimentação ao paciente, comparou-se a atual ingestão alimentar com seus sintomas, relacionando a exacerbação de sinais clínicos, com o excesso de gases, distensão abdominal, diarréia, náusea, mal estar e dor abdominal a partir do alto consumo de alimentos fermentativos, gordurosos e de difícil digestão. 5.4 Intervenção nutricional Com o intuito de reverter o quadro clínico, tanto em relação ao estado nutricional quanto dos sintomas apresentados pelo paciente, o tratamento dietoterápico foi de encontro com a intenção de aperfeiçoar o plano alimentar do avaliado a partir da intervenção nutricional de acordo com as necessidades requerias pela doença de Crohn. Sendo assim os encontros semanais serviram para a mudança gradativa dos hábitos alimentares, para deste modo auxiliar, melhorar e adaptar a dieta ao cotidiano do paciente, mantendo a consciência em relação à alimentação como suporte de controle da doença. Com esta proposta, o paciente aceitou participar do estudo com a expectativa de ter a nutrição como aliada e contribuinte na recidiva dos sintomas, evitando possíveis crises através de escolhas certas dos alimentos. Com a entrega de um folder educativo com recomendações de como iniciar e transformar a rotina alimentar, o paciente foi orientado a realizar segundo Mahan, Escott-Stump (2005) e Leão, Gomes (2007), cinco a seis refeições ao dia e em pequenas quantidades, mastigar bem os alimentos, sendo fundamental para uma boa digestão, hidratar-se bem, consumindo pelo menos 2 litros de água por dia, 50 que contribuem para a detoxificação, porém evitando a ingestão de líquidos às refeições, já que os líquidos em demasia diluem os sucos digestivos prejudicando a digestão, consumir alimentos ricos em ácidos graxos poliinsaturados Ômega-3, preferir alimentos ricos em fibras solúveis, evitar alimentos com alto teor de lactose, na fase aguda ou com presença de diarréia, reduzir a quantidade de gorduras e frituras, já que tendem a piorar a diarréia, cuidar com a ingestão excessiva de alimentos fermentativos, pois podem aumentar a formação de gases e cólicas e praticar atividade física regularmente, mas com orientação do médico, limitar o consumo de alimentos ricos em açúcar branco e doces em geral, condimentos, fibras insolúveis, café, refrigerante, chocolate, álcool e alimentos industrializados. A partir de então, para auxiliar nesta base de intervenção, foi ofertado ao paciente exemplo de três dietas (APÊNDICE V), que continham alguns novos alimentos que de acordo com literaturas, possivelmente contribuíam no tratamento de Crohn, estes, selecionados pela pesquisadora, visando a melhora do quadro da doença, já que com a presença de nutrientes específicos seria possível controlar e verificar além da aceitação, a ação no organismo. O objetivo de introduzir novos alimentos ao cotidiano do paciente foi oferecer nutrientes específicos que, de acordo com o resultado do recordatório alimentar, ou seja, estavam em baixa na alimentação do paciente. Sendo assim, ao elaborar os três guias de dieta, a pesquisadora inicialmente refletiu sobre o baixo consumo de cálcio, para isso incluiu a semente de gergelim, pois além de ser largamente usada como tempero, constituí-se em uma rica fonte de ácidos graxos insaturados, como oléico (47%) e linoléico (41%), além de ter propriedades monoinsaturados, antioxidantes, vitamina E, folato, ser rico potássio, em proteína, zinco, ácido magnésio e graxo cálcio (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2009). Em relação ao ômega 3, foi incluída na alimentação a castanha-do-pará, por ser uma semente rica em lipídeos, com aproximadamente 70% em sua composição, porém com maior proporção de ácidos graxos mono e poliinsaturados, ou seja, grande fonte de ômega 3 e também rica em proteína, com 20% e a linhaça, uma semente composta por 57% de ácido graxo ômega 3, essencial para o funcionamento normal das células, mineiras, vitaminas e fibras. Contém lignana, uma fibra solúvel que ajuda a limpar o aparelho digestivo, liberando toxinas e gorduras (SPINI et al., 2006; COLPO, 2006). 51 Os grãos de aveia, por terem um dos mais altos teores protéicos dos cereais, ou seja, com boa composição de aminoácidos acompanhada de uma boa digestibilidade, também foi inclusa na alimentação do paciente. Contém fibras solúveis e é um excelente modulador da absorção de carboidratos e gordura no intestino. A literatura referencia critérios para determinação de um alimento funcional, como exercer ação metabólica ou fisiológica que contribua para a saúde física e para a diminuição de morbidades crônicas, podendo este alimento ter funções que possam ser atribuídas à DC, como aumento da imunidade, melhora da função intestinal e prevenção da osteoporose (HASS; FRANCISCO, 2007). Já o azeite de oliva foi proposto para uso diário nas saladas por ser fonte de ácido graxo monoinsturado, cujos estudos mostram efeito terapêutico de promoção da digestão por ser facilmente absorvido pelo organismo, metabolismo estimulado com redução dos níveis de colesterol, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares, rico em vitamina E, um antioxidante que combate radicais livres para não destruir células e tecidos (CRAVEIRO; CRAVEIRO 2003). 5.4.1 Fatos ocorridos durante a intervenção nutricional Durante os dois meses de intervenção, o paciente fez o chamado “diário da dieta”, já que por meio de relatos durante a semana sobre novos alimentos consumidos ou exclusão de alimentos sintomáticos, descreveu as respostas do organismo quanto à nova alimentação empregada. Na primeira semana, em desencontro com a recomendação da pesquisadora em relação ao feijão, que é um alimento fermentativo, o paciente comeu quatro conchas de feijão, ficando com distensão abdominal, sentindo o estômago irritado e coceira nas pernas durante o dia, ocasionando feridas e pele mais ressecada. Começou a usar azeite de oliva nas saladas e incluiu castanha-dopará no dia-a-dia. Ao comer carne de porco (lingüiça e costela) e carne salgada (charque), se sentiu muito enjoado, com o estômago pesado e sensações de que o alimento não processava, ocorrendo falta de ar ao dormir. Já na segunda semana, diminuiu consideravelmente a quantidade de feijão, ingerindo apenas uma concha com poucos grãos e mais caldo, pois sente 52 menos sintomas durante o dia, diminuindo consideravelmente o inchaço e a distensão abdominal da semana anterior. Aumentou o consumo de frutas, porém ao ingerir kiwi, sentiu irritação no estômago, com dor abdominal e desconforto gástrico, provavelmente devido à acidez da fruta. Jogou futebol, forçando bastante a musculatura originando dores na região do intestino. Na terceira semana ao almoçar três vezes em restaurante, comeu uma maior quantidade de arroz, feijão e carne frita, apresentando exacerbação das dores abdominais, tipo cólica. Ao final do primeiro mês o paciente não observou perda de peso, porém percebeu alteração na circunferência abdominal, principalmente ao jogar futebol, pois adquiriu mais habilidade. Acrescentou gergelim na salada, junto ao azeite de oliva, além de comer bolachas salgadas com gergelim no lanche da manha, sem apresentar sintomas. Sentiu-se muito bem, com poucas dores abdominais. Notou que as frutas lhe fazem bem, não causando dores e auxiliam na saciedade. Na quinta semana incluiu a linhaça na vitamina e na preparação de um bolo. No almoço comeu duas conchas cheias de feijão, sentindo azia o dia inteiro. Na sexta semana acrescentou uma colher de sopa de aveia em flocos na vitamina de banana, além da linhaça. Sentiu-se leve, tanto no exercício quanto na hora de dormir. Na sétima semana deixou de seguir as orientações nutricionais, pois era seu aniversário, então almoçou e jantou fora, com uma maior quantidade de comida, comendo mais feijão e tomando mais café e chope. Com isso, apresentou aumento do volume gástrico e teve muito desconforto abdominal, cólicas e dificuldade em dormir. Na última semana viajou, ficando fora de casa quatro dias, em virtude disso almoçou e jantou em restaurantes e churrascarias, sentindo muita azia, dores e enjôos devido a quantidade aumentada de comida ingerida e à quantidade de gordura presente nos alimentos. Aumentou o consumo hídrico. A cada semana as orientações alimentares eram reforçadas, com eventuais correções de falhas da mesma durante o andamento (como foi o caso do feijão, chope, preparações fritas), para seguir uma adequada mudança de hábitos alimentares a fim de obter êxito nos resultados. 53 5.5 Resultados pós – intervenção Ao término dos dois meses de intervenção, o paciente realizou uma nova avaliação antropométrica, com aferição de peso e circunferência abdominal. Obtevese um resultado muito positivo em relação ao perfil antropométrico, sendo que o mesmo apresentou uma perda de 4,3 kg em relação ao peso inicial e 9 cm de circunferência abdominal. O resultado comparativo pode ser observado no Quadro 3: Quadro 3: Comparação Antropométrica Pré e Pós Intervenção Nutricional Pré – intervenção Pós – intervenção Peso (kg) 73,4 kg 69,1 kg IMC 26 (sobrepeso) 24 (eutrofia) Circunferência abdominal (cm) 93 cm 84 cm Esta rápida evolução foi possível graças à dedicação do paciente, que através das orientações nutricionais mudou seu estilo de vida para uma melhor convivência com a doença de Crohn. A reeducação alimentar é um objetivo difícil de ser alcançado por pessoas com excesso de peso, por alterar seus hábitos de vida. Entretanto, a redução de 1 a 2 kg, em um a dois meses, já traz benefícios a saúde, como pode ser comprovado em publicações recentes. Portanto a dietoterapia é considerada uma forma eficaz de tratamento, reconhecida por diversos estudos nacionais e internacionais, não só referente a perda de peso na obesidade e na síndrome metabólica, como na reabilitação de outras patologias (KLACK, CARVALHO, 2008). Porém no início, a dieta não teve boa aceitabilidade, pois até o organismo se adaptar ao novo estilo de vida, sentiu fome e algumas vezes desconfortos abdominais. No entanto uma semana depois melhorou. Há dificuldades em relação à alimentação, pois os pacientes sentem falta dos alimentos anteriormente permitidos e se desanimam frente às restrições alimentares impostas pela doença (SARLO, BARRETO, DOMINGUES, 2008). Ao seguir as orientações nutricionais presentes no folder, o paciente obteve auxílio na mudança de hábitos alimentares, pois antes da intervenção nutricional se alimentava poucas vezes ao dia, entre 3 e 4 refeições em grandes 54 porções, com excesso de feijão, baixa quantidade de verduras durante as refeições e raro consumo de frutas, pois algumas delas proporcionavam inchaço e desconforto abdominal. Para ele a nutricionista teve papel fundamental no esclarecimento sobre a ingestão das frutas, pois com a escolha certa destas, pode-se acrescentar outras no cotidiano, como a maçã sem casca, melancia e pêra, além da banana. Assim passou a ingerir uma fruta após o almoço e outra na ceia, principalmente na forma de vitamina. Como a fibra solúvel é a mais indicada (Leão, Gomes, 2007), a dieta rica com essa fonte de nutriente não causou sintomas comuns da DC, pois ao incorporar o gergelim nas saladas cozidas e aveia em flocos e linhaça nas vitaminas de fruta, o paciente se sentiu bem, relatando uma sensação de “leveza”. A dieta serviu como promotora de consumo saudável, de acordo com as recomendações feitas por diversos autores, já descritas no trabalho, como consumo de azeite de oliva extra-virgem durante as refeições, maior ingestão de leite, por não apresentar intolerância, sendo este semi-desnatado ou desnatado, lanches matutinos e vespertinos, com presença de bolacha e sucos naturais e maior consumo hídrico. Ao adotar as orientações, notou um significante auxílio na prática esportiva, pois diminuiu consideravelmente a distensão e o desconforto abdominal, proporcionando assim um melhor desempenho para correr e se movimentar, contribuindo também para o rendimento no trabalho, pois como trabalha sentado, sentiu diferença em relação ao desconforto. Um estudo realizado no Ambulatório de Gastroenterologia do Hospital São Paulo nos meses de março e abril de 2007, ao qual participaram oito paciente com DC, relatou que as complicações advindas da doença, giraram em torno principalmente da alimentação, que se alterou devido ao medo de sentir dores, porém com um aspecto positivo, pois os portadores começaram a se alimentar de uma forma mais saudável e a praticar esportes, fazendo assim a prevenção de complicações, associada a uma visão otimista da doença e de seu futuro (SARLO, BARRETO, DOMINGUES, 2008). Em relação à alteração de sintomas, pode-se observar através do Quadro 4 as principais mudanças no decorrer da intervenção: 55 Quadro 4: Principais Mudanças nos Sinais e Sintomas Observados no Período Pós – intervenção Nutricional. Sinais/sintomas pré - intervenção Resultados pós - intervenção Dor abdominal Controlado Mal-estar