A UTILIZAÇÃO DO JOGO COMO ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM DAS QUATRO OPERAÇÕES COM NÚMEROS NATURAIS Autora1 Nilce de Souza Neves Amaro Instituição Colégio Estadual Duque de Caxias. EF M e-mail: [email protected] Orientadora2 Clélia Maria Ignatius Nogueira Instituição UEM – Universidade Estadual de Maringá e-mail: [email protected] Resumo: Este relato de experiência apresenta fragmentos da aplicação da Unidade Didática produto de um projeto em desenvolvimento no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – do estado do Paraná e que tem como objetivo geral utilizar jogos para a consolidação dos significados e algoritmos das operações de adição, subtração, multiplicação e divisão com números naturais no ensino de Matemática, em situações problemas que favoreçam a autonomia e a aprendizagem do aluno do 6º ano do Ensino Fundamental. A opção por este tema é decorrente de constatações de nossa própria prática pedagógica e de depoimentos de colegas, sobre a fragilidade do conhecimento matemático referente aos conteúdos matemáticos dos anos inicias de escolarização apresentada pelos educando no início da sua caminhada na segunda fase do Ensino Fundamental. Palavras-chave: Educação Matemática. Operações Aritméticas Elementares. Uso de Jogos. Ensino Fundamental II. Introdução O projeto em desenvolvimento por uma das autoras deste artigo, sob a orientação da segunda autora intenta instrumentalizar o professor para utilizar jogos matemáticos como estratégia para favorecer a participação efetiva do aluno nos processos de ensino e de aprendizagem de Matemática, mediante a proposição de situações didáticas desafiadoras e, principalmente, com significados na vida dos estudantes. Nossa experiência de muitos anos como docente de Matemática no Ensino Fundamental II nos permite considerar que os estudantes dessa fase de ensino não possuem XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 consolidados os conhecimentos sobre as operações elementares com números naturais, entretanto, para subsidiar nossas ações, entendemos que seria necessária uma avaliação diagnóstica inicial para identificar que tipo de conhecimento os alunos possuíam, em relação aos conteúdos citados. Assim procedemos e após a realização dessa avaliação que comprovou nossas hipóteses iniciais acerca da fragilidade do conhecimento dos alunos de uma turma dos 6º ano de uma escola pública do município paranaense de Tuneiras do Oeste, foram propostas atividades para favorecer a aprendizagem das operações aritméticas elementares, mediante a exploração da história da matemática, resolução de problemas e, principalmente, do uso de jogos matemáticos para a consolidação desses conhecimentos. A opção pela utilização do jogo no ensino da Matemática como estratégia de aprendizagem e consolidação dos conhecimentos relativos às quatro operações com números naturais foi feita considerando aportes teóricos que afirmam que esta estratégia metodológica permite minimizar as dificuldades apresentadas pelo estudante, melhorando sua capacidade de memorização, propiciando e permitindo o entendimento das regras e das propriedades que auxiliam no cálculo mental, como forma de superação dos problemas relacionados ao ensino e a aprendizagem da disciplina Matemática. Lê-se nos “Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)”, documento de referência para o professor que: Os jogos podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes – enfrentar desafios, lançar-se à busca de soluções, desenvolvimento da crítica, da intuição, na criação de estratégias e na possibilidade de alterálas quando o resultado não é satisfatório - necessário para aprendizagem da matemática (PCN, Brasil, 1998, p 47). Neste sentido, o jogo matemático pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem, pois os jogos estão ligados ao pensamento lógico, vêm acompanhados de regras, instruções, operações, definições, deduções, desenvolvimento, por via de normas, ações e novos conhecimentos, os quais serão percebidos por meio dos resultados apresentados durante as atividades ao longo dos estudos. Para a efetivação de nosso trabalho, alguns aportes teóricos foram necessários, como estudos acerca do desenvolvimento cognitivo e o ensino da Matemática, referentes ao Sistema de Numeração Decimal e sobre o uso de jogos como estratégia metodológica em sala de aula, sejam esses jogos elaborados a partir de materiais manipuláveis, sejam utilizando recursos tecnológicos. