“Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E EXATAS– DQE DISCIPLINA – QUÍMICA ORGÂNICA DOCENTE – SUZIMONE TORQUATO CURSO DE FARMÁCIA SOLUBILIDADE E REATIVIDADE DOS HIDROCARBONETOS JEQUIÉ – BAHIA SETEMBRO, 2011 “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 Introdução Na natureza encontra-se uma facilmente uma variedade de substâncias orgânicas, elas podem ser obtidas das mais variadas formas. Algumas destas podem reagir com outras e formarem compostos mais complexos, já outras substâncias, tem maior dificuldade de se misturar, isto é, apresentam determinada polaridade em relação ao outro composto, sendo necessário, para isso, avaliar a solubilidade das mesmas. Fundamentação Caracteriza-se como solubilidade a capacidade que um determinado soluto tem de se dissolver em outro, conforme a temperatura e a quantidade de solvente disponível (ou ao mesmo tempo, a quantidade de soluto presente na solução). Para os líquidos, utiliza-se também o termo miscibilidade, que caracteriza a capacidade que uma substância líquida tem de se misturar, formando um sistema homogêneo, ou se dissolver em outro líquido. Neste caso, geralmente considera-se a miscibilidade como uma propriedade mútua entre os dois líquidos do sistema. Nem todas as substâncias são solúveis em determinados solventes. Alguns compostos são considerados apenas ligeiramente solúveis; outros, por sua vez, se dissolvem em grau tão pequeno que são considerados insolúveis. Por conseguinte, partículas de um composto insolúvel têm maior atração entre si do que entre as moléculas do solvente. Segundo Barbosa (2011), a natureza das forças intermoleculares existentes entre os compostos tem grande influência sobre a solubilidade destes em determinado solvente. Como regra prática geral, os compostos se dissolverão bem em solventes com polaridades semelhantes, ou seja, os “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 compostos iônicos e os polares tendem a se dissolver em solventes polares, e compostos pouco polares tendem a se dissolver bem em solventes pouco polares. De modo geral, compostos e grupos que possuem apenas carbonos, hidrogênio e halogênios são pouco polares. Grupos como –OH,=NH, -NH2, -COOH e –COO-, quando presentes nas moléculas, conferem-lhes características polares. Geralmente, as reações na Química Orgânica são mais lentas e difíceis do que na Química Inorgânica, isso ocorre porque, em geral as reações são moleculares, enquanto as reações inorgânicas são iônicas, sendo elas fáceis e rápidas, pois os íons já estão prontos para reagir. Para a ocorrência nas reações moleculares, necessita-se quebrar algumas ligações covalentes das moléculas iniciais (reagentes) e reajuntar seus átomos ou radicais de modo a montar as moléculas dos produtos finais. Nas ligações covalentes há quatro características que são importantes, sendo elas: o comprimento da ligação, o ângulo entre as ligações vizinhas, a energia e a polaridade da ligação. Quando acontece a ruptura da ligação, ela pode ser heterolítica ou homolítica. Quando a ligação é rompida e o par eletrônico covalente é distribuído igualmente para os dois átomos, denomina-se como uma ruptura homolítica. Porém, quando há uma ruptura desigual, de modo que os dois elétrons fica somente com um dos átomos, ocorre uma ruptura heterolítica. Para o entendimento de muitas reações que envolvem compostos orgânicos, os conceitos de ácidos e bases são de extrema relevância. As teorias sobre essas substâncias passaram por diversas reformulações ao “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 longo dos anos, e hoje os conceitos mais frequentemente usados são os de Bronsted-Lowry e o de Lewis. Objetivo ▪ Conhecer o comportamento químico dos hidrocarbonetos frente diferentes reagentes. ▪ Relacionar estrutura dos alquenos e compostos aromáticos com suas propriedades. Materiais e Reagentes ▪ Tubos de ensaio; ▪ Suporte para tubos de ensaio; ▪ Béqueres; ▪ Pipeta; ▪ Hexano (C6H14); ▪ Azeite de oliva; ▪ Metilbenzeno (tolueno); ▪ Água (H2O); ▪ Éter; ▪ Ácido sulfúrico concentrado (H2SO4); ▪ Br2DCM (5%). “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 Procedimento 2,0 ml da amostra A em 5 tubos de ensaio. Adicionar 2,0 ml de éter, água, H2SO4(conc.) , Br2DCM e eugenol em cada tubo Homogeneizar e observar. Repetir o procedimento com a amostra B e C. “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 Resultados e Discussão AMOSTRA Éter Água H2SO4 Br2\DCM (5%) A Miscível Imiscível Imiscível B Miscível Imiscível Reage Miscível\reação não espontânea Reage C Miscível Imiscível Eugenol Miscível Imiscível Miscível antes de formar produto na reação, depois tornou-se Imiscível Miscível Miscível, mas não reage Reage A amostra A é um hexano (C6H14), um hidrocarboneto alcano, um composto orgânico constituído apenas por átomos de carbono e hidrogênios, desprovido de insaturações. É um composto apolar, tendo as forças van de Waals atuando entre suas moléculas. Por ser apolar, consequentemente só irá se solubilizar com solvente apolar ou pouco polar. Por isso, foi imiscível na água e no ácido sulfúrico por serem eles fortemente polares, formando duas fases, pois o hexano tem densidade menor que os outros compostos. No entanto, ela foi miscível com o éter e o Br2DCM por esses compostos serem pouco polar e apolar, respectivamente. Os alcanos tem baixa reatividade, que é explicada pelo fato de suas ligações covalentes C-C e C-H serem bastante Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 “Um novo jeito de se aprender química” fortes, e consequentemente difíceis de serem quebradas. Como as eletronegatividades dos átomos de carbono e hidrogênio são semelhantes, sendo assim pouco polarizadas, facilitando uma ruptura homolítica. Por isso, o hexano com Br2DCM na presença da radiação ultravioleta, ocorre uma reação de halogenação, onde um ou mais átomos de hidrogênio são substituídos por átomos de halogênios, nesse caso átomos de Br, formando radicais. Percebeu-se que a coloração da mistura foi clareando na exposição à luz UV, e ao retirar a reação continuou a acontecer.