Controlado Febre Ausente Diarréia Ausente Eritema nodoso Presente Sobrepeso Eutrofia A frequência das evacuações permaneceu a mesma, cerca de duas vezes ao dia, no início da manhã e início da tarde, sem interferência. Antes da intervenção nutricional o paciente apresentava muitos episódios de cólica e diarréia, atrapalhando no convívio social, visto que já chegou atrasado ao trabalho e até mesma faltou. Após o período da intervenção, não deixou de ir ao trabalho por problemas intestinais ou outro motivo da doença, diminuindo muitos os episódios de diarréia. Poucas vezes se sentiu cansado, mas quando ficava, acreditava ser devido ao medicamento que toma “Azatioprina”. O apetite não se modificou, porém excluiu ou diminuiu consideravelmente os alimentos sintomáticos, como a alta quantidade ingerida de feijão, anteriormente consumida com quatro a seis conchas por dia durante cinco vezes na semana, sendo que atualmente ingere somente o caldo e poucos grãos em uma concha de feijão, além da redução de bolachas recheadas e salgadinhos industrializados, relatando que hoje em dia não faz falta e a redução de alimentos e preparações gordurosas, sendo substituídas por assados ou cozidas. Comprovando o ocorrido, Rocha; Santos (2009), evidenciam que dietas ricas em gorduras podem agravar os episódios diarréicos na doença de Crohn. Como não têm sentido grande mal-estar, sem crise forte neste ano, sua visita ao médico diminuiu, sendo de seis em seis meses. Em comparação, ano passado apresentou duas crises que fizeram aumentar a periodicidade de exames clínicos a fim de estabelecer um tratamento eficaz. Descreveu problemas anteriores relacionados ao sono, pois devido a fortes dores abdominais, não conseguiu permanecer deitado, impedindo um bom 56 sono, porém com as mudanças alimentares, principalmente em relação ao horário da janta, seu sono está mais tranquilo. Kotze (2004), afirma que as limitações mais relatadas pelos pacientes em respostas à questionários sobre qualidade de vida, incluem evacuações frequente, dor abdominal, fadiga, distúrbios do sono e tendência a recolhimento social, além da frustração devido à progressão crônica da enfermidade. Consciente do excesso de peso antes da intervenção, o paciente incorporou os novos alimentos à rotina alimentar, tanto que atualmente, após a perda de peso, continua com a ingestão de frutas propostas na dieta, além da ingestão diária de castanha-do-pará, gergelim e azeite de oliva no almoço e linhaça e aveia na vitamina de fruta, tudo somado à porções menores quando comparadas ao período pré – intervenção, pois acredita que a intervenção nutricional tenha contribuído para outros agravantes que possuía, como a falta de vitaminas no organismo, sendo recuperada através da melhora da pele, interrupção na queda de cabelo e rinite, que diminuiu consideravelmente, melhorando contudo, a saúde e qualidade de vida. Assim, a terapia nutricional, como afirma Rocha; Santos (2009), tem papel primordial para portadores de DC, com intuito de restaurar as deficiências nutricionais, recuperar e/ou manter o peso corpóreo com a instituição de medidas para a remissão da doença. Sem esta intenção, o paciente acredita que estaria tendo mais episódios de diarréia, com constantes ocorrências de azia e desconforto abdominal, tendo por ventura alguma crise. Sendo assim a intervenção lhe proporcionou uma melhora significativa da doença de Crohn. 57 6 CONCLUSÃO O atendimento nutricional individualizado realizado durante dois meses com o paciente portador da doença de Crohn obteve resultado satisfatório no controle de sinais e sintomas a doença, já que padrões alimentares corretos foram efetivados a fim de evitar erros na qualidade ou quantidade da dieta. Em relação à história clínica e os hábitos de vida, observou-se que o paciente no início do estudo destacava pouca importância em relação à alimentação, já que não havia controle constante, ingerindo assim, grandes quantidades de alimentos gordurosos em detrimento à frutas e verduras, além de um baixo número de refeições diárias realizadas. A partir da intervenção nutricional comprovou-se que a nutrição como artifício para a adequação do estado nutricional e controle da doença inflamatória intestinal, é imprescindível, pois busca suprir o organismo com ingredientes necessários para o balanço nutricional adequado, tendo como efeito o desenvolvimento e preservação da saúde. Sendo assim obteve-se um resultado positivo com a intervenção nutricional, pois ao elaborar um estudo com relatos concisos sobre a sintomatologia e nutrição, adequando sinais presentes no cotidiano com adaptações da dieta, importantes benefícios apareceram para a evolução e tratamento da doença, tendo os efeitos deletérios atenuados ao proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente devido ao controle de sintomas referentes à DC. A consideração final do trabalho abrangeu também a presença dos questionamentos do paciente, que relatou a importância da nutrição para o tratamento da DC: “a terapêutica enfatiza o que realmente os portadores necessitam, tanto a partir de uma dieta individualizada, já que cada organismo é diferente, pois a doença pode atingir qualquer segmento do trato gastrointestinal, quanto nas orientações nutricionais, que auxiliam o portador na mudança de hábitos para um controle maior das diversas reações e sintomas”. A intervenção nutricional com orientações específicas sobre o quadro clínico do paciente foi devidamente seguida, tanto que o resultado comparativo observou a estabilidade dos sintomas e sinais críticos associados à uma melhora do quadro nutricional. Isso foi possível com o acompanhamento semanal e muita força 58 de vontade, chegando assim, ao resultado desejado, uma melhora no perfil nutricional associado à redução de sintomas antes presentes. Portanto para prevenir alterações do estado nutricional, prioriza-se uma atenção especial no quesito alimentação, sendo esta composta pela adequação das necessidades do indivíduo e de acordo com suas preferências e intolerâncias. Porém, por ser uma doença que não há um padrão dietético para os pacientes, já que depende das manifestações clínicas e da região do trato gastrointestinal afetada, a presença de um nutricionista é de fundamental importância, pois o mesmo auxiliará a partir das adequadas técnicas dietéticas, o melhor aproveitamento dos alimentos, tornando-os mais atrativos e de encontro com a preferência e tolerância do paciente, sendo assim as dietas específicas e orientações nutricionais servirão para a manutenção ou recuperação da qualidade de vida do portador da doença de Crohn. 