CURSO DE MEDICINA TUTORES: Bruno Acatauassú Paes Barreto Ariney Costa de Miranda Juarez Antonio Simões Quaresma Antonio Fernando Bandeira Coelho Dias Sônia Conde Cristino “O PROBLEMA DE NOSSOS MÉDICOS É CONSIDERAR O CORPO E ALMA COMO COISAS SEPARADAS” -Platão, 427-347 a.C PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA Entende-se que o médico geral formado no CESUPA deverá estar apto a tratar o que é mais freqüente na realidade epidemiológica do Estado do Pará e da cidade de Belém, segundo um perfil de complexidade traçado pelas disciplinas envolvidas no curso. A abordagem destes problemas deve ser feita de forma interdisciplinar de modo a garantir os conhecimentos científicos necessários, associados a uma visão humanista e ética da profissão e do paciente. Ainda, deve sempre abordar o ciclo vital, isto é, as várias idades humanas e suas características e contemplar a relação do homem com seu meio ambiente, a sociedade humana, como cenário onde ocorrerão sua vida, suas doenças e suas curas, e também, sua morte. O MODELO DE APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (PBL - Problem Based Learning) DEWEY, JOHN (1859-1952) O processo de ensino- aprendizagem para Dewey estaria baseado em: Uma compreensão de que o saber é constituído por conhecimentos e vivências que se entrelaçam de forma dinâmica, distante da previsibilidade das idéias anteriores; Alunos e professor detentores de experiências próprias, que são aproveitadas no processo. O professor possui uma visão sintética dos conteúdos, os alunos uma visão sincrética, o que torna a experiência um ponto central na formação do conhecimento, mais do que os conteúdos formais; Uma aprendizagem essencialmente coletiva, assim como é coletiva a produção do conhecimento. FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO SUPERIOR: DESAFIOS E EXPERIÊNCIAS. BALZAN, 1999. Porque limitar-se a transmitir conhecimentos se o estudantes dispõem para isto, além da imprensa escrita, inventada há mais 500 anos, outros meios de acesso às informações? Porque não privilegiar discussões em torno de temáticas levantadas junto aos alunos? Porque não prestigiar a aquisição de mentes criativas e inquiridoras, através de debates, de resoluções de problemas extraídos da própria realidade sóciocultural? UNIVERSIDADE MCMASTER - 1974 UNIVERSIDADE DE MAASTRICHT - 1976 UNIVERSIDADE DO NOVO MEXICO - 1979 ESCOLA MÉDICA DE HARVARD -1985 Drew Gilpin Faust Eleita dia 11/2/07 a primeira presidente mulher desde a fundação da universidade em 1636 INTRODUÇÃO “... a maioria das escolas médicas que estão implementando o PBL usam tutorias como ferramenta principal. No entanto, um grande hiato existe entre como o novo programa é desenhado e quão bem ele atinge seus objetivos.” LUCERO, JACKSON & GALEY, 1985 O PBL NAS ESCOLAS MÉDICAS NO BRASIL 1997 2003 2000 2004 2004 2005 2004 CARACTERÍSTICAS DOS MÉTODOS DE APRENDIZAGEM TRADICIONAL PBL PROBLEMATIZAÇAO Ensinar aprender Aprender a aprender Aprender fazendo Disciplinas Módulos temáticos “problemas” Problemas oriundos da realidade Aulas expositivas Tutorias A realidade, campo de atuação. Ação – reflexão - ação Aluno passivo Professor centro das atenções Aluno centro das atenções Professor facilitador da aprendizagem (tutor) Aluno centro das atenções Professor é instrutor da aprendizagem e a comunidade é coadjuvante Prática em laboratórios específicos ambulatórios e hospitais (50%) Prática em laboratório multifuncional para integrar as atividades, informática,habilidades e atitudes, ambulatórios e hospitais (20%) Prática na UBS/PSF ou outro cenário. Avaliação somativa Avaliação formativa e somativa Avaliação formativa e somativa A TUTORIA NA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (PBL - Problem Based Learning) ORGANOGRAMA DAS ATIVIDADES MEDICINA CESUPA - PBL HABILIDADES COMUNICAÇÃO CLÍNICAS INFORMÁTICA CONSULTORIA TUTORIA PROBLEMAS LABORATÓRIO MORFO/ FUNCIONAL CONFERÊNCIAS Período Segunda Terça Quarta Quinta Sexta 8: 00 às 9: 40 Tutoria MISC Laboratório morfofuncional A Tutoria Habilidades Informática A Abertura 9: 40 às 11: 20 Tutoria MISC Abertura Laboratório morfofuncional B Fechamento Tutoria Fechamento Habilidades Informática B Almoço 14: 00 às 14: 50 Habilidades Comunicação A Estudo dirigido Estudo dirigido Habilidades Clínicas A Estudo dirigido 14: 50 às 15: 40 Habilidades Comunicação A Estudo dirigido Estudo dirigido Habilidades Clinicas A Estudo dirigido 16: 00 às 16: 50 Habilidades Comunicação B Estudo dirigido Estudo dirigido Habilidades Clínicas B Estudo dirigido 16: 50 às 17: 