Goiânia, quarta-feira, 21 de Agosto de 2013 Maria José Silva Paralisação Secretaria diz que cortará ponto Servidores serão os primeiros a serem atingidos por decreto sobre greve. Sindicato recorre à Justiça Policiais civis durante manifestação no portão de acesso às delegacias especializadas Os policiais civis que aderiram à paralisação de 48 horas da categoria, deflagrada ontem em todo o Estado, serão os primeiros servidores a serem atingidos pelo decreto promulgado pelo governador Marconi Perillo (PSDB) que prevê o corte de pontos e a instauração de processo administrativo em casos de greve. O superintendente de Polícia Judiciária da Polícia Civil, Deusny Aparecido Silva Filho, informou que todos os delegados titulares de delegacias especializadas e distritos policiais foram orientados a enviar relatórios com a relação dos servidores que participam do movimento e dos que compareceram à unidade policial mas se recusaram a trabalhar. Tais relatórios serão encaminhados para a Secretaria de Segurança Pública (SSP). O presidente do Sindicato dos Policiais Civis no Estado de Goiás (Sinpol), Silveira Alves de Moura, acentua que a paralisação representa um grito dos policiais civis contra a morosidade do governo em cumprir as promessas feitas à categoria no ano passado. Ele destaca que os servidores querem que o Estado remeta à Assembleia Legislativa, em caráter de urgência, o projeto de lei que prevê a reestruturação da carreira policial. Delineado em julho de 2012, após o fim da greve de 50 dias dos policiais civis, o projeto de lei estabelece, entre outras coisas, a criação de um padrão dentro da classe especial 1; a diminuição do intervalo entre promoções e mudanças de nível e o bônus de 5% a 20% sobre o valor do salário para os profissionais que estão na ativa. Na época, ficou estabelecido que, com as promoções imediatas, o salário do profissional de terceira classe (em início de carreira) passaria de R$ 2.971,00 para R$ 3.566,00 Silveira Moura informou ontem que a categoria luta pelo piso salarial de R$ 7.250,00. Ele atesta que passado mais de um ano, até hoje nenhuma dessas garantias saíram do papel. Esta informação, contudo, é refutada por representantes da Secretaria Estadual de Gestão e Planejamento (Segplan). Conforme a assessoria de comunicação da instituição, todos os itens previstos no acordo que culminou com o fim do movimento grevista no ano passado foram contemplados. Mandado de segurança Envolto em polêmica, o decreto promulgado por Marconi Perillo também prevê punições para os servidores que atuarem em operações de retardamento administrativo. Na avaliação de Silveira Alves de Moura, a minuta é uma aberração jurídica, que discorre sobre o direito de protestar, o que não é de competência do Estado. Na tentativa de resguardar os policiais civis que aderiram à paralisação, o Sinpol ingressou na Justiça com mandado de segurança com pedido de liminar para impedir o corte de pontos e cassar o decreto. A matéria foi distribuída ao desembargador Alan Sena , da Corte Especial do Tribunal de Justiça. Na tarde de ontem, os policiais civis participaram da manifestação na Assembleia Legislativa contra a decisão do governo de parcelar em quatro vezes a reposição da inflação nos vencimentos dos servidores públicos estaduais. Silveira Moura acrescenta que a categoria também reivindica reajuste de 1,5% referente à terceira parcela do índice salarial de 2011 e o repasse de 36%, relativo às perdas acumuladas de 2005 a 2011. Devido à paralisação de advertência, distritos policiais e delegacias especializadas da região metropolitana funcionaram com efetivo reduzido em 30%, exigido por lei. Um grupo de servidores permaneceu na entrada de cada unidade policial com o objetivo de informar a população sobre os motivos da paralisação. No portão de acesso às delegacias especializadas, na Cidade Jardim, o grupo permitia a entrada apenas das pessoas que iriam fazer o registro de crimes hediondos, como estupro, latrocínio e sequestro, dos casos de flagrante e dos crimes de repercussão.