59 REFERÊNCIAS ANDERI JR, Edmundo; LARANJEIRA, Marisa; PESSOTTI JR. Durval. Doença de Crohn na infância: Relato de Caso. Revista brasileira Coloproctologia. v. 21, n. 2, p. 92-95, 2001. 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S( ) N( ) Localização: _________________________ Uso de medicamentos: _______________________________________________________ TIPO: ___________________________ FREQÜÊNCIA: _________________________ _________________________________ ______________________________________ _________________________________ ______________________________________ Estatura: _____m Peso atual: ____ kg IMC atual: _____ Peso usual: ____ kg Máximo de peso obtido: ____ kg Mínimo de peso obtido: ____ kg Peso objetivo: ____ kg Recentes mudanças de peso? S ( ) N( ) ↑ ↓ Quanto? ___ kg Tempo: ____ % Mudança de peso: _______ O que causou esta mudança? ____________ Circunferência da cintura: _____ cm Apetite: Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Mudanças recentes no apetite? S ( ) N( ) ↑ ↓ Desde: ___________________________ O que causou estas mudanças? ________________________________________________ Segue alguma dieta especial? S ( ) N ( ) Descrição: _____________________________ Outros tratamentos nutricionais anteriores? _______________________________________ Alimenta-se fora de casa frequentemente? S ( ) N ( ) Onde? ______________________ Alimentação habitual: _______________________________________________________ Quando come fora: __________________________________________________________ Final de semana: ____________________________________________________________ Preferências alimentares: _____________________________________________________ Alimentos que não gosta: _____________________________________________________ Alergia alimentar? S ( ) N ( ) Qual(is)? _______________________________________ Com quem mora? _______________ Quem prepara as refeições da casa? ______________ Freqüência de hábitos intestinais: ______________________________________________ Ingestão hídrica: ___________________________ Fumante? ( )S _____ maços/dia ( )N Toma bebida alcoólica? S ( ) N ( ) Qual(is)? ______________ Freqüência: ___________ Quanto à atividade física, se considera: Inativo ( ) Moderadamente ativo ( ) Ativo ( ) Qual esporte?_______________________________________________________________ 67 ANEXO II - Modelo de Registro Alimentar – Diário Alimentar por MARTINS (2008) Nome: ___________________________________________________________ Avaliador: _________________________________________ Data: ___/___/___ Refeição / Horário Local Alimento / Quantidade 68 APÊNDICE APÊNDICE I TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado a participar da pesquisa sobre: DOENÇA DE CROHN: um estudo de caso com análise descritiva do perfil clínico e fisiopatológico em ação conjunta à intervenção nutricional. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento não necessitando apresentar nenhuma justificativa, bastando, para isso, informar sua decisão à pesquisadora. Sua recusa não lhe trará nenhum prejuízo em relação ao pesquisador ou a instituição. O objetivo deste estudo é analisar a influência da intervenção nutricional na doença de crohn, sua participação nesta pesquisa consistirá em fornecer dados sobre a doença desde o descobrimento até a situação atual, para deste modo permitir ao pesquisador uma intervenção através de dieta orientada, junto a recomendações nutricionais para melhorar o quadro da doença. Não há risco ou ônus na sua participação nessa pesquisa. Da mesma forma, você também não terá bônus. Os dados pessoais obtidos serão confidenciais e asseguramos o sigilo de sua participação durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Os dados não serão divulgados de forma a denegrir sua imagem, pois o objetivo principal é saber se a influência da intervenção nutricional no quadro clínico e estado nutricional na doença de crohn é valida na recuperação ou manutenção da saúde. O seu anonimato será preservado por questões éticas. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone do pesquisador para localizá-lo a qualquer tempo e uma cópia do trabalho final. Meu nome é Bruna Deolindo Izidro. A pesquisa acontece sob supervisão da professora Michele Biff. Meu telefone para contato é 99040449. Considerando os dados acima, confirmo ter sido informado por escrito e verbalmente dos objetivos deste estudo científico. Eu................................................................................................., Desta elemento de estudo forma, sobre a patologia em questão, aceito voluntariamente participar desta pesquisa e declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação. Criciúma, _____ de ____________ de 2009. Nome e assinatura do pesquisador Nome e assinatura do sujeito pesquisado 69 APÊNDICE II – Perguntas para Entrevista 1 - Com que idade descobriu a doença? 2 - Qual a causa da doença? 3 - Quais sintomas iniciais? 4 - Qual médico procurou? 5 - Qual exame realizou? 6 - Iniciou o tratamento com quais remédios? Quais as doses? 7 - Alguma doença associada? 8 - Variação de peso? 9 - Alterações extra-intestinais? 10 - Como era a alimentação antes da descoberta da doença? 11 - Qual o atual quadro da doença? 12 - Como está a alimentação atualmente? 13 - Há um acompanhamento de nutricionista, com orientações nutricionais? 14 - Qual a expectativa em relação à nutrição? 70 APÊNDICE III – Resultado e análise do registro alimentar Data: 22/03/2009 (Domingo – Final de Semana) Refeição / Horário Almoço / 13:30 Lanche da tarde / 17:20 Lanche da tarde / 18:40 Jantar / 22:15 Local Alimento / Quantidade Casa Macarrão cozido / 2 pegadores / 125g Molho branco simples / ½ concha / 60g Bacon redondo fatiado / 1 fatia fina / 10g Bife a milanesa médio / 150g Cerveja / 1 tulipa/ 300ml Casa Leite integral / 1 copo de 200ml Banana prata / 1 unidade pequena / 30g Achocolatado em pó / 2 col. sobremesa / 18g Bolacha morango recheada / 5 unidades / 75g Casa Leite integral / ¼ copo / 50ml Café infusão / 1 xícara cafezinho / 75 ml Pão Francês / 1 unidade / 50g Presunto / 1 fatia / 20g Queijo mussarela / 1 fatia / 15g Casa Leite integral / 50ml / ¼ copo Café infusão / 1 xícara cafezinho / 75 ml Pão Francês / 1 unidade / 50g Maionese industrial / 1 col. sopa / 12g Presunto / 1 fatia / 20g Queijo mussarela / 1 fatia / 15g 71 NUTRIENTE REGISTRO I RECOMENDADO % ADEQUAÇÃO Calorias 1875,15 kcal 2170 kcal 86,41% Carboidrato 228,07g / 48,65% 359,62g / 66,29% 63,41% Proteína 80,99g / 17,27% 74,4g / 13,71% 108,85% Lipídeo 71,01g / 34,07% 48,22g / 20% 147,26% - saturado -- colesterol --mono --poli 22,9500g / 206,55 kcal / 11,01% 195,46 mg 12,1300g / 109,17 kcal / 5,82% 13,5600g / 122,54 kcal / 6,50% < 10% do VET < 200 mg Até 20% do VET Até 10% do VET Acima do recomendado No limite recomendado Dentro do recomendado Dentro do recomendado Abaixo W3 0,6300g 3g Fibras 7,54g 20g 37,7% Vitamina A 240,1400mcg 900 mcg* 26,68% Vitamina E 13,2800mg 15 mg* 88,53% Vitamina C 0,4400mg 90 mg* 0,49% Vitamina B12 2,9300mcg 2,4 mcg* 122,08% Folato 50,6900mcg 400 mcg* 12,67% Ferro 7,2550mg 8 mg* 90,62% Cálcio 728,9000mg 1000mg* 72,89% Magnésio 126,5800mg 400 mg* 31,64% Zinco 9,2500mg 11 mg* 84,09% Sódio 2.600,9000mg 1,5 g 173,39% Potássio 1.194,0800mg 4,7 g* 25,41% Fósforo 602,1700mg 700mg* 86,02% *Valores da Dietary Reference Intakes (DRIs) do recomendado do 72 Data: 23/03/2009 (Segunda-feira – Atividade física) Refeição / Horário Café da manha / 07:30 Almoço / 12:20 Lanche da tarde / 18:30 Jantar / 22:00 Local Alimento / Quantidade Padaria Leite integral / ¼ copo / 50ml Café infusão / 1 x. cafezinho / 75 ml Pastel frito de banana / 1 unidade/ 90g Casa Arroz parboilizado / 1 x. pequena / 100g Feijão preto / 3 col. sopa cheias / 54g Asa de frango ensopada / 3 unidades/ 100g Molho vermelho / 2 col. sopa/ 40g Batata inglesa ensopada / ½ unidade/ 50g Sorvete napolitano / 4 col. sopa / 60g Casa Leite integral / ¼ copo / 100ml Café infusão / 1 x. cafezinho / 75 ml Pão de queijo / 2 unidades / 40g Calabresa picada / ¼ fatia / 12,5g Pão francês / 1 unidade / 50g Maionese industrial / 1 col. sopa / 12g Presunto / 1 fatia / 20g Casa Arroz parbolizado / 1 x. pequena / 100g Feijão preto / ½ concha pequena / 50g Farinha de mandioca / 1 x. cafezinho / 50g Asa de frango ensopada / 2 unidades / 70g Molho vermelho / 2 col. sopa cheia / 40g 73 NUTRIENTE REGISTRO II RECOMENDADO % ADEQUAÇÃO Calorias 2.659,03 kcal 2170 kcal 122,53% Carboidrato 370,92g / 55,80% 359,62g / 66,29% 103,14% Proteína 88,97g / 13,39% 74,4g / 13,71% 119,58% Lipídeo 91,05 g / 30,82% 48,22g / 20% 188,82% - saturado -- colesterol --mono --poli 21,5900g / 194,31 kcal / 7,30% 152,21 mg 12,3300g < 10% do VET < 200 mg / 75,78 kcal / 4,17% 26,1100g / 234,99 kcal / 8,83% Até 20% do VET Até 10% do VET Dentro recomendado Dentro do recomendado Dentro do recomendado Dentro do recomendado Abaixo W3 0,0700 g 3g Fibras 37,01g 20g 185,05% Vitamina A 34,8300 mcg 900 mcg* 3,87% Vitamina E 2,8800 mg 15 mg* 19,20% Vitamina C 9,7000 mg 90 mg* 10,78% Vitamina B12 0,5300 mcg 2,4 mcg* 22,08% Folato 306,4800 mcg 400 mcg* 76,62% Ferro 12,3700 mg 8 mg* 154,62% Cálcio 478,9800 mg 1000 mg* 47,89% Magnésio 140,7500 mg 400 mg* 35,19% Zinco 1,6300 mg 11 mg* 14,82% Sódio 2,74 g 1,5 g* 182,83% Potássio 1,53 g 4,7 g* 32,76% Fósforo 779,9000 mg 700 mg* 111,41% *Valores da Dietary Reference Intakes (DRIs) do recomendado do 74 Data: 24/03/2009 (Terça-feira – Dia habitual) Refeição / Horário Local Alimento / Quantidade Café da manha / 07:15 Casa Leite integral / ¼ copo / 50ml Café infusão / 1 x. cafezinho / 75 ml Ovo mexido / 1 unidade / 50g Pão francês / 1 unidade / 50g Maionese industrial / 1 col. sopa / 12g Lanche / 10:20 Trabalho Café preto / 1 x. cafezinho / 75 ml Bolacha recheada de baunilha unidades / 45g Casa Arroz parbolizado / 1 x. pequena / 100g Feijão preto / 3 col. sopa cheia / 54g Costelinha de porco assada / 3 unidades / 60g Farofa / 1 col. sopa / 16g Melancia / 1 fatia média / 50g Casa Leite integral / ¼ copo / 100ml Café infusão / 1 x. cafezinho / 75 ml Pão francês / 1 unidade / 50g Mortadela / 1 fatia / 20g Queijo mussarela / 1 fatia / 15g Maionese industrial / 1 col. sopa / 12g Bolacha recheada de baunilha / unidades / 45g Almoço / 12:20 Lanche 18:30 Jantar / 22:00 Casa / 3 3 Leite integral / ¼ copo / 50ml Café infusão / 1 xícara cafezinho / 75 ml Bolo de banana caramelada / 2 fatias grandes / 80g 75 NUTRIENTE REGISTRO III RECOMENDADO % ADEQUAÇÃO Calorias 2.862,19 kcal 2170 kcal 131,90% Carboidrato 348,53g / 48,71% 359,62g / 66,29% 96,91% Proteína 81,01g / 11,32% 74,4g / 13,71% 108,88% Lipídeo 127,07 / 39,97% 48,22g / 20% 263,52% - saturado --colesterol --mono --poli 32,7800g / 295,02 kcal / 10,30% 334,7300 mg 38,2100g / 343,89 kcal / 12,01% 25,0700g / 225,63 kcal / 7,88% < 10% do VET < 200 mg Até 20% do VET Até 10% do VET Acima recomendado Acima do recomendado Dentro do recomendado Dentro do recomendado Abaixo w3 0,1300g 3g Fibras 26,4600 g 20g 132,3% Vitamina A 637,6100 mcg 900 mcg* 70,85% Vitamina E 17,48 mg 15 mg* 116,53% Vitamina C 4,4300 mg 90 mg* 4,92% Vitamina B12 1,2600 mcg 2,4 mcg* 52,50% Folato 358,1400 mcg 400 mcg* 89,54% Ferro 8,5500mg 8 mg* 106,88% Cálcio 541,9900 mg 1000 mg* 54,19% Magnésio 120,4600 mg 400 mg* 30,12% Zinco 3,8200mg 11 mg* 34,73% Sódio 2.515,3900mg 1,5 g* 167,69% Potássio 1.342,4400mg 4,7 g* 28,56% Fósforo 861,7100 mg 700 mg* 123,01% *Valores da Dietary Reference Intakes (DRIs) do recomendado do 76 APÊNDICE IV – Folder educativo Doença de Crohn • Caracterizada como Inflamatória Intestinal pode acometer todo o gastrointestinal, desde até o ânus. Doença Crônica, sistema a boca • Essa doença pode comprometer muito o estado nutricional, devido: má absorção de vitaminas e minerais, interação droga-nutriente, diminuição da ingestão alimentar pela presença de náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal. DOENÇA DE CROHN: orientações nutricionais ORGANIZADORA: Acadêmica da 7ª fase de nutrição –2009/1 Bruna Deolindo Izidro A terapia nutricional é considerada tratamento de suporte para corrigir as conseqüências metabólicas e patológicas da doença. Orientações Nutricionais • Evitar lactose (leite e derivados) na fase aguda, com presença de diarréia. Fatores Agravantes • Realize de 5 a 6 refeições ao dia em pequenas quantidades; • Reduza a quantidade de gorduras e frituras, pois pioram a diarréia; • Alimentos ricos em sacarose: açúcar branco e doces em geral; • Mastigue bem os alimentos: é fundamental para uma boa digestão; • Hidrata-se bem, consuma pelo menos 2 litros de água por dia, pois contribui para a detoxificação; • Evite a ingestão de líquidos às refeições: os líquidos em demasia diluem os sucos digestivos prejudicando a digestão; • Consuma alimentos ricos em ácidos graxos poliinsaturados Ômega-3 como óleo de peixe, sardinha, atum, salmão; • O consumo de alimentos fermentativos, tais como massas, feijão e repolho devem ser poupados, pois podem aumentar a formação de gases e cólica; • Pratique atividade regularmente, porém orientação médica. física com • Condimentos: pimenta, picles, mostarda, molhos picantes; • Fibras insolúveis: folhosos e verduras cruas (preferir as cozidas); • Café; • Refrigerante; • Chocolate; • Álcool; • Alimentos industrializados. • Prefira alimentos ricos em fibras solúveis: maçã, arroz, pêra, banana-prata, cenoura cozida; 77 78 APÊNDICE V – Dietas Para finais de semana: Café da manhã (10h00min): 1 xícara de 125 ml de café com leite: 50 ml (1/3 xícara) de leite semi-desnatado e 75 ml (½ xícara) de café infusão. 