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 O uso de jogos A aprendizagem é um processo que envolve as esferas cognitiva, afetiva e social, podendo ser inferida a partir de modificações permanentes no comportamento das pessoas, resultados da prática. Sabe-se que historicamente, os jogos estão sendo incorporados no cotidiano escolar de forma bem significativa, apesar de ser considerado tão antigo quanto a humanidade. Foram criados devido à própria necessidade de lazer ou de desafios inerentes ao ser humano e até hoje são utilizados por crianças, jovens e adultos do mundo inteiro. Quando se fala em educação, é comum ouvir a seguinte afirmação: “educação é coisa séria”, mas, o jogo é coisa séria? De acordo com Kishimoto (1992), o jogo veio a ganhar um valor crescente na década de 1960, com o aparecimento de museus, com concepções mais dinâmicas; onde nesses espaços, as crianças podem tocar e manipular os brinquedos. A utilização de jogos no ambiente escolar pode ser um recurso importante e interessante no sentido de possibilitar atividades mais atraentes, bem como estimular o raciocínio, as emoções e a socialização dos alunos. Os jogos matemáticos quando bem aplicados na sala de aula, podem ajudar tanto professores quanto alunos a aprenderem com esta criação estratégica, pois favorece o divertimento e a aprendizagem de ambos. O jogo de regras é considerado por Brenelli (1996) como responsável pelo desenvolvimento das estruturas intelectuais, pois ao jogar depara-se com problemas a serem resolvidos e, para alcançar um objetivo são criados e organizados procedimentos estratégicos. A autora afirma também, que o jogo é um momento sério, pois ao jogar o aluno expressa sua forma de pensar e utiliza todo seu potencial para tentar resolver o desafio. Porém a utilização de jogos em sala de aula não pode ser o único instrumento usado pelo professor, e sim, um recurso a mais nos processos de ensino e de aprendizagem. É necessário salientar que não é o jogo por si mesmo que possibilita a aprendizagem, mas o ato de jogar, que depende de uma compreensão, mesmo que mínima, das regras que compõe o jogo (ALMEIDA, 2003). O jogo como intervenção dos processos de ensinar e aprender XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 A palavra intervir quer dizer colocar-se no meio. No dicionário a palavra intervenção é apresentada como mediação. Neste sentido, os significados apresentados referem-se diretamente ao professor (mediador) e à escola. Quando se faz menções à intervenção com jogos, é preciso observar com cuidado que a prática destes jogos no ambiente escolar deve ser feita com responsabilidade, pois esta prática possui diversas finalidades, por isso é importante que sua utilização em sala de aula tenha objetivos bem definidos e que seja interessante como um recurso para tornar mais positivas as atividades propostas em relação aos processos de ensino e de aprendizagem da Matemática. A utilização de jogos no ensino da Matemática, como já foi dito anteriormente, pode ter diversas finalidades. Ao se pensar na aquisição de conhecimentos na sala de aula é preciso ter bem claro qual jogo usar, em que momento e qual a melhor maneira de intervir. Como salienta Brenelli (1996) o jogo gera uma situação-problema que exige do sujeito compensação dos desafios e perturbações para obter um bom resultado. A intervenção por meio de jogos favorece a conscientização, possibilitando a passagem da ação à compreensão. Segundo Piaget (1978, p. 176): Fazer é compreender em ação, dada situação em grau suficiente para atingir os fins propostos. E compreender é dominar, em pensamento, as mesmas situações até poder resolver os problemas por elas levantados, em relação ao por que e ao como das ligações constatadas e, por outro lado, utilizadas na ação. A construção de procedimentos, isto é, a compreensão das relações que levam aos êxitos ou fracassos, ou seja, o êxito no jogo deve-se à compreensão do mesmo (Brenelli, 1996). O contexto lúdico, possibilitando a invenção de novos procedimentos, permite a construção de possibilidades e de necessidades. Cabe ao professor mediador fazer a consolidação dos conteúdos que serão desenvolvidas durante os estudos com o uso dos jogos que permitam novos procedimentos, novas aprendizagens e tomadas de decisão em uma ação social e afetiva. O jogo na história da matemática XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 O jogo é tão antigo quanto à espécie humana, pois ele advém da própria necessidade da pessoa de criar, divertir, crescer e representar, sendo construído e vivenciado desde a infância até a fase adulta. Ele é utilizado nos mais diversos segmentos da convivência humana como conteúdos socioculturais, cognitivos, emocionais