XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL EM
UMA EMPRESA DO SETOR DE
CONSTRUÇÃO CIVIL DO MUNICÍPIO
DE BELO HORIZONTE
Marco Aurelio Ramos (FUMEC)
[email protected]
MARCIO JOSE MARQUES (FNH)
[email protected]
cristiana fernandes de muylder (FUMEC)
[email protected]
Lousanne Cavalcanti Barros (FNH)
[email protected]
Este artigo tem como propósito descrever e analisar o Sistema de
Gestão Ambiental (SGA) em uma organização do setor da construção
civil, localizada em Belo Horizonte - MG. Foi realizado um estudo
descritivo de abordagem qualitativa. Como instrumento de coleta de
dados, utilizou-se entrevista semiestruturada e observação direta.
Observou-se que a empresa possui um SGA estruturado e
padronização em seus processos, buscando simplifica-los,
principalmente os relacionados ás atividades que geram retrabalhos e
desperdícios, entendendo que a praticidade proporciona melhor
preservação do meio ambiente, maior produtividade, e
consequentemente melhores resultados para organização.
Palavras-chave: Sistema de Gestão Ambiental; Construção Civil;
Resíduos Sólidos
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
1. Introdução
A gestão ambiental tem um papel fundamental dentro das organizações e tem
despertado interesse em todos os setores da sociedade, pois as mudanças ambientais podem
trazer consequências tanto positivas como negativas para nossa qualidade de vida. Um SGA
bem estruturado possibilitará a organização desenvolver procedimentos e recursos para
manter uma política ambiental e praticar suas atividades normalmente sem perder a
produtividade.
O SGA empresarial estabelece políticas, programas e práticas administrativas e
operacionais que asseguram a saúde e a segurança das pessoas e a proteção ao meio ambiente.
Os efeitos negativos da ação do ser humano sobre o meio ambiente são graves e exigem não
apenas reparo dos danos, mas mudança de hábitos e atitudes. O objetivo maior da gestão
ambiental é minimizar os impactos das atividades de negócio sobre o meio ambiente e
estabelecer a busca contínua de melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e
ambientes de trabalho.
Com a retirada desgovernada de insumos da natureza sem considerar a capacidade de
reposição, e o descarte de resíduos indesejados, processos marcados pelo desperdício,
pressionam os ecossistemas, de tal maneira, que trazem à reflexão a responsabilidade social e
ambiental que as empresas devem ter como compensação ao acúmulo de riquezas e ao poder
que exercem.
A construção civil é uma das mais importantes atividades para o crescimento
econômico e social, mas é também considerada como grande causadora de impactos
ambientais devido ao consumo de recursos naturais, modificação na paisagem e geração de
resíduos.
As empresas da construção civil têm implantado processos de gestão ambiental para
demonstrarem sua contribuição com a proteção do meio ambiente. Para isto estão investindo
cada vez mais em programas tecnológicos que auxiliam no cumprimento das imposições
legais, no controle de custos, produtividade, e na divulgação da imagem da instituição.
O objetivo deste artigo é descrever e analisar os desafios da gerencia de meio ambiente
de uma construtora de grande porte localizada em Belo Horizonte ao implantar o SGA.
Este artigo está estruturado em seis partes considerando esta introdução que define o
problema de pesquisa. A segunda parte apresenta o referencial teórico e a terceira parte traz a
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metodologia utilizada nesta pesquisa. Na quarta parte analisam-se os dados coletados
seguidos pelas considerações finais e referências.
2. A gestão ambiental nas empresas
A questão ambiental tem ganhado cada vez mais importância no planejamento das
empresas, estas veem constatando que a qualidade ambiental é um item considerado
importante por seus clientes, levando-as antes de tudo, atender suas necessidades, tratando-os
como seu objetivo principal. Assim sendo, estes consumidores estão mais bem informados e
motivados para o assunto, e grande parte dessa evolução se deve aos meios de comunicação
que têm um papel fundamental nesse contexto, pois diariamente abordam temas relacionados
ás questões ecológicas. Portanto as empresas que conseguem se adaptar aos novos tempos
obtêm vantagens competitivas, já que a preocupação ecológica é hoje vista como um fator
estratégico de competitividade (JUNIOR, 1998, p.51).