3 torradas levemente salgadas (90g) ou 2 fatias de pão de forma (50g). 1 colher de sopa de requeijão ligth (9g) Almoço (12h30min): 2 colheres de sopa cheia de abobrinha (70g) ou moranga – com 1 col. sopa rasa de gergelim (9g) * Para temperar a salada, usar 1 colher de chá azeite de oliva (5ml) 5 colheres de sopa cheias de arroz parboilizado cozido (125g) 1 concha pequena de feijão preto cozido (90g) 1 bife acebolado pequeno (80g) ou 1 sobrecoxa média de frango ensopada (65g) ou 1 filé pequeno de peixe cozido (90g) * Caso precisar de óleo nas preparações de carne, usar 1 colher de sopa de óleo de canola (9ml) e 1 g de sal (colher de cafezinho) Sorvete natural de manga (1 unidade grande de manga – 120g, ½ xícara de leite semidesnatado – 75ml e ½ copo de iogurte desnatado – 100g) + 1 unidade média picada de castanha-do-pará (8g) ou 1 pote de iogurte de fruta (200ml – 1 copo) Lanche da Tarde 1 (15h00min): 1 copo de suco de laranja coado (200 ml) ou de limonada 1 unidade de pão francês (50g) ou 2 fatias de pão de forma 1 col. sopa de requeijão ligth (9g) 1 fatia média de melancia (150g) Lanche da Tarde 2 (17h00min): 1 xícara de 125 ml de café com leite: 50 ml (1/3 xícara) de leite semi-desnatado e 75 ml (½ xícara) de café infusão. 1 fatia média de bolo simples milho (50g) (ou de banana, laranja, mesclado) ou 1 unidade de pastel assado (40g) Jantar (19h00min hrs): 2 fatias de pão sírio (50g) com 2 col. sobremesa de carne moída (60g) e molho de tomate caseiro cozido: 2 dentes de alho (10g), ½ cebola (30g), ½ unidade média de tomate (35g), 2 colheres de sopa de pimentão vermelho (20g), 1 colher de chá de óleo de canola (5ml) ou 3 unidades médias de quibe assado (150g) ou 1 fatia média de empadão de frango (110g) Ceia (21h00min): 1 unidade de banana branca amassada (90g) + 1 colher sopa nivelada de aveia em flocos (15g) ou 2 pêssegos médios cozidos sem casca (120g) ou 5 colheres de sopa cheia de gelatina de fruta (105g) 79 NUTRIENTE DIETA I RECOMENDADO % ADEQUAÇÃO Calorias 2184,30 kcal 2170 kcal 100,65% Carboidrato 349,53g / 64,01% 359,62g / 66,29% 97,19% Proteína 85,18g / 15,60% 74,4g / 13,71% 114,49% Lipídeo 49,48g / 20,38% 48,22g / 20% 102,61% - saturado 11,9900g / 107,91 < 10% do VET Dentro kcal / 4,94% recomendado --colesterol 169,1200 mg 200mg Dentro do do recomendado --mono --poli w3 14,3900g / 129,51 Até 20% do VET Dentro kcal / 5,93% recomendado 7,2700g / 65,43 kcal Até 10% do VET Dentro / 3% recomendado 0,45g 3g Abaixo recomendado Fibras 23g 20g 115% Vitamina A 189,31 mcg 900 mcg* 21,03% Vitamina E 3,75 mg 15 mg* 25% Vitamina C 90,21 mg 90 mg* 100,23% Vitamina B12 3,46 mcg 2,4 mcg* 144,17% Folato 187,42 mcg 400 mcg* 46,86% Ferro 11,93 mg 8 mg* 149,12% Cálcio 627,67 mg 1000 mg* 62,76% Magnésio 510,05 mg 400 mg* 127,51% Zinco 12,19 mg 11 mg* 110,82% Sódio 1,12 g 1,5 g* 74,78% Potássio 2,73 g 4,7 g* 58,19% Fósforo 1.180,90 mg 700 mg* 168,70% *Valores da Dietary Reference Intakes (DRIs) do do do 80 Para dias de semana habituais: Café da manhã (7h30min): 1 xícara de 125 ml de café com leite: 50 ml (1/3 xícara) de leite semi-desnatado e 75 ml (½ xícara) de café infusão. 1 unidade de pão francês (50g) ou 1 unidade de pão doce (50g) 1 colher de sopa de requeijão ligth (9g) 1 unidade de maçã sem casca (80g) ou 1 unidade pequena de banana da terra (70g) Lanche da manhã (10h00min): 1 copo de iogurte desnatado de morango (200 ml) 10 unidades de biscoito amanteigado (40g) ou 6 unidades de bolacha água e sal (48g) ou 2 roscas de polvilho (30g) 1 unidade de barra de cereal de banana com chocolate (25g) Almoço (12h30min): 3 col. sopa cheias de beterraba cozida (54g) ou cenoura cozida (50g) + temperar a salada com 1 colher de chá de azeite de oliva (5ml) 2 pegadores de macarrão ao sugo (220g) ou 2 unidades pequenas de panqueca (120g) ou 2 pedaços pequenos de polenta cozida (100g) ou 5 col. sopa cheia de creme de milho (160g) 2 col. de sopa cheia de picadinho de carne refogada (40g) ou 3 col. de sopa cheias de frango refogado em cubos (50g) * Caso precisar de óleo nas preparações de carne, usar 1 colher de sopa de óleo de canola (ml) e 1 g de sal (colher de cafezinho) Lanche da Tarde (17h00min): 1 xícara de 125 ml de café com leite: 50 ml (1/3 xícara) de leite semi-desnatado e 75 ml (½ xícara) de café infusão. 2 fatias grandes de pão caseiro (80g) ou 1 unidade de pão francês (50g) 2 colheres de sopa de requeijão ligth (18g) 2 unidades de ameixa amarela sem casca (32g) ou 8 unidades de uva (32g) Jantar (20h00min): 2 colheres de sopa de chuchu cozido (60g) e cenoura cozida (50g) – com 2 col. sopa de gergelim (15g) 3 col. sopa cheia de nhoque de batatas cozido (90g) com ½ concha de molho branco simples (60g) e 2 col. chá de orégano (10g) ou 2 col. de sopa cheia de purê de batatas (90g) 2 col. de sopa cheia de picadinho de carne refogada (40g) ou 2 col. de sopa cheias de frango refogado em cubos (30g) * Caso precisar de óleo nas preparações de carne, usar 1 colher de sopa de óleo de canola (ml) e 1 g de sal (colher de cafezinho) 1 fatia pequena de melancia (100g) ou 1 unidade de maçã sem casca (80g) Ceia (21h00min): 3 colheres de sopa de gelatina sabor de frutas (90g) 81 NUTRIENTE DIETA II RECOMENDADO % ADEQUAÇÃO Calorias 2233,08 kcal 2170 kcal 102,90% Carboidrato 382,16g / 68,46% 359,62g / 66,29% 106,26% Proteína 74,91g / 13,42% 74,4g / 13,71% 100,68% Lipídeo 44,96g / 18,12% 48,22g / 20% 93,24% - saturado 12,09g / 108,81 kcal < 10% do VET Dentro / 4,87% recomendado --colesterol 108,74mg 200mg Dentro do do recomendado --mono --poli w3 13,90g / 125,10 kcal Até 20% do VET Dentro / 5,60% recomendado 9,13g / 82,17 kcal / Até 10% do VET Dentro 3,68% recomendado 0,24g 3g Abaixo recomendado Fibras 18,47g 20g 92,35% Vitamina A 479,84 mcg 900 mcg* 53,32% Vitamina E 11,33 mg 15 mg* 75,53% Vitamina C 99,02 mg 90 mg* 110,02% Vitamina B12 1,82 mcg 2,4 mcg* 75,83% Folato 88,02 mcg 400 mcg* 22% Ferro 10,30 mg 8 mg* 128,75% Cálcio 822,25 mg 1000 mg* 82,22% Magnésio 281,96 mg 400 mg* 70,49% Zinco 6,22 mg 11 mg* 56,55% Sódio 1,4 g 1,5 g* 93,33% Potássio 2,3 g 4,7 g* 48,96% Fósforo 671,63 mg 700 mg* 95,95% *Valores da Dietary Reference Intakes (DRIs) do do do 82 Para dias de semana habituais: Café da manhã (7h30min): 1 xícara de 125 ml de café com leite: 50 ml (1/3 xícara) de leite semi-desnatado e 75 ml (½ xícara) de café infusão. 