e neurobiológicos. Pode ser utilizado por famílias para estimular as crianças; na psicologia e psicopedagogia como recurso terapêutico e, por educadores para facilitar ou intervir na construção da aprendizagem de muitos alunos, podendo contribuir de diversas maneiras ao serem classificados como: jogos lógicos, que desenvolvem o raciocínio; jogos afetivos que estimulam as emoções e jogos sociais que facilitam a aquisição de conhecimentos, atitudes e destrezas próprias do meio, no qual está convivendo. Partindo das considerações acima, percebe-se, que ao longo da história, o ensino da Matemática tem proporcionado avanços importantes para as ciências exatas. Isso proporcionou e proporciona ao homem um aperfeiçoamento contínuo do conhecimento, principalmente aqueles utilizados no dia a dia. Todavia, na escola, ao se ensinar Matemática, é necessário que o professor use a criatividade e perceba a relevância do que se ensina. Há várias estratégias de atividades para serem exploradas com os conteúdos de Matemática, uma delas é apropriar-se da ludicidade dos alunos em atividades que envolvam o raciocínio, o interesse, a participação, a organização, a argumentação, a análise e o espírito de grupo, em que o professor, com toda a sua habilidade e criatividade pode propor jogos educativos, buscando a consolidação de conteúdos já ensinados, uma melhor compreensão dos mesmos ou mesmo como motivação para a aprendizagem de novos conteúdos. Ainda, em relação ao ensino da Matemática, os jogos podem se destacar como uma interação de conhecimentos, uma integração, uma oportunidade de convivência saudável, uma alternativa capaz de reduzir o índice de violência na sala de aula por via de regras e normas que são estabelecidas a fim de garantir o convívio social do grupo. Segundo Pinto (2006) no Currículo Nacional do Ensino Básico (Competência Específicas – Matemática – 2006) o jogo é uma atividade que une raciocínio, estratégia e reflexão com ludicidade, sendo que os jogos em grupo auxiliam o trabalho cooperativo favorecendo o aperfeiçoamento de atividades matemáticas e colaborando ainda, com o desenvolvimento pessoal e individual. Neste sentido, percebe-se que a aprendizagem XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 matemática pode ser favorecida com a utilização dos jogos e que, o jogo pode ser um ponto de partida na atividade de uma investigação. Para D’ Ambrósio (1996), o grande desafio para a educação é por em prática hoje o que servirá para o amanhã. Isto é, saber fazer no presente por intermédio das experiências do passado. Desta maneira, os efeitos da prática pedagógica presente, só serão sentidos nas manifestações do futuro, como corretas ou equivocadas, na certeza que servirá de subsídios para reflexão sobre os pressupostos teóricos, os quais devem ajudar a rever, reformular, aprimorar o saber fazer que oriente os planejamentos de ensino na Educação Básica. Nogueira e Andrade (2011) salientam que o uso de jogos em sala de aula possibilita ampliar habilidades como organização, atenção, concentração, criatividade, interação social, formação moral, e também desenvolve a linguagem, a autonomia e o pensamento dos alunos, os quais são elementos essenciais para toda aprendizagem. Portanto, envolvem aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Para esses autores: [...] o trabalho pedagógico com jogos envolve o raciocínio dedutivo para a jogada, para a argumentação e para troca de informações, além de permitir a comparação da eficiência de estratégias pensadas. Os jogos resgatam o lúdico na sala de aula e contribuem para a diminuição de bloqueios apresentados por crianças e adolescentes que temem a matemática e se sentem incapacitados para aprendê-las, pois passam a ter uma experiência em que aprender é uma atividade interessante e desafiadora (NOGUEIRA, ANDRADE, 2011, p. 48). Metodologia Esta proposta de ensino com jogos nas aulas de Matemática buscou encaminhar conteúdos com base em uma sequência de atividades problematizadas com aplicações sistematizadas e observação de regras e procedimentos, como um meio de instrumentalizar matematicamente o estudante. Essas atividades com jogos caracterizaram-se como um ponto de partida para a aquisição do conhecimento matemático possibilitando aos estudantes reconhecer regularidades e propriedades, elaborando conceitos e sistematizando os procedimentos no desenvolvimento das atitudes. Desta forma os encaminhamentos propostos visaram à aplicação e sistematização de conhecimentos matemáticos e o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao cálculo mental e escrito, a