UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO
JEQUITINHONHA E MUCURI – UFVJM
CLINÁSCIA RODRIGUES ROCHA ARAÚJO
COMPOSIÇÃO QUÍMICA, POTENCIAL ANTIOXIDANTE E
HIPOLIPIDÊMICO DA FARINHA DA CASCA DE Myrciaria cauliflora
(JABUTICABA)
DIAMANTINA – MG
2011
Clináscia Rodrigues Rocha Araújo
COMPOSIÇÃO QUÍMICA, POTENCIAL ANTIOXIDANTE E
HIPOLIPIDÊMICO DA FARINHA DA CASCA DE Myrciaria cauliflora
(JABUTICABA)
Dissertação apresentada à Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Química,
área de concentração em Química Orgânica,
para a obtenção do título de “Mestre”.
Orientadora: Profa. Dra. Nísia Andrade
Vilela Dessimoni Pinto/UFVJM
Co-orientação: Profa. Dra. Elizabethe Adriana
Esteves/UFVJM
Co-orientação: Profa. Dra. Angelita Duarte
Correa/UFLA
DIAMANTINA - MG
2011
Ficha Catalográfica - Serviço de Bibliotecas/UFVJM
Bibliotecário Rodrigo Martins Cruz
CRB6-2886
Araújo, Clináscia Rodrigues Rocha.
A663c
Composição química, potencial oxidante e hipolipidêmico da farinha da casca
de Myrciaria couliflora (jabuticaba) / Clináscia Rodrigues Rocha Araújo. –
Diamantina: UFVJM, 2011.
119 p.
Orientador: Nísia Andrade Villela Dessimoni Pinto.
Dissertação (Mestrado em Química) - Faculdade de Ciências
Exatas, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri.
1. Myrciaria couliflora. 2. Resíduos vegetais. 3. Lipídios - Metabolismo. 4.
Atividade antioxidante. 5. Farinha - Composição química. I. Título.
CDD 664.8
À minha família
Se o sol se pôr e a noite chegar
Tu és quem me guia
Se a tempestade me alcançar
Tu és meu abrigo
Se o mar me submergir
A Tua mão me traz à tona pra respirar
E me faz andar sobre as águas
Tu és o Deus da minha salvação
És o meu dono, minha paixão,
Minha canção e o meu louvor
Aleluia........
(Se O Sol Se Pôr - Trazendo a Arca)
AGRADECIMENTOS
- Ao meu Deus por Jesus Cristo e pelos pensamentos de paz em meu favor. Muito obrigada
por me permitir viver seus milagres e experimentar de sua provisão em todos os momentos de
minha vida.
- Aos meus pais, Nair Rodrigues Rocha e Nilson Cassiano Rocha (sempre presente) meus
exemplos de força e perseverança. Muito obrigada por sonharem meus sonhos e se dedicarem
a eles.
- Ao meu esposo Fernando. Muito obrigada pelo amor e incentivo sem os quais seria mais
difícil este caminho. Amo você!
- À Júnia, Nilsinho e Lincoln pela presença. Amo vocês!
-A família Araújo pelas orações, apoio e amizade.
- À Renata, D. Dalila e Luciana pelo acolhimento, confiança e ajuda. Agradecer a vocês é
quase impossível.
- À minha orientadora Dra. Nísia Andrade Vilela Dessimoni Pinto pelo acolhimento, amizade
e oportunidade de realização deste trabalho.
- À Dra. Elizabethe Adriana Esteves pela co-orientação, paciência, dedicação e ensinamentos
valiosos.
- Ao Dr. Antônio Flávio Carvalho de Alcântara pela confiança, acolhimento e ensinamentos.
- À Dra. Patrícia Machado Oliveira e à Dra. Roqueline Rodrigues Silva de Miranda pelas
sugestões, atenção e auxílio.
- Aos amigos dos laboratórios de Biomassas do Cerrado, Nutrição Experimental, Química e
Fertilidade do Solo pela ajuda e disposição. Aprendi muito com vocês e sou eternamente
grata.
- Aos amigos do laboratório de Química/UFMG pelo acolhimento e aprendizado.
- Ao Thiago de Melo pela amizade e contribuição essencial a este trabalho.
- A todos que contribuíram de maneira direta ou indireta para a concretização deste sonho,
meus mais sinceros agradecimentos.
i
RESUMO
ROCHA-ARAÚJO, C. R. Composição Química, Potencial Antioxidante e Hipolipidêmico da
Farinha da Casca de Myrciaria cauliflora (jabuticaba). 2011. 119 p. Dissertação de Mestrado
(Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Química). Faculdade de Ciências Exatas,
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina - UFVJM, 2011.
Myrciaria cauliflora (jabuticabeira) é uma espécie frutífera, nativa do Brasil e bastante
cultivada em pomares domésticos de Minas Gerais. Porém, pouco se conhece sobre a
composição química e efeitos biológicos dos resíduos de seus frutos. Diante disso, o presente
trabalho teve como objetivo avaliar a composição química, o potencial antioxidante (in vitro)
e hipolipidêmico (in vivo) da farinha das cascas do fruto de Myrciaria cauliflora. Para tanto,
frutos (jabuticabas) maduros foram despolpados manualmente e suas cascas secas e trituradas
até a obtenção de uma farinha homogênea (FCJ). Avaliou-se sua composição centesimal,
conteúdo mineral, fenólicos totais, flavonóides e antocianinas, assim como sua atividade
antioxidante in vitro através de diferentes métodos (DPPH, ABTS●+, FRAP e βcaroteno/ácido linoléico). A FCJ foi submetida à extração hidroalcoólica e os extratos
fracionados em Cromatografia em Coluna (CC). Os fitoconstituintes isolados foram
caracterizados por IV e RMN. O potencial hipolipidêmico foi avaliado em grupos de ratos
machos alimentados com dietas semipurificadas, sendo a dieta Padrão (PDR) baseada na
AIN93M, a dieta Controle (CTRL) semelhante à PDR e suplementada com 7% de banha de
porco, e três dietas experimentais semelhantes à CTRL, porém suplementadas com 7, 10 e
15% de FCJ (JAB1, JAB2 e JAB3, respectivamente). Níveis séricos e hepáticos de colesterol,
bem como níveis séricos de HDL, triglicerídeos e glicose foram avaliados. A excreção fecal
de lipídeos foi avaliada também. A FCJ foi classificada como fornecedora de alto teor de
fibras (15,26%). Os teores de fenólicos totais (1895 mg ácido gálico/100 g), flavonóides
(8,960 g de catequina /100g) e antocianinas (0,6823 g de cianidina-3-glicosídeo/100g) foram
altos assim como a atividade antioxidante verificada pela captura de radicais-livres DPPH
(3,184 g de FCJ/g DPPH) e ABTS●+ (1017 μmol Trolox/g de FCJ), redução dos íons Fe+3
(167,7 mM de Fe2SO4/100g) e capacidade de inibição do branqueamento do β-caroteno
(75,96% de inibição para a concentração de 1000 mg/L). O ácido cítrico, o sitosterol e o
sitosterol-D-glicopiranosídeo foram isolados, sendo, os dois últimos, citados pela primeira
vez nesta espécie. A inclusão da FCJ, nas três proporções, reduziu o colesterol total (CT) e os
ii
triglicerídeos (TG) séricos em relação à dieta CTRL. A dieta JAB3 elevou os níveis de HDL
séricos e reduziu os de colesterol hepático em relação à CTRL. A dieta JAB3 reduziu a
glicose sérica em comparação à JAB2, mas essa diferença não foi significativa em relação à
PDR, à CTRL ou à JAB1. Não houve diferença na excreção fecal de lipídeos entre os grupos
experimentais. Os resultados obtidos poderão servir de auxílio para o melhor aproveitamento
deste resíduo e compreensão de seus efeitos metabólicos além de contribuir para garantir a
segurança da sua ingestão como alimento.
Palavras-Chaves: Myrciaria cauliflora, farinha, resíduo vegetal, atividade antioxidante,
metabolismo lipídico, composição química.
iii
ABSTRACT
ROCHA-ARAÚJO, C. R. Chemical composition, antioxidant and hypolipidemic potential of
peel flour Myrciaria cauliflora (jabuticaba). 2011. 119 p. Master‟s Dissertation (Stricto Sensu
Graduate Program in Chemistry). Faculty of Natural Sciences, Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, Diamantina, 2011.
Myrciaria cauliflora (jabuticabeira) is a fruit specie, native in Brazil and created mainly in
domestic gardens in Minas Gerais. However, little is known about its chemical composition
and biological effects in the fruit residue. In front of this, the present work had as a goal to
evaluate the chemical composition, antioxidant potential (in vitro) and hypolipidemic (in vivo)
of Myrciaria cauliflora fruit peel flour (FCJ). For that, mature fruits (jabuticaba) were pulped
manually and its peel was dried and crushed to obtain a homogeneous flour (FCJ). There had
been evaluated the proximate composition, mineral content as well as total phenolic,
flavonoids and anthocyanins as their antioxidant activity in vitro through different methods
(DPPH, ABTS●+, FRAP and β-caroten/acid linoleic). The FCJ was also subjected to
extraction with water-alcohol extracts fractionated in column chromatography (CC). The
phytochemicals isolated were characterized IR and NMR. The lipid-lowering activity was
evaluated in groups of male rats, fed with semipurified diets, being a PDR diet based on
AIN93M; a CTRL diet based on PDR, but added 7% of pork lard; and three experimental
diets similar to CTRL, but added MPF at 7, 10 and 15% (JAB1, JAB2 and JAB3,
respectively). Serum and liver cholesterol as well as serum levels of HDL, triglycerides and
glucose were evaluated. Fecal output of lipids was also evaluated. The FCJ was classified as a
supplier of high-fiber (15,26%). The levels of total phenolic (1895 mg gallic acid/100 g),
flavonoids (8,960 g de catechin /100g) and anthocyanins (0,6823 g de cyanidin-3glucoside/100g) were high as the antioxidant activity verified to capture of free radicals
DPPH (3,184 g de FCJ/g DPPH) and ABTS●+ (1017 μmol Trolox/g de FCJ), to reduction of
ions Fe+3 (167,7 mM de Fe2SO4/100g) and capacity in inhibition of whitening of β-caroten
(75,96% of inhibition of concentration of 1000 mg/L). The citric acid, sitosterol and
sitosterol- D-glucopyranoside were isolated, being the last two, mentioned in this specie for
the first time.
iv
The inclusion of the MPF, at the three ratios reduced serum cholesterol and triglycerides
compared to CTRL. JAB3 diet raised serum HDL cholesterol and reduced liver cholesterol
compared to CTRL. JAB3 diet reduced serum glucose compared to JAB2, but this difference
was not significant compared to PDR, CTRL or JAB1. There was no difference in fecal
output of lipids between the groups. The results obtained may serve as an aid to better
utilization of residue and to understand the MFP metabolic effects in addition to ensure the
safety of its intake as a food.
Keywords: Myrciaria cauliflora, flour, residue vegetal, atividade antioxidant, metabolismo
lipídico, chemical composition.
v
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. Composição química e potencial antioxidante in vitro da farinha da casca de
Myrciaria cauliflora (jabuticaba)
1
INTRODUÇÃO ..........................................................................................
2
OBJETIVOS................................................................................................. 5
3
REVISÃO DE LITERATURA .................................................................
6
3.1
Família Myrtaceae ........................................................................................
6
3.1.1
Espécie Myrciaria cauliflora.........................................................................
7
3.2
Resíduos vegetais .........................................................................................
8
3.3
Caracterização Química ...............................................................................
9
3.3.1
Composição Centesimal................................................................................
9
3.3.2
Fenólicos Totais............................................................................................. 12
3.3.3
Flavonóides ................................................................................................... 14
3.3.4
Antocianinas .................................................................................................
16
3.4
Conteúdo Mineral .........................................................................................
17
3.5
Características Físico-Químicas....................................................................
19
3.6
Atividade Antioxidante ...............................................................................
20
3.6.1
Avaliação da Atividade Antioxidante .........................................................
22
3.6.1.1
Atividade antioxidante por captura de radical livre DPPH ..........................
22
.......................
23
3.6.1.3
Atividade antioxidante por redução do Fe (FRAP) ..................................
24
3.6.1.4
Atividade antioxidante por inibição da oxidação lipídica (branqueamento 25
do β-caroteno) ...............................................................................................
3.6.2
Antioxidantes em resíduos de frutos ............................................................. 25
4
MATERIAL E MÉTODOS........................................................................
4. 1
Equipamentos ................................................................................................ 28
4.2
Preparo da farinha ......................................................................................... 28
4. 3
Caracterização Química ...............................................................................
29
4. 3.1
Composição centesimal.................................................................................
29
4. 3.2
Fenólicos Totais............................................................................................. 30
4. 3.3
Flavonóides e Antocianinas ..........................................................................
31
4.4
Conteúdo Mineral..........................................................................................
32
3.6.1.2
Atividade antioxidante por captura de radical livre ABTS
●+
2
+3
28
vi
4.5
Características Físico-Químicas. ..................................................................
32
4.6
Atividade antioxidante .................................................................................
32
4.6.1
Atividade antioxidante por captura de radical livre DPPH ..........................
33
4.6.2
Atividade antioxidante por captura de radical livre ABTS●+ ......................
33
4.6.3
Atividade antioxidante por redução do Fe+3 (FRAP) ..................................
34
4.6.4
Atividade antioxidante por inibição da oxidação lipídica (branqueamento 34
do β-caroteno) ...............................................................................................
4.7
Estudo Fitoquímico.......................................................................................
35
4.7.1
Métodos cromatográficos .............................................................................
35
4.7.1.1
Cromatografia em camada delgada (CCD)...................................................
35
4.7.1.2
Cromatografia em coluna (CC) ....................................................................
35
4.7.2
Testes Químicos ...........................................................................................
35
4.7.2.1
Ponto de Fusão .............................................................................................
35
4.7.2.2
Métodos Espectrométricos ............................................................................ 36
4.7.2.2.1 Infravermelho ................................................................................................ 36
4.7.2.2.2 RMN de 1H e de 13C ....................................................................................
36
4.7.3
Preparo do extrato bruto ...............................................................................
36
4.7.4
Fracionamento do extrato bruto da FCJ .......................................................
36
4.7.5
Fracionamento do extrato em clorofórmio ...................................................
37
4.7.6
Fracionamento do extrato em AcOEt ...........................................................
39
4.8
Análises Estatísticas .....................................................................................
40
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................
41
5.1
Caracterização Química ...............................................................................
41
5.1.1
Composição Centesimal ...............................................................................
41
5.1.2
Fenólicos Totais ............................................................................................ 42
5.1.3
Flavonóides e Antocianinas ..........................................................................
44
5.2
Conteúdo Mineral .........................................................................................
46
5.3
Características Físico-Químicas ..................................................................
47
5.4
Atividade Antioxidante ................................................................................
48
5.4.1
Atividade antioxidante por captura de radical livre DPPH ..........................
48
●+
5.4.2
Atividade antioxidante por captura de radical livre ABTS
.......................
49
5.4.3
Atividade antioxidante por redução do Fe+3 (FRAP) ..................................
50
5.4.4
Atividade antioxidante por inibição da oxidação lipídica (branqueamento 50
do β-caroteno) ...............................................................................................
5.5
Análise estrutural .........................................................................................
51
vii
5.5.1
Amostra RC4.................................................................................................
51
5.5.2
Amostra RA4 ................................................................................................
56
5.5.3
Amostra RA5 ...............................................................................................
60
6
CONCLUSÃO ............................................................................................
66
REFERÊNCIAS .........................................................................................
67
CAPÍTULO 2. Potencial hipolipidêmico in vivo da farinha da casca de Myrciaria cauliflora
(jabuticaba)
1
INTRODUÇÃO ..........................................................................................
79
2
OBJETIVOS ...............................................................................................
82
3
REVISÃO DE LITERATURA .................................................................
83
3.1.
Metabolismo de lipídeos ..............................................................................
83
3.1.1
Metabolismo do Colesterol ..........................................................................
83
3.1.2
Metabolismo dos Triglicerídeos ..................................................................
87
3.2
Dislipidemias x Dieta ...................................................................................
88
3.3
Potencial hipolipidêmico de frutos e resíduos de frutos exóticos ................
94
4
MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................
97
4.1
Animais e condições experimentais .............................................................
97
4.2
Dietas experimentais ....................................................................................
97
4.2.1
Preparo da farinha ........................................................................................
97
4.2.2
Preparo das dietas ......................................................................................... 98
4.3
Desenho experimental ..................................................................................
99
4.4
Índices e Parâmetros Avaliados ...................................................................
99
4.4.1
Ingestão Alimentar (IA), Ganho de Peso (GP) e Coeficiente de Eficiência
Alimentar (CEA) ........................................................................................
100
4.4.2
Análises de sangue .......................................................................................
100
4.4.2
Análises hepáticas ........................................................................................
100
4.4.4
Análises fecais ............................................................................................. 101
4.5
Análises Estatísticas ....................................................................................
101
5
RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................
102
5.1
Ingestão Alimentar, Ganho de Peso e Coeficiente de Eficiência Alimentar. 102
5.2
Análises bioquímicas do sangue ..................................................................
103
5.3
Análises do fígado .......................................................................................
106
5.4
Análises das fezes ........................................................................................
107
6
CONCLUSÕES ..........................................................................................
110
viii
REFERÊNCIAS .........................................................................................
111
ANEXO 1 ..................................................................................................... 119
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1. Composição química e potencial antioxidante in vitro da farinha da casca
Myrciaria cauliflora (jabuticaba)
Figura 1-
Metabolitos secundários isolados em frutos de Myrciaria cauliflora.... 3
Figura 2-
Árvores e frutos de Myrciaria cauliflora ..............................................
8
Figura 3-
Esqueleto básico dos flavonóides ........................................................
15
Figura 4-
Estrutura das antocianinas ..................................................................... 16
Figura 5-
Estabilização do radical livre DPPH .....................................................
23
Figura 6-
Estabilização do radical ABTS●+ por antioxidante ...............................
24
Figura 7-
Redução do complexo TPTZ (2,4,6-tri(2-piridil)-1,3,5-triazina) com 24
Fe3+ ........................................................................................................
Figura 8-
Esquema do sequenciamento metodológico do fracionamento do 37
extrato bruto da FCJ ..............................................................................
Figura 9-
Estrutura do sitosterol ...........................................................................
52
Figura 10-
Espectro de absorção na região do IV de RC4 (KBr) ..........................
53
Figura 11-
Espectro de RMN de 1H de RC4 (CDCl3; 200 MHz) ..........................
53
Figura 12-
Espectro de RMN de 13C de RC4 (CDCl3; 50MHz) ............................
54
Figura 13-
Subespectro DEPT de RC4 (CDCl3; 50MHz) ......................................
54
Figura 14-
Estrutura
do
ácido
cítrico
(ácido
2-hidroxi-1,2,3 57
propanotricarboxílico) ...........................................................................
Figura 15-
Espectro de absorção na região do IV de RA4 (KBr) ...........................
