UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO MARKETING CIBELE LATRÔNICO O uso da Segmentação da carteira de clientes para o incremento do Marketing de Relacionamento: o caso Tractebel Energia S.A. São José 2005 CIBELE LATRÔNICO O uso da Segmentação da carteira de clientes para o incremento do Marketing de Relacionamento: o caso Tractebel Energia S.A. Trabalho de Conclusão de Curso – projeto de aplicação – apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração da Universidade do Vale do Itajaí. Professor Orientador: Ricardo Boeing da Silveira São José 2005 CIBELE LATRÔNICO O uso da Segmentação da carteira de clientes para o incremento do Marketing de Relacionamento: o caso Tractebel Energia S.A. Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final pela Coordenação do Curso de Administração – Habilitação Marketing da Universidade do Vale do Itajaí, em 21 de outubro de 2005. Prof (a) MSc. Luciana Merlin Univali – CE São José Coordenador (a) do Curso Banca Examinadora: Prof (a) MSc. Ricardo Boeing da Silveira Univali – CE São José Professor Orientador Prof (a) Ana Paula Lisboa Sohn Univali – CE São José Membro Prof (a) MSc. Dimas Pincinatto Alves Univali – CE São José Membro iii Dedico este trabalho em especial ao meu pai, José Antônio, principal responsável por eu conseguir completar mais uma etapa da minha vida e também por me fortalecer ao demonstrar seu credo em meu potencial. À minha mãe, Varlene, que durante esses anos se mostrou forte e guerreira perante as dificuldades e imprevistos da vida e se tornou, ao meu ver, um exemplo de mulher. Às minhas queridas amigas Xexelentas que muito contribuíram para o meu aprendizado, tanto acadêmico-profissional quanto na vida pessoal. Vocês moram no meu coração! iv Agradecimentos: À Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI e ao curso de Administração com Habilitação em Marketing, na pessoa da sua Coordenadora, Luciana Merlin, e de todos os seus professores e funcionários. Ao meu Professor, Orientador e Amigo Boeing por ter desempenhado o verdadeiro papel de mestre – aquele que conduz seus discípulos para que façam suas próprias descobertas. Professor Dimas Pincinatto e Professora Ana Paula Sohn, pela colaboração em aceitarem ser membros da minha banca. À Equipe Tractebel que me acolheu prazerosamente e me ajudou no que estava ao seu alcance. À minha irmã, Erika, que me ajudou em muitos momentos. Aos demais amigos, pelos votos de boa sorte e sucesso! v Sempre faço o que não consigo fazer para aprender o que não sei. Pablo Picasso vi RESUMO O presente trabalho tem como objetivo aprimorar o programa de relacionamento com clientes da Tractebel Energia, partindo de uma segmentação e classificação destes em grupos menores para que estratégias sejam elaboradas com mais eficácia. Para a realização deste objetivo foi realizada uma pesquisa via telefone com os principais concorrentes da empresa tendo em vista reunir informações que incrementem o desenvolvimento do trabalho bem como seu resultado final. Após a pesquisa foi dado início à segmentação baseada na lucratividade que o cliente proporciona para a empresa no presente cruzada com a lucratividade no futuro. Esta segmentação teve como base uma outra que cruzou a importância estratégica do cliente para a empresa com o grau do seu compromisso com a mesma, resultando em quatro níveis de clientes: os que merecem recompensas e investimento por parte da organização, os que precisam ser mais bem administrados, os que necessitam de disciplina e o grupo das demissões, isto é, clientes que a empresa deve renunciar deixando que se tornem um problema para a concorrência. O próximo passo foi listar estratégias específicas para cada grupo formado como também estratégias para o programa de uma maneira geral. Ao final deste trabalho, pode-se concluir que o relacionamento com o cliente é uma questão muito importante e que deve ser levada em consideração por qualquer empresa que almeja manter seus clientes sempre satisfeitos e cada vez mais fiéis. A aplicação de estratégias direcionadas especificamente para cada grupo faz com que o cliente sinta orgulho de ter um fornecedor que valoriza o seu negócio e que se empenha para entender e atender as suas necessidades. Palavras-chave: segmentação, marketing de relacionamento, satisfação do cliente, fidelização. vii ABSTRACT The present work has an objective of improving the relationship program with Tractebel Energia Company, starting from a segmentation and classification of these smaller groups, to prepare the strategies with more efficiency. To the execution of this objective, a phone research was made with the main competitors of the company, in order to join information that would increase the work development as well as its final result. After the research, the segmentation was started based on the profit that the customer provides to the company at the present moment, crossed with the profit in the future. This segmentation had another important crossing with the importance of the customer to the company and the level of their commitment resulting in four different levels of customers: the ones who deserve rewards and investment, the ones who need to be better managed, the ones who need more discipline and the ones who need to be dismissed from the company, leaving them to be a problem to the competitors. The next step was to list specific strategies to each formed group as well as strategies to the program. In the end of this work, it could be conclude that the relationship with the customers is a very important issue and should be taken seriously by any other company longing for keeping their customers always pleased and loyal to them. The usage of these strategies aimed specificaly to each group makes the customers proud of having a supplier that values its business and understands and attends their necessities. Key-words: segmentation, relationship marketing, satisfaction of the customer, fidelity. viii Lista de ilustrações Quadro 1: Forças do comprador X Forças do vendedor............................................12 Quadro 2: Os três níveis do marketing do relacionamento....................................... 15 ix SUMÁRIO Resumo ..................................................................................................................................................vi Abstract................................................................................................................................................vii Lista de ilustrações............................................................................................................................ viii 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ...................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 2 1.2.1. Objetivo geral ............................................................................................. 2 1.2.2. Objetivos específicos ................................................................................ 2 1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 3 1.4 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO .................................................................... 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 5 2.1 CONCEITOS DE MARKETING ...................................................................................... 5 2.2 COMPOSTO DE MARKETING ...................................................................................... 7 2.3 POSICIONAMENTO..................................................................................................... 9 2.4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ORGANIZACIONAL ....................................... 11 2.5 VALOR E SATISFAÇÃO PARA O CLIENTE .................................................................. 14 2.5.1. Qualidade em serviços ........................................................................... 16 2.6 ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA .................................................................................. 18 2.6.1. Análise da concorrência por meio de benchmarking ......................... 19 2.7 PESQUISA MERCADOLÓGICA .................................................................................. 21 2.8 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ................................................................................. 22 2.8.1. Bases para segmentar mercados industriais ...................................... 25 2.9 MARKETING DE RELACIONAMENTO ........................................................................ 27 3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO .......................................................................................... 30 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 32 4.1 A EMPRESA............................................................................................................. 32 4.1.1. Histórico..................................................................................................... 32 4.1.2. Valores....................................................................................................... 33 4.1.3. Mercado..................................................................................................... 34 x 4.1.4. Produtos e Serviços ................................................................................ 36 4.1.5. Clientes...................................................................................................... 37 4.2 AÇÕES DA CONCORRÊNCIA .................................................................................... 38 4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE CLIENTES.............................................................. 39 5 ESTRATÉGIAS PARA O INCREMENTO DO PROGRAMA DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE ..................................................................... 42 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 44 6.1 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 44 6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA...................................................................................... 45 6.3 SUGESTÕES PARA NOVOS TRABALHOS .................................................................. 45 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 46 APÊNDICES........................................................................................................................... 49 1 INTRODUÇÃO É muito importante que a empresa saiba se posicionar no mercado e na mente dos clientes visto que nos dias atuais este ambiente está cada vez mais globalizado e, conseqüentemente, competitivo. Porém, nem sempre é possível atendê-lo da mesma forma. É preciso, então, analisá-lo e descobrir qual, ou quais segmentos se tem condições de atuar. Ainda assim, é provável que não se consiga agradar a todos, pois seus desejos e necessidades não serão totalmente compatíveis. A partir daí, surge à necessidade de segmentar esse mercado promissor em segmentos-alvo para que o investimento não seja em vão. Da mesma maneira acontece com os clientes já adquiridos. Devido ao aumento da concorrência, as empresas têm dado maior ênfase na retenção dos seus clientes que na obtenção de novos. Por isso, é importante que as organizações formem grupos de clientes com desejos e necessidades semelhantes, onde consigam manter um relacionamento construtivo, direcionando atividades específicas a cada grupo, superando, assim, as expectativas dos clientes e fortalecendo a credibilidade da marca. Foi seguindo essa linha de pensamento que a Tractebel Energia (TBLE) sentiu a necessidade de segmentar a sua carteira de clientes para dar continuidade ao Programa de Relacionamento com o Cliente. Este tem por objetivo a satisfação total dos clientes bem como sua fidelização. Sendo assim, estratégias específicas a cada segmento serão aplicadas, procurando estabelecer um relacionamento mais estreito. Portanto, este trabalho tem como escopo a elaboração de estratégias mais competitivas de marketing de relacionamento, de acordo com as ações desenvolvidas pela concorrência que foram adquiridas por meio de benchmarking, seguidas de uma segmentação da carteira de clientes, aprimorando o programa já existente. 