UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
ADRIANA OLIVEIRA DA SILVA
LES E GESTAÇÃO: Assistência em Enfermagem para
melhor qualidade de vida.
Salvador-Bahia
2012
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ADRIANA OLIVEIRA DA SILVA
LES E GESTAÇÃO: Assistência em Enfermagem para
melhor qualidade de vida.
Monografia apresentada a Universidade
Castelo Branco e Atualiza Associação
Cultural, como requisito parcial para
obtenção do Título de Especialista em
Enfermagem Obstétrica sob orientação do
Professor Fernando Reis do Espirito Santo.
Salvador-Bahia
2012
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ADRIANA OLIVEIRA DA SILVA
LES E GESTAÇÃO: Assistência em Enfermagem para
melhor qualidade de vida.
Monografia para obtenção do grau de Pós-Graduado em Enfermagem em
Obstetrícia.
Salvador, 22 de maio de 2012.
EXAMINADOR:
Nome:
______________________________
Titulação:
______________________________
PARECER FINAL:
4
DEDICATÓRIA
Dedico e agradeço à minha mãe, minha companheira de sempre, deixando
essa passagem:
“Podemos escolher o que semear,
mas somos obrigados a colher aquilo
que plantamos.”
Provérbio Chinês
Afirmando que tudo que semeou em mim será colhido através dos meus
melhores frutos.
5
A vida só pode ser compreendida olhando-se para
trás, mas só pode ser vivida olhando-se para
frente.
Soren Kierkegaard
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RESUMO
Este estudo aborda sobre Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), que é uma doença
sistêmica de origem autoimune sendo encontrado habitualmente em pacientes
gestantes, podendo ter evolução indiferente ou não com a gestação, pois seu ciclo
pode ser modificado pela maternidade, ou vice-versa. É uma enfermidade
responsável por alta morbidade materno fetal devendo ter critérios e cuidados na
concepção, gravidez e puerpério, sendo imprescindível o acompanhamento de
profissional habilitado para prevenção de complicações, orientações que norteiam
uma melhor qualidade de vida para as lúpicas no convívio com sua patologia. Tendo
em vista que no Brasil são raros os estudos referentes a esta patologia, sua
associação com a gravidez bem como orientações pré-gestacionais este estudo será
de grande valia, podendo os profissionais de saúde utilizá-lo buscando erradicar ou
diminuir uma serie de duvidas das lúpicas. Tem como objetivo: evidenciar a partir da
literatura a Assistência em Enfermagem prestada à lúpicas gestantes a fim de
proporcionar melhor qualidade de vida. Fizemos a opção por uma pesquisa
bibliográfica, entendendo que permite apreender o objeto de estudo a partir de uma
descrição histórica de material já produzido por estudiosos da área. Quanto à
natureza trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório buscando
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explicito ou a construir hipóteses; aprimoramento de ideias ou a descobertas de
intuições através da interpretação dos artigos e livros utilizados. Os resultados
mostram que ao contrário do que outrora se pensara o LES não deve ser entendido
como uma limitação à gestação. A melhor caracterização de fatores prognósticos e o
entendimento de determinados mecanismos fisiopatológicos permitem o
desenvolvimento de estratégias de prevenção e abordagem da morbidade materna e
fetal em gestações de lúpicas. O profissional de Enfermagem deve ter conhecimento
teórico, ser consciente quanto às orientações que serão dadas, a fim de transmitir
tranquilidade para essa gestante, estando incumbido de atender as suas
necessidades. Contudo esta análise deve ser mais abrangente, pois a assistência da
equipe de saúde para a gestação deve ser iniciada ainda no período intergestacional
e pré-conceptual, de forma que a gravidez ocorra em momento ótimo da evolução
da doença e acarrete os mínimos prejuízos maternos fetais. Sabendo-se que a
concepção não necessariamente agrava a doença, este estudo permitiu que se
entendesse que a monitorização clínica, o tratamento adequado e principalmente o
planejamento são artifícios eficazes que a Enfermagem tem hoje, para garantir às
lúpicas seu direito natural à maternidade.
Palavras chave: LES, Gestação e Assistência em Enfermagem.
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ABSTRACT
This study talks about Systemic Lupus Erythematosus (SLE), which is systemic
disease of autoimmune origin usually found in pregnant patients, likely to have
indifferent evolution or not with the pregnancy, because its cycle may be modified by
maternity, or vice-versa. It is a disease responsible for high maternal and fetal
morbidity taxes, supposed to have criteria and care in the conception, pregnancy and
puerperium, being essential the assistance of a skilled professional for prevention of
complications, orientation that lead those living with lupus to a better way of life .
Considering that in Brazil the studies about this pathology are rare, its association with
pregnancy as well as the pre-gestational orientation, this study will be of great value, allowing
the health professionals to use it in order to eradicate or diminish a series of doubts from
patients with lupus. It aims: to evidence from the literature the Nursing Assistance given to
pregnant women with lupus in order to provide them a better life quality. We opted for a
bibliographical research, understanding that it enables us to grasp the object of study from a
historical description of the material already produced by scholars in this field. Regarding the
nature, it is a qualitative research of exploratory character seeking to provide greater
familiarity with the problem, in order to make it more explicit or to build hypotheses;
enhancement of ideas or discoveries of intuitions through interpretation of articles and used
books. The results show that contrary to what was formerly thought, SLE should not be
understood as a limitation to pregnancy. A better characterization of prognostic factors and
the understanding of certain physiopathological mechanisms allow the development of
prevention strategies and approach to maternal and fetal morbidity in pregnant women with
lupus. The Nursing Professional must have theoretical knowledge, be conscious of the
orientation that will be given, in order to convey tranquility to this pregnant woman, being
liable for meeting her needs. However, this analysis must be broader, because the health
care crew for the pregnancy should be initiated still in the intergestational and pre-conceptual
periods, so that the pregnancy happens at a great moment of the disease progress and
results in the minimum maternal and fetal damages. Knowing that the conception does not
necessarily worsen the disease, this study permitted us to understand the clinical monitoring,
the appropriate treatment and especially the planning are effective devices that the Nursing
has today, to ensure the women with lupus their natural right to motherhood.
Key words: SLE, Pregnancy and Nursing Assistance.
