AU TO RA L UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES ID O PE LA LE I DE DI R EI TO PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EG O JOGO COMO LÚDICO NO ENSINO DE PRIMEIRA FASE E DO CU M EN TO PR OT ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO ERINALDA ALVES DE MORAIS RAMOS ANÁPOLIS/GO ABRIL/2007 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU O JOGO COMO LÚDICO NO ENSINO DE PRIMEIRA FASE E ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito básico para obtenção de título de especialista Lato Sensu. ANÁPOLIS/GO ABRIL/2007 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo discernimento e inteligência. Oportunizo-me também deste momento para agradecer meus familiares e amigos que, de forma incentivadora me apoiou dando força, para que eu desse mais um passo em minha carreira profissional. 4 DEDICATÓRIA A minha família em especial e a todos que de uma forma ou outra me incentivaram a dar continuidade acadêmica. a minha formação 5 “Eis aqui a serva do senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”. Lc 1,38. 6 RESUMO Este trabalho monográfico tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico, além de questionamentos pertinentes ao jogo numa visão psicopedagógica; colhendo informações reais e necessárias em relação ao desenvolvimento da aprendizagem através do jogo, destacando os possíveis benefícios que podem ser adquiridos na aprendizagem quando utilizado o jogo. Observando e apontando também as principais características e contribuições da psicopedagogia em relação ao jogo no campo de atuação em educação. Este trabalho foi baseado somente em bibliografia, ou seja, tendo como suporte a literatura; onde buscou-se em vários autores a fundamentação necessária; utilizando de livros, artigos científicos, periódicos e internet no geral. Palavras-chave: Jogo. Psicopedagogia. Educação. 7 METODOLOGIA A educação é um agente transformador seja no ambiente escolar, familiar ou social, e o jogo tem como um meio de educação atuar mesmo que de maneira lúdica nesse processo de transformação. Daí pode-se dizer que os objetivos e / ou propósitos alcançados com o mesmo pode incluir os gerais como também os específicos. Portanto, este trabalho pretende percorrer o ensino de primeira fase com o aprendizado do jogo, enfatizando o tema em questão. O presente trabalho baseia-se em pesquisa bibliográfica tendo por estudos os seguintes autores: BROUGÈRE (1998), KISHIMOTO (1998), LOPES (2000), MARANHÃO (2003), RAPPAPORT (1981), VYGOTSKY (1991), e outros autores que também abordem textos relacionados ao tema mencionado. A Teoria Positivista foi escolhida como abordagem metodológica por melhor apresentar o problema, tendo como base a Psicopedagogia e suas características mais importantes. Em relação aos resultados, ou seja, a conclusão foi realizado o método indutivo por meio de uma pesquisa descritiva. Onde, realizou-se uma pesquisa bibliográfica de livros, artigos de periódicos e científicos e internet em geral, fundamentando assim este estudo. E, a forma de abordagem foi a pesquisa qualitativa por melhor se enquadrar neste estudo. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................. 06 CAPÍTULO I A EDUCAÇÃO DE FORMA CRIATIVA 1.1 ....................................................... A criatividade e seus conceitos ............................................... 08 10 CAPÍTULO II OS PRINCIPAIS CONCEITOS SOBRE O JOGO 2.1 O jogo e a prática pedagógica ....................................... ................................................. 2.2 A ludicidade do jogo na primeira fase de ensino 12 15 ...................... 23 2.3 Os tipos de jogos mais usados na primeira fase de ....... 26 ensino CAPÍTULO III O JOGO E A PSICOPEDAGOGIA .............................................................. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 36 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ............................................................ 40 9 INTRODUÇÃO O jogo no ensino de primeira fase é de extrema importância para a criança em geral, além de agir como beneficio para rendimento escolar contribui também para a vida social do indivíduo. De acordo com vários autores citados no decorrer desta pesquisa, o jogo no período do ensino fundamental transmite além do conteúdo necessário uma melhor sociabilização entre os alunos; auxiliando assim em um melhor convívio social, familiar e escolar do indivíduo. Maranhão (2003) faz importantes considerações acerca do jogo, observando e destacando que o brinquedo é a representação da realidade para a criança, ou seja, o indivíduo vivencia o real através do jogo. Ressaltando, sem dúvida alguma, que o jogo para a criança representa uma atividade social; pois possibilita a ela a construção de vários elementos para a formação de sua personalidade. “Ele apresenta a concepção da brincadeira como sendo um processo e uma atividade social infantil” (MARANHÃO, 2003, p.30). Portanto, a pesquisa justifica-se por cada vez mais o lúdico está se tornando prioritário como meio de ensino. Muitos são os profissionais que adotam da ludicidade do jogo para uma melhor educação entre seus alunos. Pois, através deste, não se trabalha somente a sua disciplina, mas pode ocorrer de se integrar vários conteúdos, usando assim a interdisciplinaridade. Pensando desta forma é que se segue o presente estudo, com intuito de destacar as funções do Psicopedagogo nessa relação. Assim, o objetivo da pesquisa gira em torno de destacar as possíveis contribuições que o jogo quando aplicado de maneira lúdica pode proporcionar ao aluno, além de apontar a função do Psicopedagogo. Entretanto, objetivamos também em estabelecer um traçado teórico onde