1.1 Descrição da situação problema 2 Com o aumento da concorrência e a determinação em fidelizar seus clientes, a organização sentiu a necessidade de aprimorar o programa de relacionamento com os clientes, pois as primeiras estratégias colocadas em prática pela equipe não atingiram o resultado almejado. Detectou-se que um dos motivos para a ineficácia do programa era a ausência de uma segmentação da carteira de clientes. Sendo assim, uma empresa especializada foi contratada para realizar uma pesquisa cujo objetivo foi apresentar o índice de satisfação dos clientes. A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que novas estratégias terão que ser elaboradas para dar continuidade ao programa de maneira eficiente. Com as informações adquiridas será possível buscar critérios para que a classificação dos grupos dos clientes seja realizada e novas estratégias sejam elaboradas. 1.2 Objetivos A seguir, serão apresentados os objetivos geral e específicos. 1.2.1. Objetivo geral Aprimorar o Programa de Relacionamento com os Clientes da Tractebel Energia. 1.2.2. Objetivos específicos • Descrever a organização, seus produtos e serviços, bem como o mercado a qual está inserida. • Classificar níveis de clientes através da segmentação. • Relacionar as principais ações de marketing de relacionamento desenvolvidas pelos concorrentes. 3 • Elaborar novas estratégias de marketing de relacionamento a partir da segmentação da carteira de clientes, como também das ações exercidas pela concorrência. 1.3 Justificativa A realização deste trabalho ajudará significativamente a empresa, pois uma de suas prioridades no ano de 2006 é dar continuidade ao programa de relacionamento com o cliente. Consequentemente, a acadêmica se beneficiará por estar colocando em prática a teoria aprendida durante todo o período acadêmico e também por estar adquirindo experiência para melhor se portar no mercado de trabalho. A universidade será igualmente beneficiada, pois este trabalho servirá como fonte de pesquisa. A TBLE sentiu a necessidade de aplicar esse programa a partir do momento em que detectou que sua carteira de clientes poderia sofrer ameaças devido à concorrência, cada vez mais acirrada, no ramo de geração, comercialização e distribuição de energia elétrica. Esse programa de relacionamento visa identificar novas oportunidades de negócios com os clientes, aumentar a fidelização e as possibilidades de renovação de contratos, obter subsídios para aprimorar os processos internos de atendimento aos clientes, dar continuidade ao processo de conhecimento da TBLE a respeito de seus clientes, como também à identificação de necessidades dos mesmos e receber feedback dos serviços prestados, envolver as pessoas responsáveis por atividades de atendimento e serviço ao cliente na estratégia de fidelização e buscar a aproximação da Empresa com os diversos níveis hierárquicos das empresas-cliente. Há uma grande necessidade em revelar e considerar o valor das ações pósmarketing, segundo Vavra (1993), pois se evidencia assim, a importância do marketing de relacionamento: cultivar relacionamentos progressivos para, desta forma, manter os clientes. A interação continuada pós-venda é uma parte muito importante do pós-marketing e é tão necessária quanto a venda, se uma organização deseja contar com oportunidades continuadas de negócios com o mesmo cliente no futuro. 4 De acordo com Las Casas (1987), segmentar é agregar consumidores com características homogêneas, diferenciadas de outros grupos, com o objetivo de planejar programas de marketing que se aproximem mais da satisfação de desejos e necessidades do grupo ou grupos escolhidos como mercado-alvo. Portanto, alcançar todos esses campos visionários é muito importante que a segmentação da carteira de clientes seja confeccionada de maneira clara e objetiva, para que as estratégias de relacionamento sejam elaboradas eficazmente, superando as expectativas de todos os interessados. Vale ressaltar que parte deste trabalho dependerá da pesquisa realizada com a concorrência, pois este é um objetivo significamente importante para a realização dos outros. 1.4 Apresentação geral do trabalho Após uma introdução e descrição da situação problema, que é a principal responsável pela elaboração dos objetivos, serão detalhados tópicos os quais este trabalho se fundamentará, bem como a metodologia utilizada, seu contexto, procedimentos e participantes. Por conseguinte, apresentar-se-ão as informações adquiridas no decorrer da pesquisa e seus resultados. Por fim, tem-se a exposição das considerações finais e as referências às quais este trabalho foi desenvolvido. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica do presente trabalho descreverá temas os quais servirão de base para a eficiência do desenvolvimento bem como a eficácia dos resultados. Seu conteúdo será dividido em conceitos de marketing, composto de marketing, posicionamento, comportamento do consumidor organizacional, valor e satisfação para o cliente, análise da concorrência, pesquisa mercadológica, segmentação de mercado e marketing de relacionamento. 2.1 Conceitos de marketing O marketing possibilita o estudo dos produtos e serviços que serão oferecidos para suprir as demandas estimuladas a partir dos desejos e das necessidades dos clientes. Permite entender as forças e o comportamento do mercado consumidor. Ajuda a construir relacionamentos e estreitá-los juntamente com clientes, parceiros, fornecedores e com a sociedade como um todo. Porém, para alcançar a excelência na prática do marketing é fundamental que a empresa entenda e seja orientada para o mercado. Por mercado, segundo Dias et al (2003, p.3), “entende-se o conjunto de pessoas e/ou organizações cujas necessidades podem ser satisfeitas por produtos ou serviços e que dispõe de renda para adquirí-los”. Cita, também, que a empresa que obtiver recursos humanos e materiais para coletar informações sobre as expectativas dos diversos atores do mercado (consumidor, distribuidor, concorrente, influenciador e macroambiente), elaborar um plano de ação orientado para o mercado e implementar o mesmo com a participação de todas as áreas funcionais será uma empresa orientada para o mercado. De acordo com Las Casas apud Las Casas (1987, p.13), Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca orientada para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar os objetivos da empresa e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade. Kotler (2000, p.30) dá a seguinte definição: “é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtém aquilo de que necessitam e o que 6 desejam com a criação, oferta e livre negociação de produto e serviços de valor com os outros”. Influenciados pela concepção de Drucker, Kotabe & Helsen (2000) definem o marketing como algo essencial, uma atividade corporativa criativa, que envolve o planejamento e a execução do ponto de vista, determinação de preço, promoção e distribuição de idéias, produtos e serviços em uma troca não satisfazendo apenas as necessidades atuais dos consumidores, como também antecipando e criando suas necessidades futuras com determinado lucro. Cobra (1997), cita diversos autores num contexto de evolução da definição de marketing: Em 1969, Kotler e Levy articularam que o conceito de marketing deveria compreender também as instituições sem fins lucrativos. No mesmo ano, Luck propôs que o marketing se restringisse às atividades das quais se originam as transações de mercado. Nove anos depois, em 1978, Haas mencionou o marketing como um processo onde ocorre a criação e a expansão contínua da demanda de produtos e serviços que são específicos para satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. Kotler, 1997, define o marketing como a arte de planejar e executar, desde a concepção, preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços para designar trocas que atendam aos objetivos de pessoas e de organizações. Entretanto, Richers (2000) revela em sua obra que o marketing já passou por várias fases, algumas até conflitantes. Em determinadas épocas deu-se ênfase aos aspetos legais referentes à compra e venda de bens. Em outras, as definições se concentravam na distribuição. Após uma série de críticas, a definição de marketing elaborada pela AMA – Associação Americana de Marketing, deu lugar a uma interpretação cuja responsabilidade das funções administrativas e a abordagem sistêmica eram aspectos primordiais. A partir do momento em que começaram a ocorrer movimentos de consumidores com repercussão mundial houve uma nova modificação: marketing é a intenção de entender e atender o mercado. Além das diferentes definições elaboradas por diversos autores, é fundamental mencionar a função do marketing. De acordo com Dias et al (2003, p.9), “a função do marketing engloba a tomada de decisões, a gestão de recursos, a 7 coordenação de processos e a avaliação de resultados, como qualquer outra função empresarial”. Com isso, subentende-se a importância de, primeiramente, identificar o que o consumidor quer, ou seja, entendê-lo, para que depois haja um esforço a fim de atender aos desejos identificados. Por fim, de acordo com Dias et al (2003), entende-se que o marketing é uma função empresarial que cria ininterruptamente valor para o cliente, gerando vantagem competitiva duradoura para a empresa, por meio da gestão estratégica das variáveis controláveis de marketing: produto, preço, praça e promoção. 2.2 Composto de marketing O composto ou mix de marketing, também conhecido por 4P’s, é uma estratégia fundamental utilizada pelas empresas para influenciar a demanda do seu produto, alcançando, assim, os objetivos almejados pela organização e, conseqüentemente, cria valor satisfazendo os clientes. De acordo com Kotler & Armstrong (2003, p. 47), “o mix de marketing pode ser definido como um conjunto de ferramentas de marketing táticas e controláveis que a empresa utiliza para produzir a resposta que deseja no mercado-alvo”. Essas ferramentas são caracterizadas por Dias et al (2003) em função das decisões que cada uma delas implica: • Produto – após identificar oportunidades de lançamentos de produtos e serviços, é indispensável adequá-los às necessidades e desejos dos clientes, formulando estratégias, não esquecendo de ficar atento ao ciclo de vida. • Preço – para gerar vantagem competitiva em relação aos concorrentes é necessário a elaboração de uma estratégia de preço, maximizando o retorno para a empresa e parceiros. • Promoção – engloba as estratégias e atividades de comunicação (propaganda, marketing direto, relações públicas, publicidade, eventos, seminários) e promoção de vendas (sorteio, prêmios ao consumidor, descontos de preços, brindes e outros). 