Figura 16-
Espectro de RMN de 1H de RA4 (DMSO-d6; 50MHz) ........................ 58
Figura 17-
Espectro de RMN de 13C de RA4 (DMSO-d6; 50MHz) ......................
58
Figura 18-
Subespectro DEPT de RA4 (DMSO -d6; 50MHz) ...............................
59
Figura 19-
Estrutura do sitosterol- D-glicopiranosídeo ..........................................
61
Figura 20-
Espectro de absorção na região do IV de RA5 (KBr) ...........................
62
Figura 21-
Espectro de RMN de 1H de RA5 (DMSO-d6; 50MHz) .......................
62
57
ix
Figura 22-
Espectro de RMN de 13C de RA5 (DMSO-d6; 50MHz) ......................
63
Figura 23-
Subespectro DEPT de RA5 (DMSO -d6; 50MHz) ...............................
63
Capítulo 2. Potencial hipolipidêmico in vivo da farinha da casca de Myrciaria cauliflora
(jabuticaba)
Figura 1-
Estrutura química do colesterol livre ....................................................
83
Figura 2-
Principais etapas da síntese de colesterol a partir de acetil-CoA .........
84
Figura 3-
Composição dos QM, VLDL, LDL e HDL ..........................................
85
Figura 4-
Desenho experimental............................................................................ 99
x
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1. Composição química e potencial antioxidante in vitro da farinha da casca de
Myrciaria cauliflora (jabuticaba)
Tabela 1-
Classificação dos compostos fenólicos de acordo com o esqueleto 13
básico .......................................................................................................
Tabela 2-
Classes de flavonóides e algumas de suas características ........................ 15
Tabela 3-
Sinais de carência em minerais ................................................................ 18
Tabela 4-
Fracionamento do extrato em clorofórmio da FCJ ..................................
Tabela 5-
Reunião das frações obtidas por CCD do extrato em clorofórmio da 38
FCJ ...........................................................................................................
Tabela 6-
Fracionamento do extrato em AcOEt da FCJ ..........................................
39
Tabela 7-
Reunião das frações obtidas por CCD do extrato em AcOEt da FCJ ....
39
Tabela 8-
Composição centesimal (g.100g-1) da FCJ...............................................
41
Tabela 9-
Fenólicos totais (mg de ácido gálico, GAE/100 g) extraídos por 43
diferentes solventes pelos reagentes Folin Denis e Folin Ciocalteu ........
Tabela 10 -
Comparação entre teores de fenólicos totais (mg GAE /100 g) extraídos 43
por diferentes solventes e reagentes (Folin Ciocauteau e Folin Denis) ...
Tabela 11-
Flavonóides (g de catequina /100g) e antocianinas (g de cianidina-3- 45
glicosídeo/100g) na FCJ ..........................................................................
Tabela 12-
Composição em minerais (mg/100g) na FCJ............................................ 46
Tabela 13-
Sólidos Solúveis (ºBrix), Acidez Total (g de ácido cítrico 48
hidratado/100g de FCJ) e pH da FCJ ......................................................
Tabela 14-
Atividade antioxidante da FCJ por captação de radicais livres DPPH (g 49
de FCJ/g de DPPH), captação de radicais livres ABTS.+ (μmol Trolox/g
de FCJ) e redução do Fe, FRAP, (mM de Fe2SO4/100 g de
FCJ)...........................................................................................................
Tabela 15-
Atividade antioxidante por inibição da oxidação lipídica (sistema β- 51
caroteno/ácido linoléico) em três diferentes concentrações de FCJ.........
Tabela 16-
Atribuição dos sinais do espectro de RMN de 13C de RC4 (50MHz, 55
CDCl3) e comparação com dados da literatura para o sitosterol ............
38
xi
Tabela 17-
Comparação dos sinais do espectro de RMN de 13C obtido para a RA4 59
(50MHz, DMSO-d6) com dados da literatura para o ácido cítrico .........
Tabela 18-
Comparação dos sinais do espectro de RMN de 13C obtido para RA5 64
(50MHz, DMSO-d6) com dados da literatura para o sitosterol- Dglicopiranosídeo .......................................................................................
Capítulo 2. Potencial hipolipidêmico in vivo da farinha da casca de Myrciaria cauliflora
(jabuticaba)
Tabela 1-
Composição das dietas experimentais em g/Kg e densidade calórica 98
(Kcal/Kg)...................................................................................................
Tabela 2-
Ganho de peso (g), ingestão alimentar (g) e coeficiente de eficiência 102
alimentar (%) de ratos alimentados com dietas hiperlipídicas,
suplementadas com 7, 10 e 15% de farinha de casca de jabuticaba ........
Tabela 3-
Concentrações séricas (mg/dL) de colesterol total, triglicerídeos, HDL 104
e glicose em animais experimentais submetidos a dietas hiperlipidicas
suplementadas com farinha da casca de jabuticaba em diferentes
proporções ...............................................................................................
Tabela 4-
Peso corporal final (g), Peso do fígado (g), Peso relativo do fígado (g) e 106
Colesterol total (mg/dL) hepático de animais experimentais submetidos
à dieta hiperlipidica suplementada com 7, 10 e 15% de farinha da casca
de jabuticaba .............................................................................................
Tabela 5-
Peso úmido (Pufe), Peso seco (PSfe), % de lipídeos (Lip.fezes) e pH 108
das fezes de ratos submetidos a dietas hipercolesterolêmicas com
adição de farinha da casca de jabuticaba em diferentes proporções.......
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AA
-Atividade antioxidante
ABTS●+
-2,2´-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)
Acetil CoA
-Acetilcoenzima A
AcOEt
-Acetato de etila
AG
-Ácido graxo (s)
AGCC
-Ácido graxo (s) de cadeia curta
AGCL
-Ácido graxo (s) de cadeia longa
AGCM
-Ácido graxo (s) de cadeia média
AGCML
-Ácido graxo (s) de cadeia muito longa
Apo
-Apolipoproteína ou apoproteína
AT
-Acidez total
AVC
-Acidente vascular cerebral (s)
CAT
-Enzima Catalase
CC
-Cromatografia em coluna
CCD
-Cromatografia em camada delgada
CDCl3
-Clorofórmio deuterado
CEA
-Coeficiente de eficiência alimentar
CEPT
-Proteína transportadora de ester de colesterol
Colesterolfig
-Colesterol no fígado
CT
-Colesterol total
CTRL
-Dieta controle (AIN-93G + 7% de banha de porco)
DCM
-Diclorometano
DCV
-Doença (s) cardiovascular (s)
DEPT-135
-Distortionless Enhancement by Polarization Transfer – ângulo 135º
DPPH
-Diphenyl-2-pricrylhydrazyl
EC50
-Concentração do extrato capaz de atingir 50% da atividade antioxidante
máxima.
EMBRAPA
-Empresa brasileira de pesquisa agropecuária
ERN
-Espécies reativas de Nitrogênio
ERO
-Espécies reativas de Oxigênio
FABPC
-Proteína de ligação com ácidos graxos no citoplasma
FCJ
-Farinha da casca de jabuticaba
FDA
-Food and Drug Administration
xiii
FeIII-TPTZ
-(2,4,6-tri(2-piridil)-1,3,5-triazina) com Fe3+
FeII-TPTZ
-(2,4,6-tri(2-piridil)-1,3,5-triazina) com Fe2+
FR
-Fator de risco (s)
FRAP
-Ferric reducing
GAE
-Ácido gálico
GP
-Ganho de Peso
GPx
-Enzima glutationa peroxidase
GSH
-Glutationa
GSR
-Enzima glutationa redutase
HDL
-Lipoproteína de alta densidade
HLD3
-Lipoproteína de alta densidade esférica e madura
HMG-CoA
-Hidroxi-3-metilglutaril coenzima A redutase
IA
-Ingestão alimentar
IDL
-Lipoproteína de densidade intermediária
JAB1
-Dieta PDR + 7% de FCJ (AIN-93G + 7% de banha de porco + 7% FCJ)
JAB2
-Dieta PDR + 10% de FCJ (AIN-93G + 7% de banha de porco + 10% FCJ)
JAB3
-Dieta PDR + 15% de FCJ (AIN-93G + 7% de banha de porco + 15% FCJ)
LCAT
-Lecitina colesterol acil transferase
LDL
-Lipoproteína de baixa densidade
LpL
-Lipase lipoprotéica
PDR
-Dieta padrão (AIN-93G)
Pesofig
-Peso total do fígado
Prelfig
-Peso relativo do fígado
QM
-Quilomícrons
QMR
-Quilomícrons remanescentes
SOD
-Enzima Superóxido Dismutase
TG
-Triglicerídeo (s)
VLDL
-Lipoproteína de muito baixa densidade
δ
-Deslocamento químico
Capítulo 1
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E POTENCIAL
ANTIOXIDANTE IN VITRO DA FARINHA DA CASCA
DE Myrciaria cauliflora (JABUTICABA)
2
1 INTRODUÇÃO
A grande extensão territorial e as condições climáticas diversificadas fazem com que a
flora brasileira tenha diversos exemplares vegetais considerados importantes matérias-primas
para fornecimento de insumos e/ou fabricação de produtos finais para os mais diversos usos,
além do fornecimento de substâncias biologicamente ativas (VILLAR et al., 2006 ). Dentre os
vegetais, a família Myrtaceae ocorre em diferentes biomas nos quais é conhecida por sua
elevada riqueza de espécies, além do seu importante papel na composição florística e
equilíbrio ambiental das florestas do Sul e Sudeste brasileiro (ROMAGNOLO e SOUZA,
2004).
Pertencente à família Myrtaceae, Myrciaria cauliflora é uma espécie brasileira nativa,
conhecida como jabuticabeira e distribuída amplamente na mata pluvial atlântica e nas
submatas de altitude, sendo comum nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e
Rio de Janeiro. Essa planta tem despertado grande interesse entre os produtores rurais devido
a sua alta produtividade, rusticidade e aproveitamento de seus frutos in natura ou pela
indústria alimentícia. Sua polpa fermentada, por exemplo, produz licor, vinho e vinagre
(SILVA et al., 2008).
O fruto de Myrciaria cauliflora, conhecido popularmente como jabuticaba, é
caracterizado como baga globosa de até 3 cm de diâmetro, com casca preto-avermelhada,
polpa esbranquiçada, mucilaginosa e agridoce. Porém, tem seu comércio limitado devido a
sua alta perecibilidade, uma vez que perde água, resultando em murchamento, enrugamento
da casca e perda de peso (MAGALHÃES e BARROS, 1996).
Metabólitos secundários pertencentes à classe de fenólicos, antocianinas e flavonóides
(cianidina-3-glicosídeo, delfinidina-3-glicosídeo, miricetina, quercetina e ácido gálico), além
de um depsídeo bioativo (jabuticabin), foram isolados em frutos maduros de Myrciaria
cauliflora (REYNERTSON et al., 2006) (Figura 1, pág.3). Rufino et al. (2010) constataram
que o extrato conjunto de polpa e casca de jabuticaba contêm vitamina C.
3
O conteúdo de compostos fenólicos totais e a atividade antioxidante são
particularmente altos nas cascas de algumas frutas, mais do que em sua polpa (VIEIRA et al,
2009; AJILA et al. 2007; GUO et al., 2003). Além dos potenciais biológicos atribuídos aos
compostos fenólicos, tais como a atividade antioxidante, propriedades anti-inflamatórias,
anticarcinogênicas (MEYER et al., 1997), a utilização de resíduos agroindustriais justifica-se
uma vez que subprodutos representam um sério problema para uma produção agrícola
sustentável. Indústrias de processamento de alimentos criam grandes quantidades de
subprodutos que são difíceis de eliminar à medida que têm alta demanda de oxigênio
biológico (BERARDINI et al., 2005).
OH
OH
OH
OH
HO
O
+
HO
O
+
OH
OGlicose
OGlicose
OH
OH
cianidina-3-glicosídeo
delfinidina-3-glicosídeo
OH
HO
OH
O
HO
OH
HO
OH
O
O
O
HO
HO
OH
O
miricetina
OH
OH
Ácido gálico
HO
OH
Ácido ascórbico
4
OH
OH
HO
O
OH
HO
O
OH
O
HO
O
quercetina
OH
OH
O
O
CH3
depsideo bioativo (jabuticabin)
Figura 1. Metabólitos secundários isolados em frutos de Myrciaria cauliflora.
Embora sejam poucos os dados encontrados na literatura quanto aos constituintes
químicos unicamente da fração da casca de jabuticaba, Santos et al., (2010) quantificaram,
nesta fração, 6,170 mg de cianidina-3-glicosídeo/g e 35,85 mg ácido gálico/g de matéria seca
como teores de antocianinas e fenólicos totais, respectivamente. Casca e semente de
jabuticaba, juntas, representam aproximadamente 50% da fruta (MAGALHÃES e BARROS,
1996) e, se aproveitadas, podem agregar-lhe maior valor.
5
2 OBJETIVOS
O estudo descrito teve como objetivos produzir uma farinha com a casca de jabuticaba
(FCJ) e determinar sua composição centesimal e mineral, teor de fenólicos totais, flavonóides
e antocianinas bem como sua atividade antioxidante in vitro através da captura de radical-livre
(DPPH e ABTS●+), redução do ferro (FRAP) e inibição da oxidação lipídica (βcaroteno/ácido linoleico). Além disso, buscou-se avaliar também as características físicoquímicas (sólidos solúveis, acidez total e pH) da FCJ e identificar as substâncias dela isoladas.
6
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Família Myrtaceae
O termo Myrtaceae é originário do grego “myron” que significa perfume e justifica-se
pela presença de bolsas secretoras de essências, tanto no córtice do caule como no parênquima
das folhas (LANDRUM e KAWASAKI, 1997). Essa família compreende cerca de 100
gêneros e 3000 espécies que se distribuem por todos os continentes, à exceção da Antártica,
mas com nítida predominância nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Pertencente à
ordem Myrtales, a família Myrtaceae está bem representada na flora brasileira onde ocorre em
diferentes biomas (MARCHIORI e SOBRAL, 1997).
Myrtaceae constitui uma das mais importantes famílias da classe Angiospermae no
Brasil e se caracteriza por apresentar plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas e com folhas
inteiras de disposição alterna ou oposta e às vezes oposta cruzada, com estípulas muito
pequenas. As flores em geral são brancas ou às vezes vermelhas, efêmeras, hermafroditas, de
simetria radial, em geral pentâmeras, mono ou diclamídeas, muitas vezes com um receptáculo
bem desenvolvido. A corola é suprimida às vezes e o cálice gamossépalo com deiscência
transversal, sendo os estames geralmente muito numerosos. Ovário súpero a semi-ínfero até
ínfero, pentacarpelar e pentalocular, com muitos óvulos. Seus frutos são baciforme ou
capsular loculicida e as sementes, muitas vezes, mostrando poliembrionia (LANDRUM e
KAWASAKI, 1997).
A família Myrtaceae apresenta vegetais importantes sob diversos aspectos: aqueles
que dão frutos comestíveis como Psidium guajava (goiabeira), Punica granatum (romeira),
Eugenia jambosa (jamboeira) e Bertholletia excelsa (castanheira-do-Pará), aqueles aromáticos
como Syzygium aromaticum (craveiro-da-Índia), Myrtus communis (murta) e Melaleuca
leucadendron (cajepute) e aqueles que oferecem madeira de qualidade empregada em
construção, como Couratari legalis (jequitibá-rosa), C. estrellensis (jequitibá-vermelho) e
Lecythis pisonis ou L.ollaria (sapucaia) (MAEDA et al, 1990). Suas espécies são utilizadas
amplamente
na
medicina
popular
e
empregadas,
principalmente,
em
distúrbios
gastrointestinais, estados hemorrágicos e doenças infecciosas, podendo sua ação estar
relacionada às suas propriedades adstringentes. As partes mais utilizadas são as folhas, cascas
e, também, os frutos que são comumente consumidos (CRUZ e KAPLAN, 2004).
7
3.1.1 Espécie Myrciaria cauliflora
A espécie Myrciaria cauliflora, pertencente à família Myrtaceae e ao gênero
Myrciaria, é conhecida popularmente como jabuticabeira e apresenta o Brasil como centro de
origem e dispersão natural, sendo encontrada desde o Pará até o Rio Grande do Sul
(CORRÊA, 1984). Segundo Mattos (1983), as jabuticabeiras encontradas em Minas Gerais e
no Rio de Janeiro cujos nomes vulgares são “jabuticaba ponhema”, “jabuticaba paulista” e
“jabuticaba-açu” foram classificadas por Berg (1857) como Myrciaria cauliflora (DC) Berg,
ao passo que as nativas das regiões do Rio de Janeiro e São Paulo e conhecidas popularmente
como “jabuticaba Sabará” e “jabuticaba-de-cabinho” foram denominadas de Myrciaria
jaboticaba (Vell) Berg.
Myrciaria cauliflora (DC) Berg é arbórea, de porte médio e apresenta tendência ao
engalhamento a menos de um metro do solo (Figura 2, pág. 8). Suas flores desenvolvem-se
nos ramos (caulifloria), são brancas, pequenas e com ovário bicarpelar. As folhas apresentam
a nervura central levemente impressa na epiderme adaxial e saliente na epiderme abaxial.
Pode frutificar duas vezes ao ano e ter fase reprodutiva com duração de 30 a 50 anos, sendo
seu fruto (jabuticaba) uma baga globosa de até três (3) cm de diâmetro cujo epicarpo varia de
roxo-escuro a preto, de polpa macia, esbranquiçada, suculenta e agridoce, podendo apresentar
até quatro sementes. Tal fruto é apreciado em todo o país e consumido in natura ou
processados na forma de suco, geléia, licor, vinagre e chás medicinais, dentre outros. De
maneira geral, o período de comercialização pós-colheita da jabuticaba é curto uma vez que,
em apenas dois dias após o recolhimento, sofre uma rápida alteração da aparência e do sabor
decorrente da intensa perda de água, deterioração e fermentação da polpa (BARROS e
MAGALHÃES, 1996).
Na medicina popular utiliza-se a casca de jabuticaba como adstringente, útil contra
diarréia e irritações da pele, sendo indicada também como antiasmática, anti-inflamatória (nas
inflamações dos intestinos) e em casos de hemoptise (REYNERTSON et al., 2006).
8
Figura 2. Árvores e frutos de Myrciaria cauliflora. Fontes: http://ocultivoavida.blogspot.com,
http://tatinew.wordpress.com. Paisagismo para Pequenos Espaços, p. 114, Ed. Europa.
3.2 Resíduos vegetais
A palavra “resíduo” é derivada do latim “residum” e traduz-se na diminuição do valor
de uma matéria que passa a ser destinada ao abandono. Segundo Pelizer et al. (2007), resíduo
diferencia-se de lixo, uma vez que, enquanto este não possui nenhum tipo de valor, devendo
apenas ser descartado, aquele possui valor econômico agregado, sendo possível seu
reaproveitamento no próprio processo produtivo.