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RESUMEN
Este estudio trata sobre el Lupus Eritematoso Sistémico (LES), que es una
enfermedad sistémica de origen autoinmune habitualmente encontrado en pacientes
embarazadas, pudiendo haber evolución indiferente o no con el embarazo, pues su
ciclo puede ser modificado por la maternidad, o vice-versa. Es una enfermedad
responsable por la alta tasa de morbilidad materno fetal debiendo tenerse criterios y
cuidados en el seguimiento de la concepción, el embarazo y el puerperio, siendo
imprescindible el acompañamiento de un profesional calificado para prevenir las
complicaciones, las directrices que guían una mejor calidad de vida de las personas
que viven con lupus en su patología. Teniendo en vista que en Brasil son raros los
estudios sobre esta enfermedad, su asociación con las directrices del embarazo y
antes del embarazo este estudio será de gran valor, profesionales de la salud se
puede utilizar la búsqueda para eliminar o reducir una serie de dudas de LES. Tiene
como objetivo: demostrar, desde el cuidado de Enfermería de la literatura a las
mujeres embarazadas con lupus para proporcionar una mejor calidad de vida.
Hemos tomado la decisión de una búsqueda en la literatura, entendiendo que le
permite a uno entender el objeto de estudio de una descripción histórica de los
materiales ya producidos por los estudios en la materia. Con respecto a la
naturaleza, esta es una investigación exploratoria cualitativa trata de proporcionar
una mayor familiaridad con el problema, con el fin de hacer más explicitas las
hipótesis o de construcción, las ideas de mejora o descubrimiento de conocimiento a
través de la interpretación de los artículos y libros de segunda mano. Los resultados
muestran que, contrariamente a lo que se cría anteriormente LES no debe
interpretarse como una limitación de la gestación. Una mejor caracterización de los
factores pronósticos y la comprensión de los mecanismos fisiopatológicos
específicos permiten el desarrollo de estrategias de prevención y el enfoque a la
morbilidad materna y fetal en embarazos de LES. El profesional de enfermería debe
tener los conocimientos teóricos, ser consciente de las directrices que se darán a fin
de transmitir tranquilidad a la mujer embarazada, se pide a satisfacer sus
necesidades. Sin embargo, este análisis debería ser más amplia, debido a que le
equipo de atención médica para el embarazo debe iniciarse incluso durante
intergestacional y pre-conceptual, de manera que se produce un embarazo en el
momento óptimo de la progresión de la enfermedad e implicará la mínima pérdida
fetal materna. Sabiendo que el diseño no tiene porqué empeorar la enfermedad, este
estudio les permitió comprender que la vigilancia clínica y plan de tratamiento
apropiados son especialmente eficaces los dispositivos que hoy en día la enfermería
es garantizar el lupus a su derecho natural de la maternidad.
Palabras clave: LES, el embarazo y cuidados de enfermería.
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LISTA DE SIGLAS
LES: Lúpus Eritematoso Sistêmico.
HCV: Vírus da Hepatite C.
DNA: Ácido desoxirribonucleico.
SAAF: Síndrome de anticorpos antifosfolipídios.
SLN: Síndrome do Lúpus Neonatal.
SSA: anticorpos anti-Ro.
SSB: anticorpos anti-La.
FAN: Fator antinuclear.
Anti-DNA: É o único anticorpo claramente implicado na patogênese de LES
com formação de imunocomplexos, deposição renal e inflamação local.
ANA: Usado para descrever auto anticorpos para várias proteínas nucleares
das células.
C3: É utilizada para avaliação de indivíduos com deficiência congênita d te
fator ou daqueles pacientes portadores de doenças por imunocomplexos.
C4: É útil no diagnóstico de deficiência congênita deste fator ou de patologias
onde há consumo de complemento e ativação da via imune ou clássica do
sistema.
EEG: Eletroencefalograma.
ECG: Eletrocardiograma.
AINEs: Anti-inflamatórios não esteroides.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................
11
2. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................
17
2.1. Gestação..............................................................................................
17
2.2. Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES).....................................................
17
2.2.1. Definição............................................................................................
17
2.2.2. Epidemiologia...................................................................................
18
2.2.3. Etiologia e fisiopatologia....................................................................
18
2.2.4. Sintomatologia...................................................................................
19
2.3. Gravidez em lúpicas............................................................................
19
2.3.1. Diagnóstico........................................................................................
22
2.3.2. Resultados de exames......................................................................
23
2.4. Assistência em Enfermagem................................................................
24
3. ANALISE E DISCUSSÃO........................................................................
27
3.1. Curso do LES......................................................................................
27
3.2. Gestação em Lúpicas..........................................................................
28
3.3. Assistência prestada ás lúpicas no período gestacional.....................
29
4. CONCLUSÃO.........................................................................................
32
5. REFERÊNCIAS......................................................................................
34
11
1. INTRODUÇÃO
Apresentação do objeto do estudo
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença sistêmica de origem
autoimune, que acomete principalmente mulheres em idade reprodutiva. Sua
etiologia
permanece
desconhecida,
embora
fatores
genéticos,
ambientais,
hormonais e imunológicos estejam envolvidos. A prevalência da doença varia de
14,6 a 122 casos por 100 mil habitantes (RUS; HOCHBERG, 2002 apud BEZERRA
et al.,2005).
O LES é encontrado habitualmente em pacientes gestantes, podendo ter
evolução indiferente ou não com a gestação, pois seu ciclo pode ser modificado pela
maternidade, ou vice-versa. É uma enfermidade responsável por alta morbidade
materno fetal devendo ter critérios e cuidados na concepção, gravidez e puerpério.
Segundo Zugaib (1986, apud CECIN et al, 1992) a evolução do LES na
gravidez depende da existência ou não de comprometimento renal, da atividade da
doença à época da concepção e da qualidade do tratamento recebido durante a
gestação. As lúpicas com doença inativa no inicio da gravidez, independentemente
da gravidade anterior do quadro clínico, têm uma chance de somente 30% de sua
doença agravar.
O LES evolui de modo crônico, lesando a saúde da mulher, associado ao
grau de comprometimento dos órgãos, sendo imprescindível o acompanhamento de
profissional habilitado para prevenção de complicações, orientações que norteiam
uma melhor qualidade de vida para as lúpicas no convívio com sua patologia.