consideramos de 10 fundamental necessidade e importância abordar variados autores com seus respectivos pensamentos sobre o tema alvo para assim contribuir na construção do conhecimento de profissionais em relação ao trabalho a ser realizado. Deste modo lançou-se mão do uso de importantes autores na composição da revisão de literatura ou fundamentação teórica, onde se seguiu uma estratégia de pesquisa em que no capítulo I buscou-se levantar conceitos e generalidades sobre a Educação, vista de forma criativa; abordando também a criatividade e seus principais conceitos. No capítulo II abordaram-se os principais conceitos sobre o jogo; destacando o jogo e a prática pedagógica; a ludicidade do jogo na primeira fase de ensino e, os tipos de jogos mais usados nessa fase. E, no capítulo III destacou-se o jogo e a psicopedagogia, fechando desta forma a fundamentação teórica da pesquisa. 11 CAPÍTULO I A EDUCAÇÃO DE FORMA CRIATIVA O sistema educacional de nosso país é voltado para o conhecimento, ou seja, o aluno deve somente visar e se preocupar com o próprio conhecimento, enquanto poderia produzir e criar idéias novas e também conhecimentos novos. Ou seja, somos metódicos, nossa educação assume a característica de ensinar o “passado”, sendo que transmitimos fatos já conhecidos e acontecidos; não procuramos explorar o novo, o desconhecido, passando assim a realizar o estudo dos mesmos conhecimentos já vistos e testados. Principalmente, o ensino de primeira fase que tem como foco proporcionar o lúdico, a fantasia vem deixando esses aspectos e, abordando conteúdo que não tem necessidade para essa fase. É preciso que nós profissionais ligados à educação, seja ela infantil ou não passamos a assumir um caráter de inovação, permitindo combinar fatos, conhecimentos que já existem com um toque de inovação. Pois, a criatividade no processo de ensino favorece um maior aprendizado, além de transmitir ao aluno que ele pode ser criativo em sua vida por completo; fazendo de situações difíceis momentos mais fáceis de “encarar”; além de criar dessa forma um ambiente cultural, ideal para a formação do aluno; permitindo ao indivíduo uma melhor socialização e uma forma mais ampla de ver o mundo e as pessoas. “A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança” (VYGOTSKY, 1991, p.95). Antes de mencionar alguns conceitos sobre educação, vale referir ao aprender, e ALLESSANDRINI (1996, p.1), afirma que: “aprender é o grande segredo de vida: transformar toda ação possível de introjeção e reflexão, bem como toda oportunidade de crescimento e desenvolvimento, em ação construtivista. Cada momento de aprendizagem representa a possibilidade de aprender o sentido do 12 conhecimento”. Allessandrini (1996, p.23), ainda diz: “aprendemos quando adquirimos conhecimentos. Situações de aprendizagem desafiadoras geram no indivíduo a necessidade interna básica de, talvez, romper com seus próprios limites enquanto movimentos em busca do novo”. Conforme Gomes (2003, p.20), pode-se dizer que: “a educação é um processo que se cria para organizar esse ambiente cultural, respeitando a progressiva maturação física, a fim de que a pessoa vá realizando o seu desenvolvimento de forma equilibrada e atinja mais rapidamente, com menor dificuldade e de uma maneira mais completa, os objetivos de sua vida”. Portanto, de acordo com a autora acima, a educação é um sistema de ensino que tem como função e objetivo, auxiliar à família, ou seja, a educação além de ser transmitida e ensinada pela família, ela é complementada pelo sistema de ensino. Embora, a educação aborde os conteúdos necessários e obrigatórios pelo currículo escolar, ela também destaca e desenvolve o sistema social como um todo, abordando o cultural, o político, o aluno como um todo, parte integrante e integrada de uma sociedade; tendo direitos, mas também deveres. Vale dizer que conforme Costi (2007, p.1), sobre a aprendizagem ainda pode dizer que ela: a aprendizagem ocorre sob influência de muitos fatores: um ambiente confortável (arquitetura), a postura e a atuação do mestre, a relação aluno-professor – que nem sempre é fácil, devido à singularidade de cada um. 13 Atualmente a educação surge de forma bem criativa, sendo que esta utiliza de vários procedimentos e meios para aprimorar e desenvolver o conhecimento e aprendizado do aluno. A maioria dos profissionais ligados a essa área estão a cada dia mais se preocupando com um aperfeiçoamento e especialização dos seus conteúdos e conhecimentos, para favorecer uma melhor educação. “na escola, as crianças terão oportunidades de participar de atividade de livre escolha, orientadas, mistas, de rotina, possibilitando-lhes o desenvolvimento da linguagem, mental, físico e motor, sócio-emocional”. Há tempos atrás o ensino escolar visava e tinha como principal objetivo seguir normas e rotinas, porém, atualmente felizmente o que vemos é bem diferente, a situação de nossas escolas hoje é melhor vista, embora ainda necessite reformulações. O aluno, o professor e a escola em geral tem a oportunidade de estar inovando. 1.1 A criatividade e seus conceitos Segundo Whitehead (1974), pode-se dizer que: “a criatividade como força vital produz continuamente experiências e situações sem precedentes, constituindo em um avanço para o novo, não mantendo apenas o novo, mas também produzindo formas completamente novas”. Com a afirmação do autor anteriormente mencionado, pode-se concluir que a educação pode e deve através da criatividade desenvolver nos alunos a imaginação, o descobrir coisas novas; fazendo com que eles se autorenovem, permitindo-os desenvolver experiências novas, além de desenvolver fatos que estejam em mente. 