9
No Brasil, resíduos de frutas e hortaliças são desperdiçados geralmente em todos os
pontos de comercialização até o consumo final, incluindo agricultores, indústrias e
consumidores. Os alimentos e os seus subprodutos (cascas, sementes e bagaços) que, muitas
vezes, destinam-se à ração animal, poderiam ser utilizados como fontes alternativas de
compostos bioativos, a fim de suprir as necessidades nutricionais, além de diminuir o
desperdício, reduzir o impacto ambiental e agregar valor aos subprodutos (BERGAMASCHI,
2010). Segundo Boari-Lima et al., (2008) casca e semente da jabuticaba, juntas, representam
mais de 50% do peso do fruto, sendo este percentual bastante elevado para ser desperdiçado
quando considerado resíduo na fabricação de produtos artesanais ou industriais.
A gestão de resíduos é um caminho que vem sendo adotado por várias empresas para
preservação dos recursos naturais e a fim de garantir sua sustentabilidade. Partindo desse
contexto, estudos vêm sendo feitos para determinar a melhor forma de reciclar, tratar,
reaproveitar e reutilizar os resíduos vegetais. Quando não é possível ou recomendável o
aproveitamento de resíduos “in natura”, técnicas de tratamento devem ser aplicadas com o
intuito de proporcionar transformações químicas e físicas proveitosas (MATOS, 2005). O
interesse pela biotransformação dos resíduos vegetais tem aumentado, visto que se constitui
em um material de baixo custo e fácil acesso. Porém, o aproveitamento de resíduos vegetais
ou agroindustriais como fonte de nutrientes para a alimentação animal e/ou humana ou como
matéria-prima para a extração de aditivos antioxidantes, depende do conhecimento de sua
composição (LU e YEAP, 2000).
3.3 Caracterização Química
3.3.1 Composição Centesimal
A composição centesimal de um alimento exprime seu valor nutritivo e a proporção na
qual a umidade, as cinzas, o extrato etéreo, as proteínas, as fibras e os carboidratos aparecem
em 100,0 g deste (MORETO et al., 2002). O conhecimento desta composição é fundamental,
pois permite avaliar a disponibilidade dos nutrientes em um alimento, além de verificar sua
adequação nutricional à dieta e desenvolver pesquisas sobre as relações entre dieta e doença
(LIMA et al. 2007).
10
O conteúdo de umidade de um alimento influencia profundamente em sua estrutura,
aspecto, sabor e susceptibilidade a alterações. A umidade é própria e característica de cada
alimento, sendo necessários procedimentos de secagem caso deseje-se o armazenamento
destes por longo prazo (FENNEMA, 2000).
O teor de cinzas ou resíduo mineral fixo fornece uma indicação da riqueza da amostra
em elementos minerais, principalmente cátions de cálcio, potássio, sódio, magnésio, ferro,
cobre, cobalto e alumínio, bem como em ânions como o sulfato, cloreto, silicato, fosfato etc
(SILVA e QUEIROZ, 2009).
No que diz respeito ao extrato etéreo ou lipídeos, constitue-se de gorduras, óleos,
pigmentos, esteróis, ceras, resinas e outras substâncias gordurosas solúveis em éter e passíveis
de sofrerem extração através da passagem contínua deste solvente aquecido por sobre a
amostra seca (SILVA e QUEIROZ, 2009). Nas frutas, os maiores teores de extrato etéreo são
encontrados nas cascas e sementes e fornecem calorias e ácidos graxos essenciais, veiculam
vitaminas e melhoram a sensação bucal dos alimentos (FENNEMA, 2000).
As proteínas são polímeros complexos sintetizados pelos organismos vivos através da
condensação de aminoácidos distintos e são definidas como nutrientes facilmente digeríveis,
não tóxicos, nutricionalmente adequados, abundantes e de grande influência sobre os atributos
sensoriais dos alimentos (FENNEMA, 2000).
Em 2002, o Food and Nutrition Board (FNB) publicou em relatório sobre as ingestões
dietéticas de referência a necessidade de obtenção de proteínas e aminoácidos por intermédio
da alimentação, bem como a partir das chamadas fontes alimentares não convencionais
(SHILS et al., 2009). De modo geral, as frutas não são ricas em proteínas, apresentam em
média 1%, sendo as cascas mais ricas que as partes comestíveis (GODIM et al. 2005).
Quanto às fibras, são constituídas pelos polissacarídeos não amiláceos e ligninas de
vegetais que não são digeríveis pelas enzimas digestivas dos seres humanos, embora possam
sofrer fermentação completa ou parcial no intestino grosso dos mesmos (DEVRIE et al.
1999). Seus componentes são agrupados em polímeros solúveis e insolúveis em água, sendo
tal classificação originalmente pensada como uma forma simples para prever a função
fisiológica das mesmas (RODRÍGUEZ, et al. 1993).
A maioria dos alimentos de origem vegetal contém uma combinação de fibras solúveis
(pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses) e insolúveis (celulose, hemicelulose e
lignina). As fibras solúveis reduzem as contrações séricas da lipoproteína de baixa densidade
(LDL), aumentam a excreção de ácidos biliares, fazendo com que o fígado remova colesterol
do sangue para sintetizá-los, além de aumentar o trânsito intestinal e, com isso, diminuir a
11
absorção do colesterol. As fibras insolúveis (lignina, celulose e algumas hemiceluloses)
aumentam a sensação de saciedade e, com isso, colaboram com a diminuição da ingestão
calórica durante as refeições, além de reterem água e causarem aumento no volume fecal e na
pressão osmótica, diminuindo o tempo de passagem do alimento pelo trato gastrointestinal.
Indícios sugerem que as fibras podem ser benéficas na redução do risco de úlceras duodenais
e no tratamento dessas lesões. Sabe-se também que reduzem as concentrações séricas de
estrogênio, agindo de modo a proteger contra o câncer de cólon (RIQUE et al. 2002).
Na última década, há uma tendência para encontrar novas fontes de fibras como
ingredientes para a indústria alimentar, sendo percebida a introdução nos mercados do mundo
ocidental de produtos a partir de frutas como limão, maçã, com alto teor agregado em fibras
(VERGARA-VALÊNCIA et al., 2007).
O Food and Drug Administration (FDA) determinou um valor diário de 25,00 g de
fibras para uma dieta de 2.000 calorias, sendo considerado satisfatório o consumo de 5,000 g
de fibra em cada refeição (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 2008).
Já os açúcares são os carboidratos existentes nos alimentos e classificados em
monossacarídeos (glicose, frutose), dissacarídeos (sacarose, lactose, galactose, maltose) e
polissacarídeos (maltodextrinas, amidos, gomas, pectinas e celuloses). A maioria dos açúcares
naturais encontra-se na forma de oligo e polissacarídeos, apresentando estruturas, tamanhos e
formas diferentes, além de exibirem uma grande variedade de propriedades físicas e químicas
(FENNEMA, 2000).
A existência de, pelo menos, duas funções orgânicas (C=O e C–OH), somadas às
diferenças de reatividade dos grupos hidroxilas na mesma molécula, permite aos açúcares
possibilidades de transformações químicas (SHILS et al., 2009).
A glicose e a frutose, por apresentarem uma função aldeídica e uma cetônica livre,
respectivamente, estão capacitadas a reduzir cátions como cobre e prata, transformando-se,
simultaneamente, em produtos mais oxidados. Os dissacarídeos apresentam também poder de
redução, porém equivalente a 50% do somatório da capacidade de redução dos
monossacarídeos, uma vez que a ligação glicosídica formada imobiliza uma função carbonila.
Os açúcares oxidáveis são conhecidos como açúcares redutores e o mecanismo de óxidoredução está relacionado com a formação de uma função fortemente redutora em meio
alcalino, denominada de enediol ou redutona (DEMIATE et al., 2002).
Açúcares redutores estão envolvidos nas reações de escurecimento não enzimático
(reação de Maillard), sendo úteis quando seus produtos tornam o alimento mais aceitáveis
pela cor e sabor produzidos ou prejudiciais quando promovem perdas de proteínas e outros
12
nutrientes utilizáveis (BOBBIO e BOBBIO, 2001). As redutonas apresentam as atividades
antioxidantes na rancificação de lipídeos, uma vez que podem ceder um átomo de hidrogênio
aos peroxiradicais, retardando a formação de compostos com cheiro característico de ranço
(BRIÃO et al., 2011).
Frutas diferentes variam na maneira como acumulam açúcares, sendo seu teor e
composição influenciados por condições ecológicas e entre as variedades de uma espécie
(DAVIES e HOBSON, 1981).
3.3.2 Fenólicos Totais
Compostos fenólicos incluem uma diversidade de estruturas que apresentam, pelo
menos, um anel aromático contendo grupamentos hidroxilas. Compostos fenólicos são
oriundos do metabolismo secundário dos vegetais e estão presentes na forma livre ou ligados
a açúcares e proteínas (ANGELO e JORGE, 2007). Tais compostos podem ser classificados
segundo o tipo de esqueleto principal e/ou ocorrência no reino vegetal. Quanto ao tipo de
esqueleto principal (Tabela 1, pág. 13), C6 correspondente ao anel benzênico e Cx à cadeia
substituinte com x átomos de carbono. No que diz respeito à ocorrência, estes podem ser
distribuídos amplamente ou de distribuição restrita. Dentre os distribuídos amplamente estão
os derivados dos ácidos benzóico e cinâmico, cumarinas, flavonóides, taninos e ligninas,
enquanto que, dentre os de distribuição restrita estão os fenóis simples, antraquinonas,
xantonas e naftoquinonas (SIMÕES, 2003).
As frutas, principais fontes dietéticas de polifenóis, apresentam variações quantitativas
e qualitativas na composição destes constituintes em função de fatores intrínsecos (cultivar,
variedade e estágio de maturação) e extrínsecos (condições climáticas e edáficas). As
principais fontes de compostos fenólicos são frutas cítricas (limão, laranja e tangerina), cereja,
uva, ameixa, pêra, maçã, mamão, pimenta verde, brócolis, repolho roxo, cebola, alho e tomate
(MELO et al., 2008). O tipo de composto, o grau de metoxilação e o número de hidroxilas são
alguns dos parâmetros que podem estar relacionados com sua atividade antioxidante. A
possível atividade antioxidante dos compostos fenólicos pode ser decorrente de sua
capacidade em seqüestrar radicais-livres, atuando como agentes redutores ou quelantes de
metais de transição e agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do processo
oxidativo (GÓMEZ-RUIZ et al., 2007).
13
Tabela 1. Classificação dos compostos fenólicos de acordo com o esqueleto básico (Simões et al., 2007)
Esqueleto Básico
C6
C6-C1
C6-C2
C6-C3
C6-C4
C6- C1- C6
C6- C2- C6
C6- C3- C6
(C6- C3)2
(C6- C3- C6)2
(C6)n
(C6- C3)n
(C6- C1)n
(C6- C3- C6)n
Classe de Compostos fenólicos
Fenóis simples e benzoquinonas
Ácidos fenólicos
Acetofenonas e ácidos fenilacéticos
Fenilpropanoides: ácidos cinâmicos e compostos
análogos, fenilpropenos, cumarinas, isocumarinas e
cromonas
Naftoquinonas
Xantonas
Estilbenos e antraquinonas
Flavonóides e isoflavonóides
Lignanas
Diflavonóides
Melaninas vegetais
Ligninas
Taninos hidrolisáveis
Taninos condensados
A análise dos compostos fenólicos é influenciada por sua natureza, método de
extração empregado, tamanho da amostra, tempo e condições de estocagem, padrão utilizado
e presença de interferentes, tais como ceras, gorduras, terpenos e clorofilas (NACZK e
SAHIDI, 2004).
Os métodos de avaliação do teor de compostos fenólicos não são específicos e podem
superestimá-los. Entretanto, são bastante utilizados pela praticidade e simplicidade. Dentre os
métodos de quantificação de fenólicos totais, o método espectrofotométrico baseia-se na
absorção de energia radiante na região do ultravioleta (ANGELO e JORGE, 2006).
Quanto à extração, a solubilidade dos fenólicos varia de acordo com a polaridade do
solvente utilizado, o grau de polimerização dos fenólicos e suas interações com outros
constituintes dos alimentos, sendo o metanol, etanol, acetona, água, acetato de etila, propanol,
dimetilformamida e suas combinações os solventes mais utilizados para a extração destes
compostos (SOUZA et al. 2007).
Quanto aos reagentes, estes métodos podem ser classificados em Folin Denis e Folin
Ciocalteu. O uso de sulfato de lítio, a presença de ácido hidroclorídrico e o longo tempo de
aquecimento para a preparação do reagente de Folin-Ciocalteu são as principais diferenças
entre estes dois reagentes. Para ambos os testes, o número de hidroxilas ou de grupos
potencialmente oxidáveis são os responsáveis pelo controle da intensidade de cor formada.
Porém há uma dificuldade em encontrar um padrão específico e conveniente, devido à
complexidade das substâncias fenólicas presentes e as diferenças de reatividade entre estas
14
substâncias e os reagentes, sendo, o ácido tânico e a catequina os mais utilizados (ANGELO e
JORGE, 2006).
Os impactos positivos referentes ao consumo de compostos fenólicos incluem a
inibição da oxidação da LDL, com consequente redução do risco de doenças cardíacas
(PIETTA, 2000), além da inibição dos processos inflamatórios e de propriedades antialérgicas,
antivirais, antibacterianas, antifúngicas, antitumorais e anti-hemorrágica (MEYER et al, 1997).
3.3.3 Flavonóides
Dentre os polifenóis, os flavonóides estão presentes em relativa abundância e, mesmo
diante das diversas formas estruturais, a maioria de seus representantes possui 15 átomos de
carbono em seu esqueleto básico, constituído por dois aneis aromáticos ligados por uma cadeia
de três carbonos (Figura 3, pág. 15) (AHERNE e O‟BRIEN, 2002). Segundo Behling et al.
(2004), os flavonóides podem ser encontrados na forma livre, como, por exemplo, a quercitina,
naringenina e miricetina. Porém, é mais frequente encontrá-los na forma glicosilada, unidos a
moléculas de açúcar como ramnose, rutinose (três moléculas de glicose) ou ainda em mistura
de glicosídeos como ramno-glucosídeos, formando os derivados flavonóides glicosilados. De
maneira dependente da posição, número e combinação das moléculas, os flavonóides são
divididos em seis subgrupos principais: Flavonas (apigenina, luteonina, etc), flavonóis
(quercetina, miricetina etc), catequinas (epicatequina, galocateqina, etc), flavanonas
(naringenina, hesperitina etc), antocianinas (cianina, pelargonina etc) e isoflavonas (genisteína,
daidzeína etc) (Tabela 2, pág. 15) (VOLP et al., 2008).
A explicação para a existência de uma grande diversidade estrutural dos flavonóides
dá-se pelas modificações que podem sofrer, tais como: hidroxilação, metilação, acilação e
glicosilação entre outras. Os flavonóides são freqüentemente hidroxilados nas posições 3, 5, 7,
3‟, 4‟ e 5‟, sendo que alguns desses grupos hidroxilas podem ser metilados, acetilados ou
sulfatados. As ligações glicosídicas ocorrem geralmente nas posições 3 ou 7 (LOPES et al.,
2000).
15
R4
R3
3'
1
R
B
O
7
R5
2'
4'
5'
2
A
3
5
R1
R6
C
4
R2
O
Figura 3. Esqueleto básico dos flavonóides. Fonte: Adelmann, 2005.
Os flavonóides absorvem radiação eletromagnética na região do ultravioleta (UV) e
visível e, dessa maneira, defendem os vegetais frente à grande parte da radiação solar. Além
disso, os flavonóides podem representar uma barreira química de defesa contra
microrganismos (bactérias, fungos e vírus), insetos e outros animais herbívoros, bem como
contribuir para a polinização atraindo insetos e orientando-os até o néctar (MARCUCCI,
1998).
Tabela 2. Classes de flavonóides e algumas de suas características (Simões et al., 2007)
Classe
Característica
Flavonas, flavonóis e seus O- Co-pigmentação em flores, proteção
heterosídeos
contra raios ultravioleta nas folhas
C-heterosídeos
Antocianos
Pigmentação do vermelho até o azul
Chalconas
Auronas
Di-hidro-flavonóis
Pigmentação amarela
Pigmentação amarela
Presentes freqüentemente em tecidos de
madeiras
Flavanonas
Podem apresentar sabor amargo
Di-hidro-chalconas
Podem apresentar sabor amargo
Flavanas, leucoantocianidina Substâncias
adstringentes
com
e proantocianidinas
propriedades tanantes
Isoflavonóides
Propriedades
estrogênicas
e/ou
antifúngicas
Neoflavonóides
Biflavonóides
Propriedades antifúngicas
Outras estruturas
Estudos epidemiológicos têm mostrado uma correlação entre o aumento do consumo
de flavonóides e os riscos reduzidos de doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer
(ARTS e HOLLMAN, 2005). A dificuldade encontrada nessas investigações tem sido a
16
estimativa do consumo de flavonóides devido aos dados limitados sobre estes em alimentos
(KNEKT et al., 1997).
3.3.4 Antocianinas
As antocianinas, subgrupo dos flavonóides, tiveram sua nomenclatura (do grego
anthos = flores; kianos = azul) proposta em 1835 por Marquat, referindo-se a pigmentos azuis,
violetas e vermelhos encontrados em flores. Todavia, antocianinas são também encontradas
em raízes e folhas e agem como atraentes de insetos e de pássaros, com o objetivo de
polinizar e dispersar as sementes, além de inibirem o crescimento de larvas de alguns insetos
(SIMÕES, 2007). Essas substâncias (Figura 4) são encontradas na forma de glicosídeos
hidrolisáveis em açúcares e agliconas (antocianidinas) e se diferenciam pelo número de
grupos hidroxi e o grau de metilação destes no anel lateral, pelo número e natureza dos
açúcares, bem como das cadeias alifáticas ou aromáticas esterificadas com os mesmos
(BOBBIO e BOBBIO, 2003).
R1
3'
8
HO
7
B
O
OH
4'
5'
2
R2
A
6
3
5
4
Açúcar
OH
Figura 4. Estrutura das antocianinas. Fonte: Simoes, 2007.
A cor das antocianinas é resultante da excitação da molécula pela luz visível, sendo
que seu aumento em substituintes permite uma cor mais intensa. As tonalidades apresentadas
pelas antocianinas oscilam entre vermelho, laranja e roxo, de acordo com o pH, concentração,
tipo de solvente, temperatura, estrutura do pigmento, além da presença de substâncias nos
vegetais capazes de reagir com elas de maneira reversível ou irreversivelmente. Em pH
próximo a 1,000, as antocianinas mostram maior força tintórea por estarem principalmente na
forma não ionizada (TEIXEIRA et al., 2008).
17
O açúcar presente nas moléculas das antocianinas confere a elas maior estabilidade da
cor e solubilidade quando comparadas com as antocianidinas. Acredita-se que tal efeito seja
devido à diminuição da atividade da água, uma vez que, seu ataque nucleofílico ocorre na
posição C-2. Outro fator importante na estabilidade da cor é a copigmentação inter ou
intramolecular que consiste na ligação entre a antocianina e outra molécula denominada de
copigmento (flavonóides não antociânicos, compostos fenólicos, ácidos alifáticos etc) e,
ainda, que estes outros compostos, por si mesmo não sejam coloridos, aumentam a cor das
antocianinas por produzir deslocamento batocrômico, ou seja, para maior comprimento de
onda (GONNET, 1998).