A lúpica que deseja engravidar ou esta grávida necessita de orientação
contínua e sistemática para detectar oscilações, por menores que sejam, na
evolução da enfermidade, cujo aspecto pode ir desde uma simples fadiga até um
quadro dramático de falência renal. Por outro lado, as possíveis alterações no seu
ritmo de vida, tais como uso de drogas, intercorrência de outras doenças e até
internações exigem maior atenção (LOCKSHIN, 1985 apud CECIN et al 1992).
12
Contudo esta análise deve ser mais abrangente, pois a assistência da
equipe de saúde para a gestação deve ser iniciada ainda no período intergestacional
e pré-conceptual, de forma que a gravidez ocorra em momento ótimo da evolução
da doença e acarrete os mínimos prejuízos maternos fetais (FIGUEIRÓ-FILHO et al.
2005).
A atenção com qualidade e humanizada depende da provisão dos recursos
necessários, da organização de rotinas com procedimentos comprovadamente
benéficos, evitando-se intervenções desnecessárias, e do estabelecimento de
relações baseadas em princípios éticos, garantindo-se privacidade e autonomia e
compartilhando-se com a mulher e sua família as decisões sobre as condutas a
serem adotadas. (BRASIL, 2005)
Justificativa
O interesse em desenvolver esta pesquisa surgiu a partir de um prévio
contato da autora com a temática, suscitando a necessidade de aprofundar seu
conhecimento sobre o processo saúde-doença da patologia em questão e sua
associação com a gravidez visto que o senso comum contraindica a gravidez em
lúpicas.
Tendo em vista que o LES atinge principalmente mulheres em período
reprodutivo, e que no Brasil são raros os estudos referentes a esta patologia, sua
associação com a gravidez bem como orientações pré-gestacionais este estudo será
de grande valia, podendo os profissionais de saúde utilizá-lo buscando erradicar ou
diminuir uma serie de duvidas das lúpicas.
Pergunta/problema
Que tipo de assistência em Enfermagem deve ser prestada à lúpicas
gestantes para uma melhor qualidade de vida?
Objetivo
Evidenciar a assistência em Enfermagem prestada à lúpicas gestantes a fim
de proporcionar melhor qualidade de vida.
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Delineamento Metodológico
Para descrever o LES associado à gestação e à assistência em
Enfermagem, fizemos a opção pela pesquisa bibliográfica, entendendo que este tipo
de pesquisa permite apreender o objeto de estudo a partir de uma descrição
histórica de material já produzido por estudiosos da área, além de aprofundar outros
aspectos do referido objeto.
A pesquisa bibliográfica segundo Ruiz (1996) consiste no exame de
produção humana registradas em livros, artigos e documentos. “Não sendo
necessariamente aquelas que reportam todas as pesquisas e revisões já publicadas
sobre o tema, mas sim que conseguem sumariar e incluir as publicações realmente
importantes” (VITIELO, 1998, p. 79/80).
Ruiz (1996, p. 67/68) considera ainda que a leitura iniciada com o propósito
de coletar material para resolver determinado problema deverá ser criteriosa e
seletiva. Diante da impossibilidade de trazer para discussão todo o material existente
sobre a temática, fizemos a opção em selecionar aqueles que acreditávamos
importantes, apesar de reconhecermos que outros materiais bibliográficos poderiam
ser eleitos por outros estudiosos desta temática.
Desde que se tenha decidido que a solução de determinado problema
deverá ser procurada a partir de material já elaborado, procede-se à pesquisa
bibliográfica. (GIL, 2002)
Este mesmo autor afirma que um dos principais objetivos que conduzem à
realização de uma pesquisa bibliográfica é redefinição de um problema. Com
frequência os problemas propostos são muito amplos e pouco esclarecidos. Assim,
a pesquisa bibliográfica é indicada a fim de proporcionar melhor visão do problema
ou torná-lo mais especifico ou, ainda, para possibilitar a construção de hipóteses,
assumindo um caráter de estudo exploratório.
Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo
que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o
reforço paralelo na analise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações.
(MARCONI, 2004)
14
A coleta e analise de dados constituíram na identificação dos conceitos,
usando-se a análise crítica da literatura destinada à verificação e construção de
atributos do conceito, através de uma sistematização do processo de leitura que
segundo Gil (2002) tem como objetivos:
a) Identificar informações e os dados constantes do material
impresso; b) Estabelecer relações entre as informações e os dados
obtidos com o problema proposto e; c) Analisar a consistência das
informações e dados apresentados pelos autores.
Gil (2002) diz que a leitura exploratória é uma leitura rápida do material
bibliográfico, que tem por objetivo verificar em que medida a obra consultada
interessa à pesquisa, também relata que só é capaz de realizar uma leitura
exploratória adequada quem possuir sólidos conhecimentos acerca do assunto
tratado.
De acordo o objetivo proposto, trata-se de uma pesquisa qualitativa de
caráter exploratório. Para Marconi (2004) as pesquisas exploratórias, as que
habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação
prática.
Estas pesquisas têm como objetivo de fazer com o autor familiarizar-se com
o problema permitindo criação de novas ideias e aperfeiçoamento na construção de
hipóteses.
Concordando, Marconi (2004) complementa afirmando que antes da leitura
exploratória existe a leitura de reconhecimento ou previa, que visa procurar um
assunto de interesse ou verificar a existência de determinadas informações.
Após a leitura exploratória procedeu-se a sua seleção, sendo mais
profunda, mas não sendo definitiva, onde por varias vezes se fez necessário uma
releitura para que pudéssemos responder indagações que surgiam durante o
estudo.
A leitura analítica foi feita a partir dessa seleção, onde Gil (2002) refere que
a leitura analítica busca ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de
forma que estas possibilitem a obtenção de respostas ao problema da pesquisa.
15
Marconi (2004) diz que à medida que o pesquisador tem em mãos as fontes de
referencia, deve transcrever os dados em fichas, com o máximo de exatidão e
cuidado.
Fechando a etapa do processo de leitura, foi feita interpretação dos textos,
buscando, de forma mais complexa, relacionar o conteúdo bibliográfico com o
problema para o qual se propõe uma solução.
Após as etapas de leitura e classificação de acordo com as semelhanças
passou-se a redação do estudo, dividindo-o em partes: pré, textuais e pós textuais,
contendo introdução referencial teórico – dividido em subcapítulos – conclusão,
referencias a partir da delimitação do objetivo.
A amostra foi determinada pelo critério de saturação de dados, ou seja, os
instrumentos de pesquisa foram analisados até o momento em que os dados
coletados começaram a se repetir.