14 Quando pensamos em educação infantil, devemos nos atentar para que o ensino nesta fase deva ser visto de forma global, em todas as áreas do indivíduo; pois com isto, a criança terá um equilíbrio para que possa se desenvolver em todos os sentidos, desde o afetivo, até o psicomotor e cognitivo. É importante que haja visão para que nenhuma área seja menos desenvolvida. Pois, se ocorrer algum desequilíbrio haverá uma desorganização em uma visão ampla da criança. Precisamos desta forma, preocuparmos com o aprendizado e não somente com o ensino. “para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam mais voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta” (GOMES, 2003, p.22). Cabe desta forma ao profissional ligado ao ensino escolar estar planejando suas aulas de acordo com as necessidades de cada indivíduo, lembrando que deve ser globalizado. Segundo Fromm (1941, p.261), “o homem só é verdadeiramente feliz quando cria, na realização espontânea do Eu, ele une novamente com o mundo”. 15 CAPÍTULO II OS PRINCIPAIS CONCEITOS SOBRE O JOGO “o jogo faz parte da trajetória humana desde tempos imemoriais. Assim como a escrita, a linguagem e outras tantas invenções, o jogo é fruto da criatividade dos seres humanos e sempre foi (é e será) utilizado para buscar perguntas e encontrar respostas sobre a própria existência humana e suas imensas possibilidades de desafios no viver” (BEAUCLAIR, 2004, p.1). Ou seja, o jogo vai muito além do que simplesmente o brincar, sendo transmitido os sentimentos humanos em si, a razão, a emoção, por exemplo. Claro que este propicia o lazer, a diversão, porém, consegue-se com o mesmo aprofundar-se na existência humana. Lima (1992, p.1), menciona sobre o brincar que: “é uma atividade universal, encontrada nos vários grupos humanos, em diferentes períodos históricos e estágios de desenvolvimento econômico. Evidentemente, as várias modalidades lúdicas não existem em todas as épocas e também não permanecem imutáveis através dos tempos. Como toda atividade humana, o brincar se constitui na interação de vários fatores que marcam determinado momento histórico sendo transformado pela própria ação dos indivíduos e por suas produções cultural e tecnológica. Os jogos e as brincadeiras são, assim transformados continuamente." De acordo com Friedmann (1998, p.20), pode-se afirmar que: 16 “o jogo é, pois um “quebra-cabeça”... Não é, como se pensava, simplesmente um método para aliviar tensões. Também não é uma atividade que “prepara” a criança para o mundo, mas é uma atividade real para aquele que brinca. Verdadeiramente, brincamos, envolvendo-nos com paixão no jogo, sem precisarmos, em absoluto, saber o que ele significa”. Vale ressaltar que o jogo é um transformador, sendo como uma atividade lúdica, dinâmica capaz de criar, transformar, mudar vários contextos de um determinando grupo para outro. Ressalva “o jogo acontece somente em organismo capazes de metacomunicações e capazes de distinguir mensagens de tipos lógicos diferentes” (FRIEDMANN, 1998, p.23). Segundo a Wikipédia (2007, p.1), ainda pode-se conceituar o jogo como: toda e qualquer competição em que as regras são feitas ou criadas num ambiente restrito ou até mesmo de imediato, em contrapartida ao desporto (esporte no Brasil), em que as regras são universais. Geralmente, os jogos têm poucas regras e estas são simples. Pode envolver um jogador sozinho ou dois ou mais jogando cooperativamente. A maioria dos jogos são disputados como uma forma de lazer, sem que os participantes enfoquem na competição a vitória como ponto essencial. Para Neto (1997, apud CARLOS NETO 2007, p.1), “Jogar/brincar é uma das formas mais comuns de comportamento durante a infância, tornandose uma área de grande atracção e interesse para os investigadores no domínio do desenvolvimento humano, educação, saúde e intervenção social”. 17 Conforme Maranhão (2003, p.17), “o brinquedo estimula a representação da realidade; ao representá-la ela estará vivendo algo ou alguma situação remota e irreal naquele momento”. Ainda conforme Maranhão (2003) Vygotsky aponta que o jogo para a criança representa uma atividade social; pois possibilita a ela a construção de vários elementos para a formação de sua personalidade. “Ele apresenta a concepção da brincadeira como sendo um processo e uma atividade social infantil” (p.30). Para Lopes (2000) o jogo nada mais é do que uma atividade livre, que transmiti e proporciona liberdade aos que realizam esta atividade, lembrando que a mesma engloba o indivíduo de maneira global e intensa. “É uma atividade desligada de todo e qualquer lucro, praticada dentro dos limites espaciais e temporais, próprios, segundo uma certa ordem e certas regras” (p.35). Gonçalves (2003, apud BEAUCLAIR, 2004, p.1), afirma: “o jogo revela uma lógica da subjetividade, tão necessária para a estruturação da personalidade humana, quanto à lógica formal das estruturas cognitivas”. Conforme Silva; Ortega (2007) quando a criança joga ela exercita sua coordenação motora, além de estimular também sua concentração; fazendo com isso com que a criança se sinta obrigada a tentar solucionar possíveis problemas. Portanto, o jogo para o autor anteriormente mencionado é um “agente estimulador”, ou seja, desenvolve na criança determinados sentimentos e reações. Além desses conceitos mencionados acima, VYGOTSKY (1984, p.207), ressalta que: “No brinquedo, a criança opera com significados desligados dos objetos e ações aos quais estão habitualmente vinculados; entretanto, uma contradição muito interessante surge, uma vez que, no brinquedo, ela 18 inclui, também, ações reais e objetos reais. Isto caracteriza a natureza de transição da atividade do brinquedo: é um estágio entre as restrições puramente situacionais da primeira infância e o pensamento adulto, que pode