As empresas, como as produtoras de bens e serviços, estão hoje em grande evidência
na questão ambiental. Suas estratégias em obter melhorias no desempenho ambiental estão
inseridas na sua função social, pois além de atender à vontade dos seus clientes melhoram os
relacionamentos com os órgãos ambientais de controle, com as ONGs e com a sociedade em
geral. Entretanto, o foco da “gestão ambiental” é a empresa, e não o meio ambiente. Somente
através de melhorias em produtos, processos e serviços serão obtidas reduções nos impactos
ambientais por eles causados (JUNIOR, 1998, p.51).
Quando considerada do ponto de vista empresarial, a primeira dúvida que surge diz
respeito ao aspecto econômico. O que prevalece é a ideia de que a variável ambiental traz
consigo o aumento de despesas e por consequente o acréscimo dos custos do processo
produtivo (DONAIRE, 2006, p.51).
Ambec e Lanoie (2008, p.47) afirmam que: a melhoria do desempenho ambiental pode
conduzir a um aumento das receitas através de três canais: (a) melhor acesso a certos
mercados, (b) diferenciar produtos e (c) vender tecnologias de controle de poluição. Além
disso, um melhor desempenho ambiental pode levar à redução de custos em quatro categorias:
(a) gestão de risco e relações com agentes externos, (b) custo dos materiais, energia e
serviços; (c) custo do capital, e (d) custo do trabalho.
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De acordo com Valle (2002, p.29), o SGA consiste em um conjunto de medidas e
procedimentos bem definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar
os impactos produzidos por um empreendimento ao meio ambiente.
Para Barbieri (2004) o consumo exacerbado da sociedade atual tem contribuído
negativamente com a aceleração da degradação dos recursos naturais que compromete a
qualidade de vida, principalmente das futuras gerações, isso tem feito com que nossa
sociedade se conscientize e procure por padrões alternativos que adaptem o desenvolvimento
econômico com a indispensável proteção ambiental.
“O emprego de tecnologias ambientais para a gestão organizacional é elemento
fundamental para assegurar o desempenho econômico, produtivo e ambiental de uma empresa
industrial” (SANCHES, 2000, p.79).
Miranda, Samudio e Dourado (1997) afirmam que é importante que as organizações
entendam que o SGA lhe proporcionará benefícios como redução de custos e melhorias
operacionais que lhe trará maior competitividade e retorno mercadológico, levando-se em
consideração que a sociedade está cada vez mais preocupada com o meio ambiente, e está
atenta as atitudes de cada empresa para sua preservação.
2.1.1 Implantação do SGA
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR) ISO 14004 (2005)
o Sistema de Gestão Ambiental está orientado sob o modelo de gestão baseado no ciclo do
PDCA (PLAN - planejar, DO - executar, CHECK - verificar e ACT - agir) visando o processo
de melhoria contínua.
Dias (2006) destaca que uma organização ao implantar este sistema deve cumprir
cinco etapas sucessivas, são elas: Estabelecimento da política ambiental; Planejamento;
Implementação; Operacionalização; Verificação e análise pela administração.
Simplificando este sistema, Donaire (1992), em seu estudo, propõem que a inserção da
variável ecológica na organização obedece a uma sequência de três fases: percepção,
compromisso e ação.
Segundo Dias (2006), para obter certificação de um modelo SGA, a empresa deve
implementar ferramentas para monitorar atividades, produtos ou serviços, que podem
interagir com o meio ambiente e desenvolver programas ambientais que promovam redução
ou eliminação dos impactos eventualmente produzidos.
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2.2 Lei de resíduos sólidos
Para o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (SINDUSCONMG, 2008), apesar de seus reconhecidos impactos socioeconômicos para o país, a construção
civil carece de uma firme política para a destinação de seus resíduos sólidos, principalmente
nos centros urbanos.
O município de Belo Horizonte, por exemplo, desde 1993, desenvolve o Programa de
Correção das Deposições Clandestinas e Reciclagem de Entulho, cujo objetivo principal é o
de promover a correção dos problemas ambientais gerados pela deposição indiscriminada
desses resíduos em locais urbanos. (SINDUSCOM-MG, 2008).
A opção pela implementação deste Programa partiu da constatação de que os resíduos
da construção civil, por corresponderem a aproximadamente 40% dos resíduos recebidos
diariamente nos equipamentos públicos, demandam investimentos específicos para equacionar
os problemas ambientais que acarretam especialmente quando inadequadamente dispostos. O
quadro abaixo ilustra o assunto (SINDUSCOM-MG, 2008).