40 Habilidades Comunicação B Estudo dirigido Estudo dirigido Habilidades Clínicas B Estudo dirigido Conferência Conferência Intervalo Intervalo 18: 00 às 19: 30 Conferência Os grupos tutoriais são constituídos por 10 alunos e um tutor, ocorrem duas vezes por semana e duram 4 horas (hora aula de 50 minutos). OBJETIVOS DA TUTORIA APRENDIZADO AUTO-DIRIGIDO curiosidade intelectual, busca pela informação independente RACIOCÍNIO CLÍNICO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS execução dos passos do raciocínio clínico, da identificação do problema a geração da hipótese, identificação e uso adequado das fontes de informação OBJETIVOS DA TUTORIA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO AUTO-AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO INTER-PARES transmissão de informação e interação interpessoal identificação de virtudes e fraquezas pessoais e dos pares; desenvolvimento de estratégias de melhora SUPORTE suporte emocional; interação social e crescimento pessoal OS SETE PASSOS 7 1ª SESSÃO TUTORIAL ESTUDO INDIVIDUAL Rediscussão no grupo tutorial dos avanços do conhecimento obtidos pelo grupo. 2ª SESSÃO TUTORIAL 6 5 4 3 2 1 Estudo individual respeitando os objetivos alcançados Estabelecer objetivos de aprendizagem que levem o aluno ao aprofundamento e complementação destas explicações Resumir estas explicações Oferecer explicações para estas questões com base no conhecimento prévio que o grupo tem sobre o assunto (BRAINSTORM) Identificar as questões (problemas: dimensão biológica, psicológica, social?) propostas pelo enunciado Ler atentamente o problema e esclarecer os termos desconhecidos PAPÉIS E TAREFAS DO TUTOR PRÉ-ATIVOS Conhecer o conteúdo do módulo educacional. Conhecer os recursos de aprendizado disponíveis para este módulo no ambiente da Universidade (bibliográficos, audiovisuais, laboratoriais, assistenciais). Conhecer os problemas do módulo e os objetivos de aprendizagem dos problemas. Esclarecer suas dúvidas junto ao coordenador geral do módulo previamente ao início das atividades tutoriais. Obter informações sobre os alunos que pertencerão a seu grupo tutorial, seus pontos positivos e negativos e seu desempenho em grupos tutoriais prévios. PAPÉIS E TAREFAS DO TUTOR ATIVOS Solicitar ao grupo que indique um coordenador de atividades e um secretário para cada problema a ser trabalhado, garantindo a rotação destes papéis entre os alunos do grupo durante o tutorial. Observar a metodologia dos 7 passos. Apoiar as atividades do coordenador e do secretário. PAPÉIS E TAREFAS DO TUTOR ATIVOS Lembrar que não é papel do tutor dar uma aula sobre o tema ou os temas dos problemas, mas sim facilitar a discussão dos alunos de modo a que os mesmos possam identificar o que precisam estudar para aprender os fundamentos científicos sobre aquele tema. Não intimidar os alunos com seus próprios conhecimentos, mas formular questões apropriadas para que os alunos enriqueçam suas discussões, quando necessário. PAPÉIS E TAREFAS DO TUTOR ATIVOS Favorecer o bom relacionamento dos alunos entre si e com o tutor, ajudando a construir um ambiente de confiança para o aprendizado. Cobrar dos alunos as fontes de aprendizado que consultaram previamente ao início das atividades do grupo (fechamento) Aplicar as avaliações pertinentes com critério e exigir que os alunos o façam PAPÉIS E TAREFAS DO TUTOR PÓS-ATIVOS Entregar as avaliações imediatamente após terem sido aplicadas. Participar das reuniões semanais de tutores e apresentar críticas de debilidades do módulo e dos problemas e sugestões para melhorá-los. Criticar individual e construtivamente os alunos do grupo quando pertinente. Valorizar a avaliação. Avaliar os membros do grupo tutorial sempre que pertinente, conforme recomendado pelo Coordenador de Avaliação PAPÉIS DO ALUNO COORDENADOR Coordenador é um aluno do grupo tutorial Coordenador deve orientar os colegas na discussão do problema, segundo a metodologia dos 7 passos, favorecendo a participação de todos e mantendo o foco das discussões no problema Desestimular a monopolização ou a polarização das discussões entre poucos membros do grupo, favorecer a participação de todos. Apoiar as atividades do secretário Estimular a apresentação de hipóteses e o aprofundamento das discussões pelos colegas PAPÉIS DO ALUNO COORDENADOR Respeitar posições individuais e garantir que estas sejam discutidas pelo grupo com seriedade, e que tenham representação nos objetivos de aprendizado sempre que o grupo não conseguir refutá-las adequadamente. Resumir as discussões quando