ser totalmente desvinculado de situações reais”. Essa afirmação de Vygotsky nos faz pensar que o “brinquedo”, ou melhor, dizendo, o jogo opera através do lúdico uma situação real. Sendo que a criança usa do imaginário pra realizar o real. Lembrando que a criança acaba que fazendo o que ela mais gosta, pois o jogo lhe proporciona prazer, ela brinca com o que gosta, e tendo prazer ao realizar uma brincadeira ela aprende de maneira inesperada o “correto”. “Brincar é um componente crucial do desenvolvimento, pois, através do brincar a criança é capaz de tornar manejáveis e compreensíveis os aspectos esmagadores e desorientadores do mundo” (GARDNER, 1995). Carlos Neto (2007, p.9), ressalta: O Jogo não é só um direito é uma necessidade. Jogar não deve ser uma imposição, mas uma descoberta. Brincar/jogar não é só uma idéia é uma vivência. O jogo não é um processo definido é um processo aleatório. Jogar/brincar não é só incerteza é uma forma acrescida de ganhar segurança e autonomia. 2.1 O jogo e a prática pedagógica Primeiramente devemos entender que a educação é um meio transformador não só no âmbito escolar, como também no social. Daí a necessidade de atentarmos para o fato de que a educação, os educadores em si devem ver seus alunos de maneira global, como um todo, pois assim poderá se desenvolver uma construção de conhecimentos para o social. A escola 19 precisa formar cidadãos responsáveis, honestos, críticos, criativos, solidários e autônomos. E, através deste meio de ensino consegue-se atingir esses objetivos. Bonamigo e Kude (1991, apud SANTOS ORG., 2001, p.81), dizem que: “alguns educadores não estão muito seguros do modo como a criança aprende brincando e como o professor pode ensinar através de interações espontâneas, embora compreendam e apreciem as potencialidades do brinquedo”. Embora haja essa afirmação dos autores acima vale dizer que o educador deve estar ciente que para um processo de ensino-aprendizagem ter êxito ele precisa se motivar e motivar acima de tudo seus alunos. Procurando ver e suprir os interesses e as necessidades de cada aluno. Vale dizer que se faz necessário fazer algumas considerações acerca do desenvolvimento motor, pois este trata de uma constante transformação comportamental no decorrer de toda uma vida; influenciada pela interação entre as necessidades, as condições biológicas e os fatores ambientais, os educadores precisam estar atentos ao desenvolvimento de cada aluno (GALLAHUE e OZMUN, 2003). “O ensino não explica o aprendizado; o desenvolvimento sim” (GALLAHUE e OZMUN, 2003, p.3). Para Carlos Neto (2007) o papel e o valor do jogo no desenvolvimento humano, principalmente em relação à educação se referem: a) ao desenvolvimento cognitivo em muitos aspectos, como: a descoberta de si, do outro e dos objetos a sua volta; a capacidade verbal; a produção divergente; as habilidades manipulativas; a resolução de problemas; informação; processos mentais; e, a capacidade de processar 20 b) alteram e provocam mudanças na complexidade das operações mentais; c) estruturação da linguagem através do jogo; d) a transmissão da cultura; e) as habilidades motoras são formadas e desenvolvidas através de situações pedagógicas que utilizam o jogo como meio educativo. Gomes (2003) diz que ao jogar a criança desenvolve em torno de si um espaço de “convívio”, ou seja, ela passa a experimentar um mundo novo, compreendendo melhor as pessoas à sua volta, seus sentimentos e os alheios; além de aprender diversos conhecimentos. De acordo com Rego (1995) a criança quando joga aprende a atuar de forma cognitiva. E, na primeira fase de ensino, a criança já passa a imaginar e ver objetos conforme suas idéias em mente, ou seja, antes a realidade era ausente, atualmente ela já consegue unir a realidade à sua idéia, por exemplo. Muitas vezes o indivíduo agirá nessa fase de maneira que no mundo real ele não age, usando assim do “brinquedo” um meio de se expressar segundo a sua necessidade e vontade. Mesmo que nesta fase as crianças atuam muito no mundo imaginário através do jogo consegue-se aproximar o desenvolvimento da vida real. Para Santos Org. (2001, p.79), pode-se concluir que: “Na verdade, o brincar representa um fator de grande importância na socialização da criança, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver numa ordem social e num mundo culturalmente simbólico”. Rappaport (1981) afirma que com o jogo na fase da educação infantil o desenvolvimento da criança aumentará, sendo que sua imaginação se expande, o indivíduo começa a ter idéias e mais idéias, se tornando assim seres criativos. 21 Lopes (2000) diz que o jogo quando aplicado à criança ele tem como objetivo realizar um exercício, pois através deste as crianças conseguem assimilar de maneira lúdica o objetivo da “brincadeira”, desenvolvendo deste modo suas potencialidades. “O jogo revela sua natureza psicológica real, pois as crianças mostram suas inclinações reais quando jogam” (BROUGÈRE, 1998, p.57). Segundo Kishimoto (1998) o jogo quando aplicado de forma educativa pode realizar duas funções, que são: • Função lúdica: nesta o jogo pode propiciar ao educando a diversão, o prazer por “brincar”. • Função educativa: esta tem como objetivo ensinar a criança “brincando”. Transmitindo determinados conteúdos ludicamente. Dolhinow e Bishop (1970, apud MATOS, 1994, p.39): “o jogo, para as crianças, constitui um comportamento adaptativo, através do qual a criança aprende as habilidades necessárias para ser um elemento do grupo social”. Fonseca (1976, apud MATOS, 1994, p.40), dizem: “uma concepção pedagógica do jogo, apresentando-o como um meio privilegiado de descoberta pessoal e social, que permite a aprendizagem e regulação de relações com o mundo físico