8 • Praça – responsável pela escolha dos canais de distribuição, como também os de vendas, possibilitando ao cliente a satisfação da sua necessidade. Berry apud Vavra (1993, p.33) afirma que “o mercado de hoje requer que novos elementos sejam adicionados ao composto de marketing para auxiliar a empresa a tornar-se competitiva”. Sendo assim, adequando suas idéias para um ponto de vista em pós-marketing, além de produto, praça, preço e promoção, acrescentar-se-ia os seguintes itens: • Comunicações com o cliente, oferecendo programas de pós-vendas, como a confecção de revistas próprias e a realização de eventos e o serviço de atendimento de reclamações via telefone gratuitamente. • Satisfação do cliente, monitorando constantemente as expectativas dos clientes e a satisfação delas com os produtos ou serviços oferecidos. • Serviço, de pré e pós-venda, como também atividades de conveniência. No entanto, Gordon (1998) destaca apenas a necessidade de se repensar os 4P’s quando se trata de marketing de relacionamento. Diz que o produto é a conseqüência de um procedimento de cooperação que cria os valores que os clientes cobiçam para cada componente do produto e seus serviços agregados. Compreende uma reunião de vantagens individuais em cuja decisão ou elaboração os clientes tomaram parte. Menciona que o preço muda de acordo com as preferências e os preceitos dos clientes, e o valor acaba variando proporcionalmente. Com relação à promoção, o marketing de relacionamento proporciona ao cliente individual uma chance de decidir como ele deseja se comunicar com a empresa, com que freqüência e com quem. Já a distribuição, segundo o autor, é considerada a partir do ponto de vista do cliente que decide onde, quando e como obter a combinação de produtos e serviços que compõe a oferta total do vendedor, ou seja, não é considerada um canal, mas sim um procedimento que permite aos clientes escolher onde e de quem eles obterão o valor que anseiam. Chaston (1992), defende a idéia de que uma das mais importantes funções do profissional de marketing é relacionada aos 4P’s: ter a capacidade de usá-los para otimizar a performance da organização. Com isso, cita que os componentes do mix de marketing como fatores indispensáveis para o sucesso de qualquer empresa. 9 Para satisfazer a todos os consumidores, nem sempre é possível à aplicação de apenas um composto de marketing. Existem algumas práticas para melhor alcançar esse objetivo. Uma delas é o marketing diferenciado, onde cada segmento escolhido como alvo terá um mix de acordo com suas necessidades. Além de adequar o mix de marketing em relação ao mercado-alvo, é necessário que haja uma fixação da empresa, marca ou produto nesse mercado. Para fazer com que isso se torne algo efetivamente sólido e visível, é preciso que a organização se posicione de maneira correta, clara e objetiva para que não haja dúvidas por parte do cliente na hora da escolha do seu fornecedor. Segundo McKenna apud Dias et al (2003), o composto de marketing deve ser derivado do posicionamento, pois permite à empresa alcançar uma presença singular no mercado. 2.3 Posicionamento Kotler apud Hooley et al (2001, p.179), aborda o posicionamento como “o ato de fazer o projeto da oferta e imagem da empresa”. Na realidade, o posicionamento nada mais é que o lugar ocupado pela empresa na mente dos clientes em relação aos concorrentes. Para Kotler & Armstrong (2003, p.190), “o posicionamento envolve a implantação de benefícios únicos de marca e a diferenciação na mente dos consumidores”. Essa diferenciação é citada por Kotler (1998) como a criação de um conjunto de diferenças expressivas para distinguir a oferta da empresa das ofertas da concorrência. Com isso, fica claro que o posicionamento evita os concorrentes. McKenna (1992) completa esse conceito ressaltando que é possível se diferenciar por meio de qualquer uma das partes do mix de marketing, conseguindo assim passar ou mostrar credibilidade aos clientes. No entanto, enfatiza que é essencial a intervenção de três variáveis-chaves no processo: • Inferência – os consumidores inferem que uma organização iniciante é digna de confiança quando esta possui relações com uma outra empresa de boa reputação. 10 • Referência – a confiança dos consumidores tende a aumentar quando ouvem boas referências sobre a organização. • Evidência – as evidências de um produto ou serviço vitorioso no mercado contribuem para o crescimento da credibilidade. Trout apud Lovelock e Wright (2002) extrai a essência do posicionamento nos quatro princípios seguintes: a empresa deve se fixar nas mentes de seus clientesalvo; a posição deve fornecer uma mensagem simples, porém consistente; a posição deve relacioná-la com suas concorrentes; e, a empresa precisa focar seus esforços. O posicionamento dinâmico proposto por McKenna apud Dias et al (2003), é um modelo apoiado em dois conceitos: o posicionamento se forma gradativamente e é multidimensional, ou seja, o posicionamento do produto, o posicionamento no mercado e o posicionamento da empresa estão interconectados. Isto pode acarretar uma certa confusão que hoje atrapalha muitas empresas, ou seja, entender por segmentação o que na realidade é posicionamento. A segmentação procura consumidores com mostrar ao características empresário de onde consumo encontrar idênticas, grupos de enquanto o posicionamento é a parte operacional da segmentação, isto é, opera com a sensibilidade das pessoas ocasionando uma reação positiva para algum apelo que lhe pareça ser digno de aceitação (RAIMAR, 2000). Um dos posicionamentos mais comumente usados pelas organizações é o citado por Kotler e Armstrong (2003) que leva em consideração a proposição de valor para o cliente: • Mais por mais – para um produto ou serviço superior é cobrado um preço mais alto para cobrir os custos também mais altos. • Mais pelo mesmo – oferecer um produto ou serviço com a mesma qualidade dos concorrentes, porém, a um preço menor. • O mesmo por menos – produtos e serviços com qualidade comparável aos mais caros com menor valor de venda. Proposição considerada pelos consumidores como um bom negócio. • Menos por muito menos – os consumidores optam por pagar menos por produtos e serviços cujo desempenho não é excelente. • Mais por menos – considerada a melhor proposição de valor, pois os consumidores recebem mais benefícios e pagam menos por eles. 11 Contudo, as estratégias de marketing podem ser ameaçadas por erros cometidos no momento em que uma empresa se posiciona no mercado. Por isso, Kotler apud Hooley et al (2001) enfatiza a importância de um posicionamento claro e forte, alertando sobre os principais erros de posicionamento que podem destruir tais estratégias. O primeiro erro citado pelo autor é o subposicionamento, que ocorre quando os clientes possuem apenas idéias vagas sobre o produto, tornando-o um “produto a mais”. Pode acontecer também um supraposicionamento quando os clientes têm uma idéia estreita sobre a organização, a marca ou o produto. O posicionamento confuso é fruto de mensagens que são mudadas com uma certa freqüência, confundindo os clientes. Já o posicionamento duvidoso aparece quando a empresa faz reivindicações que podem não ser aceitas, se são ou não verdadeiras. Todos esses fatores implicam no comportamento de consumidor. Item muito importante que deve ser analisado com bastante ênfase para o melhor desempenho da empresa. 2.4 Comportamento do Consumidor Organizacional As empresas que vendem para outras empresas necessitam conhecer e entender ao máximo o mercado e o comportamento de compra organizacional, pois de acordo com Siqueira (1992, p.104), A compra industrial é um processo complexo e não um ato de impulso. Ela compreende a determinação da necessidade de comprar produtos ou serviços industriais, as comunicações entre os membros das organizações que se acham envolvidos na compra ou que usarão o produto ou serviço industrial, as atividades de busca de informações e avaliação das ações alternativas para as compras. Antes de efetuarem uma compra, os compradores organizacionais possuem o maior cuidado em avaliar, escolher e negociar com o possível fornecedor dos bens ou serviços que precisam para dar continuidade à produção, sendo responsabilidade do profissional de marketing saber como eles responderão aos seus numerosos estímulos. É importante ressaltar que o mercado empresarial e o consumidor diferem em alguns aspectos como, na estrutura e demanda de mercado, onde os clientes 12 organizacionais estão mais concentrados geograficamente, possuindo uma demanda inelástica, ou seja, não é muito afetada pelas mudanças de preços; na natureza da unidade de compra, pois envolve mais compradores, exigindo uma compra mais profissional; nos tipos e processo de decisão de compra, deparando-se com decisões de compra mais complexas, onde compradores e vendedores trabalham mais diretamente construindo relacionamentos mais duradouros (KOTLER & ARMSTRONG, 2003). Por outro lado, esses mercados equivalem em relação ao envolvimento de indivíduos que assumem papéis e tomam decisões de compra para suprir necessidades. Siqueira (1992) aponta, ainda, as principais diferenças entre os padrões de compra entre o mercado industrial e o mercado consumidor comum: prazo de negociação, freqüência de compra, tamanho do pedido, compra direta, acordos recíprocos, exigências de bom atendimento e de qualidade e entrega, e arrendar em vez de comprar. O comportamento do consumidor de bens de consumo ou industriais, do ponto de vista de Sheth et al (2001), é derivado das atividades físicas e mentais que proporcionam a compra e a utilização dos produtos, como também seu pagamento. A qualidade do produto ou serviço, o preço e o prazo são fatores importantes para a tomada de decisão de compra. No entanto, a negociação é um item que deve ser tratado com relevância, pois, de acordo com Siqueira (1992, p.107) a negociação consiste em “solucionar problemas de compra e venda com acordo mútuo e satisfação”. Por isso, é indispensável que o comprador seja um bom negociador, estudando antecipadamente o processo de compra, bem como os pontos fortes e fracos da empresa fornecedora. FORÇAS DO COMPRADOR FORÇAS DO VENDEDOR • Fornecedor ansioso em fazer negócio • Comprador sob pressão de outras • Comprador tem fornecedor alternativo áreas da sua empresa • Comprador tem tempo disponível • O vendedor não tem concorrente • Preço do vendedor está muito alto • Comprador tem urgência do produto • Qualidade está abaixo do especificado • O preço está competitivo ou até um • O vendedor é desconhecido pouco abaixo da concorrência 13 • A empresa fornecedora é • A qualidade excede às exigências e desconhecida não está sendo cobrado nada por isto • Comprador representa uma grande • Comprador é conhecido e amigo empresa • A empresa vendedora goza de grande prestígio • Vendedor representa uma firma grande Quadro 1: Forças do comprador X forças do vendedor Fonte: SIQUEIRA, Antonio Carlos B. Marketing Industrial: fundamentos para ação business to business. São Paulo: Atlas, 1992, p.109. O centro de compras, denominado por Webster e Wind apud Kotler (2000, p.218), “é composto de todas as pessoas que participam do processo decisório de compra e que compartilham algumas metas e riscos provenientes das decisões tomadas”. Os Iniciadores são aqueles que solicitam a compra do produto; os Usuários são os responsáveis pela utilização do produto ou serviço; já os Influenciadores ajudam a definir especificações e ainda fornecem informações sobre alternativas disponíveis; os Decisores decidem as exigências que o produto ou serviço deve atender; os Aprovadores são pessoas responsáveis pela autorização das ações propostas por decisores ou Compradores; estes têm autoridade formal para selecionar o fornecedor e conduzir a negociação, estabelecendo os termos de compra; por último, têm-se os Fiscais Internos que são dotados de poder para evitar que vendedores ou informações cheguem até os membros do centro de compras. Existem oito itens, citados por Kotler & Armstrong (2003), que compõe o processo de compra organizacional, os quais devem ser seguidos à risca se tratando de uma nova compra: identificação do problema; descrição geral da necessidade; especificação do produto; busca por fornecedores; solicitação da proposta; seleção do fornecedor; especificação do pedido de rotina; e análise do desempenho. No caso de recompra simples ou modificada, os consumidores não precisam realizar todos novamente. Quando se trata de fatores que influenciam o comportamento de compra organizacional, Dias et al (2003) levam em consideração fatores