Tabela 1 – Participação do entulho na massa de resíduos sólidos recebidos diariamente pela
SLU/BH, tonelada/dia.
Fonte: Gerenciamento de Resíduos Sólidos para Construção Civil, B.H., 2005.
As construtoras têm investido em procedimentos que vão desde o reaproveitamento e
separação correta dos materiais de acordo com sua classe até o controle da destinação desses
materiais. Dentre esses investimentos podemos citar os projetos de canteiros adequados para
separação dos resíduos, treinamentos de equipes de obras e contração de empresas capacitadas
para destinação dos resíduos. (SINDUSCOM-MG, 2008).
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2.3 O setor de construção civil
Um dos maiores desafios para o setor da construção civil é conciliar suas atividades
com melhores condições que lhe garanta um desenvolvimento sustentável consciente, menos
agressivo ao meio ambiente. Sem dúvida é uma questão muito complexa que requer grandes
mudanças culturais e ampla conscientização. (SINDUSCOM-SP, 2005).
A preservação ambiental é hoje uma preocupação mundial e a construção civil é
responsável por grandes impactos ambientais. Mesmo sendo um setor onde a demanda de
serviços é muito ampla as necessidades são bem especificas para cada caso, entretanto, os
conceitos de minimização de impactos são únicos. Apesar de ser um setor que apresenta
dificuldades para adotar novas tecnologias e novos procedimentos, a construção civil tem
buscado soluções mais simples para tentar diminuir os impactos causados ao meio ambiente
(AMBIENCIA, 2011).
A redução do desperdício de materiais e energia é um assunto que precisa sofrer
melhorias continuas, já existem práticas que se utilizadas corretamente contribuirão de forma
sustentável na construção do empreendimento com redução dos custos e melhor preservação
do meio ambiente, mas é necessário que estas práticas acompanhem o crescimento do cenário
da construção civil. “O Brasil se tornou um grande canteiro de obras. O governo federal, em
conjunto com os governos estaduais, passou a investir em obras de grande porte para
acompanhar o desenvolvimento do país” (FRANCE, 2013, p.01).
France (2013, p.01) ressalta que ao longo dos últimos anos o cenário se tornou
bastante favorável para a indústria da construção civil, com isso, o meio ambiente por sua vez
ganhou papel de destaque, de maneira que sua preservação passou a ser vista por todos como
essencial, levando a sustentabilidade a ocupar uma posição de extrema importância no setor,
pois este é um dos que mais agride o ambiente.
O desenvolvimento de sistemas de avaliação ambiental na construção civil foi
inicialmente um exercício de estruturação de uma série de conhecimentos e considerações,
numa abordagem pratica, evitando uma nova pesquisa (PINHEIRO, 2006).
A Construção Civil é uma atividade extremamente poluente, através de seu consumo
excessivo dos recursos naturais e geração de resíduos durante toda sua vida útil, fazendo com
que ela seja um dos maiores causadores de impactos ambientais (GRITT, 2010, p.18).
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Hansen, (2008) afirma que a construção civil é responsável pelo consumo de 66% de
toda madeira extraída, gera 40% de todos resíduos na zona urbana, e é uma atividade geradora
de poeira, seja na extração de matéria prima, seja na própria obra.
3. Metodologia
Essa pesquisa caracteriza-se inicialmente como descritiva e qualitativa. Quanto à
pesquisa descritiva, Michel (2005) afirma que tem o propósito de analisar, com a maior
precisão possível, fatos ou fenômenos em sua natureza e características, procurando observar,
registrar e analisar suas relações, conexões e interferências.
A abordagem de estudo é qualitativa. Fraser e Gondim (2004, p.8), afirmam que nesta
abordagem “o que se pretende, além de conhecer as opiniões das pessoas sobre determinado
tema, é entender as motivações, os significados e os valores que sustentam as opiniões e as
visões de mundo”.
Os dados foram coletados em entrevista semiestruturada que, de acordo com Collins e
Hussey (2005, p.73), destacam que “é um exame extensivo de único exemplo de um
fenômeno de interesse e é também um exemplo de uma metodologia fenomenológica”.
