ANÁLISE DA ESTRUTURA CEREBRAL DE ADOLESCENTES
DROGADITOS DE CURITIBA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE
ALTO CAMPO
Gustavo Rengel dos Santos / PIBIC/UFPR/TN
Orientação: Arnolfo de Carvalho Neto/ Colaboração: Vitor L. G. Vieira
INTRODUÇÃO
A drogadição é um importante problema social e de saúde
pública no Brasil,1 e a adolescência, pela rápida maturação
cerebral de áreas relacionadas a circuitos cerebrais de
recompensa, em conjunto com um desenvolvimento mais
tardio de áreas reguladoras, é um período crítico para
abuso de substâncias.2 Cronicamente, há associação com
alterações da estrutura organizacional da substância branca
e mesmo corticais em usuários adultos.3,4 Objetiva-se, por
meio de Imagem por Ressonância Magnética (RM) com
técnicas avançadas, avaliar alterações estruturais desta
ordem em adolescentes, algo pouco avaliado até então.
RESULTADOS
Até o presente momento, 13 pacientes foram contatados e três exames
foram realizados com sucesso (23,08%). (Tabela 1). Todos os
indivíduos eram do sexo masculino, com média de idade de 15,4 anos
(intervalo de a 14-17 anos). Todos tiveram história de uso de canabis,
dois (66,7%) com uso atual e o outro com um mês de abstinência.. Os
três exames foram normais às técnicas convencionais (Figura 1). A
análise das aquisições de DTI e MBV só será possível quando os
dados de toda a mostra forem adquiridos.
Tabela 1. Dados gerais dos participantes
N
Idade
Substância
Comorbidades
psiquiátricas
Conflito com a
lei
MÉTODO
A
14
Canabis
TDAH, TO
Sim
Adolescentes atendidos a nível ambulatorial em uma
instituição de recuperação foram localizados e convidados a
participar do estudo, com posterior realização de exame de
RM cerebral de alto campo magnético (3T), com protocolo
de tractografia por tensor de difusão (DTI), e avaliação
cortical por Morfometria Baseada em Voxels (MBV), em
uma clínica privada de Curitiba. Após a avaliação dos
casos, são recrutados indivíduos pareados, sem história de
drogadição, para a composição do grupo controle. Este
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição, e os participantes e responsáveis assinaram
consentimento esclarecido.
B
17
Canabis, Tabaco
TDAH
Não
C
16
Canabis, Cocaína,
LSD
Não
Não
REFERÊNCIAS
1. Carlini EA et al. II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil :
estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país : 2005. São Paulo: CEBRID - Centro
Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas: UNIFESP - Universidade Federal de São
Paulo, 2006.
2. Gladwin TE, Figner B, Crone EA, Wiers RW. Addiction, adolescence, and the integration of
control and motivation. Developmental Cognitive Neuroscience. 2011; 1: 364–76.
3. Geibprasert S, Gallucci M, Krings T. Addictive Illegal Drugs: Structural Neuroimaing. AJNR
Am J Neuroradiol.2010; 31: 803– 08.
4. Lim KO, Wozniak R, Mueller BA et al. Brain macrostructural and microstructural abnormalities
in cocaine dependence. Drug and Alcohol Dependence.2008; 92: 164–172.
LSD: ácido lisérgico dietilamida; TDAH: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; TO: transtorno opositor
AI
A II
B
CI
C II
Figura 1. Reconstrução em T2 FLAIR (A I) e em T1 (A II) sagital do “sujeito A”; em (B), reconstrução
com sequência DTI do “sujeito B”, com demonstração das cores conforme a direção dos tratos; em
(C) reconstrução com sequência T1 (C I) e DIR (CII) do “sujeito C”.
CONCLUSÃO
A drogadição não parece provocar alterações detectáveis ao exame
convencional de RM e à análise qualitativa em adolescentes. O
prosseguimento da pesquisa, com coleta de maior amostragem e
pareamento de controles, permitirá maior elucidação da questão.
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