E a Inflação? Nilson Pimentel (*) Nós, trabalhadores assalariados não temos o costume de fazer o desconto da incidência da taxa de inflação sobre nosso salário no final do mês e, nem mensurar sua devastação sobre os preços dos alimentos, os quais representam cerca 50% da nossa “renda” mensal. Para os economistas o que nós recebemos ao fim de cada período, é a remuneração do fator trabalho, que é a primeira variável econômica que perde poder de compra frente à incidência da taxa de inflação. Assistimos ainda, a pressão dos dispêndios das unidades familiares que vai continuar aquecida nesse último trimestre de festas com a proximidade do final de ano, mesmos a despeito da elevação das taxas de juros, primeiro a taxa SELIC – 9,5% (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), segundo as outras taxas de juros dos Bancos Comerciais que influenciam nos juros do cheque especial (7,85% am e 147,65% aa), do cartão de crédito (9,41% am e 194,23% aa), dos financiamentos ao consumo nas lojas, a elevação do preço de todos os alimentos, etc. Isto é o custo da mercadoria mais importante do sistema econômico – a moeda – sobe de preço conforma aumenta a taxa prime de juros (SELIC) da economia brasileira, influenciando ao aumento dos outros bens no mercado. Nesse cenário, as autoridades monetárias estão em sobressalto pelo recrudescimento da famigerada inflação (6,5% aa). Por outro lado, a previsão de crescimento da economia brasileira medido pelo índice do PIB (Produto Interno Bruto) poderá ficar entre 1% a 2%. Sabe-se que os preços são expressões das variações no valor da moeda em certo intervalo de tempo, provocando aumento nos índices de variação dos preços dentro do sistema, no caso a economia brasileira. Sinalizam assim um conjunto de relações que se estabelecem dentro de cada um dos fluxos econômicos, o monetário e o real acarretando o que os economistas chamam de inflação. E, para aqueles que não a conhecem, na economia se tem quatro tipos de variações de preços: inflação, desinflação, deflação e reflação. A inflação se pode dizer do tipo mais comum de variação do valor da moeda em certo intervalo de tempo, como um fenômeno universal, com ocorrência em todos os países e que afeta para maior o preço de todas as mercadorias ou bens econômicos. É uma alta geral de preços dos bens e serviços, expressos no padrão monetário corrente, isso implica em desvalorização da moeda para toda economia, ou seja, há uma perda no poder de compra dos salários em geral. A desinflação – é o retorno à linha da estabilidade dos preços que recuam de patamares mais altos para mais baixos restabelecendo a estabilização fortalecendo-se o valor da moeda. Esses movimentos são induzidos por programas de estabilidade monetária, por intermédio de instrumentos da Política Monetária. A Deflação – é a queda geral dos preços, chegando a patamares inferiores aos que vinham sendo praticados. Esse recuo indica queda dos índices de preços para posições abaixo da linha de estabilidade valorizando-se a moeda para toda economia. A modalidade conhecida como reflação ocorre logo após o período deflacionário, pois, é o retorno à estabilidade econômica, recuperando-se os dispêndios em investimentos e em consumo, chegando, portanto ao fim do processo de depressão econômica. Ao se aplicar a expansão da oferta monetária, os preços voltam para a linha de estabilidade, restabelecendo-se a estrutura relativa do valor dos bens, dentro do padrão monetário vigente. A economia busca posições próximas ao pleno emprego dos fatores de produção. Nos últimos meses o mundo em geral vem passando por uma preocupação comum – o recrudescimento da inflação. Nós, brasileiros temos uma espada sobre nossas cabeças, principalmente, com respeito aos preços dos alimentos, e das commodities do agronegócio e, como no mundo em geral, com o preço do petróleo. A Inflação tem muitos efeitos negativos, dentre eles, a perda do poder aquisitivo dos salários dos trabalhadores, por isso o agente Governo, utiliza instrumentos de Política Econômica, visando a proteção daqueles que detém menores ganhos (os assalariados) e evitando que a economia entrem em deflação ou reflação. Os economistas são unânimes em afirmar que a alta da inflação traz impacto negativo em toda a economia, reduzindo os volumes de investimentos fixos produtivos. Contudo, o Brasil deve buscar um crescimento econômico acima da taxa inflacionária, o que pelo cenário atual vai ser difícil, pois a tendência é repetir o baixo desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado, sabendo-se que o contínuo viés de alta da taxa básica de juros (SELIC), pode comprometer o crescimento da economia brasileira. Por outro lado, não há outra saída, as autoridades monetárias do Banco Central devem continuar à utilização dos mecanismos de Política Econômica para manter a inflação controlada, se for possível. Para nós trabalhadores assalariados, resta-nos precaução, não fazer dívidas, não gastar além de seu ganho mensal e, evitar o consumo de bens com financiamento e procurar consumir alimentos com preços mais em conta, que aqueles de preços mais elevados em curto espaço de tempo, comprando bens substitutos. (*) Economista, Engenheiro e Administrador de empresas, com pós-graduação: MBA in Management (FGV), Engenharia Econômica (UFRJ), Planejamento Estratégico (FGV), Consultoria Industrial (UNICAMP), Mestre em Economia (FGV), Doutorando na UNINI-Mx, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected].