Tratamento da Insuficiência Cardíaca Pedro Pimenta de Mello Spineti Prof. Substituto do Departamento de Clínica Médica da UFRJ Clínica de IC - HUPE – UERJ [email protected] • • • • • • • • Tratamento não farmacológico - Dieta - Vacinação - Atividade sexual - Atividade física - Atividade laborativa Tratamento farmacológico - Dieta Hipossódica Dieta normal: 8-12g/sal Usar 6g/sal Restrição: alimentos industrializados (caldos, sopas, bacalhau, charque, carne seca, defumados) e conservas condimentos: mostarda, shoyo, ketchup, picles, azeitonas, aspargo, palmitos, amendoim, NaHC03: fermento, antiácido, água mineral aditivos glutamato de sódio balas Vacinação outono / inverno (propensão à infecção respiratória) hemophylus influenza: dose única / anual Pneumococcus: dose única / reforço em 5 anos Atividade Sexual Ato sexual = 5METS equivalente subir escada com 18 degraus Aumenta auto-estima e melhora qualidade de vida Orientar o uso de sildenafil ou similares Atividade Física Repouso: IC aguda ou IC crônica descompensada Prescrição exercício individualizada pelo grau da IC e idade do paciente, que não cause sintomas e com supervisão Atividade Laborativa Avaliar o grau da IC com o tipo de atividade desenvolvida Grandes esforços devem ser remanejados para atividades amenas Afastar somente em casos de IC grave Devem evitar dirigir automóvel em estradas ou por longos períodos IC descompensada – devem evitar viagens aéreas, caso urgente usar 02 (1- 4l/min) – cabine < p02; REABILITAÇÃO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA METANÁLISE DE 9 ESTUDOS RANDOMIZADOS E CONTROLADOS N = 801 Seguimento: 705 dias P = 0,015 Sobrevivência P = 0,015 Sobrevivência em internações hospitalares EXERCÍCIO MELHOR P = 0,018 EXERCÍCIO PIOR TREINADOS CONTROLES Exercise training meta-analysis of trials in patients with chronic heart failure (ExTraMATCH). BMJ 2004; 328: 189-195 HF-ACTION Eventos na análise principal e após ajuste pelos marcadores prognósticos Objetivo Todas as causas de morte e hospitalizações Hazard ratio 0,93 95% 0,84–1,02 p 0,13 Após ajuste Mortalidade CV/ hospitalizações CV 0,89 0,92 0,81–0,99 0,83–1,03 0,03 0,14 Após ajuste Mortalidade CV/ hospitalizações por IC 0,91 0,87 0,82–1,01 0,75–1,00 0,09 0,06 Após ajuste 0,85 0,74–0,99 0,03 O'Connor C, American Heart Association 2008 Scientific Sessions; November 11, 2008; New Orleans, LA, Tratamento não farmacológico Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. Drogas com impacto na sobrevida • IECA/BRA • B-bloqueadores • Aldosterona • Nitrato + Hidralazina Drogas para alivio dos sintomas • Digital • Diuréticos Outras drogas • Anticoagulantes • Antiarríitmicos • Ivabradina Estudo Droga NYHA # Mortalidade placebo 12 meses RRR % 12 meses P-valor IC Sintomáticos CONSENSUS-I Enalapril IV 253 52 31 0,01 SOLVD-Rx Enalapril I-III 2.569 15 21 0,02 SOLVD-Asx Enalapril I, II 4.228 5 0 0,82 I-IV 7.050 11 16 0,02 Totais Pós-infarto agudo do miocárdio SAVE Captopril - 2.231 12 18 0,11 AIRE Ramipril - 1.986 20 22 0,01 Trandolapril - 1.749 26 16 0,0046 5.966 19 18 0,001 TRACE Totais Adaptado de Braunwald – Tratado de Doenças Cardiovasculares – 7 edição. Estudo Droga NYHA # Mortalidade placebo 12 meses RRR % 12 meses IC Sintomáticos Val-Heft Valsartana II-IV 5.010 9 0 CHARMAlternativo Candesartana II-IV 2.028 8 14 CHARMAdicionado Candesartana II-IV 2.548 8 12 II-IV 9.586 9 6 Totais Adaptado de Braunwald – Tratado de Doenças Cardiovasculares – 7 edição. • Potassio sérico > 5,5 mEq/L • Estenose de artéria renal bilateral • Angioedema documentado por IECA • Hipotensão sintomática • Estenose aórtica grave • Creatinina sérica > 3,0 • PAS < 80 mmHg Bloqueadores Bloqueadores • > 10.000 pc avaliados em ECR • Melhora consistente na função cardíaca, sintomas e “status” clínico mortalidade por todas as causas de 30–35% (p<0,0001) risco combinado de morte e hospitalização de 25–30% (p<0,0001) US Carvedilol Program Sobrevida 1.0 Carvedilol (n=696) -bloqueadores na ICC 0.9 Mortalidade por todas as causas Placebo (n=398) 0.8 Classe II-III 65% RR 0.7 p<0,001 0.6 0.5 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Dias