DISCIPLINA:
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS
PROFESSORA: Dra. Maria Helena Vieira Abrahão
SEMINÁRIO
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS: PRÁTICA,
CONHECIMENTO-BASE E CURRÍCULO
Em que consiste a formação de professores em TESOL ?
Doutoranda: Fátima Aparecida Cezarim dos Santos
CONHECIMENTO-BASE DA FORMAÇÃO : PROPOSTA DE FREEMAN
e JOHNSON (1998, 2009)
Pressupostos:
 O referencial teórico é a chave do conhecimento-base de
TESOL como profissão.
 As práticas são situadas localmente , de onde emergem
questões sociais, institucionais e culturais, em resposta a
necessidade de ensino em dado contexto.
 A formação de professores responde às demandas locais, não
sendo neutra, mas posição de valor.
Argumento:
 a proposta de formação de professores frente a qualquer
teoria ou metodologia deve ser entendida à luz da experiência
profissional desses, em seus cenários e circunstâncias de
trabalho.
PROPOSTA DE CONCEITUAÇÃO DE CONHECIMENTO-BASE
 Procura desenvolver uma epistemologia que melhor se
conecte com a atividade de ensinagem per se, em que
teoria(conhecimento conceitual ) e prática (conhecimento por
intermédio da percepção) sejam iluminadas para informar e
reformar a prática dos professores.
 Três domínios:
 Professor como aprendiz: aprender a ensinagem
 Contexto social: ambientes socioculturais de trabalho de
ensino-aprendizagem de línguas
Atividade de ensinar : processo pedagógico
PROFESSOR COMO APRENDIZ:
Reconhecer o professor como aluno de ensinagem e não de
língua.
Entender como aprendem a ensinar e os fatores influenciadores.
Considerar os professores aptos a entender suas crenças, de
articular os processos situados, como conhecedores do impacto
do conhecimento sobre a aprendizagem de línguas.
Aprendizagem do professor poderá ser entendida se os contextos
socioculturais fizerem parte da pesquisa.
O CONTEXTO SOCIAL:
 Território em que o trabalho de ensinagem é pensado,
sustentado e avaliado. Onde ações são encorajadas, ignoradas e
silenciadas.
 O ambiente molda de maneira crítica o fazer dos professores.
 A ensinagem não pode ser compreendida separadamente do
contexto de atuação.
A ATIVIDADE DE ENSINAR: “Teaching”
 A ensinagem não pode ser separada da pessoa do professor
como aprendiz.
A sala de aula dos professores deve ser entendida através de
seus pontos de vista.
Distinguir entre: a) Conteúdo: as percepções dos alunos e
professores do é ensinado; b) Objeto da teoria: a percepção das
disciplinas acadêmicas.
PAPEL DOS FORMADORES DE PROFESSORES :
 Entender sua própria atividade de ensinar a ensinar.
 Requer entendimento de diferentes disciplinas ( SLA, psicologia,
desenvolvimento de currículo etc ), a fim de tornar nosso objeto
– a língua – em conteúdo escolar.
CONSIDERAÇÕES DA PROPOSTA DE FREEMAN E JOHNSON:
 1998. A visão sócio-construtivista de aprendizagem de língua
parece manter uma interface direta com a natureza da sala de aula.
 2009. A perspectiva sociocultural reconhece a formação do
professor como um processo dinâmico de transformação das
práticas para responder às necessidades individuais e locais.
 Com essa fundamentação, as pesquisas poderão edificar o
alicerce da formação de professores em TESOL.
CONHECIMENTO-BASE: TIPOS DE CONHECIMENTOS (KENNEDY,
1999)
Questionamentos:
 Ensinagem não é ciência.
 Há dúvidas de que o conhecimento teórico contribua para a
ensinagem
 Professores aprendem diretamente da experiência.
 Não há necessidade de cursos de formação.
Três tipos de conhecimentos:
 Expert = conhecimento teórico, científico
 Craft = conhecimento prático
 Expertise= uma mistura dos conhecimentos teórico e prático
CONHECIMENTO TEÓRICO - “EXPERT’:
 Deriva das pesquisas formais : segue o rigor canônico
 Resultados do conhecimento teórico pode ser posto em
proposições (sentenças)
 Pode ser publicado.