A indústria alimentícia, visando atender a um público disposto a consumir alimentos
isentos de adicionais sintéticos, encontra nas antocianinas um importante substituinte aos
corantes artificiais. A principal desvantagem destas, frente aos corantes sintéticos, deve-se à
mudança de coloração decorrente de reações químicas com os produtos alimentícios. Além
dos atributos da coloração, o interesse no uso das antocianinas tem sido intensificado devido a
seus possíveis benefícios à saúde (TEIXEIRA et al., 2008).
Relatos científicos apontam o uso de antocianinas no controle da pressão arterial,
como agentes hipoglicemiantes, antiinflamatórios e promotores de aumento na acuidade
visual além de demonstrarem ação favorável na prevenção da hipercolesterolemia. As
antocianinas são também agentes promissores na prevenção de doenças degenerativas como o
câncer, mal de Alzheimer e doenças cardiovasculares devido a suas propriedades
antioxidantes (CHEN et al., 2006).
3.4 Conteúdo mineral
Ainda que não exista uma definição para “mineral”, em alimentos e nutrição, este
termo se refere aos elementos distintos de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e
nitrogênio (N) presentes nos mesmos. Historicamente, os minerais têm sido classificados
como “principais” ou “traços”, dependendo de sua concentração. Esta classificação surgiu
quando os métodos analíticos ainda não permitiam medir com precisão as baixas
concentrações dos elementos, o que justifica o termo “traço”. Hoje, os métodos e aparatos
modernos permitem medidas precisas de praticamente todos os elementos da tabela periódica.
No entanto, os termos “principais” e “traços” continuam sendo usados. Dentre os “principais”,
estão o cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), sódio (Na), potássio (K) e cloro (Cl)
18
enquanto os elementos “traços‟ compreendem o ferro (Fe), iodo (I), zinco (Zn), selênio (Se),
cromo (Cr), cobre (Cu), flúor (F) e chumbo (Pb) (FENNEMA, 2000).
Os minerais são necessários para o desempenho das funções normais celulares, uma
vez que, regulam a ativação de diversas enzimas, o equilíbrio ácido-base, a pressão osmótica,
a atividade muscular e nervosa. Além disso, facilitam a transferência de compostos essenciais
através das membranas, auxiliam a formação dos ossos, composição da hemoglobina,
expressão gênica, metabolismo de carboidratos e, em alguns casos, fazem parte dos elementos
constituintes dos tecidos do organismo. Os elementos minerais encontram-se interrelacionados e em equilíbrio na fisiologia humana, não podendo ser considerados como
elementos isolados com funções circunscritas (SHILS et al., 2009).
Estudos em humanos mostram que o consumo ideal de elementos como Na, K, Mg,
Ca, manganês (Mn), Zn, Cu e I pode reduzir os fatores de risco individuais, incluindo aqueles
relacionados às doenças cardiovasculares. Em 1997, foi reconhecido que alguns elementos
como, por exemplo, o Se poderiam desempenhar um papel protetor na diminuição do risco de
cânceres. O Ca, Mg e P apresentam íntima relação com a formação de ossos e dentes,
coagulação do sangue e manutenção do rítmo cardíaco normal. Ca e Mg são necessários ao
sistema nervoso e muscular. Fe, Cu e cobalto (Co) estão interligados à síntese de hemoglobina
e à formação de células vermelhas do sangue. O I é um componente essencial do hormônio
da tireóide, enquanto que o Zn, molibdênio (Mo) e Mn ativam enzimas que catalisam reações
metabólicas (SHILS et al., 2009; WALL, 2006; BURTON, 1979).
As necessidades humanas de minerais essenciais oscilam entre uns poucos
microgramas a 1,000 g/dia (Anexo 1, pág. 119). Em baixas ingestões, aparecem os sinais de
carência (Tabela 3). Inversamente, uma ingestão demasiandamente elevada pode conduzir à
toxicidade. Para a maioria dos minerais, o intervalo de ingestão adequado e seguro é amplo,
de maneira que tanto a carência como a toxicidade são relativamente raras, supondo que se
consumam uma dieta variada (FENNEMA, 2000).
Tabela 3. Sinais de carência em minerais (Júnior et al.,2002; Fennema, 2000; Azeredo et al., 1998).
continuação
Mineral
Carência
Cálcio
Hipertensão, osteoporose, osteomalácia, ansiedade, otoesclerose, parestesias,
insônia e nos casos graves: tetania.
Fósforo
Osteomalacia e problema de mineração óssea.
Magnésio
Diminuição da secreção e resistências ao paratormônio, resistência à vitamina
19
D. Espasmos neuromusculares espontâneos, crises epiléticas, vertigem,
fraqueza muscular, tremor, depressão, psicose e arritmias cardíacas.
Ferro
Anemia, prejuízos sobre a função cognitiva, imunidade, capacidade de trabalho
e habilidade de regulação da temperatura corporal. Parto prematuro e baixo
peso corporal do bebê ao nascimento.
Zinco
Retardo de crescimento, maturação sexual tardia, impotência sexual,
hipogonadismo, diarréia, lesões cutâneas, deficiências imunológicas, distúrbios
comportamentais, diminuição do paladar e apetite e atraso na cicatrização.
Cobre
Anemia, leucopenia, neutropenia, artrite, arteriopatia, perda da pigmentação,
miocardiopatia, efeitos neurológicos, intolerância a glicose, aumento dos níveis
séricos de colesterol e arritmias cardíacas.
Manganês
Distúrbios no metabolismo, ossos e cartilagens frágeis, degeneração dos discos
espinhais, câncer, diminuição da fertilidade, diminuição do crescimento e
prejuízo para as funções cerebrais.
Potássio
Fraqueza muscular e apatia mental.
conclusão
3.5 Características Físico-Químicas
Sólidos solúveis (SS) são utilizados para indicar o grau de maturação de frutos e
auxiliar o controle dos processos que os envolvem, bem como a qualidade de seus produtos
finais, uma vez que representam a quantidade de substâncias hidrossolúveis, tais como
açúcares, ácidos, vitamina C e algumas pectinas. O teor de sólidos solúveis pode variar com
fatores climáticos (quantidade de chuva, temperatura e luminosidade), em razão da atividade
fotossintética, acúmulo de carboidratos bem como em função do solo, estágio de maturação,
variedade do vegetal etc. Sólidos Solúveis são determinados com a utilização de refratômetro
e, normalmente, expressos em graus brix (ºBrix) que corresponde a 1,000 g de sólidos em
100,0 g de suco de fruta (ALVES, 1996).
O Instituto Adolfo Lutz (2005) caracteriza a acidez total como o somatório das
concentrações dos ácidos presentes na amostra. Este parâmetro é importante na apreciação do
estado de conservação de um produto alimentício, uma vez que os processos de decomposição
do alimento (hidrólise, oxidação ou fermentação) alteram a concentração dos íons de
hidrogênio e, por conseqüência, sua acidez em função do incremento de ácidos orgânicos,
gerados no metabolismo dos frutos. São importantes do ponto de vista do odor dos produtos,
além de serem responsáveis pelo sabor agri dos frutos.
20
Vários são os fatores que tornam importante a determinação do pH em um alimento,
sendo possível citar a influência na palatabilidade, no desenvolvimento de microrganismos,
bem como na escolha de aditivos necessários à formulação uma vez que pequenas variações
em seus valores são facilmente detectáveis em testes organolépticos (CHAVES, 1993).
3.6 Atividade Antioxidante
Atualmente existe um grande interesse por antioxidantes devido, principalmente, às
descobertas sobre o efeito dos radicais sobre o organismo. A oxidação é parte fundamental na
vida aeróbica e, radicais são produzidos naturalmente e/ou por alguma disfunção biológica,
bem como por fatores ambientais (poluição do ar, fumaça, radiação solar etc.) e/ou alimentos
inadequados. Quando produzidos naturalmente, estes encontram se envolvidos na produção
de energia, fagocitose, regulação do crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de
substâncias biologicamente importantes. Porém, quando em excesso, os radicais livres são
prejudiciais, uma vez que promovem a peroxidação dos lipídeos das membranas, agressões às
proteínas dos tecidos, às enzimas, carboidratos e DNA (BARREIROS e DAVID, 2006).
Dessa forma, radicais-livres encontram-se relacionados a várias patologias, tais como
artrite, choque hemorrágico, doenças do coração, catarata, disfunções cognitivas e cânceres,
podendo ser a causa ou o fator agravante do quadro geral. Dentre os radicais, aqueles cujos
elétrons desemparelhados encontram-se centrados nos átomos de oxigênio ou nitrogênio são
denominados de espécies reativas de oxigênio (ERO) ou espécies reativas de nitrogênio
(ERN), respectivamente (YOUNG e WOODSIDE, 2001).
O excesso de radicais no organismo é combatido por antioxidantes produzidos pelo
corpo ou absorvidos da dieta. Antioxidante é qualquer substância que, quando presente em
baixa concentração comparada à do substrato oxidável, regenera o substrato ou previne
significativamente a oxidação do mesmo. Os mecanismos de ação dos antioxidantes
englobam a ação de enzimas como a catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD), glutationa
redutase (GSR) e glutationa peroxidase (GPx), além de moléculas antioxidantes como ácido
úrico, glutationa (GSH), albumina, grupos protéicos, bilirrubina, vitaminas (ácido ascórbico,
α-tocoferol), carotenóides e compostos fenólicos, dentre outros (FERNANDEZ-PANCHON
et al., 2008)
Os antioxidantes podem atuar inibindo a autoxidação, a fotoxidação ou a oxidação
enzimática. Na autoxidação podem bloquear reações em cadeia ou impedir que estas ocorram.
21
Os bloqueadores da reação em cadeia são divididos em doadores e receptores de elétrons,
sendo que os doadores de elétrons competem pelo radical peroxil (ROO●), resultando na
diminuição da velocidade da reação. Os receptores de elétrons competem com o oxigênio
triplete pelo radical, reduzindo a formação do radical ROO● (MENDONÇA, 2009; ARAÚJO,
2004).
Na fotoxidação, os carotenóides e tocoferóis atuam como supressores físicos. A
transferência de energia de uma molécula primária excitada para o supressor resulta em
dissipação de energia luminosa ou térmica. Na oxidação enzimática, fenólicos e flavonóides
inibem a ação da lipoxigenase (MENDONÇA, 2009). Os antioxidantes podem também
complexar com metais e atuar de forma preventiva, uma vez que estes não interagem com os
radicais (ARAÚJO, 2004).
A eficácia de um antioxidante está relacionada com numerosos fatores, dentre eles,
energia de ativação, constantes de velocidade, potencial de oxidação-redução, solubilidade e
sua maior ou menor facilidade de destruição ou perda durante uma reação. Idealmente, o
radical-livre resultante não deve iniciar novos radicais, nem ser susceptíveis a uma oxidação
rápida por uma reação em cadeia. Neste sentido, os antioxidantes fenólicos ocupam uma
posição privilegiada, pois seus intermediários radicalares são relativamente estáveis, devido à
deslocalização por ressonância e a carência de posições adequadas para o ataque pelo
oxigênio molecular. Além disso, demonstram ser antioxidantes mais efetivos que as vitaminas
C e E por reatividade frente a outros antioxidantes, capacidade de quelar metais de transição,
solubilidade e interação com as membranas (HOSSAIN e RAHMAN, 2011).
Em alimentos, os radicais promovem oxidações que podem ser prejudiciais quando
ocasionam a degradação oxidativa das vitaminas, pigmentos e lipídeos, com perda do valor
nutritivo e desenvolvimento de odores desagradáveis. A oxidação de ácidos graxos
insaturados é definida como uma cascata de eventos bioquímicos que gera, principalmente,
radicais hidroxilas (HO●), alcoxilas (RO●) e ROO● (BENZIE et al. 1999). O teor de
antioxidantes em alimentos de origem vegetal e, portanto, sua capacidade antioxidante
associada, depende de sua variedade, grau de maturação, aspectos pós-colheita como as
condições
de
armazenamento,
tempo,
temperatura,
atmosfera
e
processamento
(SRIVASTAVA et al., 2007).
Antioxidantes são muitas vezes adicionados aos alimentos para evitar oxidações nos
mesmos. No entanto, os antioxidantes sintéticos, comumente utilizados, como o butilhidroxianisol (BHA), butil-hidroxitolueno (BHT) e terc-butil-hidroquinona (TBHQ) são
limitados por normas legais por serem suspeitos de apresentar efeitos tóxicos e cancerígenos.
22
Diante disso, nos últimos anos, mais atenção tem sido dada aos antioxidantes naturais
presentes em alimentos, principalmente nos frutos, por causa de sua suposta segurança, valor
nutricional e terapêutico (BARREIROS e DAVID, 2006). A utilização destes antioxidantes de
forma correta depende do conhecimento de sua estrutura, do seu modo de ação e da função no
alimento. A estrutura influencia nas propriedades físicas, como volatilidade, solubilidade e
estabilidade térmica. Além da relação estrutura-função, fatores como o estado físico do
alimento, condições de armazenamento e atividade de água, afetam sua eficiência (ARAÚJO,
2004).
3.6.1 Avaliação da Atividade Antioxidante
Um grande número de métodos tem sido desenvolvido com a finalidade de avaliar a
atividade antioxidante (AA) de alimentos. Todavia, devido à complexidade da composição de
cada tipo de alimento e tendo em vista que antioxidantes não atuam separadamente, a
determinação da atividade antioxidante individualmente parece ser menos efetiva do que a
avaliação do estado antioxidante total (PRIOR e CAO, 1999). Segundo Huan et al. (2005),
duas ou mais técnicas são necessárias para determinar a atividade, uma vez que nenhum
método tratado isoladamente pode refletir exatamente a capacidade antioxidante total de uma
amostra.
Dentre os métodos mais utilizados para a determinação da atividade antioxidante é
possível enumerar o β-caroteno/ácido linoléico (baseado na inibição da peroxidação lipídica),
ABTS●+ e DPPH (baseados na captura do radical orgânico) e FRAP (baseado no poder de
redução do Fe) (PRIOR e CAO, 1999).
3.6.1.1 Atividade Antioxidante por Captura de Radical livre DPPH
O método DPPH tem sido considerado um dos mais representativos na avaliação da
capacidade de remoção de radicais-livres. Este método fotocolorimétrico é baseado na
redução do radical-livre DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil) em presença de antioxidante, com
consequente passagem da coloração violeta para a amarela (Figura 5, pág. 23) (RUFINO et
al., 2007(a)).
23
Estudos monstram que a interação entre DPPH e antioxidante depende da
conformação estrutural deste. O número de moléculas reduzidas de DPPH está relacionado
com o número de grupos hidroxilas disponível no composto antioxidante. O ensaio DPPH
tornou-se bastante popular no estudo de antioxidantes naturais, sendo considerado simples,
rápido, preciso e com boa reprodutibilidade dos resultados, além de não envolver condições
drásticas de temperatura e oxigenação. Outra característica é que permite, dentre outras
maneiras de expressão dos resultados, a determinação do valor EC50 (mg.L-1), definido como
a concentração de extrato natural suficiente para atingir 50% a atividade antioxidante máxima,
estimada em 100% (LUZIA e JORGE, 2010).
O 2N
R
O 2N
N
N.
NO 2
N
+ R'
NO 2
O 2N
O 2N
Cor: violeta escura
N
Cor: violeta-clara
Figura 5. Estabilização do radical-livre DPPH. Fonte: Rufino et al., 2007 a.
3.6.1.2 Atividade Antioxidante por Captura de Radical livre ABTS●+
O ensaio ABTS é baseado na eliminação do radical ABTS●+, 2,2´-azinobis (3etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) pelos antioxidantes presentes na amostra (ZULUETA et
al., 2009). O radical ABTS●+ apresenta coloração verde-azulada e valores de absorbância
máxima em 645, 734 e 815 nm. Entretanto, compostos antioxidantes presentes no meio
reacional capturam tais radicais, o que se traduz em perda de coloração e, consequentemente,
em redução na absorção, correspondendo, quantitativamente, à concentração de antioxidantes
presentes (Figura 6, pág. 24) (RE et al., 1999).
O método ABTS apresenta como vantagens o fato de ser barato, rápido, fácil de usar e
estável ao pH. Todavia, pode-se listar como desvantagens a necessidade de um passo extra
para gerar radicais-livres de ABTS●+, além da não padronização, sendo, portanto, difícil de
comparar valores entre os laboratórios (SÁNCHEZ-MORENO, 2002).
24
.
SO3
S
-
O3 S
S
-
S
N
N
N
+ Antioxidante
H 5 C2
C2 H5
N
N
H5C2
C2H5
K2SO5
Cor: verde-escuro
-
N
N
N
SO3
S
-
O3 S
Cor: verde-clara
Figura 6. Estabilização do radical ABTS●+ por antioxidante. Fonte: Rufino et al., 2007 b.
3.6.1.3 Atividade antioxidante por redução do Fe+3 (FRAP)
O método FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power) permite determinar a redução
do ferro em fluidos biológicos e soluções aquosas de compostos puros. Este método é
aplicado também em estudos da eficiência antioxidante em extratos de alimentos e bebidas
(RUFINO et al., 2006 b).
Em pH baixo, quando um complexo férrico (Fe III-TPTZ) é reduzido (FeII-TPTZ), uma
cor azul intensa, com um máximo de absorção a 593 nm se desenvolve (Figura 7). A reação é
inespecífica e qualquer semi-reação que tenha um potencial redox menos positivo, sob as
condições de reação, irá conduzir a redução do complexo e, assim, o desenvolvimento da cor,
desde que um redutor (antioxidante) esteja presente (BENZIE e STRAIN 1996).
O ensaio FRAP oferece resultados rápidos e reprodutíveis, apresentando como
desvantagem o fato de que a curva padrão deve ser realizada com um antioxidante que seja
solúvel em água como o ácido ascórbico e o Trolox (APAK et al., 2004).
N
+
N
+
N
+
N
N
+
N
N
+antioxidante
+
-e
N
N
[Fe (III) (TPTZ)2 ]3+ . Cor: azul-clara
N
N
N
+
N
N
Fe (II)
+
N
N
+
N
Fe (III)
N
N
+
N
+
+
N
+
N
N
N
[Fe (II) (TPTZ)2 ]3+ . Cor: azul-escura
Figura 7. Redução do complexo TPTZ (2,4,6-tri(2-piridil)-1,3,5-triazina) com Fe3+. Fonte: Rufino et al., 2006 b.