e social, atribuindo-lhe ainda um forte poder terapêutico enquanto actividade redutora de ansiedade”. Para Beauclair (2004, p.1), “[...] o jogo, a atividade lúdica, é ação / reação / conduta, movimento grávido de simbologias ressonâncias do que carregamos como herança coletiva de nossa ancestralidade humana”. É preciso que o jogo passe a fazer parte de nossos cotidianos, em nossas salas de aulas. Aproveitando deste instrumento para aprofundar e 22 desenvolver de maneira eficaz o aprendizado em nossos alunos. Ressalta-se que o jogo pode proporcionar vários benefícios a criança, dentre eles podemos citar: (MANOEL et al., 1998). a) O desenvolvimento do “eu” - o percentual (percepção de si mesmo); - o conceitual (suas aptidões, recursos, faltas e limitações); - a atitude (sentimentos que cada um tem sobre si). b) O desenvolvimento do “eu” e as relações sociais - constituição da personalidade que vão sendo caracterizadas pelos diferentes grupos sociais, dos quais cada ser humano faz parte. c) Os grupos sociais e a integração grupal - grupos primários (relações humanas universais) - grupos secundários (relações mais casuais, tipo clube social) - grupos terciários (caráter eventual, pessoas na rua...) - interação grupal (interação dentro do próprio grupo e com outros grupos) - interação interna (interação entre si, segundo a estrutura do próprio grupo) - interação externa (cooperação ou competição) d) Liderança - nas escolas os professores devem criar muitas situações que envolvam grupos. E nesses grupos sempre haverá um líder, possibilitando assim o aprendizado de ser líder. 23 e) Interação social - essas interações sociais incluem valores culturais Sadi et al. (2004) ainda dizem que existem mais objetivos que podem ser proporcionados a criança através do jogo. Como: cooperação, solidariedade; noção de conjunto; organização; discussão de regras; socialização; e, interesses da cultura corporal. De acordo com Ramos e Neves (2004) vale ressaltar que todo indivíduo evolui tantos os esquemas motores quanto os esquemas mentais, portanto, a escola que valoriza a ludicidade enquanto via de aprendizagem de conteúdos deve estar atenta e observar em seus planejamentos alguns pontos, ou seja, o educador deve observar ao planejar suas atividades: a) A maneira pela quais as crianças brincam – ou seja, a estrutura social em que a envolve, se a criança quando brinca apresenta certas características compatíveis aos dos adultos, sendo: agressivas, carinhosas, atenciosas, entre outras. Dependendo de como for à maneira de brincar da criança o educador pode aderir a condutas para que assim o educando atinja o objetivo desejado; b) Deve-se estar atento ao espaço onde as crianças brincam – observando a organização do espaço, se a mesma oferece possibilidades para exploração das brincadeiras. Se esta não proporcionar a estrutura necessária cabe ao educador procurar soluções adequadas para que o espaço propicie o ambiente favorável para que assim a brincadeira tenha o seu devido êxito. c) Deve-se observar a sua função enquanto educador – ou seja, ser realista, deixar com que as crianças tenham o seu espaço, tenham liberdade. Lembrando que nós precisamos ser mediadores, propondo desafios e organizando os conflitos e desequilíbrios gerados pela atividade. 24 d) Avaliar os resultados das ações – observar os esquemas motores, as técnicas usadas durante as aulas se estão corretas ou não. Deve-se lembrar que a avaliação transmite não só a criança, mas também aos professores a consciência dos atos realizados durante as aulas. e) Se necessário deve-se replanejar as atividades propostas a partir da avaliação – ou seja, após os resultados das atividades se houver necessidade deve-se reformular o conteúdo, o planejamento. Ressalva, porém, que a forma com a qual o educador dirige a aula é o diferencial dos resultados. Ainda sobre o papel do educador em relação ao jogo ZACHARIAS (2007, p.1), diz: “Apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha”. Daí a autora aponta algumas funções básicas que os educadores devem ter em relação ao jogo, observe: - Procurar um ambiente adequado para o jogo infantil: “a criação de espaços e tempos para os jogos é uma das tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação infantil”. Isto deve-se ao fato de que o espaço possa oferecer à criança as diferentes formas que os jogos possam vim a requerer. - Selecionar materiais adequados: o educador deve estar atento à idade e às necessidades de seus alunos, ou seja, tendo disposição dos materiais apropriados para cada faixa etária. Lembrando que material deve ser suficiente na quantidade e também na diversidade. Procurando sempre utilizar materiais que despertem o interesse, a criatividade nas crianças. 25 - Permitir a repetição dos jogos: proporcionar as crianças repetição de jogos e / ou brincadeiras, pois existem certos jogos que elas gostam e sentem prazer ao jogar, e isso faz com que elas sintam-se bem. sentem grande prazer em repetir jogos que conhecem bem. - Enriquecer e valorizar os jogos realizados pelas crianças: dar o devido valor as atividades que as crianças realizarem, para que assim elas possam estar sendo motivadas e se sentirem importantes. Mostre interesse e incentivo pelo que elas fazem, pelo esforço das mesmas. - Ajude seu aluno a resolver possíveis conflitos que possam vim a existir: nós como educadores temos que mostrar aos nossos alunos que todo conflito que surja deve ser resolvido e que é fácil negociar a resolução do mesmo, cabe a nós apresentarmos a eles as maneiras e atitudes que devemos tomar quando isso acontecer. - Deve-se respeitar as preferências de cada criança: Através dos jogos cada criança terá a oportunidade de expressar seus