como o mercado, composto por nível de demanda, custo do dinheiro, poder de barganha dos fornecedores, política fiscal, disponibilidade de recursos, condições de fornecimento e tecnologia. A cultura corporativa, a política, os procedimentos, a estrutura 14 organizacional e os sistemas compõem o fator organizacional. No que diz respeito ao fator social, envolve autoridade, status, prestígio do cargo e influências dos outros papéis do centro de compra. O fator pessoal engloba a idade, a instrução, o cargo ocupado, o estilo de decisão, a personalidade e o autoconceito. Igualmente ao mercado consumidor comum, o fator psicológico atuante no mercado organizacional é regido pela motivação, percepção, aprendizado, crenças e atitudes. Ainda com relação as principais influências, enfatiza-se a emoção, pois quando existem fornecedores com ofertas semelhantes, os compradores acabam não tendo base para uma escolha racional, permitindo que fatores pessoais entrem no processo. Caso contrário, se os produtos concorrentes diferem muito, Kotler & Armstrong (2003) dizem que os compradores darão mais importância aos fatores econômicos. Sheth et al (2001) mencionam que é de extrema importância que as empresas se antecipem em relação às tendências do comportamento do cliente, pois pode proporcionar às organizações uma vantagem estratégica de grande valor. Essa atitude acarreta benefícios como o pioneirismo, tratando-se de lançamento de novos produtos e serviços no mercado; por meio da canalização de uma necessidade ainda não manifestada, podem-se criar novos mercados; e responsivos de acordo com a opinião positiva do público. Contudo, os clientes sempre levam em consideração o valor e a satisfação que o produto ou serviço adquirido irá lhe proporcionar. Os que estão contentes por haver escolhido uma empresa que oferece valor construindo uma satisfação, provavelmente voltarão a comprar e não a deixarão por um concorrente. 2.5 Valor e satisfação para o cliente A primeira tarefa de uma empresa basicamente é criar clientes. Mas no ambiente mercadológico atual existe uma diversidade de produtos, marcas, preços e fornecedores disponíveis para a escolha dos clientes. Kotler (2000) acredita que essa escolha é baseada numa avaliação que o cliente faz para saber qual oferta lhe proporcionará mais valor, formando uma expectativa e agindo com base nela. 15 Essa expectativa é geralmente influenciada por experiências anteriores de compras, recomendação de amigos, como também por informações e promessas das empresas e dos concorrentes. Completa o raciocínio ressaltando que a satisfação e a possível repetição da compra depende de a oferta atender ou não a essa expectativa de valor. O valor para o cliente é definido por Dias et al (2003, p. 4) como “a diferença entre os benefícios obtidos e os custos incorridos pelo cliente”. A satisfação do cliente, segundo Mirshawka (1993, p.48), “é um estado no qual as necessidades do cliente, seus desejos e suas expectativas são atendidos ou excedidos, resultando na sua volta para comprar ou usar os produtos ou serviços oferecidos e na manutenção de sua lealdade”. Berry e Parasuraman apud Kotler (1998) identificaram três abordagens de valor para os consumidores que constituem em acréscimo de benefícios financeiros, com a elaboração de programas de marketing de freqüência, onde são oferecidas recompensas para compradores habituais ou de quantidades substanciais e de marketing de clubes cujo objetivo principal é a aproximação dos consumidores com a empresa; o segundo nível de abordagem é o acréscimo de benefícios sociais, onde se aumenta o vínculo individualizando e personalizando relacionamentos; por fim temos a abordagem de vínculos estruturais que facilitam o processo empresacliente. NÍVEL TIPO DE LIGAÇÃO ORIENTAÇÃO DO MARKETING GRAU DE PERSONALIZAÇÃO DO SERVIÇO ELEMENTO BÁSICO DO MIX DE MARKETING POTENCIAL DE DIFERENCIAÇÃO COMPETITIVA SUSTENTADA Um Financeira Consumidor Baixo Preço Baixo Dois Financeira e Social Cliente Médio Comunicações pessoais Médio Cliente De médio a elevado Três Financeira Social e Estrutural Prestação do serviço Alto Quadro 2: Os três níveis do marketing do relacionamento Fonte: Berry, Leonard L.;Parasuraman, A. Serviços de Marketing: competindo através da qualidade. São Paulo: Maltese-Norma, 1992. p.162. 16 Analisando o quadro acima, evidencia-se uma distinção entre consumidor e cliente. Berry e Thompson apud Berry e Parasuraman (1992) destacam algumas dessas diferenças que os distingue: os consumidores são considerados integrantes de segmentos maiores, enquanto os clientes são atendidos pessoal e individualmente; os consumidores são estatística e os clientes entidades, ou seja, os primeiros tem suas necessidades refletidas em resumos emitidos por computadores e os clientes têm suas especificidades salva em um banco de dados. Hooley et al (2001) descrevem os quatro pilares de uma proposição de valor: • Direto – negociar de forma direto com os clientes, tratando-os diferentemente. • Sem complicação – comunicar-se de maneira clara, evitando fazer pressão no cliente. • Tranqüilidade – preço igual a todos os clientes com a inclusão de acessórios adicionais. • Cortesia – ao longo do processo, sempre mostrar interesse e respeito pelas necessidades e preferências do cliente. “O marketing voltado para o valor é baseado numa visão simples do motivo que leva clientes a comprar produtos e serviços” (CHURCHILL E PETER, 2003, p.13). Porém, a satisfação, segundo diversos autores, é proveniente da qualidade dos serviços prestados. 2.5.1. Qualidade em serviços Qualidade, segundo Kotler (1998, p.65), “é a totalidade de aspectos e características de um produto ou serviço que proporcionam a satisfação de necessidades declaradas e implícitas”. Já o serviço é definido como qualquer desempenho que uma parte possa oferecer a outra não resultando na propriedade de nada, sendo essencialmente intangível. Além de ter como característica a intangibilidade, possui a inseparabilidade, a variabilidade e a perecibilidade como particularidade. Não obstante, afirma que a vantagem competitiva de uma empresa depende da qualidade dos bens e serviços prestados. 17 Com isso, a organização que deseja oferecer máxima qualidade e obter sucesso neste mercado de constantes mudanças, onde os consumidores possuem uma gama cada vez maior de fornecedores, deverá entender que os serviços diferem dos bens por nove características básicas, listadas por Lovelock e Wright (2002): (1) o cliente não obtém propriedade sobre o serviço, (2) os serviços são intangíveis, (3) há um maior envolvimento dos clientes no processo de produção do serviço, (4) outras pessoas podem fazer parte do produto do serviço, (5) há uma maior variabilidade nos insumos, (6) muitos serviços são de difícil avaliação pelo cliente, (7) normalmente há uma ausência de estoque, (8) o fator tempo é importante, e (9) os sistemas de entrega podem envolver canais eletrônicos e físicos. É importante diferenciá-los, pois a empresa prestadora de serviço que atender seus consumidores aplicando as características de um produto, certamente não conseguirá satisfazê-lo completamente. Czepiel e Gilmore apud Berry e Parasuraman (1992, p. 159) observam que “devido à intensidade de sua interação, heterogeneidade e intangibilidade, os serviços tem uma inerente capacidade maior do que os produtos para criar a lealdade dos clientes”. Por meio de uma pesquisa com diversas empresas americanas e com suas experiências em serviços, Cannie e Caplin (1994) elaboraram doze componentes os quais apontam como fundamentais para os serviços orientados para o cliente: • Obter dos altos escalões da administração seu envolvimento e comprometimento com a satisfação dos clientes. • Avaliar os obstáculos e resistências ao comportamento dos clientes. • Estabelecer um contato constante com os clientes para conhecer e atender suas necessidades, expectativas e exigências. • Definir, com clareza, a avaliação e as metas de desempenho. • Estabelecer práticas, estratégias e sistemas orientados para o cliente. • Comprometer os gerentes com uma nova cultura organizacional orientada para o cliente. • Estimular a motivação, o comprometimento e o auto-respeito funcionários. • Conferir autoridade e treinar Defensores dos Clientes em todos os níveis. dos 18 • Solucionar problemas e melhorar sempre. • Obter a participação e aproveitar as idéias dos funcionários. • Reconhecer, recompensar e comemorar quando as metas são atingidas. • Avaliar e promover o desempenho constante. “Uma estratégia de serviços não apenas permite que a empresa diferencia sua oferta e crie um valor agregado para seus clientes, mas também ajuda a manter os concorrentes longe desse relacionamento com clientes” (GRÖNROOS, 1995, p.23). Segundo Lovelock e Wright (2002) há uma enorme diferença entre a fidelidade de clientes simplesmente satisfeitos e a de clientes completamente satisfeitos. Os últimos são mais predispostos a permanecerem imunes a ofertas da concorrência. Por fim, subentende-se que procurar sempre atender muito bem o cliente é essencial para qualquer organização. É necessário estar na procura de um melhoramento contínuo. Para isso, é fundamental buscar informações junto aos clientes sobre suas opiniões em relação ao seu desempenho bem como o da concorrência. Então, analisar os concorrentes é sempre válido para que se consiga buscar e adaptar os melhores desempenhos do mercado para a satisfação plena dos clientes. 2.6 Análise da concorrência Analisar a concorrência é algo imprescindível para que uma empresa consiga alcançar o sucesso. É a partir dessa análise que fica possível saber se está bem ou não no mercado perante seus concorrentes. Porter apud Chaston (1992) alertou sobre os perigos que correm os profissionais de marketing quando concentram suas preocupações apenas no mercado consumidor, esquecendo as possíveis ameaças de mudança estratégica entre seus concorrentes. Na mesma linha de preocupações, Kotler (1998) ressalta que é essencial conhecer mais profundamente as idéias da concorrência para se ter esperança de antecipar suas prováveis ações ou reações. Contudo, afirma que existem tipos de 19 concorrentes que dificultam esse processo. O concorrente cauteloso não reage rápido ou fortemente. Já o tipo arrojado reage de maneira oposta ao cauteloso, a qualquer iniciativa em seu território. Em relação à concorrência imprevisível, não há maneira de prever o que fará, obrigando a empresa tomar como base a situação econômica e o histórico da empresa. Uma das maneiras de pesquisar os adversários é o Benchmarking. Através dele a organização tenta descobrir quais são as melhores práticas do mercado e tenta adaptá-las em suas estratégias de marketing. 2.6.1. Análise da concorrência por meio de benchmarking Acautelar-se com relação à concorrência deve ser um artifício rotineiro porque as forças do mercado mudam a todo o momento. A competitividade do mercado atual exige que as empresas estejam sempre em busca do aperfeiçoamento contínuo dos seus processos, produtos e serviços, almejando um lugar de destaque no ambiente onde atua. Aprender com os concorrentes é uma atitude gerencial mercadológica que minimiza riscos. “Para a empresa, o principal mérito do benchmarking é que constitui um processo de aprendizagem, que visa a melhoria de desempenho, pouco importando se o ‘modelo’ é uma empresa do mesmo setor ou de outro setor qualquer, desde que tenha algo a ensinar.” (RICHERS, 2000, p.180). Segundo Mirshawka (1993, p.19) “o benchmarking é o meio pelo qual se pode continuamente estabelecer prioridades, metas e práticas que conduzirão a uma vantagem competitiva no mercado”. De acordo com Kotler (2000), na aplicação do benchmarking é preciso seguir alguns procedimentos básicos para que os objetivos sejam alcançados com sucesso e que exista uma constante melhoria. Sendo assim a empresa deve seguir sete etapas: • Determinar as funções as quais aplicar o benchmarking. • Identificar as variações-chave de desempenho a serem avaliadas. • Identificar as melhores empresas nos quesitos avaliados. • Avaliar o desempenho das melhores empresas nos quesitos avaliados. 