25
3.6.1.4 Atividade Antioxidante por Inibição da Oxidação Lipídica (branqueamento do βcaroteno)
O sistema β-caroteno/ácido linoléico foi desenvolvido por Marco (1968), sendo
modificado posteriormente por Miller (1971). Este sistema utiliza-se do ácido linoléico, do βcaroteno e do monopalmitato de polioxietileno sorbitan (Tween 40), sendo, este último, o
agente emulsificante capaz de aumentar a estabilidade cinética da emulsão. O ácido linoléico
em presença de oxigênio forma ROO●, que reage com o β-caroteno, resultando na perda de
coloração da solução que passa de amarelo intenso a amarelo claro. A adição de uma amostra
que contenha antioxidantes pode competir com o β-caroteno pela reação com radical ROO● e
contribuir para retardar a queda de absorbância. Portanto, os antioxidantes presentes na
amostra podem ser monitorados facilmente pelo branqueamento da cor da solução. Trata-se
de um ensaio espectrofotométrico que avalia a atividade de inibição de radicais-livres gerados
durante a peroxidação do ácido linoléico. Este método é utilizado amplamente por não
recorrer a altas temperaturas e, com isso, permitir a determinação do poder antioxidante de
compostos termossensíveis (JAYAPRAKASHA e PATIL, 2007; AMIN et al., 2006).
3.6.2 Antioxidantes em resíduos de frutos
Nos últimos anos, a crescente tendência na preferência dos consumidores por
alimentos saudáveis, promotores da saúde e/ou associado ao tratamento de enfermidades tem
proporcionado maior ímpeto à exploração de fontes naturais de antioxidantes em substituição
aos antioxidantes sintéticos. A atividade biológica de antioxidantes naturais está
correlacionada ao tratamento e redução do risco de patologias do câncer (IKKEN et al.,
1999), arteriosclerose, malária, artrite reumatóide, doenças neurodegenerativas e processos de
envelhecimento. Além disso, tem sido percebido a atuação destes sobre doenças como
diabetes mellitus, alergias, inflamações, cardiopatias, úlceras pépticas, retinopatias diabeticas,
inibição da agregação plaquetária e inibição do aumento da pressão arterial, assim como
agentes hepatoprotetores, antibacterianos e antivirais (HOSSAIN e RAHMAN, 2011; ITO et
al., 1998).
Guo et al. (2003) observaram maior atividade antioxidante pelo método FRAP nas
cascas de todos os 26 frutos avaliados em suas frações casca e polpa. Dentre estes, cascas de
26
romã (82,11 mmol/100 g), hawthorn (29,25 mmol/100 g), kiwi (11,13 mmol/100 g) e uva
rosa-vermelha (11,02 mmol/100 g) apresentaram as maiores atividades de redução do Fe+3.
Ubando-Rivera et al. (2005) atribuíram à maior concentração de polifenóis em cascas
de Citrus aurantifolia (limão mexicano) e Citrus latifolia (limão persa) a alta atividade
antioxidante desses frutos quando avaliados frente a captura de radicais-livres (DPPH e
ABTS●+) e à inibição da oxidação lipídica. Segundo estes autores, as farinhas de cascas de
limão mexicano e limão persa apresentam alta atividade antioxidante de captura de radical
ABTS●+, uma vez que seus resultados foram semelhantes aos obtidos para o padrão Trolox.
Li et al. (2006) confirmaram maior atividade antioxidante em cascas de romã (Punica
granatum) do que na polpa deste fruto. Para estes autores, a justificativa está no fato de que a
casca de romã apresenta quase 10 vezes mais o teor de fenólicos do que sua polpa, além de
apresentar maior quantidade de flavonóides e protocianidinas. Tais autores reafirmam também
que a mistura de solventes é mais eficaz na recuperação de antioxidantes do que os solventes
de maneira individual, uma vez que os extratos das frações deste fruto apresentaram maior
atividade de redução do Fe+3 em mistura de metanol, etanol, acetona e água.
Okonogi et al. (2007) indicaram as cascas de Punica granatum (romã), Nephelium
lappaceum (rambutam) e Garcinia mangostana (mangostão) como de alta atividades
antioxidantes pela captura dos radicais DPPH e ABTS●+, com 0,003, 0,006 e 0,023 mg/mL
para EC50, respectivamente, e 4,590, 3,070 e 3,000 mM de Trolox/mg de extrato seco para o
teste ABTS●+, respectivamente.
González-Montelongo et al. (2010) afirmaram que casca de Musa acuminata (banana)
apresenta alta atividade antioxidante, podendo ser uma fonte barata de compostos bioativos.
Tais autores avaliaram os extratos de casca de banana em diferentes solventes e temperaturas
quanto à atividade antioxidante e, classificaram-na como de melhor atividade na captura de
radiciais-livres (DPPH e ABTS●+) quando comparada à inibição da peroxidação lipídica.
Guimarães et al. (2010) afirmaram que cascas de Citrus paradisi (grapefruta), Citrus
limon (limão), Citrus aurantiifolia (lima) e Citrus sinensis (laranja) apresentam maior
atividade antioxidante do que os seus sucos frente à captura de radical livre DPPH,
correspondentes. Estes autores avaliaram cascas e sucos liofilizados e extraídos em metanol,
fração polar de cascas e sucos, quanto ao seqüestro de radicais DPPH. Foi verificado como
EC50 5,150, 3,770, 1,720 e 4,990 mg/mL, respectivamente, para as frações casca de
grapefruta, limão, lima e laranja e 12,78, 11,15, 15,96 e 5,550 mg/mL para as frações suco,
respectivamente, sendo que, os menores valores indicam a necessidade de menor quantidade
destes para promover mesma redução de 50% na concentração inicial de radiais DPPH.
27
Contreras-Calderón et al.(2011) avaliaram diferentes frutos colombianos quanto à
atividade antioxidante (FRAP e ABTS●+) em suas frações comestíveis e não comestíveis.
Dentre os 14 frutos avaliados em suas porções casca e polpa, apenas Passiflora mollissima e
Passiflora tarminiana (maracujás-banana) apresentaram maior atividade antioxidante na
fração polpa. Todas as outras 12 espécies de frutos avaliados (palma, macadâmia, naranjilha,
tomate pêssego, algarrobo, borojó, cassabanana, coastal sapote, cupuaçu, maracujá gigante,
pejibaye e umarí) apresentaram maior atividade antioxidante de captura de radical livre e
redução do Fe+3 nas cascas quando comparadas à porção comestível.
Hassan et al. (2011) atribuíram aos compostos fenólicos a alta atividade antioxidante
de captação de radicais-livres (DPPH) da casca do fruto Mangifera pajang (bambangan). Para
estes autores, cascas de bambangan secas, pulverizadas e extraídas em metanol 50%
apresentam IC50 equivalente a 44,50 μg/mL.
Ainda sobre resíduos de frutas, Broinizi et al. (2007) afirmaram que é possível
identificar atividade antioxidante no bagaço de Anacardium occidentale (caju) quanto
avaliado frente à inibição da oxidação lipídica e captura do radical DPPH livre. Este
subproduto mostrou elevado conteúdo de compostos fenólicos totais e capacidade
antioxidante que permitem a perspectiva de um melhor aproveitamento dos resíduos
resultantes do processamento do pedúnculo de cajú.
Luzia e Jorge (2010) avaliaram o extrato metanólico de sementes de Citrus limon
(limão) em diferentes concentrações quanto à atividade antioxidante pelo método DPPH. Para
eles, as sementes de limão apresentam-se como uma alternativa de antioxidante natural para
alimentos industrializados, uma vez que detêm boa capacidade de captura de radicais-livres e
EC50 (69,94 μg/mL) não muito diferente do padrão ácido gálico EC50 (64,73 μg/mL).
28
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Equipamentos
- Agitador tipo vórtex Biomixer®/Modelo QL-901
- Balança analítica Shimadzu®/Modelo AX200
- Banho-maria DeLeo®/Tipo B.30.TU8C
- Centrifugação Centribio®/Modelo 80-2B
- Destilador de nitrog./proteína MA-036/Plus
- Espectrofotômetro de absorção atômica Varian®/Modelo AA-50
- Espectrofotômetro de UV- Visível Shimadzu®/Modelo UVmini-1240
- Espectrômetro Perkin-Elmer 283B
- Espectrômetros Bruker modelos DX-200 (200MHz) linha AVANCE
- Estufa Biopar®/Modelo S1005D(a)
- Estufa com renovação e circulação de ar forçado Q314M(b)
- Extrator de lipídio Modelo Q308G26 com 6 provas
- Forno elétrico tipo mufla Fornitec®/Modelo F1-DM(a)
- Forno elétrico tipo mufla Fornitec®/Modelo F3-DMT(b)
- Fotômetro de chama Analyser/Modelo 910M
- Fusiômetro Mettler FP80 SNR H22439
- Liquidificador industrial Metvisa®/Tipo LQ-6
- Mesa agitadora Marconi®/Modelo MA-570
- Peagâmetro digital PHTek®/Modelo PHS-3B
- Refratômetro de mão Químis®/Modelo Q767
4.2 Preparo da farinha
Frutos maduros de Myrciaria cauliflora foram coletados na cidade de Diamantina na
região noroeste do Estado de Minas Gerais, Brasil, em latitude de 18º14′58″S e longitude de
43º36′01″ oeste de Greenwich, em novembro de 2009. Os frutos foram levados
imediatamente ao laboratório de Tecnologia de Biomassas do Cerrado da UFVJM, onde
foram selecionados excluindo-se aqueles ainda verdes ou com rachaduras. Em seguida, foram
lavados e higienizados com hipoclorito de sódio (200,0 mg/L) por imersão de 10 min. Após
29
esse procedimento, os frutos foram despolpados manualmente sendo separada a casca da
polpa e sementes. As cascas foram submetidas à secagem (40 ± 5 oC/7 dias) em estufa com
renovação e circulação de ar forçado(b), sendo trituradas posteriormente em liquidificador e
peneiradas (80 mesh) para a obtenção de uma farinha homogênea. A farinha obtida foi
acondicionada imediatamente em sacos plásticos, sendo estes revestidos com papel pardo a
fim de evitar a degradação dos componentes pela incidência de luz e, posteriormente,
armazenada a -18 oC.
4.3 Caracterização Química
4.3.1 Composição centesimal
O teor de umidade na farinha da casca de jabuticaba (FCJ) foi quantificado conforme
metodologia (925.09) descrita pela Association of Oficial Analytical Chemists (AOAC,
2005). Amostras de 5,000 g da farinha foram submetidas à secagem em estufa(a) a 105 ºC até
peso constante, sendo o resultado expresso em porcentagem de umidade na matéria seca.
O teor de cinzas da FCJ foi determinado por incineração de amostras de 1,500 g a 550
ºC em forno elétrico tipo mufla(a) durante seis horas (AOAC, 2005/método 923.03), sendo o
resultado também expresso em porcentagem de cinzas na FCJ.
A quantificação do extrato etéreo em amostras de 1,000 g de FCJ foi realizada pela
extração contínua e exaustiva em extrator de lipídio e por meio de éter etílico (AOAC,
2005/método 920.85). O resultado foi expresso em porcentagem de extrato etéreo.
O teor de proteína em amostras de 0,5000 g de FCJ foi avaliado pelo método Kjeldahl,
em três etapas: digestão com ácido sulfúrico concentrado (H2SO4) para a obtenção de sulfato
de amônia, (NH4)2SO4, adição de hidróxido de sódio concentrado (NaOH) e aquecimento para
liberação de amônia (NH3) dentro de um volume conhecido de solução de ácido bórico
(H3BO3), com conseqüente formação do borato de amônia (NH4H2BO3) e, por último,
titulação com solução de ácido clorídrico (HCl). O resultado foi multiplicado pelo fator de
conversão utilizado para alimentos em geral (6,25) e expresso em porcentagem de proteína
(AOAC, 2005/método 920.87).
A porcentagem de fibra bruta na FCJ foi quantificada por método gravimétrico. Após
digestão em meio contendo H2SO4 e NaOH, o material foi filtrado em funil de büchner e
30
lavado com água destilada quente, para a retirada de toda acidez. Procedeu-se a secagem até
peso constante (Van de Kamer e Van de Ginkel, 1952).
Os açúcares totais, redutores e não redutores foram calculados conforme SomogyiNelson. Amostras de 5,000 g de FCJ foram extraídas em etanol 70%. O doseamento dos
açúcares totais foi precedido por hidrólise ácida a quente em banho-maria com HCl
concentrado (25,00 mL do filtrado + 0,500 mL de HCl), durante 30 min e neutralização com
solução de carbonato de cálcio (CaCO3), sendo o volume completado com água destilada para
50,00 mL (DEMIATE et al., 2002).
Amostras dos extratos (hidrolisado, para açúcares totais; não hidrolisado para açúcares
redutores) foram desproteinizadas por diluição em água destilada e acréscimo de 1,200 mL
soluções de hidróxido de Bário [Ba(OH)2] 0,3000 N e 1,200 mL de sulfato de zinco (ZnSO4)
a 5%. Posteriormente, foram aquecidas com reativo cúprico* (1,000 mL) e adicionadas de
reativo arseno-molíbdico** (1,000 mL). As amostras foram lidas a 510 nm em
espectrofotômetro e o resultado calculado utilizando-se de uma curva analítica construída a
partir de uma solução de glicose (0,1000 mg/mL) com intervalo de 0 a 0,1200 mg. O teor de
açúcares não redutores foi calculado pela equação 1:
Açúcares não redutores = Açúcares totais - Açúcares redutores
(1)
4.3.2 Fenólicos Totais
Os fenólicos totais em amostras de 1,000 g de FCJ foram determinados conforme o
método descrito por Zielinski e Kozlowska (2000) utilizando-se dos reagentes Folin Denis e
Folin Ciocalteu. Os extratos foram obtidos em diferentes solventes (água, metanol, metanol
80%, metanol 60%, etanol, etanol 80%, etanol 60%, acetona, acetona 80% e acetona 60%)
através da agitação por 4 h a 180 rpm, ao abrigo da luz, em agitador orbital e centrifugação
por 5 min a 1400 rpm. Em seguida o material foi filtrado em papel de filtro nº 4 com o auxílio
do funil de buckner.
*Reativo cúprico = Preparado no momento da análise pela mistura de 25,00 mL de Reativo A com 1,00 mL de reativo B. ●Reativo A: 25,00
g de carbonato de sódio anidro, 20,00 g de bicarbonato de sódio, 25,00 g de tartarato duplo de sódio e potássio, 200g de sulfato de sódio
anidro e água destilada para completar o volume para 1000 mL.●Reativo B: 15g de sulfato de cobre diluído em 100 mL de água destilada e
acréscimo de 5 gotas de ácido sulfúrico concentrado.
**Reativo arseno-molíbdico = Preparado pelo acréscimo a 25,00 g de molibdato de amônia dissolvido em 450,00 mL de água destilada de
3,00 g de arseniato de sódio em 25,00 mL de água destilada e 21,00 mL de ácido sulfúrico concentrado. A mistura foi levada para banhomaria a 56 ºC por 30 minutos.
31
Amostras de 1,000 mL dos extratos foram acrescidas de 9,000 mL água destilada e
1,000 mL de reagentes Folin-Ciocalteu ou Folin Denis. Após 5 min de repouso acrescentou-se
10,00 mL de Carbonato de Sódio (Na2CO3) 7%. A solução foi diluída para 25,00 mL com
água e homogeneizada. Após repouso por 60 minutos, fez-se a leitura da absorbância em 725
nm. A curva analítica foi obtida utilizando concentrações diferentes de ácido gálico (20,00,
40,00, 60,00, 80,00 e 100,0 mg/L). Os resultados foram expressos em mg de ácido gálico/100
g de FCJ (mg GAE/100 g de FCJ).
4.3.3 Flavonóides e Antocianinas
O teor de flavonóides foi determinado por leitura em espectrofotômetro a 510 nm.
Amostras de 1,000 mL de extrato metanólico a 80% foram acrescidas de 4,000 mL água
destilada, 0,3000 mL de nitrito de sódio (NaNO2) 0,7300 mol/L, 0,3000 mL de cloreto de
alumínio (AlCl3) 0,7500 mol/L e 2,000 mL de NaOH 1mol/L, sendo o volume completado
para 10,00 mL com água destilada após repouso por 10 min. A quantificação foi realizada
com o auxílio de curva analítica de catequina e os resultados expressos em mg de catequina/g
de FCJ de acordo com Zhishen et al. (1999).
As antocianinas foram quantificadas pelo método do pH diferencial (Kuskoski et al.,
2006). Amostras de 3,000 g de FCJ foram extraídas com água destilada, agitadas e filtradas
em papel de filtro após repouso por 24 h a 5 ºC, ao abrigo da luz. Alíquotas dos filtrados
(0,2000 mL) foram acrescidas de 1,800 mL de solução tampão cloreto de potássio pH 1,0
(0,025 M), sendo, em seqüência, lidas a 510 e 700 nm. Amostras de 0,2000 mL das soluções
em pH 1,0 foram adicionadas a 1,800 mL de acetato de sódio pH 4,5 (0,40 M) e lidas em
espectrofotômetro (510 e 700 nm). O teor de antocianinas foi calculado e expresso como
cianidina-3-glicosideo/g FCJ, conforme a equação 2.
Antocianina monomérica = (A x PM x DF)/ ε x 1
(2)
Onde A = (A510 nm–A700 nm)pH 1.0 - (A520 nm–A700 nm)pH 4.5; PM = 449 g/mol; DF =
fator de diluição; 1 = caminho óptico cm; ε = 26900 L/mol/cm.
32
4.4 Conteúdo mineral
O conteúdo mineral existente na FCJ foi avaliado no laboratório de Fertilidades do
Solo e no Laboratório Integrado de Pesquisa Multiusuário dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri (LIMPEMVALE) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Para a análise de minerais, amostras de 0,2000 g de FCJ foram incineradas em forno
elétrico tipo mufla(b) a 550 oC por 6 h. As cinzas obtidas foram dissolvidas em 10,00 mL de
solução de HCl 0,1000 mol/L (SILVA, 1999).
As análises de cálcio, magnésio, ferro, zinco, cobre, potássio e manganês foram
realizadas em espectrofotômetro de absorção atômica calibrado em condições específicas de
comprimento de onda, fendas e mistura dos gases para cada elemento. O fósforo foi
quantificado em fotômetro de chama.
Foram construídas curvas analíticas utilizando-se de soluções padrões cujas
concentrações variaram de acordo com as amostras.
4.5 Características Físico-Químicas
Os teores de Sólidos Solúveis (SS), Acidez Total (AT) e potencial Hidrogeniônico
(pH) foram quantificados de acordo com metodologia da AOAC (2005), restituindo às
amostras, o percentual de umidade perdido durante a secagem.
O teor de SS foi quantificado por leitura em refratômetro e os resultados expressos em
ºBrix.
Para a determinação do pH e da AT, as amostras foram acrescidas de 40,00 mL de
água destilada, homogeneizadas e filtradas, sendo o pH avaliado por leitura em peagâmetro
digital. A AT foi determinada por titulação das amostras com NaOH 0,1000 mol/L, até pH
8,1, usando fenolftaleína como indicador. Os cálculos levaram em consideração o peso das
amostras utilizadas e o volume gasto de NaOH. Foi utilizado o ácido cítrico com referência.