Packer et al (1996) Sobrevidal CIBIS-II 1.0 Mortalidade (%) 20 Bisoprolol 0.8 MERIT-HF Placebo 15 Metoprolol CR/XL 10 34 % RR p<0,0001 0.6 0 Placebo 0 200 34% RR 5 400 600 800 Tempo pós-inclusão CIBIS-II Investigators (1999) p=0,0062 0 0 3 6 9 12 15 18 21 Meses de “ follow-up” The MERIT-HF Study Group (1999) CAPRICORN Mortalidade – Todas as Causas 0.95 Classe I 0.9 Carvedilol 0.85 0.8 RR=23% p=0,031 0.75 % Sobrevida Livres de eventos 1 0.7 0 0.5 1 Placebo 1.5 Anos Carvedilol 80 00 Lancet 2001;357:1385-90 Mortalidade por todas as causas 90 60 2.5 COPERNICUS 100 70 2 Classe III-IV N=2289 Placebo p=0,00013 35% redução do risco 3 6 9 12 15 18 21 Meses N Eng J Med 2001;344:1651 SENIORS N=2128 > 70 anos Mortalidade global Flather M.D. et al. Eur Heart J 2005;26:215–225. 572 pts com ICC leve CARMEN FE < 40% Desfecho Primário IVSFVE Carvedilol & Enalapril 5 *** *** Enalapril *** 4 FEVE (%) Carvedilol *** *** ** 3 * 2 1 0 -1 M6 M12 M18 M6 M12 M18 M6 M12 M18 * P < 0,05; ** P < 0,01; *** P < 0,001 www,escardio,org ESC 2002 CIBIS-III (Cardiac Insufficiency BIsoprolol Study - III ) N = 1010 ICC leve/moderada FE < 35% Não inferioridade Morte ou hospitalização Morte Hospitalização Willenheimer R et al. Circulation 2005;112:2426-2435 R Mourilhe CIBIS-III Objetivo primário combinado % without endpoint 100 Per-protocol (PP) population Bisoprolol-first Enalapril-first 90 80 70 60 50 B/E vs E/B HR 0.97 (95% CI 0.78-1.21) non-inferiority P=0.046 503 498 356 353 265 259 80 73 months 061218 % without endpoint 100 Numbers at risk Intention-to-treat (ITT) population 90 80 70 60 50 Numbers at risk B/E vs E/B HR 0.94 (95% CI 0.77-1.16) non-inferiority P=0.019 505 505 061218 389 388 291 277 87 76 months Willenheimer R et al. Circulation 2005;112:2426-2435 Betabloqueadores Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. RALES Mortalidade por todas as causas Pitt, N.England JM 1999 Antagonistas da aldosterona Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. • Ensaio clínico randomizado, placebo controlado • 642 homens foram randomzados para placebo, prazosin, ou Nitrato com hidralazina associados à diurético e digoxina • Nenhum paciente fez uso de BB ou IECA • Não houve diferença de mortalidade entre o placebo e o prazosin • No grupo da hidrlazina com nitrato houve uma tendência a redução da mortalidade por todas as causas: RRR 22%; NNT 19. • Hidralazina com nitrato aumentou a capacidade de exercício e FE N Engl J Med 1986;314:1547–1552. DIG - Trial NEJM, 1993 Digoxina Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. Diuréticos na IC • Reduzem HVE • Rápido alívio dos sintomas • Controlam a retenção hídrica • Terapia adjunta com outras drogas SOLVD 6797 PACIENTES – FE<0,36 Cooper, Howard A. Et al. 1999;100(12):1311-1315 Diuréticos Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. Antiarrítimicos Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. Anticoagulantes e Antiagregantes Plaquetários Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. Ivabradina - Objetivo Primário Morte CV ou Hospitalização por IC - 18% Swedberg K et all. Lancet 2010; 376:875-85. Mortalidade CV - 9% Swedberg K et all. Lancet 2010; 376:875-85 Ivabradina Bloqueadores de cálcio Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2012;98(1 supl.1):1-33. Insuficiência Cardíaca Estágio A Sem lesões estruturais, mas com alto risco para IC A IECA Controle de fatores de risco Estágio B Estágio C Com lesões Com lesões estruturais, mas estruturais, assintomáticos com sintomas prévios ou atuais B IECA Beta-bloq. Medidas de A C IECA Beta-bloq Digital Diuréticos Dieta de sal Medidas de A Estágio D Com IC refratária necessitando de hospitalização D Medidas de A, BeC Inotrópicos Internação Transplante Hunt SA et al. J Am Coll Cardiol 2009;54:1343-82 . Diagnóstico Clínico- Hemodinâmico Congestão em repouso? Sim Não Não Baixa perfusão em repouso? Sim Quente Seco 27% Quente Congesto 49% Frio Seco Frio Congesto 4% 20% Adaptado de Stevenson LW. Eur J Heart Failure 1999;1:251. Vasodilatadores Uso de Nitroprussiato de Sódio e Diurético EV p < 0,001 30 3,0 