“Ela não tem como saber, aparentemente não tenho nada”. A Compaixão e a Construção da Intersubjetividade Artrítica como Doente/Deficiente Resumo: No presente estudo, investigo uma comunidade da rede social Orkut destinada ao debate sobre a artrite reumatoide. Busco analisar a dinâmica interacional que possibilita (ou não) a emergência de compaixão da audiência de narradoras artríticas quando elas encenam performances de dor e sofrimento nos eventos narrados. Procuro, igualmente, investigar os efeitos produzidos por essa emoção (ou sua ausência) nos processos de subjetivação dessas narradoras online e em seus sentidos de pertença à comunidade dos deficientes físicos. Investigo as performances discursivas de duas mulheres que se posicionam como artríticas reumatoides em uma conversa ocorrida no ano de 2005 em uma comunidade on-line voltada para a tematização dessa doença no Orkut. Os construtos teóricometodológicos que norteiam as investigações discursivas são enquadre, footing e pistas indexicais. As análises indicam que as performances somático-discursivas das interactantes artríticas nos eventos narrados não seguem um script normatizado socioculturalmente que determina o que é um corpo doente e/ou deficiente. Devido a isso, seus corpos não foram referendados como corpos enfermos legítimos. A emergência da compaixão nas interações entre essas narradoras e seus interlocutores ficou, então, comprometida, posto que não houve o reconhecimento da presença de corpos em situações de infortúnio e dor. Palavras-chave: artrite reumatoide, emoções, compaixão, discurso "She cannot know, apparently I have nothing" Compassion and the Construction of Intersubjectivity as arthritic Sick / Disabled Abstract: In this study I investigate an online community of the social network Orkut that is dedicated to the debate of rheumatoid arthritis. I aim at analyzing the interactional dynamics that make the emergence of sympathy between some arthritic narrators and their audience possible (or not) when those storytellers enact performances of pain and sufferance in the narrated events. My goal is also to examine the effects produced by that emotion (or its absence) in the processes of those online narrators’ subjectification and in their sense of belonging to the disabled community. I analyze the discursive performances of two women who position themselves as rheumatoid arthritis patients in a conversation that happened in 2005 in an Orkut community dedicated to the debate of that disease. The theoretical and methodological constructs that guide the discursive investigations are frame, footing and indexical cues. The analyses point out that the somatic-discursive performances of the arthritic storytellers in the narrated events do not follow a sociocultural standardized script that dictates what a sick and/or disabled body is. Due to it, the narrators’ bodies were not attested as legitimate diseased ones in those interactional contexts. The emergence of sympathy in the stories narrated was then jeopardized for there was not the recognition of the presence of bodies in situations of misfortune and pain. Keywords: rheumatoid arthritis, emotions, sympathy, discourse Raquel Souza de Oliveira RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 12, n. 35, ago.2013 - Resumo