4.6 Atividade Antioxidante
Preparou-se um extrato hidroalcoólico a partir de 10,00 g de amostra e 40,00 mL de
solvente (metanol/água destilada 1:1). Após 60 min sob repouso à temperatura ambiente, o
33
extrato foi centrifugado por 15 min com posterior recolhimento do sobrenadante. O processo
foi repetido sobre o resíduo da primeira extração, com 40,00 mL de acetona 70%
(acetona/água destilada 7:3) como extrator, conforme Larrauri et al., 1997.
4.6.1 Atividade Antioxidante por Captura de Radical-livre DPPH
A atividade antioxidante da FCJ por captura de radical DPPH livre foi determinada
conforme Rufino et al., (2007 a) em amostras de diferentes diluições (500,0, 1.000 e 1.500
mg/L) do extrato obtido anteriormente. Em ambiente escuro, alíquotas de 0,1000 mL de cada
diluição foram adicionadas a 3,900 mL do radical DPPH* 0,0600 mmol/L e homogeneizadas
em vórtex. O declínio da absorbância a 515 nm correspondeu à redução do radical DPPH.
Para o cálculo do EC50 que reflete o esgotamento de 50% dos radicais-livres, utilizou-se a
equação y = - ax + b, traçada com os valores de absorbância para cada diluição, sendo y =
absorbância inicial do controle/2. As leituras foram realizadas após a estabilização da
absorbância, verificada no tempo de 60 min. Foi traçada também a curva analítica a partir da
solução inicial de DPPH 0,0600 mmol/L com concentrações variando de 10,00 a 60,00 μM.
4.6.2 Atividade Antioxidante por Captura de Radical livre ABTS●+
Para a avaliação da atividade antioxidante por captura do radical ABTS●+ livre**,
amostras de 500,0, 1.000 e 1.500 mg/L foram preparadas a partir do extrato inicial. Em
ambiente escuro, alíquotas de 30,00 μL foram adicionadas a 3,000 mL do radical ABTS●+ e
homogeneizadas em vórtex. Após 6 min da preparação da mistura, realizou-se a leitura em
espectrofotômetro a 734 nm. O cálculo da atividade antioxidante foi realizado, substituindo,
na equação da reta traçada para as absorbâncias obtidas, a absorbância equivalente a 1.000
μM do padrão trolox (obtida pela reta da curva analítica com concentrações variando de 100,0
a 2000 μM). O resultado obtido corresponde à diluição da amostra (mg/L) equivalente a 1.000
μM de trolox sendo expresso em μM trolox/g de FCJ (Rufino et al., 2007 b).
34
4.6.3 Atividade Antioxidante por redução do Fe+3 (FRAP)
Diferentes diluições (500,0, 1.000 e 1.500 mg/L) foram preparadas a partir do extrato
hidroalcoólico obtido anteriormente. Em ambiente escuro, foram adicionados 90,00 μL de
cada diluição a 270,0 μL de água destilada. A solução foi acrescida de 2,700 mL do reagente
FRAP***, homogeneizada em vórtex e aquecida em banho-maria a 37 ºC por 30 min.
Realizou-se leitura a 595 nm utilizando o reagente FRAP como branco. Soluções aquosas de
Fe2SO4 com concentrações entre 500,0 e 2000 μM foram utilizadas para obtenção da curva
analítica de calibração. A análise foi realizada conforme Rufino et al. (2006 b) e os resultados
foram expressos em μM Fe2SO4/g de FCJ.
4.6.4 Atividade Antioxidante por Inibição da Oxidação Lipídica (branqueamento do βcaroteno)
A partir do extrato hidroalcoólico anteriormente obtido, amostras de três diluições
diferentes foram preparadas: Amostra A (500,0 mg/L); B (1.000 mg/L) e C (1.500 mg/L).
Em 0,4000 mL de cada diluição, foram adicionados 5,000 mL de solução sistema (βcaroteno/ácido linoléico)**** com posterior homogeneização e aquecimento em banho-maria
(40 °C). Realizou-se leituras espectrofotométricas (470 nm) após 2, 60 e 120 min de
experimento. Os resultados foram expressos em porcentagem de inibição da oxidação. A
redução da absorbância do sistema sem antioxidante (solução sistema β-caroteno/ácido
linoléico) foi considerada como 100% de oxidação. Todo o procedimento foi realizado
conforme Rufino et al. (2006 a).
*Radical DPPH = Preparado no dia da análise pela dissolução de 2,40 mg de DPPH em álcool metílico completando o volume para 100,00
mL. A solução foi homogeneizada de transferida para frasco de vidro âmbar.
**Radical = Preparado no dia da análise a partir da reação de 5,00 mL da solução estoque de ABTS com 88μL de solução de persulfato de
potássio 140 mmol/L. A mistura foi mantida no escuro, à temperatura ambiente, por 16 horas. Em seguida, foi diluída em 1,00 mL de álcool
etílico até obter uma absorbância de 0,70 nm ± 0,05 nm a 734 nm.
***Reagente FRAP = 25 mL de tampão acetato 0,3 M + 2,5 mL de solução de TPTZ 10 mM e 2,5 mL de uma solução aquosa de cloreto
férrico 20 mM, devendo ser usado imediatamente após sua preparação.●TPTZ = Preparado por dissolução e homogeneização de 3,12 g de
TPTZ em HCl 40 mM com volume suficiente para completar 1,00 L. A solução foi transferida para frasco de vidro âmbar e mantida sob
refrigeração.
****Solução sistema β-caroteno/ácido linoléico = Preparada pela mistura de 40 μL de ácido linoléico com 530,00 μL de Tween 40, 50,00 μL
de solução β-caroteno e 1,00 mL de clorofórmio, com homogeneização e posterior evaporação do clorofórmio com auxilio de oxigenador.
Em seguida adicionou-se água tratada com oxigênio até a obtenção de uma absorbância entre 0,6 nm e 0,7 nm a 470 nm. ●Solução βcaroteno = 20,00 mg de β –caroteno + 1,00 mL de clorofórmio, mantido protegido da luz com papel alumínio e preparado para uso imediato.
35
4.7 Estudo fitoquímico
4.7.1 Métodos cromatográficos
4.7.1.1 Cromatografia em camada delgada (CCD)
Foram empregadas placas de vidro recobertas por Sílica gel 60 G Vetec®, 0,25 mm de
espessura, ativada a 100 °C.
4.7.1.2 Cromatografia em coluna (CC)
Na cromatografia em coluna (CC) foram empregadas colunas de vidro de diâmetros e
tamanhos variados e eluídas sob pressão atmosférica. A proporção utilizada entre amostra e
fase estacionária foi, em geral, de 1:30. Como fase estacionária, utilizou-se de sílica gel 60
Merck (70-230 Mesh). Os extratos foram dissolvidos em quantidades suficientes da fase
móvel e, então, depositados na coluna até sua absorção completa no suporte, seguida por
eluição no solvente apropriado (hexano, clorofórmio, acetato de etila, etanol e metanol
(Vetec® e Synth®) e/ou misturas binárias destes. Como reveladores utilizou-se a radiação no
ultravioleta (λ 254 e 365 nm), vapores de iodo e/ou vanilina preparada pela mistura na
proporção 1:1 de uma solução de 1,000 g de vanilina solubilizada em 100,0 mL de etanol com
outra solução de 3,000 mL de ácido perclórico solubilizado em 100,0 mL de água. As
cromatoplacas borrifadas com vanilina foram levadas a estufa por 10-15 minutos a 120 °C.
4.7.2 Testes Químicos
4.7.2.1 Ponto de fusão
As temperaturas de fusão foram determinadas em fusiômetro no laboratório Química
Orgânica do Departamento de Química da UFMG.
36
4.7.2.2 Métodos espectrométricos
4.7.2.2.1 Infravermelho
Os espectros na região do infravermelho foram obtidos com o uso de pastilhas de KBr
em espectrômetro Perkin-Elmer 283B do Departamento de Química –ICEx/UFMG.
4.7.2.2.2 RMN de 1H e de 13C
Os espectros de RMN de 1H, RMN de 13C e subespectros DEPT-135 foram obtidos em
espectrômetros Bruker modelos DX-200 (200MHz) linha AVANCE do Departamento de
Química – ICEx/UFMG. Os deslocamentos químicos foram registrados em unidade δ e as
constantes de acoplamento dadas em Hz, sendo o tetrametilsilano (TMS) empregado como
padrão de referência interna. Clorofórmio deuterado (CDCl3) e dimetil sulfóxido deuterado
(DMSO-d6) foram utilizados como solventes.
4.7.3 Preparação do extrato bruto
Quatro amostras de 200,0 g de FCJ (total 800,0 g) foram colocadas em erlenmeyers de
1,000 L e adicionadas de etanol 80% até que todo o material fosse submergido. A extração foi
realizada a temperatura ambiente (18 a 24 ºC) por 7 dias. A mistura foi filtrada em algodão e,
posteriormente, a solução hidroalcoólica da FCJ foi concentrada em evaporador rotativo
(Rotavapor Fisatom®) à temperatura de aproximadamente 60 ºC. Após a evaporação do
solvente, obteve-se o extrato hidroalcoólico da FCJ (extrato bruto) e o material vegetal foi
resubmetido à adição de etanol 80% e ao processo de extração por duas outras vezes.
4.7.4 Fracionamento do extrato bruto da FCJ
Uma amostra de 106,6 g de extrato bruto da FCJ foi submetido a fracionamento por
CC de sílica gel em hexano, clorofórmio, acetato de etila (AcOEt), etanol (EtOH) e metanol
37
(MeOH) sendo, a passagem destes solventes efetuada até não mais ser percebida por CCD a
eluição de substâncias. Após a retirada do solvente em evaporador rotativo, as frações, foram
reunidas e denominadas de Extrato hexânico, Extrato em clorofórmio, Extrato em AcOEt,
Extrato em EtOH e Extrato em MeOH (Figura 8).
Figura 8. Esquema do sequenciamento metodológico do fracionamento do extrato bruto da FCJ.
4.7.5 Fracionamento do extrato em clorofórmio
O extrato em clorofórmio foi fracionado em CC, sendo utilizados hexano,
diclorometano (DCM), AcOEt, EtOH, MeOH e/ou misturas destes em polaridades crescentes.
As amostras obtidas, resultantes da reunião de 390,0 frações de 250,0 mL eluídas das colunas
e concentradas em evaporador rotativo, foram enumeradas de maneira seqüencial (Tabelas 4).
38
Depois de confirmado mesmo perfil cromatográfico por CCD, utilizando-se iodo
como revelador as frações obtidas foram reunidas em 20 grupos (Tabela 5).
Tabela 4. Fracionamento do extrato em clorofórmio da FCJ
Eluente
Fração
n-hexano
n-hexano: DCM (9:1)
n-hexano: DCM (8:2)
n-hexano: DCM (7:3)
n-hexano: DCM (1:1)
n-hexano: DCM (7:3)
DCM
DCM: AcOEt (7:3)
DCM: AcOEt (1:1)
DCM: AcOEt (3:7)
AcOEt
AcOEt: MeOH (1:1)
MeOH
1-24
25-53
54-94
95-133
134-171
172-202
203-225
226-256
257-306
307-327
328- 354
355-377
378-390
Tabela 5. Reunião das frações obtidas por CCD do extrato em clorofórmio da FCJ
Reunião
Fração
RC1
RC2
RC3
RC4
RC5
RC6
RC7
RC8
RC9
RC10
RC11
RC12
RC13
RC14
RC15
RC16
RC17
RC18
RC19
RC20
1-27
28-35
36-43
44-51
52-57
58-98
99-136
137-152
153-173
174-205
206-229
230-237
238-248
249- 256
257-271
272-308
309-329
330-356
357-379
380-390
Dentre as reuniões obtidas RC4 formou cristais e foi submetida à recristalização em
metanol a quente e a análises por Infravermelho, RMN 1H e RMN
13
C após comprovada
39
pureza mediante CCD. As demais reuniões não foram trabalhadas por se tratarem de misturas
complexas em pequenas quantidades.
4.7.6 Fracionamento dos extratos em AcOEt
O extrato em AcOEt foi fracionado também em CC, sendo utilizados DCM, AcOEt,
MeOH e/ou misturas destes em polaridades crescentes. As amostras obtidas, resultantes da
reunião de 312,0 frações de 250,0 mL eluídas das colunas e concentradas em evaporador
rotativo, foram enumeradas de maneira seqüencial (Tabelas 6).
Tabela 6 . Fracionamento do extrato em AcOEt da FCJ
Eluente
Fração
DCM: AcOEt (7:3)
DCM: AcOEt (3:7)
AcOEt
AcOEt: MeOH (1:1)
MeOH
1-45
46-156
157-233
234-285
286-312
Depois de confirmado mesmo perfil cromatográfico por CCD, utilizando-se iodo
como revelador as frações obtidas foram reunidas em 13 grupos (Tabela 7).
Tabela 7. Reunião das frações obtidas por CCD do extrato em AcOEt da FCJ
Reunião
RA1
RA2
RA3
RA4
RA5
RA6
RA7
RA8
RA9
RA10
RA11
RA12
RA13
Fração
1-45
46-53
54-69
70-90
91-116
117-156
157-173
174-196
197-233
234-258
259-286
287-299
300-312
40
Dentre as reuniões obtidas, RA4 e RA5 foram submetidas a análises por
Infravermelho, RMN 1H e RMN 13C por apresentarem cristais e comprovada pureza mediante
CCD. As demais reuniões não foram trabalhadas por se tratarem de misturas complexas em
pequenas quantidades.
4.8 Análises Estatísticas
Todas as análises, exceto testes fitoquímicos, foram realizadas em três repetições e os
resultados expressos em médias ± desvios padrões (PIMENTEL-GOMES, 1987). Para
fenólicos totais foi utilizada a análise de variância (ANOVA) para avaliar as diferenças entre
os diferentes solventes e entre os dois reagentes analisados, sendo o teste de comparação
múltipla de Tukey adotado como nível de significância p < 0,05 em software Statistica®
versão 7.0 (Statsoft Inc., 2004).
41
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A FCJ obtida apresentou coloração vermelha-arroxeada e granulometria fina (80
mesh).
5.1 Caracterização Química
5.1.1 Composição Centesimal
O teor de umidade da FCJ (14,45%) (Tabela 8) encontra-se abaixo do valor máximo
(15,00%) estipulado para umidade em farinhas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA, 2005). Farinhas com umidade acima de 15,00% tendem a formar grumos que as
impedem de fluir uniformemente e manter a proporção de seus ingredientes em uma mistura,
além de apresentarem menor tempo de vida útil uma vez que a água é um componente
essencial para as reações químicas e enzimáticas bem como para o desenvolvimento de
microrganismos, como fungos (SILVA, 1991).
Tabela 8. Composição centesimal (g/100 g) da FCJ
Composição
Umidade
Cinzas
Extrato etéreo
Proteínas
Fibras
Açúcares totais
Teor
14,45 ± 0,63
4,263 ± 0,10
5,296 ± 0,63
5,236 ± 0,54
15,26 ± 1,52
55,50 ± 0,74
11,31 ± 2,74
44,19 ± 1,56
Açúcares redutores
Açúcares não redutores
Resultados expressos em média de três repetições ± desvio padrão.
Os valores obtidos para o extrato etéreo (5,296%), proteínas (5,236%) e cinzas (4,263
%) na FCJ (Tabela 8) diferenciam-se dos anteriormente encontrados (0,68, 1,10 e 2,88 g/100
g, respectivamente) em cascas liofilizadas de jabuticaba na variedade Paulista. Quando
comparados com os teores de extrato etéreo (0,21 e 0,53 g/100 g), proteínas (0,44 e 1,12
g/100 g) e cinzas (2,90 e 2,84 g/100 g) quantificados na polpa e sementes de seus frutos,
42
respectivamente, foi possivel sugerir maior proporção destes constituintes na fração da casca
da jabuticaba (BOARI-LIMA et al. 2008). Discrepâncias entre os valores apresentados na
composição química para estas análises podem ser explicadas pelas diferenças de cultivares,
tratos culturais, clima, solo, maturação, armazenamento e processamento da amostra.
A porcentagem de fibra da FCJ (15,26%) (Tabela 8, pág. 41) permite a classificação
deste resíduo, conforme a ANVISA (1998), como fornecedor de alto teor de fibras. Por outra
classificação, estabelecida por Mattos e Martins (2000), esta farinha é considerada como fonte
de “muito alto” teor em fibras. Segundo esses autores, os alimentos podem ser classificados
em teor muito alto em fibras (mínimo 7,000 g fibras/100,0 g), alto (4,500 a 6,900 g
fibras/100,0 g), moderado (2,400 a 4,400 g fibras/100,0 g) e baixo (inferior a 2,400 g
fibras/100,0 g). A American Dietetic Association (1993) recomenda uma ingestão de 20,00 a
30,00 g diárias de fibras para adultos quando em uma dieta rica em carboidratos e pobre em
gorduras. Nessas condições, 100,0 g de FCJ atende em torno de 76,30% dessas
recomendações. Estudos relacionam as fibras à prevenção de doenças como diverticulite,
câncer de cólon, obesidade, problemas cardiovasculares, diabetes e redução dos níveis séricos
de lipídeos (SALGADO et al., 2008).
O elevado teor de açúcares totais (55,50 %) (Tabela 8, pág. 41) encontrado na casca de
jabuticaba deve-se provavelmente ao açúcar da polpa que permaneceu aderido à fração casca.
O teor de açúcares redutores apresentado pela FCJ (11,31 %) é baixo quando comparado com
a porcentagem de açúcares totais. Diante disso, foi possível prever um sabor menos adocicado
para a casca de jabuticaba uma vez que os açúcares redutotes são os principais responsáveis
pela doçura dos alimentos, devido provavelmente, à concentração de frutose presente, uma
vez que este açúcar é cerca de 170,0 vezes mais doce do que a sacarose (TREPTOW et al.,
1998).
5.1.2 Fenólicos Totais
As maiores quantidades de fenólicos totais extraídas pelo metanol 80%, etanol 80%,
etanol 60% e acetona 80% pelo reagente Folin Denis não diferiram (p>0,05) entre si (Tabela
9, pág. 43).
O maior teor de fenólicos totais pelo reagente Folin Ciocalteu foi obtido com o etanol
80% como solvente extrator (Tabela 9, pág. 43) embora não diferente significativamente
(p>0,05) dos demais solventes.
43
A acetona pura promoveu menor extração de compostos fenólicos por ambos os
reagentes (Tabelas 9).
O reagente Folin Denis mostrou-se mais efetivo que o reagente Folin Ciocalteu para a
quantificação de fenólicos totais da FCJ (Tabela 10). À exceção de metanol puro, acetona
pura e acetona 80%, todos os demais solventes utilizados promoveram extrações em
quantidades diferentes (p˂0,05)entre os dois reagentes utilizados.