20 • Avaliar o desempenho da empresa. • Especificar programas e ações para acabar com as defasagens. • Implementar e monitorar os resultados. Benchmarking não é um mecanismo para determinar unicamente a redução ou não de recursos. Também não é nenhum programa que não precise de ajustes constantes. Muito menos um livro de receitas que basta procurar os ingredientes e usá-los para obter sucesso. Enfim, o benchmarking não é apenas um modismo, pois para Camp (1993, p.13), O benchmarking é uma nova maneira de se fazer negócios. Ele força uma visão externa, para assegurar a precisão da fixação de objetivos. É uma nova abordagem gerencial. Ele obriga ao teste constante das ações internas em relação aos padrões externos das práticas das indústrias. Promove o trabalho em equipe dirigindo a atenção para práticas empresariais que visam a manutenção da competitividade, ao invés de para interesses pessoais. Ele remove a subjetividade da tomada de decisões. Vale ressaltar que nem sempre é possível transferir diretamente o aprendizado. Na maioria das vezes se faz uma adaptação, onde o resultado poderá ser uma seqüência lógica ou até um sistema. Segundo Waston (1994), existem quatro tipos de benchmarking: • Interno – é mais acessível, obtendo maior retorno em curto prazo. Consiste em realizar comparações dos processos operacionais dentro da própria empresa em suas diferentes unidades operacionais, não apresentando problemas de confidencialidade de informações e os resultados podem ser estendidos a outros setores. • Funcional - fácil troca de informações, pois é realizado entre empresas que não são concorrentes diretas, assegurando uma absorção das melhores práticas entre empresas distintas. • Genérico – busca as melhores práticas comparadas de maneira ampla entre diferentes empresas, mas com similaridades de atuação em determinados procedimentos e com retorno em longo prazo. • Competitivo - é o mais difícil, já que envolve competidores diretos. Deve ser bem estruturado, pois as empresas disputam o mesmo mercado. Como as informações constituem-se na base da vantagem competitiva do concorrente, são indicados a confidencialidade e o anonimato na consultoria utilizada. 21 É através do benchmarking que as empresas podem elaborar estratégias competitivas para combater a concorrência. Para Spendolini (1993), assim como para diversos autores, o benchmarking tem como finalidade o aprimoramento organizacional. Além desse procedimento contínuo e estruturado para avaliar as melhores práticas relacionadas a produtos, serviços e processos de trabalho de organizações, a pesquisa mercadológica também é utilizada com a finalidade do benchmarking, bem como a resolução de problemas que atingem a empresa em determinado momento. 2.7 Pesquisa mercadológica A pesquisa de mercado abrange um leque de atividades que vai de estudos sobre o potencial do mercado e a participação de mercado a avaliações da satisfação e do comportamento de compra do cliente e a estudos sobre a elaboração do mix de marketing. Isto é, ela proporciona a base para uma empresa que visa o sucesso. Kotler (2000, p.125) define pesquisa de marketing como “a elaboração, a coleta, a análise e a edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing enfrentada por uma empresa”. Para McCarthy e Perreault (1997) é apenas um procedimento para desenvolver e analisar novas informações e ajudar os profissionais de marketing a tomar decisões. Geralmente, esse tipo de pesquisa é composto por cinco etapas. Segundo Cobra (1997), a primeira etapa é a definição do problema e os objetivos da pesquisa, seguida do desenvolvimento do plano de pesquisa. A terceira etapa é a coleta de informações, que serão analisadas e, por último, tem-se a apresentação das conclusões. A definição do problema da pesquisa é um dos pontos mais essenciais, pois a partir dele objetivos serão traçados e um plano desenvolvido. Exige uma identificação clara e objetiva para que os resultados obtidos nas próximas etapas não distorçam as conclusões. Um pequeno erro na etapa inicial pode acarretar em 22 uma pesquisa inválida. Afinal ela constitui-se em um processo com partes completamente interdependentes. Conseqüentemente, a determinação dos objetivos será de total acordo com a definição do problema, e servirá de base para a formulação das ferramentas de coleta de dados. Esta, por sua vez, é a etapa que dá corpo à pesquisa. Segundo Mattar (1995) esta é a fase em que são efetuados os contatos com os participantes, aplicados os instrumentos, registrados os dado e, também, é efetuada uma primeira verificação. Porém, vale ressaltar que a pesquisa pode ser realizada com dados já disponíveis. Os dados coletados têm de ser tabulados, analisados e interpretados para que os resultados sejam devidamente compreendidos. Os dados obtidos precisam ser bem explorados para que se obtenha todos os relacionamentos possíveis com o problema pesquisado. Os dados levantados e seus cruzamentos precisam ser apresentados de maneira clara, concisa e objetiva através de quadros, tabelas, gráficos, diagramas e outras ilustrações possíveis. Atualmente, de acordo com Kotler (1998), está aumentando cada vez mais o número de empresas que adotam a pesquisa de marketing por ter um leque de funções muito abrangente. Furlong (1994, p.46) ressalta que “saber o que seus clientes realmente desejam de você poderá evitar muitas perdas em seu trabalho final”. Por isso, é importante focar seus esforços em agrupar consumidores que possuem necessidades semelhantes, isto é, formar segmentos de mercado. A pesquisa de marketing, entre outras funções, ajuda os profissionais da área a segmentar o mercado, identificando esses segmentos. 2.8 Segmentação de mercado Após a identificação, por meio de pesquisa, de todas as necessidades e reais exigências dos clientes da empresa para manter um bom relacionamento, o passo seguinte é usar a segmentação para classificar níveis de clientes, e, conseqüentemente, por em prática as ações do programa de marketing elaborado pela organização. 23 “O objetivo da pesquisa de segmentação é analisar mercados, encontrar nichos e oportunidades e capitalizar através de uma posição competitiva superior” (WEINSTEIN, 1995, p.18). Sendo assim, é necessário focar seus esforços por meio dessa segmentação para que as empresas consigam atingir um público e lucrar com ele. Com isso, Kotler & Armstrong (2003) definem a segmentação de mercado como a divisão de um mercado em grupos menores de compradores com necessidades, características ou comportamentos diferentes que poderiam requerer produtos ou mixes de marketing distintos. Las Casas (1987) e Weinstein (1995) são coerentes quando afirmam que a segmentação é processo de agregação de consumidores com comportamento de compra similar e características homogêneas, diferenciadas dos outros grupos, com o objetivo de planejar programas de marketing que se aproximem mais da satisfação dos desejos e necessidades do grupo ou grupos escolhidos como mercado-alvo. No entanto, Siqueira (2000) adverte que se uma segmentação de mercado não for astuta e cuidadosa, pode acarretar danos pela elaboração de programas de marketing ineficientes, ou o lançamento de produtos inadequados ou ainda atingir fracos resultados de marketing. Cobra (1994) cita alguns requisitos considerados básicos para o sucesso de uma segmentação: para que fique possível determinar o tamanho, o potencial e a importância de um segmento é preciso identificá-lo e medí-lo; o segmento deve demonstrar um potencial adequado, para que seja visto como uma oportunidade de marketing; ser economicamente acessível também é necessário; precisa ser razoavelmente estável, facilitando a identificação do segmento-alvo; e, é recomendada a utilização de métodos específicos para que seja determinado adequadamente. Complementando a idéia acima, Kotler & Armstrong (2003) revelam que existem outras exigências para que a segmentação seja eficiente: • O tamanho, o poder de compra e o perfil do segmento precisam ser mensuráveis; • Deve ser alcançado e atendido de maneira eficiente, ou seja, deve ser acessível; 24 • Necessita ser grande e o mais homogêneo possível, para que seja compensador desenvolver um programa de marketing sob medida pra ele, isto é, necessita ser substancial; • Os segmentos precisam ser diferenciáveis, ou seja, responder de maneira diferente a programas e elementos do mix de marketing. • Programas eficientes precisam ser desenvolvidos para atrair os segmentos e atendê-los, com isso, tornam-se acionáveis. Weinstein (1995) cita três opções de segmentação de mercado: a diferenciação consiste na identificação e comercialização ativa de seus produtos e serviços em dois ou mais segmentos, baseada em necessidades variadas; a concentração ocorre atende um entre diversos segmentos de mercado; e a atomização divide o mercado em seu detalhe mais importante – o nível de consumidor individual. Assim como qualquer estratégia de marketing, a segmentação de mercado apresenta vantagens. Dias et al (2003) menciona algumas das mais importantes vantagens: • Aperfeiçoamento do plano de marketing por meio dos ajustes das variáveis de marketing. • Facilita a quantificação de mercado. • Definição mais precisa do tipo de distribuição, o perfil do intermediário ideal e a quantidade e a localização desses intermediários. • Melhor comunicação entre a empresa e o cliente. • Elaboração de planos mais objetivos e estratégias mais adequadas. • Torna mais fácil a identificação de oportunidades para novos lançamentos de produto. Além das vantagens, existem quatro benefícios principais oriundos da análise e segmentação de mercado, segundo Weinstein (1995). O primeiro deles é a projeção de produtos que atendam eficazmente as necessidades do mercado. Possibilita a elaboração de estratégias promocionais eficazes e de baixo custo, como também a avaliação da concorrência, especialmente a posição que ocupa na mente de dos consumidores reais e potenciais, relativamente à concorrência. Prover insights juntos às estratégias de marketing atuais, reavaliando suas estratégias a fim de tentar aproveitar novas oportunidades e evitar ameaças potenciais. 