 É público e estático
CONHECIMENTO PRÁTICO – “CRAFT”
 Difere do conhecimento teórico
 É idiossincrático: pessoal e particular
 Dinâmico: vinculado a ações e desenvolvido através da experiência
de ensinar
 Difícil de ser colocado em sentenças.
 É privado e tácito.
CONTRA-ARGUMENTO: Conhecimento experiencial é importante e
pode se beneficiar do conhecimento teórico.
CONHECIMENTO ESPECIALIZADO – ‘EXPERTISE’
 Orientado tanto pelo conhecimento teórico quanto o prático
Difere tanto de um como de outro.
 É dinâmico
 Pode ser justificado em proposições: não tão privado.
 Representa o que acontece quando do conhecimento teórico é
transformado no conhecimento prático:
• permite o reconhecimento de nossas experiências e a
interpretação de padrões.
Baseia-se em princípios . É situado.
• Professores aprendem sobre dificuldade de aprendizagem
(teoria), mas seu entendimento irá mudar quando
encontrarem exemplos (experiência).
•Professores podem dizer o que seja ‘grupo colaborativo’ por
terem participado disso, mas o conceito de colaboração deriva
do conhecimento teórico.
CONSIDERAÇÕES DE KENNEDY (1999):
 A questão não é se o conhecimento prático tem papel na
ensinagem, mas se o conhecimento teórico tem.
 A resposta depende da concepção de ensinagem em pauta.
 Na formação, a ensinagem não deve ser considerada unicamente
conhecimento prático ou unicamente conhecimento teórico.
 A formação demanda ‘expertise’!
 Um conhecimento localizado que é baseado em
conhecimento teórico e que é mais que conhecimento
experiencial. É expertise!
Caso não, não há necessidade de cursos de formação e nem de
seus departamentos de educação!!!!!!!!!!
O CURRÍCULO (GRAVES, 2009)
 Fazer distinção entre:
 conhecimento-base de aprendizagem de língua: que os
professores necessitam saber e fazer para aprendizagem
efetiva de seus alunos;
 conhecimento-base de formação de professores: o que os
formadores precisam saber e fazer para que seus professoresalunos aprendam.
CONCEPÇÕES
 Conhecimento-base. Precisa iniciar definindo a concepção de
conhecimento-base . De acordo com a definição, afetará o currículo
 Professor. Vem sendo tomado como agente ativo na aquisição de
competência de ensinagem.
Língua. O conceito de língua desempenha importante papel acerca
de o que e como os professores são ensinados.
 a) Consenso: professor precisa saber como a língua funciona;
proficiência faz parte do conhecimento-base do professor.
 b) Não há consenso: o que o professor precisa saber sobre a
língua. Ex.: O inglês global. Se o professor precisa estar cônscio
de inglês “de quem” está sendo ensinado e quais propósitos.
CURRÍCULO
 Precisa ser construído sobre os pontos fortes dos professoresalunos e ajudá-los a superar suas lacunas.
 Deve ajudar a desenvolver :
 a) instrumentos para continuarem sua formação quando o
programa chegar ao fim,
 b) a reflexão acerca de crenças e concepções,
 c) a consciência intercultural etc.
Deve prover :
a) teorias para organizarem seus raciocínios sobre
aprendizagem;
 b) oportunidades para se tornarem geradores de
conhecimento ao invés de consumidores dele etc.
A PRÁTICA : PARCERIAS E COLABORAÇÃO
 Prover oportunidades de prática aos professores-alunos:
em sala de aula: observação de ensino, preparação de ensino,
ensinagem, reflexão, análise e aprender com isso.
 em comunidades de práticas:
são complexos contextos sociais, culturais e políticos
 Professores precisam aprender os diversos discursos
conflitantes de comunidades para participar delas.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO; PRÁTICAS INSTRUCIONAIS ,
AVALIAÇÃO
 O conhecimento-base deve ir além de competência linguística e de
técnicas de ensino, podendo incluir: sociolinguística, psicologia, análise de
discurso, SLA, literatura, tomada de decisão pedagógica, habilidade de
questionamento, competência intercultural etc.
 Uso de práticas instrucionais que ajudem os professores a desenvolver
um sistema de conhecimento-base necessário para uma ensinagem efetiva.