È relevante saber que a reação só ocorre em moléculas de alcanos em presença de luz ultravioleta ou em altas temperaturas, o que acarreta nas cisões das suas ligações covalentes. A amostra B é o óleo de oliva, um lipídio extraído da planta oliveira. Por ser um óleo denomina-o como ácido oléico, contendo 18 carbonos e uma insaturação em sua molécula, tendo um grupo carboxílico no final da cadeia, sua fórmula molecular é C12H33COOH. Observe: Ácido oléico O óleo de oliva por ser pouco polar, pois mesmo tendo uma hidroxila no final da cadeia, comparando com o tamanho total da cadeia ela tem uma baixíssima polaridade. Por isso, foi miscível no éter e no Br2DCM, sendo que nesse último percebeu-se a neutralização da cor escura do bromo. Esse fenômeno é explicável, pois nas sua moléculas há uma insaturação, ocorrendo a reação de adição de halogênio, onde essa ligação dupla é rompida e adiciona-se nela os átomos de Br. Dessa forma, Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 “Um novo jeito de se aprender química” a cor do Br2DCM é neutralizado pelo seu consumo nessa reação de alquenos. Com o ácido sulfúrico concentrado, ocorre uma reação de substituição na ligação dupla C=C na molécula do ácido oléico. Observe abaixo: H SO3H O OH A amostra C é o tolueno ou metilbenzeno como é chamado sistematicamente, sendo constituído por um anel aromático e um grupo metil. Por ser composto apenas de carbonos e hidrogênios é considerado apolar, portanto não há miscibilidade com a água, apenas formação de duas fases por causa da discrepância da densidade entre os dois. Porém, é miscível com o éter e com o Br2DCM, sendo que com o último não ocorre a reação halogenação (bromação), pois como o benzeno é menos nucleofílico que um alqueno, para que a reação acontecesse seria necessário a presença de um ácido de Lewis como catalisador, cuja função é polarizar a molécula do halogênio, que nesse experimento seria o Br2, tornando mais eletrofílica. Por isso ocorre a miscibilidade com o Br2DCM, mas não há mudança de cor desse elemento, pois ele não está reagindo. A junção do tolueno com o H2SO4 desencadeia a reação de sulfonação, onde um hidrogênio é substituído por SO3, e no final há Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 “Um novo jeito de se aprender química” formação de ácido ortotoluenosulfônico e água. Por isso, antes da formação dos produtos, os compostos são miscíveis e logo após se tornaram imiscíveis, por causa da formação da água, que é um composto polar. Observe: SO3H + H2SO4 + H2O Foi também usado no experimento o óleo essencial do cravo, o eugenol. Com a água não houve interação, pois o eugenol é apolar e a água apolar, não havendo interação entre as moléculas. Ao adicionar o H2SO4 ocorreu também a reação de sulfonação. Ao misturar com o Br2DCM, percebeu-se que houve reação, pois a cor do bromo desapareceu, ou seja, o bromo foi consumido, pois a descoloração do bromo é uma forma de identificação dessa reação. Porém sabe-se que essa reação não foi desencadeada com a interação das moléculas do eugenol e do Br2DCM, pois como já foi comentado anteriormente, necessita-se de um catalisador para ocorrer uma reação de halogenação de aromáticos. No entanto, o óleo de cravo é composto de aproximadamente 80% de eugenol, sendo o restante de acetato de eugenol, ácido gálico, calacoreno, etc. Portanto, a reação ocorreu com alguns desses compostos. “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 Conclusão O experimento foi de grande relevância para a compreensão da teoria através da prática, podendo observar as características que se faz necessário para um liquido ser miscível ou imiscível. Como também confirmando a teoria da reatividade e suas diferenças quando se trata de um alcano, alqueno ou aromático, relacionando suas estruturas e propriedades. “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 Referências ATKINS, P; JONES L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 1.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BARBOSA, LUIZ C. A. Introdução à Química Orgânica. 2.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. FELTRE, RICARDO. Química Orgânica. 4 ed. São Paulo: Moderna, 1994. ALLINGER, NORMAN L. et al. Química Orgânica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1978. SANTOS, WILDSON L.P. et al. Química & Sociedade. 1 ed. São Paulo: Nova Geração, 2008. “Um novo jeito de se aprender química” Helan Carlos e Lenine Mafra- Farmácia- 2014.2 Anexo Questionário 1 – Identifique os hidrocarbonetos A, B e C como alqueno e aromático, justificando sua resposta através das reações realizadas na pratica. A – É um alcano, pois ocorre a reação de halogenação com o Br2DCM. B – É ácido graxo, um tipo de lipídio, mas por haver em sua molécula uma insaturação, permite a ocorrência da reação de halogenação de alquenos, como também a reação de sulfonação de aromáticos. C – É um aromático, havendo a reação de halogenação e sulfonação de aromáticos.