Estrutura do trabalho
As unidades temáticas foram definidas de acordo com o objetivo, sendo
agrupadas de acordo com sua familiaridade em termos de sistematizar a literatura
sobre o LES, a gestação e assistência em Enfermagem para as lúpicas gestantes.
Após o processo de leitura do material selecionado para o estudo e tomando
como referência o objetivo definido para o estudo identificamos as unidades
temáticas seguintes:
Gestação, nesta destacamos os conceitos estabelecidos exemplificando
critérios que definem grupos chamados de gestantes de alto risco.
Lúpus
Eritematoso
Sistêmico,
focalizando
definições
e
fatores
que
caracterizam o portador do LES, a epidemiologia, etiologia e fisiopatologia, assim
como sintomas característicos.
Gravidez em lúpicas, caracterizando os problemas enfrentados na gravidez a
partir das síndromes que envolvem esse período.
16
Assistência em Enfermagem, abordando os cuidados atualmente indicados
para as lúpicas gestantes a fim de promover uma boa qualidade de vida.
17
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Gestação
A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, sua evolução se
dá, na maior parte dos casos, sem apresentar variações ou anormalidades. Apesar
disso, há uma parcela de gestantes que, por terem características específicas ou por
sofrerem
algum
agravo,
apresenta
maiores
probabilidades
de
evolução
desfavorável, tanto para o feto como para a mãe. Essa parcela constitui o grupo
chamado de “gestantes de alto risco”. (BRASIL, 2000)
Por gestação de alto risco entende-se como sendo aquela na qual a vida ou
a saúde da mãe e/ou do feto tem maiores chances de ser atingida por complicações
que a média das gestações. (BRASIL, 2000)
É importante ressaltar que durante toda a gestação podem ocorrer
complicações que tornam uma gestação normal em gestação de alto risco. Por isso,
logo no início do pré-natal, e durante toda a gestação, deve-se proceder a uma
“avaliação de risco” das gestantes de modo a identificá-las no contexto amplo de
suas vidas e mapear os riscos a que estão expostas. (BRASIL, 2000)
2.2. Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)
2.2.1. Definição
Em 1851, o médico Pierre Lazenave observou pessoas que apresentavam
“feridinhas” na pele, como pequenas mordidas de lobo, daí a denominação de Lúpus
Eritematoso. Em 1895, o médico canadense Sir Willian Osler caracterizou melhor o
envolvimento das várias partes do corpo adicionando a palavra “sistêmico” à
descrição dessa doença. Enfim, a nomenclatura do Lúpus Eritematoso Sistêmico,
conforme Wallace (2000), apresenta os seguintes significados: Lúpus = Lobo,
Eritematoso = Vermelhidão, Sistêmico = Todo.
Segundo Sato (1999 apud ARAUJO, 2004), é a combinação desses fatores
em pessoas geneticamente predispostas que pode gerar um desequilíbrio no
18
sistema imunológico, favorecendo assim o surgimento do lúpus. O LES é uma
doença de etiologia desconhecida, na qual células e tecidos são danificados por
anticorpos patogênicos e complexos antígenos-anticorpos. O desenvolvimento da
doença é desencadeado por fatores hormonais e ambientais como infecções, uso de
antibióticos, exposição aos raios ultravioleta, estresse excessivo e alguns
medicamentos.
2.2.2. Epidemiologia
LES é uma doença rara, incidindo mais freqüentemente em mulheres
jovens, ou seja, na fase reprodutiva, numa proporção de nove a dez mulheres para
um homem, e com prevalência variando de 14 a 50/100.000 habitantes, em estudos
norte-americanos. A doença pode ocorrer em todas as raças e em todas as partes
do mundo.
De acordo com Shafer et al. (1987), o LES é mais freqüente em mulheres e
o pico da idade para o início dessa doença é de 30 anos, aproximadamente,
enquanto que para os homens é de 40 anos de idade.
Assim sendo, vários pesquisadores acreditam na possibilidade do LES ser
herdado. Noventa por cento dos casos ocorrem em mulheres, habitualmente em
idade fértil, porém crianças, homens e idosos também podem ser afetados
(HARISSON; RANDOLPH, 1992).
Os hormônios sexuais parecem exercer uma influência importante na
ocorrência e manifestações do LES. Durante os anos de reprodução, a freqüência é
dez vezes maior em mulheres e a exacerbação da doença foi observada durante a
menstruação e a gravidez normais (COTRAN et al., 2000). Além disso, Rangel et al.
(2002) sugere que o uso irrestrito de esteróides sexuais, como a testosterona,
representa um importante fator para o desenvolvimento de doenças auto-imunes,
em especial, o LES.
2.2.3. Etiologia e fisiopatologia
O LES é uma doença caracterizada pelo surgimento de anticorpos contra
constituintes próprios, estando o seu defeito fundamental em uma falha nos
19
mecanismos
reguladores
que
suprimem
a
auto
tolerância
(HARISSON;
RANDOLPH,1992).
A hipótese de “clonagem proibida” sugere uma explicação plausível para tal
condição patológica. É possível que alguns pacientes que necessitem de uma
regulação homeostática adequada, permitam a supervivência de muitas células
modificadas (clonagem proibida) nascidas por mutação no tecido linfóide. As células
mutadas causam lesão celular e as células lesadas liberam mais antígenos,
estimulando as células mutadas reativas para que se proliferem, criando, assim, um
círculo vicioso. (COTRAN et al.,2000).
Cabe supor que qualquer célula do corpo, que experimente destruição por
envelhecimento, fornecerá combustível antigênico para desencadear uma reação
imunológica plenamente desenvolvida na presença de uma célula mutada reativa
apropriada. A regulação homeostática fraca poderá depender de predisposição
genética. Os pacientes com esta doença, normalmente possuem parentes próximos
com alguma doença que envolve o colágeno (COTRAN et al.,2000).
Conforme Wallace (2000), dentre os fatores ambientais envolvidos na
etiologia desta doença, destacam-se determinados medicamentos como a
hidralazina, a procainamida, a D-penicilamina e a hidrazida, as quais podem induzir
uma resposta LES-símile.
Infecções virais, segundo Wallace (2000), poderiam levar a uma ativação
policiclonal sustentada dos linfócitos B nos indivíduos com predisposição genética
para tal, provocando uma produção de anticorpos em pacientes susceptíveis. Desta
maneira, o próprio vírus da hepatite C (HCV) poderia facilitar o surgimento ou
modificar a história natural do LES.