25 2.8.1. Bases para segmentar mercados industriais Para segmentar mercados industriais é necessário esclarecer o porque diferem dos mercados de consumo comum. Dias et al (2003), Churchill e Peter (2003), bem como Hooley et al (2001) costumam segmentar o mercado consumidor por meio dos seguintes critérios: geográfico, demográfico, psicográfico e comportamental. Já a segmentação do mercado organizacional, de acordo com Kotler & Armstrong (2003), é realizada a partir de variáveis demográficas (setor, tamanho da empresa e localização), operacionais (tecnologia, status de usuário e não-usuário e recursos dos clientes), abordagens de compra (organização da função de compras, estrutura de poder, natureza dos relacionamentos existentes, políticas de compra e critérios de compra), fatores situacionais (urgência, aplicação específica e tamanho do pedido) e características pessoais (similaridade entre comprador e vendedor, atitudes em relação ao risco e fidelidade). Por possuírem diferentes critérios de segmentação, significa que suas definições também diferem. Siqueira (1992) faz essa diferenciação, definindo o mercado industrial como “um mercado de bens e serviços produzidos ou vendidos por empresas agrícolas, comerciais, industriais ou organizações institucionais para uso dos mesmos na produção, comercialização ou locação de outros bens e serviços”. De acordo com Hooley et al (2001, p.199), As bases de segmentação disponíveis para o marketing industrial seguem o comportamento de compras industriais, como as do marketing de consumo seguem o comportamento do consumo. Contudo, dada a presença de clientes industriais muito grandes, a segmentação baseada no uso é a mais utilizada. [...] No final, nos mercados industriais e de consumo, o raciocínio essencial para a segmentação é o de que os grupos de compradores existem com necessidades ou desejos diferentes (benefícios buscados), é a segmentação com base nas necessidades e desejos que oferece a melhor aproximação para a implementação do conceito de marketing. A partir dos conceitos citados acima, percebe-se a importância de segmentar o mercado para que a atuação da empresa seja de sucesso. Sendo assim, segmentar os clientes atuais em grupos distintos também é uma maneira de fazer com que a empresa ganhe cada vez mais vitalidade no mercado onde atua, 26 conquistando e fidelizando com astúcia seus clientes por meio do marketing de relacionamento, com ações adequadas e específicas a cada grupo segmentado. Gordon (1998, p.66) ressalva que “é fundamental reformular o conjunto de clientes para construir a lucratividade da empresa em longo prazo e então perseguir tipos específicos de relacionamento com clientes prioritários para alcançar o conjunto de objetivos do marketing de relacionamento para cada um”. Sendo assim, explica os quatros componentes da Carteira de Segmentação do Cliente: recompensa e investimento, administração, disciplina e demissão. O primeiro componente é designado aos clientes lucrativos no presente, que também serão lucrativos no futuro, onde a empresa oferecerá recompensas como investimento em termos de importância para cada um. Os clientes atualmente lucrativos que podem ser tornam menos ou nãolucrativos no futuro merecem ser administrados e não abandonados. Tem que haver uma perspectiva de que os administrando bem hoje, futuramente poderão continuar gerando lucros para a empresa. Da mesma maneira, a organização deve disciplinar os clientes não lucrativos no presente, tornando-os muito lucrativos no futuro. Isso pode ser feito por meio de mudança ou redução dos custos incorridos pela empresa para negociar, vender, atender, fazer a manutenção e administrar a conta. Outra forma é cobrando dos clientes inclusos nesta categoria, uma taxa por não se encaixarem no perfil de melhor cliente. A demissão ocorre quando, após uma avaliação da base de clientes atuais da empresa, tem-se a seguinte classificação: o cliente não-lucrativo atualmente continuará sendo não-lucrativo no futuro. De acordo com Stone, Woodcock e Machtynger (2001), para uma empresa sobreviver em um ambiente competitivo, é fundamental priorizar clientes e necessidades, ou seja, satisfazer as necessidades mais importantes dos clientes mais importantes. Ressaltam, ainda, que suprindo as necessidades desse tipo de cliente e também daqueles que ainda não foram atendidos pelos concorrentes, obtém-se vantagem competitiva. Contudo, Berrigan e Finkbeiner (1994), afirmam que para sustentar uma vantagem competitiva, é preciso, além de segmentar os clientes em grupos com protótipos similares de necessidades, monitorar e responder a elas. 27 Deste modo, é válido ressaltar que não só a lucratividade do cliente interfere na escolha dos melhores. Mas é um item que exerce grande influência nas decisões da organização sobre a aplicação do marketing de relacionamento, pois nos dias de hoje é necessário ter como foco o cliente e não mais o produto. 2.9 Marketing de Relacionamento Sabe-se que perder um cliente insatisfeito pode ser muito prejudicial a uma organização. Um cliente magoado pode repassar suas reclamações a outros clientes atuais e até potenciais, aumentando, assim, o grau de insatisfação. Para evitar que isso aconteça, é importante ter o marketing focado no cliente. Segundo Vavra (1993) é traçar como meta o valor pleno de duração de cada cliente, aumentando e mantendo essa duração crescente ano após ano, sendo a sobrevivência e o crescimento rentáveis objetivos de longo prazo. O marketing de relacionamento, segundo Gordon (1998, p.31), “é o processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria”. Contudo, Lovelock e Wright (2002, p.132) enfatizam que “envolve atividades destinadas a desenvolver ligações economicamente eficazes de longo prazo entre uma organização e seus clientes para o benefício mútuo de ambas as partes”. Entretanto, Kotler (1998) recomenda o marketing de relacionamento apenas para clientes rentáveis, pois partindo do Princípio de Pareto, a conhecida regra 80/20, mostra que os 20% principais clientes são os responsáveis por 80% do lucro da empresa. Cita que o consultor de empresas, William Sherden, sugeriu ampliar a regra para 80/20/30 refletindo que “20% dos clientes geram 80% dos lucros, metade do qual é perdido para atender a base formada por 30% de clientes não-rentáveis”. Isto quer dizer que a empresa pode lucrar mais dispensando seus piores clientes. Mas quem são os clientes rentáveis? São aqueles que geram um fluxo de receitas para a organização e que excede o fluxo do custo de atrair, vender e servir esse cliente. Berry e Parasuraman (1992) classificam esses clientes como “verdadeiros clientes”. 28 Vale ressaltar que o marketing de relacionamento além de ser indicado para clientes geradores da maior parte do lucro da empresa, também tem de ser aplicado com aqueles clientes com grandes perspectivas de relacionamento de longa duração. Segundo McKenna (1992, p.04) o marketing de relacionamento se baseia na experiência e exige conhecimento sobre: • a tecnologia inerente a sua atividade; • seus concorrentes; • seus clientes; • novas tecnologias que podem modificar o ambiente competitivo; • sua própria organização, capacidades, recursos, planos e formas de negociar. Esse tipo de marketing engloba diversas ferramentas responsáveis pelo estreitamento das relações entre as empresas e seus clientes. Vavra (1993) enfatiza que o pós-marketing é uma ferramenta importante que funciona em longo prazo, tendo como função assegurar que o cliente adquiriu o produto ou o serviço correto. Costuma se manifestar em diferentes atividades de marketing, iniciando-se na identificação da base de clientes, seguido do reconhecimento dos clientes como indivíduos, além de suas necessidades e expectativas. Mensura a satisfação proporcionada, fornecendo também canais de comunicação mais amplos. A atividade chave do pós-marketing é sempre mostrar para os clientes esse sentimento de reconhecimento. De acordo com Gonçalves et al (2002), manter clientes satisfeitos após a compra, e se necessário, recuperá-los, é a essência do relacionamento apoiado em estratégias de marketing, que visa estabelecer um canal permanente com os clientes, estreitando os processos de compra e a administração deste relacionamento em caráter permanente. Segundo Gordon (1998), o marketing de relacionamento procura criar novo valor para os clientes, compartilhando esse valor entre produtor e o consumidor; reconhece o papel fundamental que os clientes individuais têm não apenas como compradores, mas na definição de valor que desejam; exige que uma empresa planeje e alinhe seus processos de negócios, suas comunicações, sua tecnologia e seu pessoal para manter o valor que o cliente individual deseja; é um esforço contínuo entre o comprador e o vendedor; reconhece o valor dos clientes por seu 29 período de vida de consumo e não como clientes ou organizações individuais que devem ser abordados a cada ocasião de compra, procurando unir progressivamente a empresa aos clientes; e busca construir uma cadeia de relacionamentos dentro da organização para criar o valor desejado pelos clientes. Contudo, Kotler (1998) menciona que para o marketing de relacionamento atingir todas as metas que o convém, é necessária a implantação de um programa de relacionamento. As principais etapas envolvidas no estabelecimento de um programa são: • Identificação de clientes-chave que merecem atenção especial. • Designação de um gerente de relacionamento habilitado a cada clientechave. • Desenvolvimento de uma clara descrição das tarefas dos gerentes. • Indicação de um gerente geral para supervisionar os gerentes de relacionamento. • Cada gerente deve desenvolver um plano em longo prazo e um plano anual de relacionamento com o cliente. De acordo com Churchill e Peter (2003, p.293), o sucesso de uma empresa depende de sua capacidade de desenvolver relações. Com isso, diz que o marketing de relacionamento constrói confiança e demonstra comprometimento com o cliente. 30 3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO A pesquisa realizada é do tipo exploratória, pois teve como meta principal o aperfeiçoamento de idéias ou o descobrimento de intuições (GIL, 2002), assumindo a forma de estudo de caso. Utilizou-se a abordagem qualitativa, que, de acordo com Oliveira (2004), apresenta como escopo situações difíceis ou estritamente particulares, como as estratégias e ações de marketing de relacionamento desenvolvidas pela concorrência. A observação participante foi a estratégia adotada durante todo o andamento da pesquisa. Segundo Sanday apud Alves-Mazzotti e Gewansznajder (2001, p.167), “o observador participante deve aprender a usar sua própria pessoa como o principal e mais confiável instrumento de observação, seleção, coordenação e interpretação”, ajudando-o na coleta e análise dos dados. Para que fosse possível a concretização deste trabalho, tentou-se estabelecer uma relação de confiança mais perspicaz com os principais responsáveis pela elaboração e tomada de decisão do programa de relacionamento da empresa, dando atenção especial aos fatos para a captação de itens que passaram a ser importantes na preparação dos temas que foram abordados no roteiro de entrevista estruturado, como também flexibilidade para se adaptar a ocasiões inesperadas, não tendo pressa para a identificação de padrões ou atribuição de significados aos fenômenos observados. A pesquisa foi realizada por meio de benchmarking com os sete principais concorrentes da organização em questão, os quais foram detectados a partir do resultado da recente Pesquisa da Satisfação, Fidelidade e Compromisso do Cliente, que teve seu início no mês de abril e a apresentação de seus relatórios finais na segunda quinzena de maio. Da análise dos dados primários, assim como dos dados secundários, foram retirados critérios para a segmentação da base de clientes da organização, como também idéias para a elaboração de estratégias de marketing de relacionamento. O presente trabalho implicou o uso de dados quantitativos, retirados de pesquisas quantitativas feitas anteriormente. “A coleta de dados significa a fase da pesquisa em que se indaga e se obtém dados da realidade pela aplicação de técnicas” (BARROS e LEHFELD, 2000, p.89). 31 Com isso, para a obtenção dos dados primários, foi aplicado um roteiro de entrevista estruturado, via telefone para toda a amostra, onde o entrevistador se fez passar por cliente e, também, estudante. Porém, antes de se realizar a entrevista, foi enviado um e-mail a cada participante para um possível o agendamento da mesma. No entanto, não foi possível a obtenção de todas as respostas. De uma amostra com sete apenas três responderam às perguntas. Outras três alegaram não poder colaborar, pois não teriam informações suficientes para suprir a necessidade da pesquisa. De acordo com Mattar (2001, p.48), “dados primários são aqueles que não foram antes coletados, estando ainda em posse dos pesquisados, e que são coletados com o propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento”. Com relação à coleta de dados secundários, caracterizados internos, foram obtidos junto à empresa a qual a pesquisa implicou resultados positivos. A principal fonte destes dados foi o resultado da pesquisa da satisfação citada anteriormente realizada por consultores especializados, concordando com Mattar (2001, p.48), que declara que “dados secundários são aqueles que já foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até analisados e que estão catalogados à disposição dos interessados”. A pesquisa aponta opiniões dos clientes no que diz respeito à negociação, atendimento (pós-venda), faturamento, imagem e medição. “Tratamento dos dados refere-se àquela seção na qual se explicita para o leitor como se pretende tratar os dados a coletar, justificando porque tal tratamento é adequado aos propósitos do projeto” (VERGARA, 1998, p.56). As pesquisas qualitativas, segundo Alves-Mazzoti e Gewandsznajder (2001), implicam um trabalho de redução, organização e interpretação dos dados que se inicia já na fase exploratória e acompanha toda a investigação. Com isso, tentou-se dar relativa importância aos dados à medida que foram sendo coletados. O pesquisador buscou identificar temas e relações, construindo interpretações e gerando novas questões ou aperfeiçoando as anteriores. 