estimativa e a XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 identificação de pontos de referências, ressaltando que os jogos podem ser explorados durante a aula de Matemática como conteúdo conceitual ou procedimental. Para os jogos propostos, considerou-se que os alunos tenham um momento inicial para elaboração do material de alguns jogos, e também para familiarizar-se com esse material, seguido pelo reconhecimento das regras, dos registros e da resolução das questões do jogo, onde o professor atuou como mediador da ação dos estudantes na atividade, sempre objetivando a compreensão e sistematização dos conceitos matemáticos. O professor deve garantir o cumprimento e a compreensão das regras bem como, as decisões tomadas, as estratégias desenvolvidas, as sistematizações dos conceitos, as observações de regularidades, análises do jogo e os facilitadores ou desafios conforme as necessidades apresentadas pelos estudantes. Ele deverá aproveitar o momento e realizar avaliações da aprendizagem cumprindo um duplo objetivo: um momento de diagnóstico e ao mesmo tempo, um indicador dos caminhos a serem percorridos no processo de ensino e da aprendizagem. Portanto, é a avaliação quem vai fornecer as informações relevantes e substanciais em momentos distintos através de uma perspectiva contínua e dinâmica, em situações formais ou informais onde este professor possa diversificar os instrumentos de avaliação, analisando o domínio dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Neste sentido, o trabalho de Matemática na sala de aula exigiu preparação adequada, planejamento cuidadoso, flexibilidade das ações, envolvimento da escola, compreensão dos pais, metodologia adequada na avaliação e principalmente, uma enorme e permanente dedicação do docente. Relato das experiências O presente trabalho teve inicio com a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica para a direção e equipe pedagógica do Colégio Estadual Duque de Caxias. Ensino Fundamental e Médio. Num segundo momento, em reunião com todo colegiado escolar houve a socialização do projeto, quando foi apresentado o problema que levou à sua construção, o público destinado e os objetivos que se pretendia alcançar por meio de sua realização. A partir da aplicação de uma avaliação diagnóstica foram obtidas informações do conhecimento e das dificuldades apresentadas pelos estudantes das quais destacamos: o desconhecimento das denominações, dos significados, dos nomes dos termos, dos algoritmos e das propriedades das quatro operações aritméticas. Depois de XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 fazer uma revisão dos conteúdos referentes às quatro operações aritméticas, reforçando os conteúdos em que os estudantes apresentaram maiores dificuldades foi aplicado o jogo da “Memória das Quatro Operações Básicas” 1. Este jogo apresenta diversas tampas de embalagens com indicações de operações e os totais para formar os pares, tendo como objetivo desenvolver o raciocínio lógico-matemático, estratégia, agilidade e atenção nas operações de adição, subtração, multiplicação e divisão com números naturais. No início da aula os alunos ficaram um pouco agitados e eufóricos, causando um pouco de tumulto para formar os grupos, logo depois foram se acalmando e começaram a manusear o material pedagógico. Os estudantes realizaram as atividades propostas, com uma revisão de conteúdos dos termos, dos sinais e das propriedades de cada uma das operações, depois deram início às jogadas, ficando bem atentos a cada movimento do jogo, tentando memorizar os resultados das peças que formavam pares e no final na hora do feedback mostraram-se interessados em participar novamente do jogo, entusiasmando-se com a forma diferente de aprender Matemática. Registraram também seus erros e acertos, sugerindo outras regras para o jogo. Um dos grupos sugeriu que deveria pontuar as jogadas por operações. Exemplo: Adição = 2 pontos; Subtração = 3 pontos; Multiplicação = 4 pontos e a divisão por ser considerada a mais difícil = 6 pontos. Consideramos a sugestão bem oportuna. O jogo a seguir foi o Caixa dos Produtos constituído por uma caixa e no fundo, do lado de dentro da caixa, existe uma tabela com alguns produtos e um marcador. Tem como objetivo desenvolver habilidades de cálculo mental na operação de multiplicação e reforçar a memorização da tabuada. A atividade foi bem produtiva para a aprendizagem do estudante, embora no início eles demonstrassem ansiedade e preocupação no decorrer do jogo, foram acalmando-se e resolveram as atividades com sucesso. O desenvolvimento desse jogo fez com que os alunos ficassem atentos e ligados em cada jogada, pois necessitavam de agilidade e atenção. A terceira atividade foi o jogo “Somando ou Multiplicando”. Este jogo é constituído por um jogo de varetas e uma tabela para marcar os pontos, tendo como objetivo desenvolver habilidades básicas na resolução de operações fundamentais com números naturais por meio de materiais manipuláveis e facilitar a atenção, a discriminação 1 Este jogo, assim como todos os descritos neste artigo consta da Produção Didático-Pedagógica do PDE/2013 – Programa de Desenvolvimento Educacional da SEED – Secretaria Estadual de Educação do Paraná e está disponível na página 15. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 visual, a simbolização, a leitura, o registro de números e o valor posicional em situações envolvendo as operações de adição e multiplicação. Foi muito interessante trabalhar com este jogo. Primeiro os alunos organizaram-se em grupos de quatro alunos livremente, leram as regras e combinaram após quantas jogadas seriam computadorizadas as pontuações de cada participante. Logo após cada grupo pegou um jogo de varetas e iniciaram as jogadas. No final, após cinco (5) partidas, começou-se a fazer o registo dos vencedores, então cada participante pode fazer suas contas para saber sua pontuação. Alguns alunos optaram por somar ponto a ponto outros contaram quantas varetas tinham conseguido de cada cor e multiplicaram pelo valor da pontuação referente a cada cor e depois somaram todos os resultados, mas a maioria utilizou a soma de parcelas iguais e o principio multiplicativo para chegar aos totais. O jogo Multitriângulo é composto por um jogo de dominó construído pelos alunos com a operação de multiplicação e seus produtos, tem por objetivo facilitar e desenvolver a agilidade de raciocínio na realização de operações aritméticas, o cálculo mental, bem como a estimativa e a manipulação de quantidades. Os alunos confeccionaram as peças do dominó Multitriângulo e jogaram livremente em grupos de quatro alunos e iam realizando a operação de multiplicação, (tabuada). Depois de algumas jogadas foram questionados quanto aos resultados, sempre estimulando a agilidade de raciocínio e a resolução do cálculo diante das situações problemas. É preciso utilizar este jogo várias vezes, para que, o aluno gradativamente seja capaz de, realizar operações de multiplicação com mais agilidade de raciocínio, estimando e manipulando quantidades, resolvendo cálculos e melhor planejando suas ações diante das situações problema. Considerações Finais O trabalho de Matemática na sala de aula exige preparação adequada do professor, planejamento cuidadoso, flexibilidade das ações, envolvimento da escola, compreensão dos pais, metodologia adequada na avaliação e principalmente, uma enorme e permanente dedicação do docente. Por isso, é necessário que o professor que escolha o Uso de Jogos como estratégia metodológica realize observações criteriosas dos estudantes em situações de jogo, procurando identificar como eles “pensaram”, quais as estratégias que eles utilizaram em suas jogadas, quais os erros mais comuns, as tentativas de acertos, a interação com o XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 grupo, entre outros aspectos, para desta maneira, desenvolver caminhos que possam ajudar em sua prática pedagógica, numa perspectiva inovadora, levando-se em conta todas as informações necessárias para o desenvolvimento pleno do aluno. O professor nesta perspectiva, como agente integrante dos processos de ensino e de aprendizagem, desempenha o papel de facilitador no andamento dos jogos e na consolidação dos conteúdos matemáticos desenvolvidos. De acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p. 47) a Educação Matemática é uma área que engloba inúmeros saberes, em que apenas o conhecimento da Matemática e a experiência de magistério não são considerados suficientes para atuação profissional (FIORENTINI e LORENZATO, 2001), pois envolve o estudo dos fatores que influem, direta e indiretamente, sobre os processos de ensino e de aprendizagem em Matemática (CARVALHO, 1991). Nas Diretrizes assume-se a Educação Matemática como um campo de estudos que possibilita ao professor balizar sua ação docente, fundamentado numa ação crítica que conceba a Matemática como atividade humana em construção. Entende-se que o processo pedagógico em Matemática deve contribuir para que o aluno tenha condições de constatar regularidades e generalizações, podendo apropriar-se de linguagem adequada para descrever e interpretar fenômenos matemáticos e outras ciências do conhecimento. É