Marguerite Ambrose (2007) acredita que entre fatores que contribuem para
o surgimento do LES estão: estresse físico e mental, infecções estreptocócicas,
exposição à luz solar ou luz ultravioleta, gestação e o metabolismo anormal de
estrogênio.
2.2.4. Sintomatologia
20
O LES afeta órgãos e importantes como os rins, o coração, os pulmões e as
articulações,
podendo
ser
fatal
devido
às
complicações
nefrológicas
e
hematológicas. Suas lesões podem apresentar prurido ou ardência bem como áreas
de hiperpigmentação (Shafer et al. 1987).
Em seus estudos, Keiserman (2001) verificou que, no LES, as manchas
eritematosas planas ou elevadas podem aparecer em qualquer parte do corpo e ser
proeminentes ou unicamente localizadas em áreas expostas à luz. A lesão inicia-se
com uma escamação sobre a mancha eritematosa. Com o passar do tempo, a zona
central atrofia e a pele perde a cor, ficando uma cicatriz que pode ser bastante
desagradável.
Autor acima ainda firma que a sintomatologia do LES compreende dores
nas juntas, febre acima de 38º C, tendinite, artrite, fadiga extrema ou prolongada,
mal estar, falta de apetite, emagrecimento, inflamações cutâneas, anemia, dor no
tórax ao inspirar profundamente (pleurite), erupções no nariz e no malar, queda de
cabelo, fenômeno de Raynoud (pontas dos dedos ficam azuis ou esbranquiçadas),
convulsões, irritabilidade, enxaqueca, depressão, choro fácil, psicose, miosite e
ulcerações no nariz e na língua.
Podendo-se observar também eritema e ceratose na mucosa bucal, sendo
estas importantes para o diagnóstico da referida patologia (KOSMINSKI, 1988).
Marguerite Ambrose (2007) relata que existem achados físicos como
envolvimento articular, semelhante ao da artrite reumatoide, erupção eritematosa no
formato de asa de borboleta, clássica, no nariz e nas bochechas em menos de 50%
das lúpicas, vasculite, possivelmente provocada por infarto, ulceras necróticas nas
pernas ou gangrena digital, como também aumento de linfonodos.
Liang et al.(15) estudaram aspectos psicológicos dos portadores do LES,
utilizando entrevistas estruturadas e testes padronizados para avaliação de
personalidade, encontrando os seguintes resultados:
A perda de função física, de independência e de interação social foram os
temas mais levantados nas entrevistas. Foram relatadas, também, relações
alteradas com cônjuges e familiares, sugerindo isolamento e conflitos. Entretanto,
21
para os lúpicos as questões emergentes foram: receio de morte, fadiga, interferência
no planejamento familiar e gravidez, alterações da aparência desencadeadas pela
doença ou pelo uso de corticosteroides e necessidade de prevenção dos raios
solares. Observou-se, ainda, neste estudo, que os dois grupos tinham escores
elevados para hipocondria, depressão e histeria.
Podendo também está associada à corticoterapia a psicose é resposta ao
comprometimento imunológico do LES. Alterações do humor, déficit de memoria,
atenção raciocínio e aprendizado, como também ansiedade são vistas nas lúpicas,
devendo ser integralmente avaliados, sendo traçado plano de cuidados por um
especialista.
2.3. Gravidez em lúpicas
Enquanto patologia de acometimento sistêmico, o LES provoca alterações
sobre a homeostasia do organismo materno, podendo-se esperar que ocorram
complicações maternas e fetais no curso gestacional. As conseqüências para a
gestação são representadas por altos índices de perdas fetais, parto pré-termo, e
restrição de crescimento intra-uterino. Múltiplos fatores podem ser identificados para
este menor sucesso gestacional, entre eles atividade do LES durante a gravidez,
nefropatia prévia, hipertensão materna, e positividade para anticorpos antifosfolipídios (CORTES-HERNANDEZ, 2002 apud FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005).
Os problemas enfrentados na gravidez de lúpica são idênticos àqueles de
outras nefropatias e cardiopatias. O maior número de mortes maternas e fetais
coincide com os casos em que a gravidez ocorreu com a doença ativa, sendo que as
nefropatas e cardiopatas têm pior prognóstico: gravidez tormentosa, maior incidência
de toxemia, prematuridade e abortos espontâneos (20 a 30%) (CECERE 1981, apud
MOREIRA; CARVALHO, 1992).
A nefropatia lúpica associa-se à alta incidência de mortalidade fetal e ao
agravamento de suas lesões na gestante. A deterioração da função renal durante a
gravidez exige terapêutica mais agressiva, pois a nefrite lúpica, especialmente em
casos de insuficiência renal, aumenta o risco de perda fetal. Há relatos de que a
gravidade destas alterações renais esteja relacionada ao aumento de anticorpos anti
22
DNA-circulantes. Muitas dessas gestações vão a termo, apesar de freqüentemente
ocorrerem prematuridade e baixo peso (CECERE 1981, apud MOREIRA;
CARVALHO, 1992).
Quando há envolvimento lúpico renal com hipertensão durante a gestação,
pode ser extremamente difícil à diferenciação com pré-eclâmpsia, principalmente em
casos com envolvimento do sistema nervoso central em que podem aparecer
convulsões. Além disso, pré-eclâmpsia é muito mais comum na paciente lúpica,
numa incidência de até 32% (SKARE, 1999).
A síndrome de anticorposantifosfolipídios (SAAF) é uma trombofilia autoimune adquirida, na qual ocorrem trombose, abortos recorrentes, doença
neurológica e (ocasionalmente) trombocitopenia, associada com a presença de
anticorpos anti-fosfolipídios. A principal manifestação da síndrome é trombose
venosa ou arterial e perdas gestacionais recorrentes (DUARTE, 2003 apud
FIGUEIRÓ-FILHO et al, 2005).
Para Meyer (2004, apud FIGUEIRÒ-FILHO et al, 2005) o comprometimento
fetal mais conhecido decorrente de mães lúpicas é a Síndrome do Lúpus Neonatal
(SLN), que é um distúrbio raro que atinge exclusivamente recém-nascidos de mães
com anticorpos anti-Ro (SSA) e/ou anti-La (SSB), sendo considerado um modelo de
auto-imunidade adquirida passivamente.