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Este capítulo apresentará os resultados obtidos de acordo com os objetivos específicos traçados no início deste trabalho. 4.1 A Empresa 4.1.1. Histórico A Tractebel Energia é uma empresa controlada pela Tractebel S.A., com sede na Bélgica, que atua nos setores de energia, gás e serviços, e que por sua vez é controlada pela SUEZ, com sede na França, atuante também nos setores de tratamento de resíduos, água e comunicações. O Grupo SUEZ está presente em mais de 120 países distribuídos pela América do Norte e do Sul, Europa, África, Ásia e Oceania. Hoje conta com 200 mil colaboradores, dos quais aproximadamente 14 mil estão sediados no Brasil. A TBLE, sediada em Florianópolis no estado de Santa Catarina, teve sua origem em 1998, quando o seu atual controlador adquiriu a maioria das ações da empresa Centrais Geradoras do Sul do Brasil – GERASUL – leiloada pelo governo, conforme o programa de privatização de setor elétrico brasileiro. Em 2002 a razão social da Gerasul foi mudada para Tractebel Energia. Hoje, é a maior produtora privada de energia elétrica do Brasil. Responde a 9% da energia gerada no país. Movimenta uma receita anual de R$ 1,4 bilhões e emprega quase mil colaboradores. São 13 usinas geradoras em território nacional: • Centrais Hidrelétricas Salto Santiago – Rio Iguaçu / PR Salto Osório – Rio Iguaçu / PR Passo Fundo – Rio Passo Fundo / RS Ita – Rio Uruguai / SC e RS Machadinho – Rio Uruguai / SC e RS Cana Brava – Rio Tocantins / GO 33 • Centrais Termelétricas Complexo Jorge Lacerda (carvão mineral) – Capivari de Baixo / SC Charqueadas (carvão mineral) – Charqueadas / RS Alegrete (óleo combustível) – Alegrete / RS Willian Arjona (gás natural e óleo diesel) – Campo Grande / MS Lages (co-geração a biomassa) – Lages / SC 4.1.2. Valores A marca e a imagem são os dois maiores patrimônios de uma empresa. Por isso, é importante definir com excelência a política interna da organização. Vale ressaltar que por trás de qualquer decisão, de qualquer erro ou imprudência, estão seres humanos. Por isso, quando se fala de empresa ética, fala-se de pessoas éticas. A partir dessa consciência, o Grupo SUEZ divulgou seu código de ética cujos valores foram adotados pela Tractebel S.A., como também pela Tractebel Energia. São eles: • Profissionalismo todo trabalho deve ser realizado dentro das melhores técnicas para prestar aos clientes um ótimo serviço. O profissionalismo é uma exigência de competências, habilidades, rigor, paixão por uma profissão e de um trabalho bem realizado e comprometido com a Empresa. • Cooperação é uma filosofia e uma linha de conduta, representando um compromisso em longo prazo. É a lealdade e o cumprimento das promessas e, igualmente, a transparência e a confiança em todos os nossos parceiros. • Espírito de Equipe é antes de tudo ajuda mútua. É o intercambia de experiências e o compartilhamento de conhecimentos. É a capacidade de mudar e de se adaptar as mudanças, de se abrir aos outros e ser multicultural. Espírito de equipe é também ter imaginação, é privilegiar o coletivo frente a interesses pessoais e individuais. É uma filosofia de gestão na qual todos saem ganhando. 34 • Criação de Valor busca da criação de valor para incrementar a rentabilidade e a solidez financeira, garantindo a autonomia e a perenidade da Empresa. • Respeito ao Meio Ambiente a Tractebel Energia deve contribuir para melhorar de forma sustentada a qualidade de vida, preservando o meio ambiente. O respeito pelo mesmo está na estratégia e na filosofia da Empresa. • Ética um compromisso assumido pela Empresa, diante de clientes, acionistas e funcionários, para garantir o seu êxito e sua perenidade, sendo a expressão natural de todos os valores anteriores, sempre respeitando os outros existentes. 4.1.3. Mercado A abertura do mercado para a livre concorrência entre as empresas do setor, a opção de escolher fornecedores, a opção de um ambiente especifico para a compra e venda de energia elétrica e a definição de novas regras que vão reger um mercado muito mais eficiente para as empresas e consumidores, representam as principais mudanças e o marco da evolução do país nesse setor. A sociedade brasileira ainda não esqueceu a crise de energia que se abateu sobre o país em 2001. Foram necessárias intervenções emergenciais do governo Federal para minimizar os efeitos negativos do racionamento sobre a economia do país. O tema é complexo e, por isso, é preciso discorrer sobre o assunto mesmo que na forma de síntese sobre o modelo do setor para poder compreender sua evolução até chegar na figura do consumidor livre. O velho modelo estava basicamente apoiado em empresas supridoras federais de atuação regional e na configuração G - T (geração – transmissão), complementadas pelas empresas distribuidoras estaduais na configuração T - D (transmissão – distribuição), destas as mais importantes também acumulando G. Depois dos primeiros movimentos de privatização sobrevivem ainda as federais no Norte, Nordeste e Sudeste (Eletronorte, Chesf e Furnas). Em São Paulo, 35 a Cesp remanescente com expectativa de privatização. Os bolsões resistivos concentram-se nas estaduais de Minas, Paraná, Santa Catarina, parte do Rio Grande do Sul, Maranhão e Pará. Com o advento do novo modelo foi criada a ANEEL – Agência Reguladora de Eletricidade que iniciou suas atividades em 1997 com a missão de regular leis. Na prática, o que se viu no início foi a falta de leis, atuando-se com base em resoluções. Este fato foi determinante na fragilidade do marco regulatório do setor, levando a uma retração considerável de aporte de recursos oriundos do investidor privado. A peça chave do novo modelo é a desverticalização dos serviços de eletricidade, desmembrando-os nos segmentos individuais G, T e D. É uma das condicionantes para se criar um ambiente competitivo. Antes, tinha-se uma finalidade inflexível para a produção da energia elétrica: exclusivamente para atender concessionárias ou o uso próprio. Na reformulação, ocorreu uma finalidade flexível e a produção de energia elétrica poderia se destinar, simultaneamente, tanto para uso próprio como para o uso externo. Foram então criadas as figuras do produtor independente, consumidor livre, comercializador (C) e, com isso, assegurando o livre acesso às redes, abrindo novas oportunidades para os agentes. A geração foi desregulamentada. O produtor independente tem ativo de G e é livre para comercializar a energia que produz, ou ainda, comprar para revender. O C também pode comprar energia para revender, mas não tem ativos. A T e a D, consideradas “monopólio natural”, são regulamentadas. Portanto, com o início do novo modelo surgiu, por meio de lei, o mercado de livre energia. Hoje, neste ambiente, já são negociados em torno de 7400MW médios. Este mercado é crescente e o consumidor livre já esta organizado na ABRACEL – Agência Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica. Vale ressaltar que no mercado de energia elétrica existem dois tipos de consumidores: • Consumidores Cativos são obrigados a comprar energia da distribuidora que atende a sua área geográfica. Pagam tarifas reguladas pela ANEEL; e • Consumidores Livres podem escolher de quem comprar energia embora o transporte ainda seja efetuado pela distribuidora. O preço é livre, resultado de 36 um acordo entre consumidor e fornecedor. Este segmento é geralmente formado por indústrias e grandes empresas. Além da diferenças citadas acima, pode-se destacar mais uma: o consumidor cativo pode optar por ser livre a partir do momento em que tiver uma demanda igual ou superior a 3MW, estar conectado ao nível de tensão de 69 KV ou superior (apenas para consumidores conectados à rede antes de julho de 95, de acordo com a lei 9.074, de julho / 1995). As vantagens de ser um consumidor do tipo livre são: • Ganham em flexibilidade, previsibilidade e gerenciamento de energia elétrica; • Possibilidade de compra em diferentes prazos e condições; • Adequação da compra de energia às necessidades específicas da industria; • Independência da política tarifária do governo; • Melhor custo x benefício; • Liberdade na escolha do fornecedor; • Possibilidade de agregação de serviços. 4.1.4. Produtos e Serviços A empresa oferece os seguintes produtos: • Energia com preço negociado energia vendida em quantidades estabelecidas, com preços iniciais fixados e atualizações conforme o IGPM (Índice Geral de Preço de Mercado) ou outro índice que atenda aos consumidores; • Energia com preço vinculado ao cativo energia vendida em quantidades estabelecidas e com preços referenciados de alguma forma às tarifas que seriam pagas caso o cliente fosse um consumidor cativo; • Energia de ponta a energia é vendida para atender as necessidades de complementação do cliente nos horários de ponta de consumo; 37 • Energia de Backup garante o suprimento de energia ao autoprodutor no caso de ocorrer interrupção por parte de uma outra fonte, por exemplo, nas situações de manutenção programada de equipamentos; • Comercialização de “sobras” intermediação para a venda de energia contratada que não será utilizada. Além destes cinco produtos a TBLE presta serviço de: • Monitoramento da qualidade de energia; • Medição de energia; • Mudança da classe de tensão de equipamentos de conexão à rede, para a transformação em cliente livre; • Operação e manutenção de equipamentos de produção de energia; • Co-geração de energia e geração de vapor. 4.1.5. Clientes A TBLE possui diversos clientes divididos em concessionárias distribuidoras de energia elétrica (consideradas os maiores clientes em volume de vendas), clientes industriais que atuam como consumidores livres (os maiores em termos de quantidade) e comercializadoras. O mapa abaixo destaca os estados onde estão localizados os 55 clientes e as 85 plantas. São Paulo é a região mais atuante da empresa onde 29,3% dos seus clientes se concentram. Com 24,4%, Rio Grande do Sul ficou na segunda posição seguido de Minas Gerais com 19,5%, Santa Catarina com 9,8% e Goiás com 7,3%. Os demais clientes, 9,8%, localizam-se nos outros estados. Destacam-se os setores automobilístico, alimentício, de fertilizantes, 38 gases industriais, papel e celulose e petroquímico. 