2 fatias de pão de leite de sanduíche (50g) ou 2 fatias de pão de forma (50g). 1 colher de sopa de requeijão ligth (9g) 1 unidade de maçã fuji (120g) ou 1 banana da terra (90g) Lanche da manhã (10h30min): 10 unidades de biscoito amanteigado (40g) ou 10 unidades de broinhas de milho (50g) ou 1 fatia média de bolo simples (milho, laranja, cenoura, mesclado) (60g) 1 copo de suco de manga de soja (200ml) ou 1 copo de chá gelado de guaraná ou suco de laranja coado Almoço (12h30min): 2 col. de sopa cheia moranga cozida (70g) ou 3 col. sopa cheia de beterraba cozida (60g) – com 1 col. sopa de gergelim (15g) * Para temperar a salada, usar 1 colher de chá de azeite de oliva (5ml) 5 colheres de sopa cheias de arroz parboilizado cozido (125g) 1 concha pequena de feijão preto cozido (90g) 1 filé de peixe grelhado (100g) + ½ unidade de limão (25g) ou 2 unidades médias de almôndega (120g) ou peito de frango cozido sem pele (100g) * Caso precisar de óleo nas preparações de carne, usar 1 colher de sopa de óleo de canola (ml) e 1 g de sal (colher de cafezinho) 1 cacho pequeno de uvas rubi (120g) Lanche da Tarde (17h00min): 1 xícara de 125 ml de café com leite: 50 ml (1/3 xícara) de leite semi-desnatado e 75 ml (½ xícara) de café infusão. 2 fatias grandes de pão de aipim (60g) ou 2 fatias de pão de trigo de forma (50g) 2 colheres de sopa de requeijão ligth (18g) 2 unidades de ameixa amarela sem casca (32g) ou 1 pêssego sem casca (32g) Jantar (20h00min): 2 colheres de sopa de vagem ensopada (40g) + cenoura cozida (50g) 2 fatias médias de quiche de frango desfiado (140g) ou suflê de carne com legumes cozidos (140g) 1 copo de limonada (200ml) ou suco de uva Ceia (21h:00min): Vitamina com: ½ copo (100ml) de leite de soja, banana da terra (90g) e 1 col. chá de linhaça preta (5g) 83 NUTRIENTE DIETA III RECOMENDADO % ADEQUAÇÃO Calorias 2115,42 kcal 2170 kcal 97,48% Carboidrato 337,62g / 63,84% 359,62g / 66,29% 93,88% Proteína 78,21g / 14,79% 74,4g / 13,71% 105,12% Lipídeo 50,22g / 21,37% 48,22g / 20% 104,14% - saturado 7,8g / 70,2 kcal / < 10% do VET Dentro 3,31% recomendado --colesterol 90,7200 mg <200mg Dentro do do recomendado --mono --poli w3 9,84 / 88,56 kcal / Até 20% do VET Dentro 4,18% recomendado 6,30 / 56,7 kcal / Até 10% do VET Dentro 2,68% recomendado 2,36 3g Próximo recomendado Fibras 26 g 20 g 130% Vitamina A 467,64 mcg 900 mcg* 51,96% Vitamina E 6,60 mg 15 mg* 44% Vitamina C 60,42 mg 90 mg* 67,13% Vitamina B12 4,82 mcg 2,4 mcg* 200,83% Folato 210,92 mcg 400 mcg* 52,73% Ferro 8,39 mg 8 mg* 104,88% Cálcio 442,52 mg 1000 mg* 44,25% Magnésio 315,32 mg 400 mg* 78,83% Zinco 4,24 mg 11 mg* 38,55% Sódio 1,3 g 1,5 g* 86,66% Potássio 2,33 g 4,7 g* 49,63% Fósforo 1141,22 mg 700 mg* 163,03% *Valores da Dietary Reference Intakes (DRIs) do do ao 84 APÊNDICE VI – Novas receitas Peixe ao forno Ingredientes: 1 tainha limpa, 4 colheres de sopa de suco de limão, 1 cebola grande, manjericão, sal, pimenta em pó. Modo de preparo: Bata no liquidificador o suco de limão, a cebola, o manjericão, a pimenta e o sal até a mistura ficar bem homogênea. Coloque o peixe limpo cortado ao meio em um refratário. Banhe-os bem e misture com azeite. Cubra com papel alumínio e leve ao forno por 40 minutos ou até que o peixe esteja assado. Almôndega de microondas Ingredientes: 500 g de carne moída, 3 colheres de sopa de farinha de rosca, 4 dentes de alho, molho de tomate, queijo, cheiro verde, 1 cebola, sal, orégano. Modo de preparo: Temperar a carne moída com alho, cebola, sal, orégano e cheiro verde. Acrescentar a farinha de rosca, mexer e fazer bolinhas. Levar ao microondas em uma assadeira levemente untada por 15 minutos, virando na metade do tempo. Quando pronta, cobrir com molho de tomate e deixar mais 15 minutos no microondas, colocando o queijo quando pronta Bolinhos de leite de soja Ingredientes: 1 xícara de chá de açúcar, ½ xícara de chá de margarina, 1 e ½ colher de chá de farinha de trigo,1 e ½ colher de chá de fermento em pó, 2 ovos, ½ xícara de chá de leite de soja. Para a cobertura: ¼ xícara de chá de açúcar mascavo Modo de preparo: Bata na batedeira o açúcar e a manteiga até esbranquiçar. Em uma tigela à parte, misture a farinha com o fermento. Em um copo, misture bem o leite de soja e os ovos. Misture o leite à manteiga. Adicione a farinha ao poucos e vá mexendo até que forme uma massa homogênea e bem fofa. Coloque a massa em forminhas para bolinhos (ou empadinhas) untadas. Polvilhe os bolinhos com o açúcar mascavo. Asse em forno pré-aquecido na temperatura média (180c) por 20 minutos. Espere esfriar e desinforme. Sirva morno ou frio. 85 Pãezinhos de ervas Ingredientes: 400 g de farinha de trigo, 100 g de farinha de aveia, 1/3 xíc. de manjericão, ½ cebola picada, 2 dentes de alho, 1 envelope de fermento biológico granulado, 1 ½ xíc. de leite de soja, 2 ovos, 1 colher de sobremesa rasa de sal, 1 colher de sobremesa de açúcar, 2 colheres de sopa de óleo, óleo para untar cheiro verde picado para polvilhar, 1 colher de chá de alecrim. Modo de preparo: Coloque 2/3 da farinha em uma tigela. No liquidificador bater todos os ingredientes até ficar homogênea. Acrescente o resto da farinha e cubra e deixe descansar por 30 minutos. Modele os pãezinhos e polvilhe e deixe descansar por 15 minutos e coloque para assar. Bolinhos de polvilho Ingredientes: 250 g de polvilho azedo, 1 ovo, 2 colheres de sopa de óleo, cerca de 1 xícara de água quente para escaldar, sal, erva-doce. Modo de preparo: Em uma bacia coloque o polvilho e faça um furo na farinha e coloque os ovos, o óleo, o sal e a erva doce e em seguida vá escaldando com a água. Modele em bolinhas e asse. Flan de chocolate e iogurte Ingredientes: 1 envelope de gelatina em pó sem sabor, 2 xícaras de leite desnatado, 2 colheres de sopa de leite em pó desnatado, 2 colheres de sopa rasas de