O SLN consiste numa síndrome caracterizada pela presença de lesões de
pele semelhantes à do lúpus eritematoso sistêmico, alterações hematológicas,
sorológicas e bloqueio atrioventricular ligados aos anticorpos SSA-Ro e SSB-La
(KOSMINSKI, 1988).
2.3.1. Diagnóstico
O diagnóstico do LES é realizado através da associação de dados clínicos e
laboratoriais. Quando as manifestações clínicas são insuficientes, exames antigos
com alterações podem representar manifestações da doença (KEISERMAN, 2001).
É necessária a presença de quatro ou mais dos 11 critérios a seguir:
erupção malar (“em asa de borboleta”), exantema discóide, fotossensibilidade,
23
úlceras orais, artrite, serosite, doença renal, doença neurologia, distúrbios
hematológicos, fator antinuclear (FAN) positivo e anormalidades imunológicas (p.ex.,
anticorpo anti-DNA de duplo filamento nativo ou anti-Sm ou teste sorológico falso
positivo para sífilis) (TIERNEY; SAINT; WHOOLEY, 2000).
2.3.2. Resultados de exames
Marguerite Ambrose (2007) reúne informações valiosas a cerca de
diagnostico a partir dos achados:
Laboratoriais:
Hemograma completo com contagem diferencial
revela redução da leucometria, da plaquetometria e elevação da
velocidade de hemossedimentação; a eletroforese sérica revela
hipergamaglobulinemia;
Testes para ANA e célula do LES são positivos na
maioria das clientes;
Urinálise revela hemácias, leucócitos, cilindros,
sedimento e perda significativa de proteínas (superior a 3,5g em 24h);
Exames de sangue mostram diminuição dos
níveis séricos de complemento (C3 e C4) indicando doença ativa;
Leucopenia, trombocitopenia
também são encontradas durante a doença ativa;
leve
e
anemia
O nível de proteína C encontra-se elevado
durante exacerbações;
O fator reumatóide é positivo em 30% a 40% dos
clientes.
Técnicas de imagem:
Radiografias de tórax podem revelar pleurisia ou
pneumonite lúpica;
Procedimentos diagnósticos:
O envolvimento do SNC pode contribuir para
resultados anormais do EEG em cerca de 70% dos clientes;
O ECG pode revelar um defeito de condução se
houver envolvimento cardíaco ou pericardite;
A biopsia renal mostra evolução do LES e a
extensão do envolvimento renal;
24
A biopsia de pele mostra imunoglobulina e
deposição de complemento na junção dermoepidermica em 90% dos
clientes.
Roth (2002, apud GOMESI et al, 2004), em seus estudos, afirma que um
novo teste de diagnóstico, o teste anticorpo anti-SR, poderá ser um adicional para o
diagnóstico do LES. Tal exame é baseado na presença das proteínas SR como
biomarcadores para o LES já que, grande parte dos lúpicos, produzem anticorpos
para estas proteínas. Dessa forma, 20% dos pacientes lúpicos, que não produzem
os anticorpos detectados pelos exames existentes, poderá ser diagnosticado.
2.4. Assistência em Enfermagem
Entende-se por avaliação pré-concepcional a consulta que o casal faz antes
de uma gravidez, objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam
alterar a evolução normal de uma futura gestação. Constitui, assim, instrumento
importante na melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e infantil.
(BRASIL, 2005)
Uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é
fundamental para a saúde materna e neonatal. A atenção à mulher na gravidez e no
pós-parto deve incluir ações de prevenção e promoção da saúde, além de
diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que ocorrem neste período.
(BRASIL, 2005)
Marguerite Ambrose (2007) em suas escritas define padrões que devem ser
monitorizados constantemente:
Sinais e sintomas de envolvimento de órgão, urina, fezes e
secreções GI à procura de sangue, couro cabeludo quanto à perda de cabelo,
e a pele e as mucosas quanto à petéquias, sangramento, ulceração,
descoloração e equimoses, resposta ao tratamento, complicações, estado
nutricional, mobilidade articular e atividade convulsiva.
A assistência como um todo, deve ser oferecida a fim de buscar
estabilidade clinica das lúpicas, devendo permitir o autocuidado, pois a paciente
passará também a ter papel fundamental no processo de saúde e doença,
fomentando na melhora da sua qualidade de vida.
25
Esse cuidado conduz a compreensão de homem e vai ao encontro das suas
necessidades básicas, tanto na saúde como na doença. Destina-se a auxiliar o
individuo a alcançar e manter a saúde. Para um trabalho eficiente [...] deve ter
preparo cientifico aliado a habilidades e atitudes adequadas (MCCLAIN, 1989, apud
FIGUEIRÒ-FILHO et al, 2005).
A gestação em lúpicas é denominada de alto risco necessitando de
assistência não só da Enfermagem, mas de toda equipe multidisciplinar desde a
concepção até o puerpério devido ao risco de reagudização.
O tratamento do LES engloba uma série de medidas, entre medicamentos e
normas para se viver bem. Assim, pacientes lúpicos, devido à fotossensibilidade ou
à presença de manchas, devem evitar exposição ao sol e fazer sempre o uso de
filtros solares. Devido ao comprometimento articular, essas estruturas devem ser
bem cuidadas evitando lesões. Os exercícios físicos devem fazer parte desta etapa
(NEVILLE et al., 1998).
Além disso, Randam (2002), em seus estudos, relata que os pacientes
lúpicos devem evitar substâncias que desencadeiam episódios ou agravam os já
existentes. As sulfas, os anticoncepcionais orais e as penicilinas podem disparar a
doença, devendo, assim, ser evitados. O álcool e o fumo são prejudiciais a qualquer
pessoa, mas, no caso do LES, deve-se principalmente evitar a interação do álcool
com sedativos e anti-histamínicos, e com o fumo, no caso de comprimento pulmonar
(WALLACE, 2000).
Na condição sistêmica os medicamentos mais utilizados são, de acordo
com Tierney, Saint e Whooley (2000):
Os corticosteroides e azatioprina, metotrexato, ou micofenolato micofetil. Os
AINEs (anti-inflamatórios não esteroides, como a aspirina e a dipirona); os
antimaláricos, no controle de artrite e problemas de pele (cloroquina e
hidroxicloroquina) e os imunossupressores são também utilizados no tratamento
desta enfermidade, embora haja controvérsias sobre o uso dos imunossupressores
em função de seus grandes efeitos colaterais.