Portanto, a pesquisa não tem como objetivo levantar dados estatísticos e/ou numéricos, mas
verificar os conceitos e dados aqui abordados considerando o posicionamento da empresa
estudada quanto ao processo de implantação do SGA e suas principais dificuldades.
4. Apresentação e análise de dados
Atualmente a empresa é certificada pela ISO 9001. O gerente, sujeito de pesquisa,
possui conhecimento e sabe a importância do SGA para a organização. Neste sentido, o
entrevistado expõe que teve total participação tanto no processo de implantação como nas
auditorias do SGA. Afirmou ainda que os colaboradores têm conhecimento do SGA
implantado na organização. Percebe-se isto na fala abaixo:
A empresa onde participei da implantação da Norma ISO de qualidade, não possuía
uma SGI (Qualidade, Segurança e Meio ambiente) definida de forma clara, o foco
era a qualidade, mas com as melhorias contínuas a segurança e o meio ambiente no
tocante a resíduo da construção civil – RCC (Resíduos da Construção Civil) foram
incorporados procedimentos para estes. Todos os treinamentos para os admitidos e
treinamentos de reciclagem onde os colaboradores tinham informações mínimas
necessárias para colaborar na SGA. Claro que a empresa por se tratar do setor da
construção civil carece de colabores em sua maioria com nível de instrução baixo.
(G1)
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O posicionamento do entrevistado vai de encontro com o pensamento de (JUNIOR,
1998) que afirma que as empresas que conseguem se adaptar aos novos tempos obtêm
vantagens competitivas, já que a preocupação ecológica é hoje vista como um fator
estratégico de competitividade.
O entrevistado enfatiza ainda os dois principais benefícios advindos com a
implantação do SGA, que é evitar retrabalhos e desperdícios. Ele considera que um SGA bem
sucedido além de contribuir para preservação do meio ambiente pode contribuir para redução
de custos, fator relevante para a perpetuação e melhorias de desempenho da empresa. Isso vai
de encontro com o pensamento de Ambec e Lanoie (2008).
Além disso, o entrevistado mencionou que um dos principais objetivos da organização
com a implantação do SGA foi a redução de custo nas faturas de água, luz, e resíduos com o
custo de disposição final dos RCC. Gritti (2010) considera muito importante que o homem
tenha essa concepção.
Evitar perdas, é claro que o paradigma sobre a construção civil que para cada prédio
erguido perde-se um terço em materiais não é verdade, não se perde um terço dos elevadores,
não se perde um terço das esquadrias e assim por diante.
Há perda em argamassas pela avaliação errônea do pedido e do volume consumido
ao final da jornada de trabalho. Também há perdas nos cortes de pedras (mármores e
granitos) para revestimentos, mas esse problema foi solucionado com a paginação,
as pedras são compradas na medida correta na obra. Poucos são os cortes a serem
feitos. Uma vez que não se consegue evitar em sua totalidade a geração de RCC
(Resíduos da Construção Civil) faz-se obrigatoriamente a segregação de materiais
Esta segregação tem resultado financeiro, pois o custo de uma caçamba com
resíduos segregados fica entre 50 a 60 % a menos que o custo de uma caçamba com
resíduos não segregados. (G1).
O gestor ratificou que o ciclo PDCA (Planejar, fazer, checar, agir) é uma prática bem
estabelecida na empresa, pois são elaborados projetos compatíveis (elétricos, hidráulicos,
etc.), execução, check-in para liberar o serviço e correções se necessárias dos serviços
executados. Esta pratica adotada pela empresa está de acordo com a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (NBR) ISO 14004 (2005).
O entrevistado expõe seu ponto de vista sobre as vantagens e desvantagens
proporcionadas pela implantação do SGA, pois considera que a vantagem só é percebida no
final da obra, com a redução de custos. Como desvantagem considera a questão do custo da
implantação que foi um desafio difícil de ser superado. Portanto devem-se ter indicadores
para avaliar se compensa manter um SGA ou não. Para Donaire (2006, p.65) esta é a primeira
dúvida no ponto de vista empresarial, surge no que diz respeito ao aspecto econômico.
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No ponto de vista do entrevistado, o acirramento da concorrência no setor não
contribuiu para a implantação do SGA na empresa. Observa-se isso na passagem a seguir da
entrevista.