4.2 Ações da concorrência A pesquisa realizada com os principais concorrentes da TBLE mostrou que as empresas entendem o marketing de relacionamento como um conjunto de ferramentas as quais são utilizadas para fazer com que o cliente se sinta cada vez mais satisfeito com os produtos e serviços oferecidos pela organização. Mostrou, também, que nem todas as empresas investem em programas de relacionamento. No entanto, estratégias emergentes são aplicadas quando a organização sente que precisa agir para tentar reverter alguma situação. Porém, esse tipo de estratégia nem sempre dá certo pelo fato de, às vezes, não possuírem verba nem uma equipe de profissionais qualificados. De um modo geral, as empresas que possuem um programa de relacionamento não diferenciam muito suas ações entre os clientes. Os que nitidamente são percebidos como os melhores recebem um pouco mais de benefícios que os outros. Com isso, já era de se esperar que não é muito comum haver um tipo de segmentação da carteira de clientes que não seja do modo comum: geográfica, por necessidade, entre outras. Obteve-se uma resposta onde a empresa concorrente segmenta sua carteira em clientes do tipo Sênior e clientes do tipo Júnior. Também faz uma classificação por cargos, onde nivela hierarquicamente todos os profissionais envolvidos no negócio aplicando as estratégias de cima para baixo. Presidentes e Diretores Estratégias do tipo A Influenciadores Estratégias do tipo B Técnicos Estratégias do tipo C 39 Pesquisas de percepção junto ao cliente foram aplicadas pela minoria pesquisada que alegou obter informações jamais observadas pela organização. No que diz respeito ao investimento feito pelas empresas no cliente, a resposta é semelhante às estratégias aplicadas, ou seja, os clientes que são mais facilmente reconhecidos como lucrativos recebem um investimento um pouco maior. 4.3 Classificação dos níveis de clientes Ao analisar o resultado do cruzamento das informações do compromisso do cliente (caracterizados como Alto e Baixo) e sua importância estratégica para a empresa (caracterizados como A e B) se obteve uma classificação em quatro níveis: clientes AA, AB, BA, BB, onde: A = muito importante, pois o cliente é o principal responsável pela maior parte do faturamento da empresa; B = os clientes que proporcionam um menor faturamento; Alto = corresponde ao cliente que possui compromisso com o negócio sendo leal; Baixo = qualifica o cliente que compromete o negócio não estando comprometido Importância Estratégica do Cliente com o mesmo. A B CLIENTES CLIENTES AB AA CLIENTES CLIENTES BB BA Baixo Alto Compromisso do Cliente Fonte: Pesquisa da Satisfação, Fidelidade e Compromisso com o Cliente. Catho Consultoria: 2005. 40 Partindo deste resultado, a lucratividade no presente versus a lucratividade no Lucratividade no presente futuro foram analisadas da seguinte forma: Lucrativos ADMINISTRAÇÃO RECOMPENSAS e INVESTIMENTO Não lucrativos DEMISSÃO DISCIPLINA Não lucrativos Lucrativos Lucratividade no futuro Fonte: Gordon, Ian. Marketing de Relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologias para conquistar clientes e mantê-los para sempre. 4ª edição. São Paulo: Futura, 1998, pág.66. Os clientes AA migram para o quadrante recompensas e investimento para uma análise da sua lucratividade no futuro. Clientes que não permanecerem lucrativos migrarão para o quadrante administração. Caso contrário, a empresa precisará recompensá-los, bem como investir nesse relacionamento com o intuito de obter vantagens posteriores. Clientes do tipo AB devem migrar para o quadrante administração. Se o resultado da análise para o futuro der positiva, os clientes farão parte do grupo recompensas e investimento, porém se permanecerem na administração a organização tomará providências no sentido de coordená-los e dirigi-los de forma a se tornarem lucrativos. Empresas-cliente classificadas como BA passarão a fazer parte do grupo denominado disciplina, ou seja, são clientes com um futuro promissor para a empresa em termos de lucratividade. No entanto, precisam de algumas correções no âmbito dos negócios para que não ocupem o quadrante demissão agora, no presente. Por fim, clientes do tipo BB migrarão para o quadrante demissão e serão avaliados tendo em vista sua migração para o grupo daqueles que precisam ser disciplinados. Obtendo-se um resultado negativo, a organização deverá exonerá-los 41 da sua carteira de clientes antes que se tornem motivos de dispêndio de tempo e dinheiro. 42 5 ESTRATÉGIAS PARA O INCREMENTO DO PROGRAMA DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE Após agrupar todas as informações obtidas por meio da pesquisa com os concorrentes como também os dados adquiridos com a pesquisa da satisfação foi possível alcançar o objetivo geral deste trabalho: elaborar estratégias para que a empresa consiga fazer do Programa de Relacionamento com o Cliente sua melhor arma para a fidelização e satisfação do mesmo. Partindo da segmentação da carteira de clientes sugere-se: Estratégias para os clientes do quadrante Recompensas e Investimento Proporcionar um atendimento personalizado: • Contratar equipes qualificadas; • Disponibilizar o acesso a tecnologias especiais; • Oferecer um 0800 exclusivo para essa categoria. Estratégias para o quadrante Administração Mostrar alto grau de interesse no negócio: • Pesquisar o cliente a ponto de descobrir seus objetivos em longo prazo; • Agendar reuniões periódicas tendo em vista a superação das expectativas do cliente com relação aos produtos e serviços; • Instruir, eficientemente, os gerentes de conta. Estratégias para o quadrante Disciplina Reduzir dos custos incorridos pela empresa: • Conter despesas no que diz respeito a ações de relacionamento. 43 Estratégias para o quadrante Demissão Negociar sem proporcionar benefícios para o cliente: • Cobrança do valor real dos produtos e serviços; Retirar os nomes das listas de mala direta, bem como de outras iniciativas que buscam estreitar o relacionamento. Ao analisar os resultados da pesquisa da satisfação contratada pela TBLE ficaram nítidos atributos os quais a empresa precisa aprimorar. Para isso são sugeridas algumas estratégias: • Atender o cliente de maneira eficiente buscando entender todas as suas necessidades e demanda; • Maior agilidade ao receber, buscar, encaminhar e solucionar uma reclamação ou problema registrado pelo cliente; • Priorizar os prazos estimados aos clientes em retorno às solicitações reivindicadas; • Buscar sempre a eficácia das ações elaboradas para solucionar problemas; • Atender o cliente com postura ética e profissional; • Maior agilidade no envio de propostas; • Proporcionar mais clareza no conteúdo das propostas apresentadas; • Ter mais flexibilidade na negociação; • Obter profissionais bem qualificados; • Apoiar o relacionamento cliente-distribuidora; • Proporcionar ao cliente fácil acesso às pessoas com as quais deseja falar; • Dar precisão e confiabilidade das informações apresentadas aos clientes; • Manter o site da empresa sempre atualizado, e, para os clientes que forem cadastrados, enviar uma notificação informando o dia e a hora em que estará em manutenção; • Enviar para clientes externos e internos, notícias por e-mail. 44 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tópico serão apresentadas as conclusões deste trabalho e suas limitações, como também sugestões para trabalhos futuros. 6.1 Conclusões Na busca do alcance do objetivo geral do presente trabalho foi necessário seguir corretamente a ordem delineada dos objetivos específicos. Tal importância se dá por ser de extrema coerência o estudo mais profundo sobre a empresa e seu histórico, bem como os valores que cultiva, o mercado a qual está inserida, os produtos e serviços oferecidos e os clientes os quais a organização atende. Sem esses dados não seria possível o alcance do principal objetivo deste projeto. Partindo deste princípio, foi plausível a observação da falta de uma segmentação da carteira de clientes, o que acarreta um desperdício de tempo e dinheiro para a organização, pois não se deve tratar todos os clientes da mesma forma. Uma vez descobertos os clientes de maior valor para a empresa é necessário interagir à altura. Por isso, com a segmentação da carteira de clientes, foi possível observar que fica mais fácil interagir com cada grupo de cliente. Eles passam a se sentir muito importantes e percebem que a empresa tem orgulho em tê-los como clientes. Ao classificá-los nos grupos de investimento e recompensas, administração, disciplina e demissão o relacionamento tornar-se-á cada vez mais estreito dando maior ênfase à importância da aplicação do programa de relacionamento. No entanto, é válido ressaltar que a concorrência é um item que jamais deve ser ignorado pela organização. Mesmo não obtendo todas as respostas almejadas, a pesquisa realizada com os principais concorrentes mostrou que a TBLE está muito à frente em termos de relacionamento empresa-cliente, ainda que o resultado do primeiro ano de execução do programa não tenha sido o esperado. As empresas pensam em relacionamentos em longo prazo, porém não tomam iniciativas para tal conquista. 45 E para que essa conquista seja eficiente, as estratégias elaboradas para o aprimoramento do programa em questão ajudarão a TBLE a estreitar os relacionamentos bem como deixar de ter como clientes aquelas empresas que não são lucrativas e apenas dão despesas, sendo que esta verba desperdiçada pode ser muito mais útil no empenho que a empresa terá para entender e atender com primor as necessidades de outros clientes. 6.2 Limitações da Pesquisa Pela insegurança de dar informações sobre o relacionamento com seus clientes, as empresas concorrentes não proporcionaram todos os dados necessários para o cumprimento dos objetivos deste trabalho. Vale ressaltar que dos sete concorrentes pesquisados apenas três responderam, dois não atenderam às ligações e o restante alegou não poder ajudar por não possuírem departamento de marketing na empresa ou a ausência de responsáveis pelo relacionamento com o cliente. Do mesmo modo, a própria TBLE não liberou algumas informações importantes para o alcance do objetivo que visava segmentar a carteira de clientes. De acordo com a proposta sugerida, seria necessário saber quanto cada cliente gera de lucro para a organização. Portanto, apenas os critérios foram apresentados sendo que o resultado desta aplicação somente os responsáveis por esta função e a diretoria ficarão a par. 6.3 Sugestões para novos trabalhos Aplicação da proposta de segmentação. Programa de fidelização para os melhores clientes. Referências ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. 2ª edição. São Paulo: Pioneira, 2001. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LAHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2ª edição ampliada. São Paulo: Makron Books, 2000. BERRIGAN, John; FINKBEINER, Carl. Marketing de segmentação: como sustentar a vantagem competitiva através da segmentação de mercado. São Paulo: Makron Books, 1994. BERRY, Leonard L.; PARASURAMAN, A. Serviços de Marketing: competindo através da qualidade. São Paulo: Maltese-Norma: 1992. BREEN, George Edward; BLANKENSHIP, Albert B. Faça você mesmo Pesquisa de Mercado. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991. CAMP, Robert C. Benchmarking: identificando, analisando, e adaptando as melhores práticas da administração que levam a maximização da performance empresarial: o caminha da qualidade total. 2ª edição. São Paulo: Pioneira, 1993. CANNIE, Joankoobs; CAPLIN, Donald. Mantendo clientes fiéis e para sempre. São Paulo: Makron Books, 1994. CHASTON, Ian. 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São Paulo: Atlas, 1995. 49 Apêndices APÊNDICE A – Roteiro de entrevista Entrevista Estruturada 1- O que você entende por marketing de relacionamento? 2- A sua empresa possui algum programa de relacionamento com o cliente? 3- Quais as ferramentas de marketing de relacionamento utilizadas pela empresa? 4- Caso não possua um programa, como faz para fidelizar e buscar a lealdade dos clientes? 5- Caso possua, as estratégias e ações são aplicadas igualmente a todos os clientes ou existe algum tipo de segmentação? Que critérios são utilizados para segmentar? 6- Que tipo de estratégias são aplicadas? 7- Já foi realizada alguma pesquisa de percepção junto aos clientes? Qual foi o resultado? 8- A empresa investe no cliente de acordo com a lucratividade que o mesmo proporciona para a empresa? 9- Qual a relação custo x benefício da aplicação do marketing de relacionamento?