BOLETIM INFORMATIVO 04/2014 TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA E RENOVAÇÃO DAS CONCESSÕES Nas últimas semanas foi noticiado a necessidade devolvidos para escolha de novo concessionário. de aporte de recursos para as concessionárias de Para renovar antecipadamente as concessões distribuição fazerem face às despesas com a que venceriam até 2015, ao final de 2012, o compra de energia das usinas termelétricas. Poder Nesse Boletim, serão mostradas as principais razões dessa situação e as consequências para as Concedente regulamentação estabelecendo as seguintes condições: a) Renovação da concessão por mais 20 anos tarifas de energia elétrica. mediante tarifas suficiente para pagamento das despesas de operação e manutenção; RENOVAÇÃO DAS CONCESSÕES b) Indenização De acordo com a regulamentação em vigor, os serviços de geração, transmissão e distribuição pelos investimentos não amortizados; c) Os investimentos para modernização ou de energia são explorados sob regime de ampliação das instalações devem ser Concessão. A empresa responsável explora os previamente aprovados pela ANEEL, com serviços por um certo prazo. ESTRUTURA DE CUSTOS editou ajuste na tarifa de exploração do serviço; Mercado Regulado Mercado Livre Redução CCC / CDE / RGR Redução CCC / CDE / RGR será Outros Encargos Outros Encargos mercado regulado, mediante cotas a serem d) Nas concessões de geração, a energia gerada Geração Renovação (20% capacidade) destinada aos consumidores do distribuídas entre todas as distribuidoras; e) A adesão ao novo regime era opcional; Energia Livre Geração (80%) f) Os que não fizerem essa opção, terão suas concessões licitadas para escolha de novo Transmissão Transmissão Renovação 60% da malha Renovação 60% da malha Distribuição Distribuição concessionário com os mesmos princípios; Com essas novas regras, há profunda alteração na estrutura concessionários dos negócios. serão Os remunerados novos pela operação e manutenção das instalações, não Ao final desse período, os investimentos não havendo previsão tarifária para investimentos amortizados Poder em ampliação ou substituição de equipamentos Concedente e os ativos ligados à concessão são importantes. No caso das empresas de geração, são ressarcidos pelo o risco hidrológico de não cumprimento do importante. Já se verificam atrasos importantes volume de geração será dos consumidores. nas obras de transmissão dessas empresas bem A receita das empresas que optaram por renovar suas concessões na forma proposta terão sua receita reduzida em cerca de 70% em relação ao montante auferido anteriormente. Essa redução como forte redução na participação em licitações para novas obras de transmissão. A capacidade de investimentos dessas empresas está comprometida por vários anos. será repassada integralmente para as tarifas dos Outra ponto que vem gerado polêmicas diz consumidores de energia. respeito à qualidade dos serviços de geração e A diminuição de despesas com as instalações de transmissão reduziu as tarifas de uso do sistema (demanda) para todos os consumidores. A diminuição das despesas com geração foi destinada às tarifas de energia aplicadas aos consumidores do mercado regulado. transmissão de energia dos novos concessionários. Há necessidade de rapidez nas decisões da ANEEL, para aprovação dos investimentos em expansões e substituição de equipamentos e na definição da tarifa aplicável para remuneração desses dispêndios. Uma vez que o processo decisório da ANEEL tende a ser Como resultado, permitiu redução de 15% a 20% nas tarifas dos consumidores do mercado regulado e de 8% a 12% no mercado livre. mais lento que as necessidades operativas há riscos de deterioração na qualidade dos serviços, principalmente, das instalações de transmissão a RECEITA DAS CONCESSIONÁRIAS médio prazo. Optaram pela renovação das concessões de IMPACTOS NAS DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA transmissão CHESF, FURNAS e ELETRONORTE (Grupo ELETROBRÁS), CETEEP e CEMIG. O processo de renovação das concessões, em princípio, não deveria ter reflexos importantes Pela renovação das concessões de geração a nos negócios das distribuidoras de energia. A CHESF e FURNAS foram as principais empresas redução das despesas com transmissão e que exerceram tal opção. CESP, CEMIG e COPEL energia seriam repassadas na mesma proporção não optaram por entender não serem atrativas para os consumidores, sem afetar os resultados. as condições ofertadas. No entanto, algumas situações diferentes e a Com isso, as empresas do Grupo ELETROBRÁS conjuntura sofreram significativa perda de receita a partir desequilíbrios importantes. do primeiro trimestre de 2013. O rating financeiro e a capacidade de alavancagem dessas empresas foi reduzido de maneira hidrológica resultaram em Primeiro, os contratos de energia das usinas que tiveram suas concessões renovadas foi redistribuído entre todas as distribuidoras nacionais, de forma que a redução a ser repassada às tarifas dos consumidores seja similar. O portfólio das distribuidoras foi alterado compulsoriamente. Porém, como parte das geradoras não aderiu ao Programa, o volume de contratos redistribuído foi menor do que IMPACTO PARA OS CONSUMIDORES Nos próximos 3 ou 4 anos as tarifas dos consumidores do mercado regulado serão reajustas acima dos índices de inflação, de forma a gerar recursos para pagamento dos empréstimos utilizados na compra de energia. havia até dezembro/2012. As distribuidoras Além disso, se as usinas hidrelétricas com ficaram subcontratadas. concessão renovada não gerarem o volume de Para regularizar o volume de energia contratada, foram organizados leilões em 2013, porém sem sucesso. Com isso, ao longo de 2013 e 2014, as distribuidoras tiveram que comprar volumes energia contratada, as distribuidoras comprarão essa energia no mercado spot os custos serão repassados para as tarifas. Nessas usinas, os riscos hidrológicos são do consumidor. importantes no mercado spot. Em 2013 e 2014, o preço de energia no mercado spot foi superior a R$270/MWh e R$700/MWh, respectivamente. As tarifas dos consumidores preveem cerca de Para minimizar os reajustes o Governo conta com a renovação das concessões de geração que vencem em 2015, usinas da CESP, CEMIG e COPEL. A redução da receita das geradoras não R$ 150/MWh para essa despesa. será repassada para as tarifas e será utilizada Em decorrência do regime hidrológico desfavorável, em 2013 e 2014, mais de 20% do consumo do país vem sendo gerado por usinas termelétricas. Essas usinas tem contratos com as distribuidoras, que são responsáveis pelo pagamento dos custos fixo e para pagamento dos empréstimos citados. Também prevê-se que esses empréstimos serão quitados em até 5 anos. Questões legais podem dificultar a renovação das concessões em 2015 e comprometer parte dessa estratégia. variável (combustível) de geração. Somente parte desse dispêndio está previsto nas tarifas. Outro risco importante para os consumidores é o aumento da frequência e duração das interrupções do fornecimento de energia, Esse “prejuízo” com a compra de energia no mercado spot e o pagamento das despesas com combustíveis vem sendo resolvido com aportes da CDE e empréstimos do tesouro federal e CCEE, que serão ressarcidos com acréscimos nas tarifas dos consumidores a partir de 2015. A situação financeira das distribuidoras é muito delicada, com riscos de inadimplência. decorrente de deficiências no sistema de transmissão, caso manutenção e os investimentos modernização não em forem executados nos prazos adequados. Na geração, há riscos de redução da capacidade de geração pelas mesmas razões.