AVALIAÇÃO:
 Do programa: sua efetividade em promover a aprendizagem objetivada;
 Do participante: baseada nos objetivos do programa, se atingidos ou
não;
 Equilíbrio entre os critérios externos (padrões estatais) com os critérios
internos do programa
PROPOSIÇÕES DE GRAVES (2009)
 O conhecimento-base de formação de professores não é um conjunto de
conhecimento, habilidades e entendimentos. Ele é o envolvimento de cada
um dos professores, significando que o currículo deve trabalhar as
necessidades dos alunos.
 O currículo de programas de formação de professores de língua é um
conjunto de processos educacionais interdependentes e situados, e de
ferramentas, cujo objetivo é a aprendizagem do professor . O conteúdo
varia imensamente dependendo de quem seja o formador, os professores,
quem iram ensinar etc. O problema não O QUE é relevante, mas QUEM
determina a relevância.
PROVOCAÇÕES DE GRAVES
 Elaboração de mais pesquisas na exploração se o currículo está educando
os professores-alunos a reproduzirem, como servos, ou a mudarem as
práticas.
 Análise dos formadores se estão guardando a si mesmos de serem servos
do sistema, principalmente em avaliação.
“FORMADORES DEVEM PRATICAR O QUE PREGAM!”
PLANEJAMENTO DO CURRÍCULO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE LÍNGUA (GRAVES, 2009)
♀ Análise de necessidades:
a) professores (quem são, o que sabem, o que esperam, seu
contexto social de trabalho docente);
b) Contextos de atuação do programa de formação (recursos
disponíveis, conflitos).
♀ Determinação de objetivos
♀ Definição do conteúdo programático
♀ Definição dos procedimentos de ensino
♀ Definição do critério de avaliação
MINHAS REFLEXÕES TEÓRICAS
O conhecimento-base se compõe do conhecimento ‘expert’ e o conhecimento
‘expertise’ (FREEMAN e JOHNSON, 1998, 2009; KENNEDY, 1999) – que sempre lá
esteve, mas não captado por certas pesquisa s – , mantendo-se em constante diálogo.
A concepção de professor (sujeitos ativos e conhecedores), de língua (estrutura
linguística, prática social, proficiência linguística), de contextos de prática
(multifacetado, diverso, político) são essenciais.
O currículo (GRAVES, 2009): Lugar de materialização do conhecimento-base.
Deve manter interrelações com diferentes processos de aprendizagem do
professor (de língua e de ensinagem).
Deve ser variável e situado. Liga-se às necessidades do contexto e dos
participantes. Logo, currículos universais entram em questionamento.
O formador tem papel de mediador, com todas as instâncias (epistemológicas,
contextuais, ideológicas etc), portanto uma relação de poder. Também, considerando
BYRAM (2005) que o formador é responsável em desenvolver teorias para a disciplina
de ensinagem de línguas, mudamos para outro nível a discussão sobre a formação de
professores de línguas. Deve-se começar a discutir o formador.
Quem é ele? Qual sua influência?
Referência bibliográfica
BYRAM, M. Source Disciplines for Language Teacher Education. In: TEDICK, D.J. (org.).
Second Language Teacher Education: International Perspectives. Mahwah, NY: Lawrence
Erbraem Associates, p.70-81.
FREEMAN, D.; JOHNSON, K.E. Reconceptualizing the Knowledge-base of Language Teacher
Education. TESOL QUARTELY,vol. 32, n.3, 1998, p.397-417.
GRAVES, K. The curriculum of Second Language Teacher Education. In: BURNS, A.;
RICHARDS, J.C. (eds). The Cambridge Guide to Second Language Teacher Education.
Cambridge: CUP.p.115-123, 2009.
JOHNSON, K.E. Shifting Epistemologies in Teacher Education. In: JOHNSON, K.E. Second
Language Teacher Educational: a Socicultural Perpectives. New York: Routledge, p. 7-16,
2009.
KENNEDY, M.M. ED Schools and the Problems of Knowledge. In: RATHS,J.;
McANINCH,A.C.(eds.) What Counts as Knowledge in Teacher Education. Stamford
Connecticut:Albex, p.29-45, 1999.
Download

conhecimento teórico