cacau em pó, 2 colheres de sopa rasa de adoçante em pó,1 pote de iogurte natural desnatado. Modo de preparo: Dissolver a gelatina em ½ xícara de leite e levar ao microondas por 20 segundos para derreter. Colocar o restante do leite e o adoçante no liquidificador com a gelatina dissolvida, o chocolate em pó e o iogurte. Bater bem e levar num pote para gelar até firmar. Suflê de abobrinha Ingredientes: 2 abobrinhas, 1 cebola, 2 colheres (sopa) de amido de milho, 2 copos de leite, 1 colher (sopa) de margarina, 2 colheres (sopa) de queijo ralado, 2 gemas 86 Modo de preparo: amasse a abobrinha e refogue com a cebola, junte o amido dissolvido no leite, o queijo ralado, a margarina e as gemas. Leve ao fogo para engrossar. Acrescente as claras batidas em neve, coloque num pirex untado e leve ao forno até dourar. Suflê de carne Ingredientes: 350 g de carne moída, 1 colher de sopa de margarina sem sal, 1 cebola piada, 1 cenoura cozida, 60 g de batata inglesa cozida, 60 g de chuchu picado cozido, 15 g de farinha de trigo, ½ xícara de caldo de carne, 1 colher de café de molho inglês, 2 gemas, 2 claras. Modo de preparo: Refogar a carne na margarina. Juntar a farinha, cenoura, chuchu e batata. Cozinhar por 5 minutos em fogo médio. Adicionar o caldo de carne, o molho inglês e sal. Deixar cozinhar em fogo baixo (panela tampada por cerca de 20 minutos ou até a carne ficar cozida). Cuidadosamente, misturar as claras batidas em neve. Leve ao forno pré-aquecido a 180º por cerca de 15 minutos. Muffin de banana Ingredientes da massa: 4 ovos, ½ xícara de margarina, 1 xícara de açúcar, 1 xícara de leite desnatado, 2 xícaras de farinha de trigo, 1 xícara de farinha de aveia, 1 colher de fermento em pó. Recheio: 4 bananas maduras picadas. Modo de preparo: Bata os ovos, a margarina e o açúcar até formar um creme fofo. Junte o leite e bata mais um pouco. Desligue a batedeira e adicione a farinha de trigo e o fermento peneirados juntos. Misture delicadamente e junte as bananas picadas e coloque porções dentro de forminhas untadas de muffin sem encher demais para não vazar. Leve para assar até que fiquem dourados. Frango a Filomena Ingredientes: 1 peito de frango, 1 copo de requeijão light, 1 colher de tomilho, 1 colher de sopa de margarina, ½ cebola ralada, suco de 1 limão, sal a gosto. 87 Modo de preparo: Corte o peito de frango e faça filés. Tempere com sal, limão, a cebola, o tomilho. Coloque os filés temperados em um refratário untado com a margarina. Cubra os filés com o requeijão. Cubra o refratário com papel alumínio e asse em forno médio por cerca de 30 minutos ou até estar cozido. Nhoque de rúcula ao molho de tomate Ingredientes: 6 batatas, 2 ovos, 1 maço de rúcula, farinha de trigo até dar ponto, sal. Modo de preparo: Cozinhar as batatas, amassar. Colocar o ovo e a rúcula batida no liquidificador, em seguida a farinha até dar ponto. Fazer bolinhas e cozinhar em água fervente com 1 fio de óleo e um pouco de sal. Ingredientes do molho: 6 tomates sem pele, 1 cebola média, 2 dentes de alho, manjericão, pimenta, sal, 1 colher de chá de óleo. Modo de preparo: Fazer um molho bem consistente e colocar por cima do nhoque. Esfiha aberta de carne Ingredientes da massa: 1 e ½ colher de sopa de açúcar, 1 tablete de fermento biológico, 2 xícaras de farinha de trigo, ¼ xícara de óleo, ¼ xícara de água e sal. Ingredientes do recheio: 1 colher de chá de salsinha picada, 200g de carne moída, 1 cebola pequena picada, 1 tomate maduro picado, sal e orégano a gosto. Modo de preparo da massa: Dissolver o fermento, o açúcar e o sal na água. Em uma tigela grande, colocar a farinha. Fazer uma depressão no centro, acrescentar a mistura de fermento e o óleo, aos poucos, e vá mexendo com uma colher de pau. Amassar até obter uma massa de consistência mole e elástica, que não grude nas mãos. Se necessário, acrescentar mais água. Sovar a massa por 5 minutos. Cobrir com filme plástico, colocar um pano por cima e deixar crescer até dobrar de volume. Modo de preparo do recheio: Misturar todos os ingredientes. Reserve. Pré-aquecer o forno a 250 graus. Depois de dar volume a massa, coloque-a em uma superfície com farinha e abrir numa espessura fina. Cortar a massa em rodelas, colocar em uma assadeira levemente polvilhada com farinha, e acrescentar 1 colher ( chá ) do recheio de carne. Assar por 10 minutos, até dourar ligeiramente as bordas do fundo. 88 APÊNDICE VII – Questionário adaptado de PONTES et al. (2004) QUESTIONÁRIO Responda as seguintes perguntas relacionadas aos fatos ocorridos durante intervenção nutricional aplicada. Seguiu as orientações nutricionais presentes no folder? Se sim, de que forma auxiliou na mudança de hábitos alimentares? Adotou as orientações oferecidas pela pesquisadora? Se sim, de que forma auxiliou no dia-a-dia? Incorporou os novos alimentos à rotina alimentar? Teve boa aceitabilidade? Sentiu mudanças no organismo? Excluiu ou diminuiu alimentos sintomáticos? Quais? Como considera seu atual apetite? Houve recentes mudanças? Mudou a ingestão hídrica? Alguma alteração de sintomas como dor abdominal, febre alta, diarréia, sangue nas fezes, constipação, náuseas, gases, vômito, aumento do volume abdominal durante a intervenção? Com que frequência tem evacuado? Mais freqüente, Pouco aumentado, Normal, sem aumento da freqüência das evacuações? Com que freqüência teve diarréia? Sempre, Poucas vezes, Raramente ou Nunca? Já foi capaz de não comparecer ao trabalho por problemas intestinais? Já ocorreu alguma vez? 89 Com que freqüência se sentiu cansado, fatigado e exausto? Sempre, Poucas vezes, Raramente ou Nunca? Quanto à disposição física, como se sentiu? Sem energia Pouca energia, Moderada quantidade de energia, Bastante energia ou Cheio de energia? Atrasou-se para algum compromisso social por causa do seu problema de intestino? Já aconteceu alguma vez? Com que freqüência você teve cólica na barriga? Sempre, Muitas vezes, poucas vezes, raramente ou nunca? Com que freqüência sentiu mal estar? Sempre, Muitas vezes, poucas vezes, raramente ou nunca? Quanta dificuldade você teve para praticar esportes ou se divertir como gostaria, mas foi impedido por algum problema intestinal? Grande dificuldade, sendo impossível fazer estas atividades, Moderada dificuldade, Raramente ou Nenhuma? Teve problemas para ter uma boa noite de sono ou por acordar durante a noite? Que resultados chegou com a conclusão da intervenção? Qual importância da nutrição no tratamento da doença de Crohn?