Tabela 9. Fenólicos totais (mg de ácido gálico, GAE/100 g) extraídos por diferentes solventes pelos reagentes
Folin Denis e Folin Ciocalteu
Solvente
Água
Metanol
Metanol 80%
Metanol 60%
Etanol
Etanol 80%
Etanol 60%
Acetona
Acetona 80%
Acetona 60%
Folin Denis
1080,7bc ± 2,34
401,89cd ± 1,17
1895,4a ± 5,27
1082,6bc ± 2,93
922,65bcd ± 1,76
1405,8ab ± 6,44
1292,7ab ± 9,95
156,35d ± 2,93
880,22bcd ± 14,64
1198,9abc ± 2,93
Folin Ciocalteu
274,39a ±14,35
311,10a ± 30,87
414,27a ± 38,69
251,55a ± 7,39
242,06a ± 7,39
443,20a ± 8,26
348,50a ± 19,56
135,12a ± 2,61
403,16a± 4,78
305,05a ± 3,91
Resultados expressos em média de três repetições ± desvio padrão. Médias seguidas de letras diferentes em
mesma coluna diferem entre si (p ˂0,05) pelo teste Tukey.
Tabela 10. Comparação entre teores de fenólicos totais (mg GAE /100 g) extraídos por diferentes solventes e
reagentes (Folin Ciocauteau e Folin Denis)
Solvente
Água
Metanol
Metanol 80%
Metanol 60%
Etanol
Etanol 80%
Etanol 60%
Acetona
Acetona 80%
Acetona 60%
Folin Ciocalteu
274,39b ±14,35
311,10a ± 30,87
414,27b ± 38,69
251,55b ± 7,39
242,06b ± 7,39
443,20b ± 8,26
348,50b ± 19,56
135,12a ± 2,61
403,16a± 4,78
305,05b ± 3,91
Folin Denis
1080,7a ± 2,34
401,89a ± 1,17
1895,4a ± 5,27
1082,6a ± 2,93
922,65a ± 1,76
1405,8a ± 6,44
1292,7a ± 9,95
156,35a ± 2,93
880,22a± 14,64
1198,9a ± 2,93
Resultados expressos em média de três repetições ± desvio padrão. Médias seguidas de letras diferentes em
mesma linha diferem entre si (p ˂ 0,05) pelo teste Tukey.
A maior extração de compostos fenólicos da FCJ em metanol 80%, etanol 80%, etanol
60% e acetona 80%, pelo reagente Folin Denis sugere a maior solubilidade destes compostos
nas polaridades estabelecidas nestas soluções além da maior efetividade do reagente Folin
Denis na quantificação destes compostos da FCJ. Este resultado é uma característica peculiar
44
dos fitoquímicos da casca de jabuticaba e indica a existência de polifenóis com polaridades
diversificadas na FCJ. É recomendado o uso de combinações destes solventes de modo a
permitir maior eficiência na quantificação destes contituintes.
O teor de fenólicos totais da FCJ extraídos pelo etanol e reagente Folin Ciocalteu foi
89,91% menor quando comparado com o obtido por Santos et al. (2010) que quantificaram
2400 mg GAE/100 g de extrato seco obtido por incubação e agitação de casca de jabuticaba
em mesmo solvente e reagente. Todavia essa diferença é menor e equivalente a 61,58%
quando comparado com o reagente Folin Denis e mesmo solvente e, equivalente 21,02%
quando comparada com o reagente Folin Denis e metanol 80%. Essa diferença se deve,
possivelmente, à diluição dos compostos fenólicos da FCJ, uma vez que o solvente não foi
evaporado após a extração destes para a obtenção de um extrato seco, como no estudo citado,
o que sugere valores de fenólicos subestimados para a FCJ.
O teor de fenólicos totais quantificado na FCJ em metanol 80% e pelo reagente Folin
Ciocalteu (414,3 mg GAE/100 g) se assemelha ao obtido (440,0 mg GAE/100 g) para o
extrato em metanol 50% de casca e polpa liofilizadas de jabuticaba (RUFINO et al., 2010).
Embora a FCJ não tenha sido avaliada para o teor de fenólicos totais em metanol 50%, esses
resultados indicam a presença de maior quantidade de fenólicos totais na casca de jabuticaba
quando comparada com sua polpa. Além disso, esses resultados permitem sugerir que a
secagem utilizada para a obtenção da FCJ (40 ± 5 oC/7 dias) não promoveu mudanças
bioquímicas dos compostos fenólicos.
Os fenólicos totais da farinha da casca de jabuticaba em metanol 80% e reagente Folin
Ciocalteu, se assemelham ao teor obtido (452,6 mg GAE/100 g) para a farinha do arilo da
Copaifera langsdorffii (copaíba) em mesmas condições de análise (ESTEVES et al., 2011).
Porém, nossos resultados para o teor de fenólicos na FCJ em metanol 80% e reagente Folin
Denis permitem indicar a FCJ como fornecedora de maiores quantidades destes compostos
quando comparada com a farinha do arilo de Copaifera langsdorffii e de outros resíduos
vegetais, como a casca do fruto de Swartzia langsdorfii (318,0 mg GAE/100) e a semente do
fruto de Eugenia dysenterica (1190 mg GAE/100 g), ambos em extrato etanólico (ROESLER
et al., 2007).
5.1.3 Flavonóides e Antocianinas
45
Na literatura não foram encontrados dados referentes ao teor de flavonóides em cascas
e/ou polpa e/ou fruto inteiro de Myrciaria cauliflora embora tenham sido identificados, em
extrato metanólico de polpa e casca, os flavonóides: quercetina, isoquercitrina,
quercimeritrina, quercitrina e miricetina (REYNERTSON et al., 2006).
Estudos realizados com os frutos de Myrciaria jaboticaba quantificaram 1,300 x 10-3 g
de quercetina/100 g de polpa (HOFFMANN-RIBANI et al., 2009). Embora de espécies
diferentes, o resultado obtido (8,960 g de catequina/100 g) (Tabela 11) permitiu sugerir que a
casca de jabuticaba contêm maior teor de flavonóides que sua polpa.
O teor de antocianinas (0,6823 g de cianidina-3-glicosídeo/100g) (Tabela 11) condiz
com o quantificado anteriormente (0,6 g de cianidina-3-glicosídeo/100 g) em cascas de
jabuticaba extraídas por incubação e agitação (SANTOS et al., 2010). Porém, quando
comparado com o teor apresentado pelo extrato de polpa e casca (0,28 g cianidina-3glicosídeo/100 g) (REYNERTSON et al., 2008) é possível perceber maior porcentagem deste
pigmento nas cascas deste fruto.
A maior proporção de flavonóides e antocianinas na casca de jabuticaba é justificada
pela maior exposição desta a fatores ambientais o que ocasiona maiores estímulos à produção
destes metabolitos secundários relacionados com a proteção contra estresses abióticos, como a
radiação ultravioleta, além de seu papel na atração de organismos dispersores de sementes,
dentre outros.
Tabela 11. Flavonóides (g de catequina /100g) e antocianinas (g de cianidina-3-glicosídeo/100g) na FCJ
Flavonóides
Antocianinas
8,960 ± 0,17
0,6823 ± 0,18
Resultados expressos em média de três repetições ± desvio padrão.
A casca de jabuticaba apresenta teores mais elevados de antocianinas do que fontes
conhecidas deste pigmento como a casca de Vitis labrusca (uva „Isabel‟ com 0,21 g de
cianidina-3-glicosídeo/100 g) e a casca de Vitis labrusca x Vitis vinifera (uva „Niágara rosada‟
com 0,05 g de cianidina-3-glicosídeo/100 g) (SOARES et al.,2008). Este achado sugere a
casca jabuticaba como fonte potencial de pigmentos naturais, sendo necessários maiores
estudos sobre a estabilidade destes e potencialização de sua extração para melhor
aproveitamento pelas indústrias alimentícias bem como pelas indústrias farmacêuticas e
químicas.
46
Os teores de flavonóides e antocianinas na FCJ sugerem que este resíduo pode
apresentar atividades biológicas significativas. Estes compostos possuem propriedades
antioxidantes que minimizam danos oxidativos causados ao organismo pelas espécies reativas
de oxigênio e nitrogênio, prevenindo doenças crônicas não transmissíveis, como aterosclerose
(JACOB e BURRI, 1996), cânceres de cólon, esôfago, pulmão, fígado, mama e pele
(ANGELO e JORGE, 2007), doença arterial coronária, acidente vascular cerebral e/ou doença
vascular periférica (VACCARI et al., 2009) e inflamações (PUEL et al. ,2008). Rique et al.
(2002) afirmam que mesmo que um indivíduo não tenha somente acesso a produtos
orgânicos, este deve ser incentivado a consumir frutas com cascas pelos benefícios dos
fitoquímicos presentes nessas frações dos vegetais.
5.2 Conteúdo Mineral
O potássio foi o mineral de maior proporção na FCJ, sendo seguido pelo fósforo. O
manganês apresentou a menor concentração dentre os minerais analisados (Tabela 12).
Tabela 12. Composição em minerais (mg/100g) na FCJ
Mineral
Concentração
Cálcio
11,33 ± 0,01
Fósforo
37,71 ± 0,01
Magnésio
6,550 ± 0,00
Potássio
106,0 ± 0,03
Cobre*
1,380 ± 0,03
Ferro*
3,230 ± 0,01
Manganês*
0,8700 ± 0,00
Zinco*
2,590 ± 0,01
Resultados expressos em média de três repetições ± desvio padrão. * Microminerais.
A maior proporção do potássio (106,0 mg/100 g) (Tabela 12) na FCJ condiz com a
afirmação feita por Vanillo et al. (2006). Segundo esses autores, o potássio apresenta grande
mobilidade nas plantas devido à sua pouca afinidade em formar quelatos orgânicos o que
justifica sua grande proporção nas frutas, principalmente nas cascas. O potássio aumenta o
47
teor de SS e AT, aumentando também o peso médio e o diâmetro do fruto. Este mineral eleva
o teor de ácido ascórbico que reduz as quinonas produzidas pela oxidação enzimática,
convertendo-se em ácido de hidroascórbico e atuando como inibidor da atividade da enzima
polifenoloxidase, responsável pelo escurecimento interno da polpa.
O teor razoável de fósforo (37,71 mg/100g) (Tabela 12, pág. 46) pode estar
relacionado à presença de fitina, reserva de fósforo para a germinação (LIMA, 2009).
A quantidade pouco expressiva de magnésio (6,550 mg/100g) (Tabela 12, pág. 46)
pode estar associada à participação deste na coloração verde do fruto. Souza (1992) observou
o acúmulo deste mineral na casca de jabuticaba até próximo ao final do ciclo de maturação,
podendo estar associado a alterações na cor das antocianinas.
Uma amostra de 100,0 g de FCJ fornece 1,133 e 5,771 % das necessidades diárias de
ingestão (Anexo 1, pág. 119) de Ca e P, respectivamente, para homens e mulheres com idade
entre 31 e 50 anos. Para essa mesma população, 4,434 g de FCJ é suficiente para fornecer
100% das necessidades diárias de K (4,7 mg) conforme AI (adequate intake - ingestão média
recomendada), das DRI‟s (INSTITUTE OF MEDICINE, 1997).
Embora em menor proporção na FCJ, dentre os minerais avaliados, o Mn (0,8700
mg/100g) (Tabela 12, pág. 46) fornecido por uma amostra de 100,0 g de FCJ corresponde a
37,83 e 48,33% das necessidades diárias (Anexo 1, pág. 119) de homens e mulheres,
respectivamente, com idade entre 31 e 50 anos.
Uma amostra de 100,0 gramas de FCJ fornece o equivalente a 153,3% das
necessidades diárias de Cu para homens e mulheres adultos (31 a 50 anos) (INSTITUTE OF
MEDICINE, 2002). O fornecimento de alta proporção de Cu pela FCJ é importante, pois este
elemento é fundamental na constituição de enzimas como a superóxido dismutase, que
protege as membranas celulares contra danos oxidativos além de ser essencial em funções
como mobilização de ferro para síntese de hemoglobina.
Todavia, a composição mineral em frutos pode ser influenciada por vários fatores,
como condições climáticas (luz, temperatura, umidade), composição química do solo,
diferenças genéticas, práticas agrícolas e grau de maturidade (OLIVARES et al., 2004).
5.3 Características Físico-Químicas
A FCJ apresentou teores de sólidos solúveis (8,744 ºBrix) (Tabela 13, pág. 48)
considerados adequados para promover sua maior conservação pós-colheita. Teores de SS
48
acima de 15º Brix indicariam sua rápida deterioração e fermentação, com conseqüente
diminuição de sua vida útil, uma vez que se relacionam à presença de açúcares e ácidos
orgânicos.
Tabela 13. Sólidos Solúveis (ºBrix), Acidez Total (g de ácido cítrico hidratado/100g de FCJ) e pH da FCJ
FCJ
SS
AT
Teor
8,744 ± 0,23
0,8661 ± 0,02
pH
3,190 ± 0,01
Resultados expressos em média de três repetições ± desvio padrão.
O pH e a acidez total observados para a FCJ (Tabela 13) permitem classificá-la como
produto ácido. Segundo o Instituto Adolfo Lutz (2005), produtos alimentícios ácidos são de
difícil ataque microbiano, sendo suas características conservadas mais facilmente. Além disso,
são importantes sob o ponto de vista do sabor e odor, sendo responsáveis pelo sabor agri da
casca. Esse achado permite sugerir a não necessidade de adição de ácidos para ajuste do sabor
quando da suplementação da FCJ em dietas e/ou produtos alimentícios.
5. 4 Atividade Antioxidante
5.4.1 Atividade Antioxidante por captura de radical-livre DPPH
Foi possível verificar na FCJ a existência de compostos que atuam como doadores de
hidrogênio ao radical DPPH. A pequena quantidade de amostra capaz de reduzir 50% deste
radical (3,184 g de FCJ/g DPPH) (Tabela 14, pág. 49) sugere a FCJ como portadora de alta
capacidade antioxidante. O resultado encontrado neste ensaio é influenciado, principalmente,
pelo teor de compostos fenólicos, os quais representam a principal contribuição quanto à
capacidade de seqüestrar radicais-livres.
A menor quantidade de extrato de FCJ necessária para promover mesma porcentagem
de redução dos radicais-livres DPPH quando comparada com o extrato de polpa e casca deste
fruto frente a este radical (138,0 g matéria seca/g de DPPH) (RUFINO et al., 2010) sugere a
casca de jabuticaba como de maior atividade antioxidante do que sua porção comestível. A
49
FCJ foi cerca de 43,40 % mais eficiênte na doação de elétrons aos radicais-livres DPPH do
que o extrato citado. Este resultado condiz com a maior concentração de compostos
antioxidantes na casca deste fruto, como por exemplo, as antocianinas.
A FCJ quando comparada com frutos com reconhecida atividade antioxidante, como o
Euterpe oleracea (açaí, 598,0 g matéria seca/g de DPPH), Anacardium occidentale (caju,
906,0 g matéria seca/g de DPPH) e Spondias tuberosa (umbu, 276,0 g matéria seca/g de
DPPH) (RUFINO et al., 2010) apresenta excelente atividade frente ao radical DPPH o que
confirma a grande proporção de compostos antioxidantes na casca deste fruto.
O desempenho antioxidante de frutos e/ou resíduos destes é dependente de inúmeros
fatores, como origem geográfica, condições climáticas, período da colheita, armazenamento,
temperatura de secagem, solvente extrator, teor de fenólicos, vitaminas, carotenóides etc
(MOURE et al., 2001).
Tabela 14. Atividade antioxidante da FCJ por captação de radicais- livres DPPH (g de FCJ/g de DPPH),
captação de radicais-livres ABTS.+ (μmol Trolox/g de FCJ) e redução do Fe, FRAP, (mm de Fe2SO4/100 g de
FCJ)
Ensaio
DPPH*
ABTS.+
FRAP
Resultado
3,184 ± 0,01 (77,50** ± 0,01)
1017,8 ± 0,04
167,68 ± 0,02
Resultados expressos em médias de 3 repetições ± desvio padrão. * EC50 (amostra de FCJ necessária para
reduzir em 50% a concentração inicial do radical DPPH). ** 77,5 μg de FCJ/mL solução DPPH 0,06 mM.
5.4.2 Atividade Antioxidante por captura de radical-livre ABTS●+
O método ABTS foi usado para confirmar os resultados do teste de DPPH uma vez
que se baseia em um mecanismo antioxidante semelhante. De maneira diferente à
apresentação do resultado para o DPPH, o maior valor em μM trolox/g é referente a uma
maior concentração de substâncias com potencial antioxidante equivalente ao padrão Trolox®
em um grama de amostra.
A atividade antioxidante da FCJ frente ao radical ABTS●+ (1017,8 μmol Trolox/g de
FCJ) (Tabela 14) é cerca de 12 vezes superior à atividade antioxidante observada para a polpa
(80 μM trolox/g) de jabuticaba (Lima, 2009). Este resultado pode ser justificado pelo maior
acúmulo de metabólitos secundários, como os flavonóides e as antocianinas, nos tecidos mais
externos das plantas devido ao seu potencial papel na proteção contra as radiações
50
ultravioleta, atuando como atrativos na dispersão de frutos e como produtos químicos de
defesa contra patógenos e predadores.
A FCJ apresenta alta capacidade de captura de radical ABTS●+ quando comparada
com cascas de frutos como, por exemplo, Hymenaea courbaril (jatobá), Callocarpum
mamosum (coastal sapote) e Theobroma grandiflorum (cupuaçu) com respectivamente 428,0
377,0 e 65,30 μM trolox/g (CONTRERAS-CALDERÓN et al., 2010).
5.4.3 Atividade antioxidante por redução do Fe+3 (FRAP)
O extrato da FCJ mostrou-se efetivo também na promoção da atividade antioxidante
pela redução dos íons Fe+3 (167,68 mm de Fe2SO4/100 g de FCJ) (Tabela 14, pág. 49).
Quando comparado com o extrato liofilizado de casca e polpa da jabuticaba (63,50 mM
Fe2SO4/100g) (RUFINO et al., 2010) foi possível observar uma maior concentração de
substâncias responsáveis pela redução de metais na casca deste fruto. A atividade antioxidante
apresentada pelo extrato da casca de jabuticaba pelo método FRAP foi 62,13% superior à
apresentada pelo extrato de casca e polpa, o que indica a diluição dos fitoquímicos,
responsáveis por essa atividade, no segundo extrato.
A atividade antioxidante da FCJ pela redução dos íons Fe+3 foi elevada e superior à
apresentada por cascas de frutos conhecidos popularmente como: romã (82,11 mm
Fe2SO4/100 g), goiaba (10,24 mm Fe2SO4/100 g), Kiwi (11,13 mm Fe2SO4/100 g), manga
(10,13 mm Fe2SO4/100 g), banana (3,160 mm Fe2SO4/100 g) etc (GUO et al., 2003).
5.4.4 Atividade Antioxidante por inibição da oxidação lipídica (branqueamento do βcaroteno)
A capacidade da FCJ em inibir o branqueamento do β-caroteno permite considerá-la,
nas três concentrações analisadas (Tabela 15, pág. 51), como de elevada atividade
antioxidante (acima de 70%) conforme classificação de Hassimotto et al. (2005). Este
resultado soma-se ao já discutido e permite atribuir também à casca de jabuticaba a atividade
antioxidante por inibição da oxidação lipídica.