26
A
terapêutica
do
LES
é
fundamentalmente,
constituída
por
glicocorticosteróides e imunossupressores. Tais drogas podem diminuir o numero de
linfócitos no sangue circulante do recém-nascido e proporcionar redução das
dimensões do timo. Os corticosteroides de escolha, durante a gravidez, devem ser a
prednisolona, prednisona e a hidrocortisona, que podem ser inativados pelas
enzimas placentárias (PIMENTEL, 1986).
27
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
3.1. Curso do LES
Existe um grupo de gestantes que por possuir características próprias ou
por passar por certos agravos tem maior probabilidade de desenvolvimento não
favorável tanto para mãe como para o feto, chamamos esse grupo de “gestantes de
alto risco”. (BRASIL, 2000)
O autor abaixo demonstra os agravos que fazem com que a lúpica seja
incluída neste grupo, quando afirma a patogenicidade sofrida, complementando as
informações acima já que o LES atinge funções e órgãos essenciais como pulmões,
coração, articulações e rins, tendo letalidade associada às complicações
hematológicas e renais.
Segundo Sato (1999, apud ARAUJO, 2004), o LES é uma doença de
etiologia desconhecida, na qual células e tecidos são danificados por anticorpos
patogênicos e complexos antígenos-anticorpos. O desenvolvimento da doença é
desencadeado por fatores hormonais e ambientais como infecções, uso de
antibióticos, exposição aos raios ultravioleta, estresse excessivo e alguns
medicamentos.
A hipótese de “clonagem proibida” sugere uma explicação
plausível para tal condição patológica. É possível que alguns pacientes
que necessitem de uma regulação homeostática adequada, permitam
a supervivência de muitas células modificadas (clonagem proibida)
nascidas por mutação no tecido linfoide. As células mutadas causam
lesão celular e as células lesadas liberam mais antígenos, estimulando
as células mutadas reativas para que se proliferem, criando, assim, um
círculo vicioso. (COTRAN et al.,2000).
Os autores evidenciam a destruição causada pelo LES, uma vez que as
células alteradas tendem a um comprometimento sistêmico. Pois afetam órgãos e
sistemas fundamentais ao bem estar das lúpicas.
Keiserman (2001) verificou que a sintomatologia do LES
compreende dores nas juntas, febre acima de 38º C, tendinite, artrite,
fadiga extrema ou prolongada, mal estar, falta de apetite,
emagrecimento, inflamações cutâneas, anemia, dor no tórax ao
inspirar profundamente (pleurite), erupções no nariz e no malar, queda
de cabelo, fenômeno de Raynoud (pontas dos dedos ficam azuis ou
28
esbranquiçadas), convulsões, irritabilidade, enxaqueca, depressão,
choro fácil, psicose, miosite e ulcerações no nariz e na língua.
Marguerite Ambrose (2007) relata que existem achados físicos como
envolvimento articular, semelhante ao da artrite reumatoide, erupção eritematosa no
formato de asa de borboleta, clássica, no nariz e nas bochechas em menos de 50%
dos lúpicos, vasculite, possivelmente provocada por infarto, ulceras necróticas nas
pernas ou gangrena digital, como também aumento de linfonodos.
Muitos autores descrevem sintomas clássicos do LES, exemplificando o
quanto é mórbido e agressivo para as lúpicas no que diz respeito aos riscos que
estão sujeitas.
3.2. Gravidez em lúpicas
Enquanto patologia de acometimento sistêmico, o LES
provoca alterações sobre a homeostasia do organismo materno,
podendo-se esperar que ocorram complicações maternas e fetais no
curso gestacional. As consequências para a gestação são
representadas por altos índices de perdas fetais, parto pré-termo, e
restrição de crescimento intra-uterino. Múltiplos fatores podem ser
identificados para este menor sucesso gestacional, entre eles
atividade do LES durante a gravidez, nefropatia prévia, hipertensão
materna, e positividade para anticorpos anti-fosfolipídios (CORTESHERNANDEZ, 2002 apud FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005).
Como dito anteriormente, a lúpica tem em sua nomenclatura o “alto risco” já
que sua vida ou a saúde como também do seu feto tem maiores chances de ser
acometida por complicações do que gestações de pacientes não lúpicas.
Durante os anos de reprodução, a frequência é dez vezes
maior em mulheres e a exacerbação da doença foi observada durante
a menstruação e a gravidez normais (COTRAN et al., 2000).
O maior número de mortes maternas e fetais coincide com os casos em que
a gravidez ocorreu com a doença ativa, sendo que as nefropatas e cardiopatas têm
pior prognóstico: gravidez tormentosa, maior incidência de toxemia, prematuridade e
abortos espontâneos (20 a 30%) (CECERE 1981, apud MOREIRA; CARVALHO,
1992).
A estatística comprova o risco que a associação do LES tem com a
gestação, tendo significativa expressão no que tange às perdas fetais e índice de
agudização relacionado ao sistema circulatório.
29
Além disso, pré-eclâmpsia é muito mais comum na paciente lúpica, numa
incidência de até 32% (SKARE, 1999).
Assim como o tratamento anti-hipertensivo pode causar redução de fluxo
sanguíneo placentário, pode levar também ao abortamento devido a trombos na
circulação placentária causados pelos anticorpos antifosfolipídios.
Para Meyer (2004, apud FIGUEIRÒ-FILHO et al, 2005) o comprometimento
fetal mais conhecido decorrente de mães portadoras de LES é a Síndrome do Lúpus
Neonatal (SLN), que é um distúrbio raro que atinge exclusivamente recém-nascidos
de mães com anticorpos anti-Ro (SSA) e/ou anti-La (SSB), sendo considerado um
modelo de autoimunidade adquirida passivamente.
O autor abaixo evidencia também a sintomatologia da SLN, motivo que
redobra à atenção na assistência em Enfermagem em relação ao feto, buscando
diminuir os riscos desses sinais observando a atividade do LES e toxicidade dos
medicamentos de uso contínuo.
O SLN consiste numa síndrome caracterizada pela presença de lesões de
pele semelhantes à do lúpus eritematoso sistêmico, alterações hematológicas,
sorológicas e bloqueio atrioventricular ligados aos anticorpos SSA-Ro e SSB-La
(KOSMINSKI, 1988).
