Infraestrutura, uma saída para a crise. Concessões: progressos e retrocessos em busca de um modelo adequado [email protected] No IEP-PR 19out15 No início de 2014 o País parou de crescer, e o problema básico é do lado da oferta – ou seja, falta capacidade de produção (maiores investimento e produtividade). O modelo pró-consumo se esgotou. As carências de infraestrutura são óbvias demais. Resolvê-las depende fundamentalmente dos governos. Além disso, investir em infraestrutura tem o subproduto desejável de aumentar a produtividade. Índ. da produção da ind. de transformação 105 21 18 Tx. de investimento, % do PIB 80 2003 16 2015 Índices do PIB Serviços 150 PIB Indústria 90 Agoropecuária 90 2002 2002 2015 88 UCI-Geral (FGV) Média desde o Plano Real 86 84 82 80 78 76 6,8 1,8 -3,2 Abr14 O incrível paradoxo • As lideranças políticas fizeram a opção por um modelo de setor público inviável, com dificil reversão pela frente. • Mesmo sem dinheiro para investir, as forças políticas tornaram hostis ao investimento privado em concessões (volta o populismo em todas as suas dimensões) (Total: R$ 805 bilhões ou 18 ,2% do PIB) Estrutura do gasto primário (União) % total 6,0 GF = Grande folha (*) 12,1 8,2 GF 2012 Saúde 73,7 Investimento Demais 39,0 37,0 Dos quais, apenas 1,1% se referem ao Min. dos Transportes!!!!! 16,0 8,0 1987 Poup. em C/C dos Estados e Rec. Op. Cred., em % Receitas Primárias Totais 14,0% 12,7% 12,0% 11,2% 10,5% 10,0% 10,3%10,5% 9,2% 9,1% 8,7% 8,0% 6,0% 6,4% 7,5% 7,6% 7,0% 5,8% 4,5% 4,0% 2,0% 2,6% 2,6% 2,1% 1,7% 1,3% 1,1% 0,8% 1,0% 0,5% 1,1% 0,0% 2002 5,4% 5,0% 2003 2004 2005 2006 Rec. Op. Crédito 2007 2008 2009 2010 2011 Capacidade de Investir 2012 2013 2014 (Estadão 13/09/15) (…) (…) Economista brasileiro de maior reputação entre os radicados no exterior (Princeton e Columbia) O grande drama é: • Populismo tarifário, combinado com • Ineficiência da máquina Populismo tarifário Pedágios • Tarifas de energia elétrica • Preços combustíveis • Tarifas de ônibus … abaixo do custo de oportunidade de produzir o serviço Ou: Pressionar para que o retorno médio esperado fique abaixo do custo de oportunidade do capital (inclusive diferencial de risco) Em larga medida, o que vem ocorrendo é menos a falta de um arcabouço legal adequado, e mais uma descaracterização do modelo original de concessões. Em vez de deixar para a concessionária fixar o preço e administrar os riscos gerenciáveis, o governo tenta induzir o preço dos serviços e retirar da concessionária a administração de riscos de mercado (que ela tem melhores condições de administrar) e introduzir o risco político (que está fora de sua capacidade de gerenciamento). EVOLUÇÃO RECENTE • Segunda etapa do programa de concessões: leilões com tarifas baixas, mas sem entregar o prometido • Há pouco: tarifas-teto muito baixas, que levaram à ameaça de vazio em leilões (BR-364) • Por último(modicidade tarifária excessiva ao longo dos contratos, quando a margem de manobra das concessionárias se reduz): proibição da apresentação de planos de negócios e imposição de contratos de concessão que permitem a definição arbitrária de tarifas (ex. Fator X), e uso de taxas (TIR) fixadas pelo governo para reequilíbrios e obras adicionais – submetendo as concessionárias a um desnecessário risco político Em larga medida, o que vem ocorrendo é uma descaracterização do modelo de concessões. Em vez de deixar para a concessionária fixar o preço e administrar os riscos gerenciáveis, o governo tenta induzir o preço dos serviços e retirar da concessionária a administração de riscos de mercado (que, supostamente, tem condições de administrar) e introduzir o risco político (que está fora de sua capacidade de gerenciamento). O viés estatizante de controle de preços trouxe várias sequelas para o setor elétrico e para a Petrobras. Para rodovias, até o momento, o que houve foi retardamento das concessões, com consequente atraso na entrega de serviços. No longo prazo, a própria sobrevivência das empresas pode estar sob risco. Resultado ruim disso tudo em última instância: os investimentos – ou a prestação futura do serviço – fique abaixo do desejável Mesmo reconhecendo que as empresas podem aceitar contratos não tão atrativos no curto prazo, o risco que se tem é a redução da oferta no longo prazo. À medida que as empresas percebam que o comportamento oportunista tende a se perenizar, ou irão se retirar da atividade, reduzindo a oferta no longo prazo, ou irão exigir um prêmio pelo risco incorrido. Em qualquer caso, o resultado de longo prazo será tarifas mais elevadas.