preciso um ensino que amplie o conhecimento humano, e que, contribua para o desenvolvimento de uma sociedade mais solidária e sustentável. Esta proposta de ensino com jogos nas aulas de Matemática buscou encaminhar conteúdos com base em uma sequência de atividades problematizadas com aplicação sistematizadas e na observação de regras e procedimentos, como um meio de instrumentalizar matematicamente o estudante. Desta forma os encaminhamentos propostos visaram à aplicação e sistematização de conhecimentos matemáticos e o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao cálculo mental e escrito, a estimativa e a identificação de pontos de referências, ressaltando que os jogos podem ser explorados durante a aula de Matemática como conteúdo conceitual ou procedimental. Para esta proposta de trabalho com jogos, considerou-se um momento inicial para elaboração do material de alguns jogos, bem como, a familiarização do estudante com esse material, seguido pelo reconhecimento das regras, dos registros e da resolução das questões do jogo, onde o professor foi o mediador da ação dos estudantes nas atividades, sempre objetivando a compreensão e sistematização dos conceitos matemáticos. O professor PDE observou o cumprimento e a compreensão das regras bem como, as decisões tomadas, as XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 estratégias desenvolvidas, as sistematizações dos conceitos, as observações de regularidades, análises do jogo e os facilitadores ou desafios conforme as necessidades apresentadas pelos estudantes. Ainda aproveitou o momento para realizar avaliações da aprendizagem cumprindo um duplo objetivo: um momento de diagnóstico e ao mesmo tempo, um indicador dos caminhos a serem percorridos no processo de ensino e da aprendizagem, obtendo informações sobre os avanços e as dificuldades apresentadas para a partir disso repensar sua ação docente em conformidade com os encaminhamentos pedagógicos sem perder de vista os objetivos e as expectativas ao longo do ensino e da aprendizagem. Portanto, é a avaliação quem fornece as informações relevantes e substanciais em momentos distintos através de uma perspectiva contínua e dinâmica, em situações formais ou informais para que, o professor possa diversificar os instrumentos de avaliação analisando o domínio dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Referências ALMEIDA, P. N. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 11 ed. São Paulo: Loyola, 2003. BRASIL. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. Nº 9394/97. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 1997. BRENELLI, R. P. O Jogo Como Espaço Para Pensar: A Construção de Noções Lógicas e Aritméticas, Campinas, São Paulo: Editora Papirus, 1996. BRENELLI, R. P. Uma proposta psicopedagógica com jogo de regras. In: SISTO, Fermino Fernandes et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. BRITO M. R. F. Contribuições da Psicologia Educacional à Educação Matemática. In: BRITO M. R. F. (org). Psicologia da Educação Matemática / Márcia Regina F. de Brito. Florianópolis: Insular, 2001. D’AMBRÓSIO, U. Educação Matemática: Da teoria à prática. São Paulo, Papirus Editora, 1996. KISHIMOTO, T. M. (1992). O Brinquedo na Educação: Considerações Históricas. Revista Ideias. São Paulo, (7), pp. 39-45. MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais (5ª a 8ª): Matemática, Secretária de Educação. Educação Fundamental. Brasília; MEC/SEF, 1998. NOGUEIRA. Conceitos Básicos em Educação Matemática nos anos Iniciais do Ensino Fundamental. In ANDRADE, D. ; NOGUEIRA. Org. Sistema de Numeração Decimal e as Quatro Operações Fundamentais: Significados, Algoritmos e Problemas. Maringá: EDUEM, 2011. NOGUEIRA. Conceitos Básicos em Educação Matemática nos anos Iniciais do Ensino Fundamental. In ANDRADE, D. ; NOGUEIRA. Org. Diferentes Abordagens em Educação Matemática Escolar. Maringá: EDUEM, 2011. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 PARANÁ. Governo do Estado. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Matemática para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2006. PARANÁ. Governo do Estado. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Matemática para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008 PIAGET, J. (1978). Fazer e Compreender. Tradução de Christina L. De Paula Leite, São Paulo: Melhoramento/EDUSP. Edição original datada de 1974. PINTO. R. Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Específicas de Matemática, 2006. SEED. Secretaria Estadual de Educação: Programa de Desenvolvimento da Educação/Matemática – PDE/2013.