25 2,5 20 2,0 15 1,5 10 1,0 5 0,5 0 0 Pré Pós POAP Pré L/min mmHg p < 0,001 Pós IC Rohde LE, Clausell N et al., Arq Brasil Cardiol 2002;78:261-6 Sodium Nitroprusside for Advanced Low-Output Heart Failure Desfechos control (n 97) vs SNP (n 78) Mullens W. et al. J Am Coll Cardiol 2008;52:200–7. Ascend-HF C.M. O’Connor et al. N Engl J Med 2011;365:32-43. Vasodilatadores por via intravenosa Classe de recomendação Classe I Classe IIb Indicações Nível de Evidênci a Nitroglicerina para tratamento da IC aguda em B pacientes sem hipotensão Nitroprussiato para tratamento da IC aguda associada à emergência hipertensiva sem evidência de isquemia miocárdica aguda. B Nitroprussiato em pacientes em uso de monitoração hemodinâmica invasiva e resistência vascular periférica aumentada, associado ou não a inotrópicos B Nesiritide para tratamento da IC aguda em pacientes sem hipotensão A Sumário de Atualização da Diretriz Brasileira de IC Aguda. Arq Bras Cardiol 2012;98(5):375-83. Dobutamina Dopamina Noradrenalina Levosimendan Milrinone Hasenfuss G et al. Eur Heart J 2011; 32: 1838-45 OPTIME-CHF – Milrinona na IC % N=551 0,5mcg/Kg Milrinona Placebo 0,9 35,3 35 0,4 0,19 2,3 8,9 10,3 3,8 MORTALIDADE HOSPITALAR MORTALIDADE 60 DIAS REINTERNAÇÃO 60 DIAS Cuffe. Am Heart J 2000:139:15 – ACC 2000 Dobutamina vs NPS – Infusão Intermitente Mortalidade e Transplante 51% FE 20% 23 dias 10 mcg/min 12h 84% Soccorso Capomolla – Eur J Heart Fail 2001;3:601. Dobutamina vs Nesiritide Dobutamina Mortalidade % 30% P = 0,04 Nesiritide 6 Tempo (m) J Am Coll Cardiol 2002;39:798-803 SURVIVE Mortalidade por todas as causas – 180 dias N= 1327 Mebazaa A, JAMA, 2007 May 2;297(17):1883-91, Mourilhe Rocha R e cols, Revista da SOCERJ - mai/jun 2006 Inotrópicos Classe de recomendação Indicações Nível de Evidência Classe I Dobutamina para pacientes em choque cardiogênico, para suporte hemodinâmico, independentemente da etiologia da cardiomiopatia B Levosimendana para pacientes com sinais de baixo débito, sem choque cardiogênico, em uso de betabloqueador B Milrinona para pacientes com sinais de baixo débito, sem choque cardiogênico, etiologia não isquêmica, em uso de betabloqueador B Dobutamina e/ou milrinona para suporte hemodinâmico para pacientes em baixo débito e em fila de espera para transplante cardíaco em situação de prioridade C Dobutamina, milrinona ou levosimendana para melhora dos sintomas de pacientes em baixo débito sem hipotensão arterial B Associação de Levosimendana na tentativa de retirada de Dobutamina C Dobutamina, milrinona ou levosimendana para pacientes sem sinais de baixo débito B Dobutamina, milrinona ou levosimendana em infusão intermitente ambulatorial para pacientes com freqüentes descompensações B Levosimendana e Milrinona para pacientes em choque cardiogênico C Classe IIa Classe IIb Classe III Na necessidade de suporte inotrópico, o levosimendan e a milrinona, por não sofrerem com o antagonismo do BB, são mais indicados. A dobutamina apresenta redução parcial dos seus efeitos, podendo ter ação hemodinâmica deletéria em pacientes em uso de carvedilol. Sumário de Atualização da Diretriz Brasileira de IC Aguda. Arq Bras Cardiol 2012;98(5):375-83. Clínicas de IC Os programas de clínica de IC aumentam a utilização e as doses das medicações preconizadas Aumentam aderência a dieta e medicações melhorando a CF e capacidade de exercício Reduzem no. de internações Podem reduzir custos Podem melhorar a sobrevida I Latin-American Guidelines on Decompensated Heart Failure. Arq Bras Cardiol. 2005 Sep;85 Suppl 3:49-94 Clínica de IC - UERJ Long-term mortality predictors in a Brazilian cohort with chronic heart failure. Curva de Sobrevida N=340 1996-2005 Risco de morte = 2,2%/ano Meses Mourilhe Rocha, Albanesi Filho F. M. , Albuquerque D. C. et al. J Cardiac Failure 2006;12(6) (suppl 1):S92. Uso de medicamentos baseado em evidências na IC Pacientes tratads (%) Altas de 10/2001 – 01/2004 (n = 34.498) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 IECA BRA Beta-bloqueador Diurético Digoxina 80,8 57,4 50,8 41 12,8 Pacientes com IC crônica antes da hospitalização