interesses, necessidades e preferências. O papel do professor será o de propiciarlhes novas oportunidades e novos materiais que enriqueçam seus jogos, porém, respeitando os interesses e necessidades da criança de forma a não forçá-la a realizar determinado jogo ou participar de um jogo coletivo. Segundo os pensamentos de Santos Org. (2001) o jogo ou melhor dizendo a brincadeira possui alguns valores indispensáveis na sua classificação, como por exemplo: o valor funcional; o valor experimental; o valor de estruturação e o valor de relação. Ou seja, dentro desses valores estão as categorias que podem e devem ser trabalhadas e exploradas durante as brincadeiras. Note: Ø brinquedos e / ou jogos para atividades sensório-motoras; Ø brinquedos e / ou jogos para atividades físicas; 26 Ø brinquedos e / ou jogos para atividades intelectuais; Ø brinquedos e / ou jogos que reproduzem o mundo técnico; Ø brinquedos e / ou jogos para o desenvolvimento afetivo; Ø brinquedos e / ou jogos para atividades criativas; Ø brinquedos e / ou jogos para relações sociais. Portanto, em só jogo e / ou brinquedo pode-se explorar todas essas categorias mencionadas anteriormente, basta o educador ser criativo e usar seus mecanismos para isso. Para Bettelheim (2005, apud ZACHARIAS, 2007, p.1), podemos afirmar que: "Através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo- o que ela gostaria que ele fosse, quais suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos". 2.2 A ludicidade do jogo na primeira fase de ensino Segundo Santos Org (2001) cada parte de nosso cérebro é responsável por determinados movimentos e / ou ações. Daí pode-se dizer que após vários estudos realizados sobre o mapeamento cerebral, quando a criança e / ou o adulto brinca significa que a parte do cérebro que estará 27 atuando será o quadrante superior do hemisfério direito. “ser lúdico, portanto significa usar mais o hemisfério direito do cérebro e, com isto, dar uma nova dimensão à existência humana, baseado em novos valores e novas crenças que se fundamentam em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, o autoconhecimento, a arte do relacionamento, a cooperação, a imaginação e a nutrição da alma” (SANTOS ORG., 2001, p.13). “admite-se que o brinquedo represente certas habilidades. Uma representação é algo presente no lugar de algo. Representar é corresponder alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetivos reais, para que possam manipula-los”. (KISHIMOTO, 1999, p.18). Ou seja, a criança ao brinca, ao jogar ela imagina o mundo da sua forma de pensar, como ela quer, ela não importa e nem consegue assimilar com a verdadeira realidade do mundo, mas sim com os seus pensamentos. Vygotsky (1991, p.115), diz: “o brinquedo não é o aspecto predominante da infância, mas é um fator muito importante do desenvolvimento”. Conforme Levinzon (1989, apud KISHIMOTO, 1999, p.66), pode-se dizer que: “brincando, portanto a criança coloca-se num papel de poder, em que ela pode dominar os vilões ou as situações que provocariam medo ou que a fariam sentir-se 28 vulnerável e insegura. A brincadeira de super-herói, ao mesmo tempo que ajuda a criança a construir a autoconfiança, leva-a a superar obstáculos da vida real, como vestir-se, comer um alimento sem deixar cair, fazer amigos, enfim, corresponder às expectativas dos padrões adultos”. “Toda brincadeira é uma imitação transformadora, no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente vivenciada” (GOMES, 2003, p.22). Ao brincar a criança pensa na realidade, recriando através do brinquedo, do jogo o que ela vivencia e / ou imagina. Para Lima (1992, p.1): "A realização de jogos e brincadeiras na primeira infância envolve naturalmente o movimento, que vai dominar como componente, pois através dele a criança se coloca no meio, inteirando-se com os objetos, com as pessoas, explorando seu próprio corpo, o espaço físico. Uma das funções da brincadeira é permitir à criança o exercício do movimento. (...) O movimento tem, assim, relevância destacada na infância, pois ele serve para a criança se relacionar com o outro, explorar o espaço - situando-se nele -, bem como os objetos e o próprio corpo." Gomes (2003, p.22), ainda ressalta que: “a brincadeira auxilia a aprendizagem, favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa”. 29 2.3 Os tipos de jogos mais usados na primeira fase de ensino De acordo com Gomes (2003, p.22), no ensino de primeira fase ou educação infantil, pode-se dizer que: “As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de tabuleiro, tradicionais, didáticos, corporais, imaginativos, criados pelas próprias crianças, propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica”. Segundo Miranda (1991) os jogos motores são ótimos para serem realizados na primeira fase de ensino, pois estes possibilitam ao educador em geral analisar a personalidade infantil; podendo desta forma contribuir para o desenvolvimento não só físico como também social e mental. Além dos jogos motores os jogos de massa e também coletivos são bons para essa fase, eles propiciam uma melhor socialização. Conforme Nardi (2006) Piaget aborda e caracteriza o jogo sob três estruturas, que são: a. Jogos de exercício, esses acontecem no estágio sensório motor – que tem seu período dos 0 aos 2 anos. O que caracteriza o desenvolvimento desse jogo é o início de pré-verbal, ou seja, inicia-se o processo da “fala”. Vale dizer que este é o primeiro jogo a aparecer na vida da criança. O autor ainda ressalta que nesta fase, a criança é totalmente egocêntrica, ou seja, quando ela brinca geralmente ela está sozinha ou com a mãe. “Os jogos de exercícios, que à primeira parecem ser apenas a repetição mecânica de gestos automáticos, caracterizam para os bebês os efeitos esperados, isto é, a criança age para ver o que sua ação vai produzir, sem 30 que por isso se trate de uma ação exploratória. O efeito é buscado pelo efeito naquilo que ele tem justamente de comum: a criança toca e empurra, desloca e amontoa, justapõe e superpõe para ver no que vai dar. Portanto, desde o início introduz na atividade lúdica da criança uma dimensão de risco e de gratuidade em que o prazer da surpresa opõe-se à curiosidade satisfeita” (ALMEIDA, 1998, p.43). b. Jogos simbólicos, esses ocorrem no estágio pré-operacional – acontece entre os 2 aos 6 anos; este o símbolo representa algum objetivo ausente, o faz-de-conta, por exemplo. Vale mencionar que neste período geralmente inicia-se o período da educação infantil. c. Jogos de regras ocorrem no período operacional concreto – supõe relações sociais e / ou em grupos; a regra é imposta e deve ser cumprida, se houver alguma falha há uma penalização. Esta ocorre a partir dos sete anos. “Com a capacidade de lidar com operações como a conservação, a classificação e a seriação, a criança no estágio operacional concreto, finalmente, desenvolveu um sistema completo e muito lógico de pensamento. Esse sistema, no entanto, ainda está ligado à realidade física. A lógica baseia-se em situações concretas que podem ser organizadas, classificadas ou manipuladas” (WOOLFOLK, 2000, p.45). Vale dizer que entre os jogos mencionados acima, os jogos de construção aparecem entre os três. Pois: “Com o aumento do equilíbrio consegue alcançar um certo grau de permanência, imitação e jogo que se interagem as inteligências, alcançando o nível operatório, 31 devido à reversibilidade que caracteriza o equilíbrio (a imitação torna-se refletida e o jogo torna-se construtivo)” (NARDI, 2006, p.1). Para Freire (1999) o quadro abaixo destaca alguns tipos de atividades que podem e devem ser trabalhadas nas séries iniciais, observer. QUADRO I – Atividades desenvolvidas nas séries iniciais 1ª 2ª 3ª 4ª 1. Atividades de Sensibilização corporal (SC) X X X X 2. Jogos Simbólicos (JS) X 3. Jogos de Construção (JC) X 4. Jogos de regras (JR) X X X X 5. Rodas Cantadas (RC) X X 6. Brincadeiras Populares (BP) X X X X 7. Ginástica Geral (GR) X X X X 8. Dança Folclórica (DF) X X 9. Lutas Simples (LS) X X 10. Jogos Pré-Desportivos (JP) X X CULTURA CORPORAL 11. Atividades de Fundamento do Esporte (EF) FONTE: FREIRE, 1999, p.79. Seguindo ainda os pensamentos de Freire, o quadro apresentado a seguir aponta os sub-temas que também devem ser trabalhados nas séries iniciais. X 32 QUADRO II – Sub-temas a serem trabalhados nas séries inicias Motores Sociais Locomoção Manipulação Estabilização Desportivo Andar Segurar Equilibrar-se Correr Lançar Saltar Afetivos Intelectual Cooperar Amor Táticas Desarmar Capacidades Motoras Força Solidarizar Altruísmo Diálogos Ficar em pé Driblar Resistência Organizar Agressividade Teorias Chutar Ficar Fintar Agilidade grupos Violência Textos Desviar Bater sentado Cabecear Velocidade Discutir temas Fraternidade Imitações Rolar Rebater Ficar deitado Passar Flexibilidade Competir Confiança Tomadas Girar Equilibrar Ficar Finalizar Construir Frustração conscientes Abaixar Torcer agachado Conduzir regras Realização planejamento Levantar Apertar Apoiar-se Antecipar Contornar Afrouxar Imobilizar-se Subir Tocar Descer FONTE: FREIRE, 1999, p.80. As colocações feitas por Freire sobre os conteúdos a serem desenvolvidos e trabalhados nas primeiras séries do ensino fundamental são de grande importância, pois o autor destaca conteúdos importantes que devem fazer parte do programa de aula, ou seja, do planejamento favorecendo e propiciando assim um melhor desenvolvimento do aluno, não só motor como também no geral. “A brincadeira é uma atividade informal que se desenvolve sem que haja investimento de objetivos pedagógicos. Mas a brincadeira também se desenvolve no quadro familiar, no quadro das relações de comunicação, das relações de prazer na construção de um universo de vida cotidiana entre as crianças e os pais” 33 (ROSSI, 2007, p.2). Conforme Unilever (2007) as crianças precisam sim brincar e aprender diversos jogos na escola, porém em casa é importante também que os pais propiciem aos seus filhos momentos de lazer, de brincadeira, momentos prazeroso, e para os autores acima toda criança até os dez anos de idade deve fazer todas essas coisas mencionadas na lista abaixo, pois todas elas funcionam e agem como brincadeira para a criança, verifique: a. Fazer uma torta de lama; b. Descer rolando de um gramado; c. Fazer sua própria massinha de modelar; d. Fazer perfumes utilizando-se de pétalas de flores; e. Fazer máscara de papel; f. Construir castelos de areia; g. Subir em árvores; h. Fazer esconderijos no jardim ou quintal; i. Fazer muitas pinturas; j. Organizar seu próprio piquenique; k. Pintar seu rosto; l. Brincar com amigos na areia; m. Fazer comidas de verdade, tipo pão com a ajuda de um adulto; n. Criar escultura de argila; o. Acampar no jardim; p. Alimentar os animais; q. Colher frutas e verduras; r. Jogar varetas; s. Ande de bicicleta; 34 t. Faça e solte pipa; u. Plante árvores; v. Faça uma horta; w. Sirva café na cama para seus pais; x. Fazer uma corrida de obstáculos no jardim. Todos esses itens mencionados acima funcionam como brincadeiras para as crianças dessa faixa etária, lembrando que sem que elas percebam essas brincadeiras estarão contribuindo para o crescimento profissional e quem sabe até profissional delas. Pois, as mesmas estarão contribuindo tanto no físico quanto no psicológico de cada uma delas. 