Não, a gestão ambiental durante a execução da obra para o comprador/investidor de
imóvel não é importante. O que importa é o custo final e as medidas e processos que
ficaram para o usuário do imóvel, como: Elevadores Inteligentes; aquecimento solar;
controle de regas em jardins; sistema de iluminação em áreas comuns
automatizadas; caixas de descargas econômicas; etc.(G1).
Quanto ao tratamento que a construtora dá aos resíduos provenientes da execução das
obras, já que este é um dos grandes desafios do setor, ele afirmou que tais resíduos são
segregados na origem, pois o custo com a disposição final é menor. O resíduo não segregado
vira entulho e a disposição final é cara. Este pensamento vai de acordo com os autores
Agopyan e John (2011).
Em relação a algum de tipo colaboração ou incentivo dos governos para implantação
de processos voltados para a preservação do meio ambiente, o gestor informou que as
organizações não recebem nenhuma ajuda governamental, o que discorda da afirmação de
France (2013), dizendo que o governo federal, em conjunto com os governos estaduais,
passou a investir em obras de grande porte para acompanhar o desenvolvimento do país.
O entrevistado fez uma análise do panorama da empresa antes, durante e depois da
implantação do SGA, e entende que houve redução de retrabalhos e desperdícios, além de
melhoria na limpeza dos trabalhos. Pode-se identificar essa redução na fala a seguir, onde o
entrevistado deu exemplos:
A indústria da construção civil que é a maior consumidora de recursos naturais com
o aumento dos insumos como aço, cimento, etc., houve uma conscientização que
não dá para construir como no passado. Novos métodos foram desenvolvidos, novas
máquinas até retirando mão de obra do processo. Um exemplo clássico é o
recebimento de areia em uma obra, gastava-se 13 operários com carinho de mão
para colocar para dentro do canteiro este insumo durante 2 a 4 horas. Hoje com uma
mini carregadeira apenas com o operador e em questão de minutos faz o serviço.
(G1)
Quanto aos impactos causados pela implantação do SGA na cultura da organização,
ele entende que normalmente o impacto inicial é que vai agregar custo. Claro que há custos
adicionais com a gestão, mas ratifica a importância de sempre aferir indicadores e verificar a
relação “Custos x Benefícios”.
Ao final da entrevista o gerente afirmou ainda que não existe nada do qual se
arrependa de ter feito, e que se preciso faria tudo da mesma maneira. Também não achou
necessário acrescentar mais nenhum assunto além dos propostos.
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5. Considerações finais
Buscou-se neste artigo identificar quais foram os desafios da gerência de meio
ambiente de uma construtora mineira de grande porte ao implantar um programa de SGA,
onde foi entrevistado o gestor responsável pelo setor com o intuito de atingir o objetivo.
Percebe-se que o principal desafio encontrado foi a questão dos custos de implantação do
SGA. Em segundo lugar pode-se citar a dificuldade para adequação dos processos de
execução dos serviços aos procedimentos exigidos pelo SGA.
Por meio de entrevista realizada, pode-se verificar que a organização busca reduzir os
impactos gerados por ela mesma. Por ser uma empresa de construção civil existe um
paradigma em que as pessoas citam que para cada prédio erguido perde-se um terço de
materiais o que não é verdade. Há perdas pelas avaliações errôneas do pedido e do volume
consumido ao final da jornada de trabalho o que já vem sendo solucionado nas obras.
A construtora se preocupa com os resíduos provenientes das obras e os encaminha
para transbordos credenciados. Os impactos gerados pela falta de conscientização e
desperdício desses materiais podem causar desastres ecológicos e ao meio ambiente
irreversíveis.
Pôde-se notar também que a organização tem como objetivo principal reduzir perdas
na área de produção / qualidade e segurança/saúde, mantendo um ambiente salubre e seguro.
Os benefícios pretendidos com a implantação do SGA são obter recursos para uma melhoria
continua dos processos, pois com uma política ambiental bem sucedida consegue-se reduzir
perdas, retrabalho e absenteísmo.
Verifica-se que a implantação do SGA é também uma maneira de conscientizar as
pessoas envolvidas neste processo, visto que o meio ambiente é uma preocupação da
sociedade civil como um todo e não só das empresas.
Essa pesquisa foi feita em apenas uma empresa do ramo da construção civil, ela não
compreende empresas de outros ramos, nem outras empresas do mesmo segmento, deixando
assim margem de sugestão para novas pesquisas relevantes sobre esse assunto.
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SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL EM UMA EMPRESA