 Os
instrumentos de ação cortante agem
por um gume (fio) mais ou menos afiado,
por um mecanismo de deslizamento
sobre os tecidos e por uma atuação de
sentido linear.
A
navalha, a lâmina de barbear e o
bisturi são exemplos de agentes
produtores dessas lesões.
 As
feridas produzidas por essa forma de ação
são chamadas FERIDAS CORTANTES, em vez
de “feridas incisas”, deixando essa última
expressão para o resultado da incisão
verificada em cirurgias.
A
incisão cirúrgica começa e termina em
uma mesma profundidade, que se
estende de um extremo a outro. Nas
feridas cortantes, as extremidades são
mais superficiais e a parte mediana mais
profunda.
-
forma linear;
regularidade das bordas;
regularidade do fundo da lesão;
ausência de vestígios traumáticos em torno
da ferida;
 - hemorragia quase sempre abundante;
 - predominância do comprimento sobre a
profundidade;
 - afastamento das bordas da ferida;
 - presença de cauda de escoriação voltada para
o lado onde terminou a ação do instrumento;
 - Centro da ferida mais profundo que as
extremidades;
 - paredes da ferida lisas e regulares.
O
instrumento cortante, via de regra, agindo
por deslizamento, deixa, no final do
ferimento, e apenas na epiderme, uma
cauda de escoriação.
 O início do ferimento é mais brusco e mais
fundo: não pode, portanto, se apresentar em
forma de cauda. Ao determinar-se cauda de
escoriação, subentende-se que é a parte
final da lesão, caracterizada pelo traço
escoriado superficial da epiderme. Tal
elemento tem grande importância no
diagnóstico da direção do ferimento.
O
centro da ferida é sempre mais
profundo. Essa profundidade, todavia,
não é muito acentuada.

É difícil um tipo de instrumento cortante
capaz de alcançar órgãos cavitários ou
vitais, exceção feita ao pescoço, onde a
morte
pode
sobrevir
pelo
esgorjamento/degola.
 Os
instrumentos cortantes, quando
atingem a região do pescoço, podem
produzir lesões muito características,
chamadas de esgorjamento,
degolamento e decapitação.
A
decapitação é de ocorrência rara e se
traduz pela separação da cabeça de
corpo. Observam-se, também, as
decapitações depois da morte, como
forma de prejudicar a identificação da
vítima.
O
esgorjamento caracteriza-se por uma
longa ferida transversal na face anterior
do pescoço (na face posterior chama-se
degola), de significativa profundidade,
lesando, além dos planos cutâneos,
vásculo-nervosos e musculares, órgão
mais internos como esôfago, laringe e
traquéia.
 Sua
etiologia pode ser suicida ou homicida.
Nos casos de suicídio, quando o indivíduo é
destro, o ferimento se dá da esquerda para
a direita, sua localização é mais ânterolateral esquerda e termina ligeiramente
voltada para baixo.
 Sua profundidade é maior no início da lesão,
pois no final da ação a vítima começa a
perder as forças. As lesões da laringe e da
traquéia, no suicídio, são menos graves.
 Nos
casos de homicídio, há características
bem diversas, que podem fazer a diferença
com o suicídio.
 O homicida quase sempre se coloca por
trás da vítima, provocando um ferimento da
esquerda para a direita, em sentido
horizontal e uniforme, terminando com a
mesma profundidade do seu início, mas
ligeiramente voltada para cima, atingindo,
algumas vezes, a coluna vertebral, onde é
comum ficar a marca do instrumento usado.
 Levando-se
em consideração a totalidade
das lesões por instrumentos cortantes,
predominam as acidentais,
principalmente as decorrentes de
atividades profissionais. Os acidentes do
trabalho por instrumentos cortantes são
freqüentes.
 Quando se trata, porém, de lesões
mortais, a causa jurídica mais freqüente é
o homicídio, depois o suicídio.
O
prognóstico desses ferimentos é, em
geral, de pouca gravidade, a não ser que
eles sejam resultado de uma decapitação
ou esgorjamento, levando a vítima à
morte.
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cauda de escoriação