pertinente Exigir que os objetivos de aprendizado sejam apresentados pelo grupo de forma clara e objetiva e compreensível para todos e que sejam específicos e não amplos e generalizados. Solicitar auxílio do tutor quando pertinente e estar atento às orientações do tutor quando estas forem oferecidas espontaneamente. PAPÉIS DO ALUNO SECRETÁRIO O secretário deve anotar em quadro, de forma legível e compreensível, as discussões e os eventos ocorridos no grupo tutorial de modo a facilitar uma boa visão dos trabalhos por parte de todos os envolvidos. Deve, sempre que possível, ser claro e conciso em suas anotações e fiel às discussões ocorridas - para isso solicitar a ajuda do coordenador dos trabalho e do tutor. Deve respeitar as opiniões do grupo e evitar privilegiar suas próprias opiniões ou as opiniões com as quais concorde. Deve anotar com rigor os objetivos de aprendizado apontados pelo grupo Deve anotar as discussões posteriores e classificá-las segundo os objetivos de aprendizado anteriormente apontados CONSTRUÇÃO DOS PROBLEMAS Criar os problemas Definir os objetivos de aprendizagem Construção da Árvore Temática (Temas mais abrangentes Temas mais específicos Oficinas de Trabalho (Definição do Conteúdo dos Módulos) Grupo de Planejamento (Docentes de várias disciplinas: básica e aplicada) COMO FAZER UM BOM PROBLEMA PARA O MODELO PBL? Deve ser uma descrição imparcial de um cenário clínico comum que necessita de uma explicação para os mecanismos ou processos que estão por trás do caso. Pode ser um cenário regionalizado que enfoque problemas sócio-culturais e de saúde pública típicos da nossa cidade/estado. Pois serão estes os problemas reais que encontrarão na comunidade. COMO FAZER UM BOM PROBLEMA PARA O MODELO PBL? Devem ser formulados de uma maneira clara e concreta, suportando, também, expressões da linguagem popular. Os alunos devem ser capazes de alcançar os objetivos por meio do enunciado. Devem ter graus de complexidade diferentes para cada momento do ensino (primeiros anos mais simples; anos seguintes mais complexos) A PLACA DE PETRI CONTAMINADA Em meados do século XX, Fleming, durante suas pesquisas bacteriológicas, notou que uma das placas semeadas com Staphylococcus aureus estava contaminada com fungos. Ao invés de desprezar essa placa, observou que havia ausência de crescimento bacteriano próximo ao fungo. A PLACA DE PETRI CONTAMINADA Em meados do século XX, Fleming, durante suas pesquisas bacteriológicas, notou que uma das placas semeadas com Staphylococcus aureus estava contaminada com fungos. Ao invés de desprezar essa placa, observou que havia ausência de crescimento bacteriano próximo ao fungo. 1ª SESSÃO TUTORIAL 5 4 3 2 1 Estabelecer objetivos de aprendizagem que levem o aluno ao aprofundamento e complementação destas explicações Resumir estas explicações Oferecer explicações para estas questões com base no conhecimento prévio que o grupo tem sobre o assunto (BRAINSTORM) Identificar as questões (problemas: dimensão biológica, psicológica, social?) propostas pelo enunciado Ler atentamente o problema e esclarecer os termos desconhecidos A PLACA DE PETRI CONTAMINADA Objetivos: • Estabelecer correlações entre o surgimento da ciência e da prática médica • Explicar a utilidade da metodologia científica na prática médica • Explicar os motivos pelos quais os fungos impediram o crescimento bacteriano Dimensões do Homem História da Evolução do Conhecimento Médico Medicina na Antiguidade Saúde como Processo Social História Natural das Doenças Surgimento da Ciência e da Prática Médica A utilidade da Metodologia Científica na Prática Médica Medicina Medieval História da Anatomia Médica Relacionament o Humano Desenvolvimento da Personalidade Princípios básicos de Bioética Uso de Conhecimentos Elementares de Pesquisa Bibliográfica Bases Elementares da Pesquisa Científica Medicina, Religião e Poder Morte A Prática Médica como um Processo Social Saúde como Direito e como Serviço Medida da Situação de Saúde Conhecimento geral do corpo humano A Prática Médica na Sociedade Atual Correlação Anátomo-Clínica Prevalência de Problemas Regionais Epidemias Atuais Código de Ética do Estudante de Medicina Modelos de Atenção Médica Interface MédicoSociedade Sistemas de Saúde no Brasil Ética Médica e o Médico como Formador de Opinião Saúde do Médico Código de Ética do Professores de Medicina Abordagem Integral do Paciente “MÉDICOS SÃO HOMENS QUE RECEITAM MEDICAMENTOS QUE POUCO CONHECEM, PARA CURAR DOENÇAS QUE CONHECEM MENOS AINDA, A SERES HUMANOS DE QUEM NADA SABEM” -Voltaire, 1964-1778