35 CAPÍTULO III O JOGO E A PSICOPEDAGOGIA “A pessoa humana para estar bem precisa relacionar-se socialmente, trabalhar e amar. A criança saudável brinca e, dessa maneira, aprende a relacionar-se com o mundo adulto, a amar e sentir-se amada. A importância que o trabalho tem para o adulto equivale à importância do brinquedo para a criança” (FONSECA, 2007, p.1). Santos (1997, apud MALUF 2000, p.2), diz: “brincar é a forma mais perfeita para perceber a criança e estimular o que ela precisa aprender e se desenvolver”. Portanto, pode-se dizer que “o brincar apresenta esquema semelhante ao aprender” (FONSECA, 2007, p.1). Ressaltando que não importa qual seja a idade, toda atividade lúdica proporciona prazer e motivação tanto em crianças, quanto em adolescentes e também em adultos. E a brincadeira o jogo em si são atividades lúdicas que podem e devem ser exploradas no dia-a-dia das pessoas (OLIVEIRA e GOMES, 2005). Fonseca (2007) ainda nos faz pensar que: “A criança que não brinca está com seu discurso interno desestruturado e, a partir de um modelo oferecido pelo psicopedagogo, ela vai reconstruir o discurso, a ordenação, o termo-a-termo, a seqüenciação, a seriação, a classificação, a reversibilidade, etc”. Nardi (2006, p.1), cita que: “o desenvolvimento da criança e a relação com o brincar e o jogo é de fundamental importância para o profissional de psicopedagogia possibilitando a compreensão das 36 relações e entendimento através do jogo e do que a criança quer nos dizer quando brinca, quando joga”. O autor quando nos faz essa menção ele se refere ao fato de que muitas vezes a criança não consegue se expressar na fala ou mesmo por outro motivo qualquer, então através do jogo ela consegue transmitir o que pensa e o que deseja. Pois o jogo vai estimular o pensamento da criança; melhorando assim à linguagem verbal. “Através da dinâmica do jogar, brincar, sorrir, o espaço de inserção de nossa prática poder contextualizar / construí / ampliar novos conhecimentos de modo gratificante, vivo, onde a dimensão humana do sentir-se pleno, em prazer e gozo seja mister motivação ao querer continuar em movimentos de aprender” (BEAUCLAIR, 2004, p.3). Beauclari (2004, p.1), “a instituição que se move numa perspectiva psicopedagógica construtivista deve usar, sempre que possível, processos de ensinagem onde a dinâmica de jogos seja presença constante e fundamental”. Portanto, enquanto psicopedagógos precisamos “cabe a nós mesmos a procura por ampliar e desenvolver nossas sabedorias experenciais, sempre nos propondo a ir além, como nossas próprias criatividades, e na busca de uma configuração de toda a dinâmica da vida, que se estabelece nos espaços de nossas inserções cotidianas” (BEAUCLAIR, 2001, apud BEAUCLAIR, 2004, p.1). MALUF (2000), ainda diz mais, que precisamos ter espírito aberto ao lúdico, ou seja, reconhecer a importância da criança enquanto fator de desenvolvimento. Portanto, faz-se necessário que nós psicopedagogos enquanto professores tenhamos convicção que somos os responsáveis pela formação do indivíduo como aluno e, principalmente como cidadão. Lembrando que a formação deve ocorrer em todos os sentidos, para que a criança atinja o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo-social. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Detectou-se com este que a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil onde o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre os pares em uma situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos. A brincadeira nada mais é do que uma estrada em que a criança irá percorrer para chegar ao ponto chave, onde a mesma irá desvendar os segredos que lhe esconde um olhar surpreso ou acolhedor, para desfazer temores, para explorar o desconhecido. Pois, através do brinquedo ela conseguirá solucionar todas as suas dúvidas. Vale dizer que toda criança é verdadeiramente livre quando está brincando, com a brincadeira ela desenvolve sua autonomia. Lembrando que o melhor brinquedo didático para uma criança é outra criança brincando com ela, principalmente se forem da mesma faixa de desenvolvimento. Com este estudo pode-se perceber também que a atuação do Psicopedagogo frente à ludicidade de crianças no ensino de primeira fase é de extrema importância, pois através do lúdico se chegará aos objetivos propostos de maneira prazerosa e tranqüila. Portanto, a tarefa do Psicopedagogo consiste em auxiliar o aluno nas dificuldades encontradas; mostrando a ele que as dificuldades podem ser superadas com prazer e alegria. Para que a atuação do Psicopedagogo seja realizada com êxito é necessário que ele esteja atento ao desenvolvimento da criança, observando suas principais dificuldades como também suas facilidades; procurando desta forma adequar os conteúdos determinados. Usando do jogo como meio de auxilio para um melhor ensino. Segundo Beuaclair (2004) o jogo representa não só o brincar como também o transmitir sentimentos humanos, a razão, a emoção. Além de propiciar o lazer, a diversão. Sendo este um transformador, uma atividade 38 lúdica, dinâmica capaz de criar, transformar, mudar vários contextos de um determinando grupo para outro. Com base neste estudo, conclui-se que todo indivíduo necessita de momentos lúdicos na vida em geral, e principalmente na escola, onde através do jogo como lúdico irá ocorrer uma melhor aprendizagem, atingindo todos os objetivos propostos pela escola e pelo professor. Portanto, cabe a nós, psicopedagogos, fazer uso de nossos conhecimentos para uma atuação correta e muitas vezes de solução para possíveis problemas para a transformação de uma simples aula em aula criativa, divertida e acima de tudo proveitosa. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLESSANDRINI, C. Oficina criativa e psicopedagógica. Rio de Janeiro: Casa do Psicólogo, 1996. ALMEIDA, P. N. de. 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