Nas ultimas décadas estudos sob ponto de vista dos distúrbios
imunológicos do LES nortearam uma melhora no tratamento permitindo aumento da
longevidade e qualidade de vida repercutindo na possível chance de gravidez já que
a fertilidade não é afetada nas lúpicas.
3.3. Assistência prestada ás lúpicas no período gestacional
A assistência em Enfermagem busca facilitar através do conhecimento
teórico pratico a habilidade para desempenhar atividades rotineiras, adequações de
comportamento a fim de precaver-se de possíveis perdas funcionais para que a
lúpica possa prosseguir com sua vida normal.
Entende-se por avaliação pré-concepcional a consulta que o casal faz antes
de uma gravidez, objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam
30
alterar a evolução normal de uma futura gestação. Constitui, assim, instrumento
importante na melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e
infantil.(BRASIL, 2005)
É necessária a presença de quatro ou mais dos 11 critérios a seguir:
erupção malar (“em asa de borboleta”), exantema discoide, fotossensibilidade,
úlceras orais, artrite, serosite, doença renal, doença neurologia, distúrbios
hematológicos, fator antinuclear (FAN) positivo e anormalidades imunológicas (p.ex.,
anticorpo anti-DNA de duplo filamento nativo ou anti-Sm ou teste sorológico falso
positivo para sífilis) (TIERNEY; SAINT; WHOOLEY, 2000).
Por isso, logo no início do pré-natal, e durante toda a gestação, deve-se
proceder a uma “avaliação de risco” das gestantes de modo a identificá-las no
contexto amplo de suas vidas e mapear os riscos a que estão expostas.(BRASIL,
2000)
Marguerite Ambrose (2007) em suas escritas define padrões que devem ser
monitorizados constantemente:
Sinais e sintomas de envolvimento de órgão, urina, fezes e
secreções GI à procura de sangue, couro cabeludo quanto à perda de
cabelo, e a pele e as mucosas quanto à petéquias, sangramento,
ulceração, descoloração e equimoses, resposta ao tratamento,
complicações, estado nutricional, mobilidade articular e atividade
convulsiva.
Em geral essa assistência é sintomática. Obedecendo a critérios para cada
individuo, levando em consideração sua condição social, mental e física. Marguerite
Ambrose (2007) divulgou intervenções que devem ser aplicadas na terapêutica do
LES para promover desfechos satisfatórios para o cliente.
O bom relacionamento entre a equipe de Enfermagem e a paciente lúpica
onde a forma de abordagem é coerente e de fácil compreensão é consideravelmente
relevante para adaptação biopsicossocial que a doença exige.
O tratamento do LES engloba uma série de medidas, entre medicamentos e
normas para se viver bem. Assim, pacientes lúpicos, devido à fotossensibilidade ou
à presença de manchas, devem evitar exposição ao sol e fazer sempre o uso de
filtros solares. Devido ao comprometimento articular, essas estruturas devem ser
31
bem cuidadas evitando lesões. Os exercícios físicos devem fazer parte desta etapa
(NEVILLE et al., 1998).
Além disso, Randam (2002), em seus estudos, relata que os pacientes
devem evitar substâncias que desencadeiam episódios ou agravam os já existentes.
As sulfas, os anticoncepcionais orais e as penicilinas podem disparar a doença,
devendo, assim, ser evitados. O álcool e o fumo são prejudiciais a qualquer pessoa,
mas, no caso do LES, deve-se principalmente evitar a interação do álcool com
sedativos e anti-histamínicos, e com o fumo, no caso de comprimento pulmonar
(WALLACE, 2000).
Uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é
fundamental para a saúde materna e neonatal. A atenção à mulher na gravidez e no
pós-parto deve incluir ações de prevenção e promoção da saúde, além de
diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que ocorrem neste período.
(BRASL, 2005)
A humanização diz respeito à adoção de valores de autonomia e
protagonismo dos sujeitos, de corresponsabilidade entre eles, de solidariedade dos
vínculos estabelecidos, de direitos dos usuários e de participação coletiva no
processo de gestão.
32
4. APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS
O LES se manifesta preferencialmente em jovens, em idade fértil, devido a
isso a gestação pode acontecer, este estudo demonstra a importância da
associação com o ciclo concepcional-gravídico-puerperal, já que essa junção carece
de intensa atenção da equipe de Enfermagem a fim de diminuir o risco de
complicações para mãe e filho. É notório que a gestação pode modificar o ciclo do
LES assim como o LES pode alterar o curso gestacional.
Foi evidenciado a partir desta pesquisa que o desejo de gerar filhos, a
gestação na vigência de uma doença sistêmica, a terapêutica da enfermidade
durante a gravidez e suas possíveis repercussões sobre o feto, a evolução e o
desfecho da gestação são problemas apresentam-se habitualmente diante da
equipe que acompanha a lúpica, exigindo experiência profissional, compreensão e,
sobretudo, sólida relação afetiva entre paciente e equipe, no sentido de determinar o
momento ideal para a concepção.
O profissional de Enfermagem deve ter conhecimento teórico, ser
consciente quanto às orientações que serão dadas, a fim de transmitir tranquilidade
para essa gestante, estando incumbido de atender as necessidades.
É possível afirmar a partir deste estudo que o principal objetivo da
assistência em Enfermagem pré-concepcional, pré-natal e puerperal é acolher a
mulher desde o início da gravidez, assegurando conhecer o LES, as manifestações
clínicas, diagnóstico, tratamento e associá-lo com o ciclo grávido-puerperal além de
prevenir complicações, ainda garantem melhor qualidade de vida para as pacientes
no convívio com sua patologia.
Esta pesquisa conclui-se que a evolução do conhecimento em reumatologia
vem mostrando, ao contrário do que outrora se pensara, que o LES não deve ser
entendido como uma limitação à gestação. A melhor caracterização de fatores
prognósticos e o entendimento de determinados mecanismos fisiopatológicos
permitem o desenvolvimento de estratégias de prevenção e abordagem da
morbidade materna e fetal em gestações de lúpicas.
33
Sabendo-se que a concepção não necessariamente agrava a doença, este
estudo permitiu que se entendesse que a monitorização clínica, o tratamento
adequado e principalmente o planejamento são artifícios eficazes que a
Enfermagem tem hoje, para garantir às lúpicas seu direito natural à maternidade.
34
5. REFERÊNCIAS
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