51
Tabela 15. Atividade antioxidante por inibição da oxidação lipídica (sistema β-caroteno/ácido linoléico) em três
diferentes concentrações de FCJ
Concentração
% de inibição
500 mg/L
1000 mg/L
1500 mg/L
72,12 ± 0,06
75,96 ± 0,11
82,69 ± 0,32
Resultados expressos em médias de 3 repetições ± desvio padrão.
A atividade antioxidante da FCJ pelo método β-caroteno/ácido linoléico condiz com a
anteriormente quantificada para a casca de jabuticaba nas concentrações de 500,00 e 1000,00
mg/L (71,33 e 75,02 % de inibição do branqueamento do β-caroteno) (LIMA, 2009).
A menor concentração avaliada do extrato da FCJ (500 mg/L) apresenta maior
porcentagem de inibição da oxidação lipídica do que as apresentadas pelas concentrações
4000, 2000 e 1330 mg/L da polpa deste fruto com, respectivamente, 57,05, 48,44 e 44,11 %
de inibição (LIMA, 2009). Esse achado reforça nossa afirmação de que a casca da jabuticaba
apresenta maior quantidade de substâncias com atividade antioxidante quando comparada
com sua polpa e, condiz com os dados obtidos para os compostos fenólicos, flavonóides e
antocianinas em nosso estudo.
Segundo Koleva et al. (2002), a oxidação lipídica é um complexo processo em cadeia
no qual estão envolvidos vários tipos de radicais livres de diferentes reatividades e o exato
mecanismo do antioxidante no sistema β-caroteno/ácido linoléico é difícil de ser explicado,
especialmente ao se testar matrizes complexas, como é o caso de extratos de resíduos
vegetais.
5.5 Análise estrutural
5.5.1 Amostra RC4
A amostra RC4 (0,06530 g) apresentou-se como um sólido cristalino branco (ponto de
fusão 134,5-136,6 ºC). O espectro de absorção na região IV (Figura 10, pág. 53) evidencia sua
natureza alifática pela presença de absorções intensas em 2935 e 2864 cm -1 (atribuídas à
deformação axial C-H) e ausência de absorções nas regiões características de aromáticos. A
banda larga centrada em 3429 cm-1 é atribuída à deformação axial de OH livre, sendo a
52
presença de hidroxila confirmada pela absorção em 1381 cm-1, atribuída à deformação angular
de OH no plano. A banda em 1465 cm-1 é atribuída à deformação angular simétrica no plano
de ligação CH (CH2). As absorções em 1054 e 1021 cm-1 são atribuídas ao estiramento de CO de alcoóis (SILVERSTEIN et al., 2007).
O espectro de RMN de 1H (Figura 11, pág. 53) apresenta sinais múltiplos na região
entre δH 0,7 e 2,3, sendo atribuídos a átomos de hidrogênio metínico, metilênico e metílico. O
sinal em δH 3,5 é atribuído a hidrogênio carbinólico e o sinal em δH 5,3 atribuído a hidrogênio
olefínico (SILVERSTEIN et al., 2007).
O espectro de RMN de 13C e o subespectro DEPT (Figuras 12 e 13, pág. 54) revelam a
presença de 29 sinais de carbono. Os sinais em δc 121,9 (CH) e 140,7 (C) são atribuídos aos
carbonos olefínicos e o sinal em δc 72,03 (CH) ao carbono carbinólico. A confirmação
estrutural e a atribuição dos demais sinais de carbono foram possíveis por comparação dos
deslocamentos químicos de RMN de
13
C, auxiliada pela análise do subespectro DEPT, em
comparação com dados da literatura (Tabela 16, pág. 55). Esses dados e a comparação com a
literatura (VALADARES, 2009) sugerem que a amostra RC4 se trata do sitosterol.
29
28
22
21
19
12
18
11
13
16
14
9
1
2
Figura 9. Estrutura do sitosterol.
8
10
3
HO
5
4
23
17
7
6
15
26
24
20
25
27
53
122,7
110
100
90
23 59,7
17 12,4
16 40,5
23 41,5
80
83 8,1
13 31,9 11 92,0
12 39,8
95 7,8
80 0,8
66 8,1
34 29,7
10 21,9
70
13 81,6
14 65,2
10 63,5 10 54,3
%T 60
28 50,7
28 64,8
50
40
29 60,1
29 35,6
30
20
10
0,0
4200,0
3000
2000
1500
1000
500
370,0
cm-1
7.0
6.5
6.0
5.5
5.0
4.5
4.0
3.5
3.0
Figura 11. Espectro de RMN de 1H de RC4 (CDCL3; 200 MHz)
2.5
2.0
1.5
1.0
8.78
57.71
37.60
22.95
21.03
6.67
2.94
2.89
1.00
7.19
5.29
5.27
3.51
3.48
3.45
3.43
3.40
2.26
2.22
2.20
2.16
1.97
1.96
1.91
1.90
1.87
1.80
1.75
1.73
1.69
1.64
1.61
1.58
1.52
1.47
1.45
1.40
1.36
1.34
1.26
1.23
1.18
1.16
1.14
1.12
1.10
1.07
1.01
0.94
0.90
0.87
0.84
0.81
0.78
0.78
0.76
0.75
0.73
0.61
Figura 10. Espectro de absorção na região do IV de RC4. (KBr).
0.5
0.0
ppm
130
120
130
110
120
110
100
100
90
90
80
80
70
57.00
56.28
50.36
46.06
42.52
40.00
37.48
36.38
34.17
32.15
31.88
29.38
28.48
26.30
24.53
23.30
21.31
20.05
19.63
19.26
19.01
12.21
12.09
140
72.04
121.95
56.99
56.28
52.98
50.35
46.05
42.54
39.99
37.48
36.73
36.37
34.17
32.13
31.87
29.37
28.47
26.29
24.52
23.29
21.31
20.05
19.62
19.26
19.00
12.20
12.08
72.03
121.94
140.97
54
13
70
60
60
Figura 13. Subespectro DEPT 135 de RC4 (CDCl3; 50MHz).
50
50
40
40
30
30
20
20
10
Figura 12. Espectro de RMN de C de RC4 (CDCl3; 50MHz).
10
0
ppm
0
ppm
55
Tabela 16. Atribuição dos sinais do espectro de RMN de 13C de RC4 (50 MHz, CDCl3) e comparação com
dados da literatura para o sitosterol (VALADARES, 2009)
Carbono
Sitosterol
(δ,ppm)*
Amostra RC4
(δ, ppm)
Tipo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
37,4
31,8
72,0
42,5
140,9
121,9
32,1
31,8
50,3
36,7
21,3
40,0
42,5
56,9
24,5
28,4
56,2
12,0
19,5
36,3
18,9
34,1
26,3
46,0
29,3
20,0
19,2
23,2
12,1
37,4
31,8
72,0
42,5
140,9
121,9
32,1
31,8
50,3
36,7
21,3
39,9
42,5
56,9
24,5
28,4
56,2
12,0
19,6
36,3
19,0
34,1
26,2
46,0
29,3
20,0
19,2
23,9
12,2
CH2
CH2
CH
CH2
C
CH
CH2
CH
CH
C
CH2
CH2
C
CH
CH2
CH2
CH
CH3
CH3
CH
CH3
CH2
CH2
CH
CH
CH3
CH3
CH2
CH3
O sitosterol é o principal fitoesterol encontrado nos alimentos, sendo sua estrutura
parecida com a estrutura do colesterol. Várias propriedades fisiológicas são descritas para
fitosteróis, dentre elas, o efeito hipocolesterolêmico que se observa em indivíduos com
moderada hipercolesterolemia (DUESTER, 2001).
A atuação dos fitosteróis envolve a inibição da absorção intestinal do colesterol e a
diminuição da síntese hepática deste. Acredita-se que competem com o colesterol no
momento da absorção intestinal, reduzindo sua concentração plasmática (MOGHANDASIAN
e FROHLICH, 1999).
Estudos mostram que o consumo de dietas ricas em gorduras monoinsaturadas, em
substituição a gorduras saturadas, exerce efeitos fisiológicos, pois reduzem os níveis de
56
colesterol total, triglicerídios e LDL sem, no entanto, alterar a fração HDL do plasma
(REBOLLO et al., 1998).
Tendo em vista as atividades farmacológicas do sitosterol, sua presença na FCJ pode
ser também uma das justificativas para a sua atividade biológica de diminuição do colesterol
total e HDL descrita posteriormente (pág. 103).
5.5.2 Amostra RA4
A amostra RA4 (0,0487 g) apresentou-se como um sólido cristalino branco (ponto de
fusão 148,8 - 151,3 ºC). O espectro de absorção na região IV (Figura 15, pág. 57) mostra a
existência de hidroxila na molécula em virtude de banda de absorção larga e intesa em 3420
cm-1, correspondendo à deformação axial de O-H em ligação de hidrogênio. A presença de
hidroxila é confirmada pela absorção em 1397 cm-1, atribuída à deformação angular do OH no
plano. A banda em 793 cm-1 é referente à deformação angular de O-H fora do plano. A
absorção em 2963 cm-1 é atribuída à deformação axial de C-H metileno. A presença de
carbonila é verificada pela banda de absorção intensa em 1728 cm-1, referente à deformação
axial de C=O. A banda de absorção centrada em 1218 cm-1 é atribuída à deformação axial de
C-O (SILVERSTEIN et al., 2007).
O espectro de RMN de 1H (Figura 16, pág. 58) apresenta sinal singleto em δH 2,6 e 2,7
referentes a átomos de hidrogênios Ha e Hb, respectivamente (SPECTRAL DATABASE FOR
ORGANIC COMPOUNDS-SDBS).
O espectro de RMN de
13
C e o subespectro DEPT (Figuras 17 e 18, págs. 58 e 59)
permitem sugerir a existência de átomos de carbono em ambientes químicos semelhantes. O
sinal em δc 44,5 é referente ao único CH2 existente na molécula. Todos os demais átomos de
carbono quantificados não se encontram hidrogenados. A confirmação estrutural e a
atribuição dos demais sinais de carbono foram possíveis por comparação dos deslocamentos
químicos de RMN de 13C em comparação com dados da literatura (Tabela 17, pág. 58). Esses
dados e a comparação com a literatura (SAGNE et al. 1998) sugerem que a amostra RA4 é
referente ao ácido cítrico.
57
Ha
Hb
Ha
4
Hb
2
HOOC
3
4
2
HO
1 COOH
COOH
Figura 14. Estrutura do ácido cítrico (ácido 3-hidroxi-1,2,3-propanotricarboxílico).
59,8
55
50
45
1994,6
897,8
40
793,3
1054,8
35
595,4
1077,4
30
1136,8
%T
25
1629,1
2606,2
20
1397,7
15
10
2963,1
1218,4
3420,0
5
0
1728,3
-5,2
4000,0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
cm-1
Figura 15. Espectro de absorção na região do IV de RA4 (KBr).
1400
1200
1000
800
600
370,0
58
Figura 16. Espectro de RMN de 1H de RA4 (DMSO-d6; 50 MHz).
Figura 17. Espectro de RMN de 13C de RA4 (DMSO-d6; 50 MHz).
220
210
200
190
180
170
42.91
171.49
59
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ppm
Figura 18. Subespectro DEPT de RA4 (DMSO -d6; 50 MHz).
Tabela 17. Comparação dos sinais do espectro de RMN de 13C obtido para RA4 (50 MHz, DMSO-d6) com
dados da literatura para o ácido cítrico (SAGNE et al. 1998)
Carbono
Ácido cítrico
(δ, ppm)*
Amostra RA4
(δ, ppm)
Tipo
1
177,7
174,7
C
2
174,4
171,5
C
3
74,3
72,6
C
4
44,3
42,9
CH2
*Deslocamento em D2O (óxido de Deutério).
Lima (2009) verificou maior concentração de ácido cítrico na casca de jabuticaba,
genótipo Paulista, quando comparada com a polpa e as sementes e avaliada quanto ao teor de
ácidos orgânicos por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Segundo esses autores,
o teor de ácido cítrico é superior ao de ácido succínico, málico, oxálico e acético, encontrados
também na casca deste fruto.
O ácido cítrico, isolado a partir do suco do limão por Carl Wilhelm Scheele em 1784,
é o responsável pela acidez de frutas cítricas. Embora presente na maioria dos frutos, a oferta
natural de ácido cítrico é bastante limitada, sendo sua demanda satisfeita por processos de
60
fermentação biotecnológica empregando o fungo Aspergillus niger. Na indústria de alimentos,
o ácido cítrico é utilizado para estimular o flavor natural de frutas, prevenir a cristalização da
sacarose em balas, agir como estabilizante em sucos, como emulsificante em sorvetes, queijo
e iogurte (BARI et al., 2010) O ácido cítrico evita o escurecimento de alguns vinhos brancos
além de agir como acidulante e antioxidante na fabricação de refrigerantes, sobremesas,
conservas de frutas, geléias, doces e vinhos. Também, é utilizado na composição de sabores
artificiais de refrescos em pó e na preparação de alimentos gelatinosos. Evita a turbidez,
prolonga a estabilidade da vitamina C e tampona o meio. Na indústria farmacêutica é
empregado no preparo de sais efervescentes, como antioxidante, tampão, acidificador,
utilizado em xampus e loções. Também, pode ser adicionado em produtos de limpeza como
detergentes biodegradáveis, limpadores e polidores de aço inoxidável e outros metais. Os sais
de citrato, como o citrato trissódico e o citrato tripotássico são usados na medicina para evitar
a coagulação do sangue (SOCCOL et al., 2006).
O ácido cítrico pode estar relacionado à atividade antioxidante verificada na FCJ.
Segundo Araújo (2004), o ácido cítrico, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) e derivados
do ácido fosfórico têm atividade antioxidante, uma vez que imobilizam íons metálicos,
aumentando significativamente a energia de ativação de reações de oxidação.
5.5.3 Amostra RA5
A amostra RA5 (0,0353 g) apresentou-se como um sólido cristalino branco (ponto de
fusão 280,4 - 284,2 ºC). O espectro de absorção na região IV (Figura 20, pág. 62) evidencia a
natureza alifática da amostra RA5, pela ausência de absorções nas regiões características de
aromáticos e presença de bandas de absorção em 2959 e 2868 cm-1, atribuídas a deformação
axial de C-H de grupos alifáticos. A banda larga centrada em 3378 cm-1 é atribuída ao
estiramento de O–H, apresentando ligação de hidrogênio. As bandas entre 1106 e 1022 cm-1
são atribuídas aos estiramentos C–O. As bandas registradas em 1464 e 1366 cm-1 estão
relacionadas com estiramentos C–C e deformações angulares de C–H de grupos alquilas
(SILVERSTEIN et al., 2007).
O espectro de RMN de 1H (Figura 21, pág. 62) apresenta sinais múltiplos na região
entre δH 0,6 e 1,1, sendo estes atribuídos a metilas (H-18, H-19, H-21, H-26, H-27 e H-29). Os
sinais entre 2,9 e 3,7 correspondem aos átomos do anel D - glicopiranosídeo + hidrogênios
ligados a carbonos hidroxilados. Os sinais entre δH 4,8 e 4,2 podem ser atribuídos aos
61
hidrogênios hidroxílicos. O sinal em δH 5,30, correspondente ao H-5, um hidrogênio do
esqueleto do sitosterol (SILVERSTEIN et al., 2007).
Os sinais em δC 140,3 e 121,1, no espectro de RMN de
13
C, são característicos dos
átomos de carbono C-5 e C-6, respectivamente do sitosterol (Figura 22, pág.63). A
confirmação estrutural e a atribuição dos demais sinais de carbono foram possíveis por
comparação dos deslocamentos químicos de RMN de
13
C, bem como pela análise do
subespectro DEPT (Figura 23, pág. 63), em comparação com dados da literatura (Tabela 18,
pág. 64). Esses dados e a comparação com a literatura (PACHECO, 2009) sugerem que a
amostra RA5 se trata do sitosterol-D-glicopiranosídeo.
29
28
22
21
19
OH
12
18
13
5'
4'
O
2
1'
O
8
10
3
3'
2'
9
1
5
4
23
17
16
14
HO
HO
11
7
6
OH
Figura 19. Estrutura do sitosterol- D-glicopiranosídeo
15
26
24
20
25
27
62
203,0
190
180
170
160
150
140
130
120
110
%T
100
1734,0
90
3378,2
80
1256,1
959,7
885,4
70
621,0
799,9
1464,1
60
2868,3
1166,4
1440,5
1378,6
1366,7
50
1106,4
2959,5
2932,8
40
1073,7
1022,2
30
20
10
0,0
4000 ,0
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
cm-1
Figura 20. Espectro de absorção na região do IV de RA5 (KBr).
Figura 21. Espectro de RMN de 1H RA5 (DMSO-d6; 50 MHz).
1400
1200
1000
800
600
400,0
125
120
115
110
105
100
95
90
85
80
75
70
70
Figura 23. Subespectro DEPT de RA5 (DMSO -d6; 50 MHz).
65
60
55
0.00
80
49.48
45.03
41.75
39.11
38.21
36.72
35.39
33.23
31.26
29.17
28.60
27.72
25.30
23.76
22.50
20.50
19.62
19.01
18.83
18.52
11.69
11.58
90
56.07
55.32
100
60.99
110
70.05
120
73.37
130
76.66
140
100.67
121.13
60
50
50
0
45
40
40
35
30
30
25
20
20
15
10
10
5
0.00
60.99
56.07
55.32
45.03
41.75
40.66
40.24
39.82
39.41
38.99
38.57
38.16
36.72
36.11
35.38
31.32
29.17
28.59
23.76
22.49
20.50
19.62
19.01
18.83
11.69
73.35
70.34
76.64
100.67
121.11
140.34
63
0 ppm
Figura 22. Espectro de RMN de 13C de RA5 (DMSO-d6; 50 MHz).
ppm
64
Tabela 18. Comparação dos sinais do espectro de RMN de 13C obtido para RA5 (50MHz, DMSO-d6) com
dados da literatura para o sitosterol- D-glicopiranosídeo (PACHECO et al., 2010)
Carbono
sitosterol- Dglicopiranosídeo
(δ,ppm)
Amostra RA5
(δ, ppm)
Tipo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
1‟
2‟
3‟
4‟
5‟
6‟
36,8
31,3
76,5
41,8
140,5
121,2
31,3
31,4
49,6
36,2
20,6
39,2
41,8
56,3
24,9
27,8
55,3
11,7
19,1
35,5
18,6
33,4
25,5
45,2
28,7
19,8
18,6
22,6
11,9
100,8
76,8
76,9
70,1
73,5
61,1
36,7
31,3
76,6
41,7
140,3
121,1
31,3
31,3
49,5
36,1
20,5
39,4
41,7
56,1
25,3
27,6
55,3
11,7
19,0
35,4
18,8
33,3
25,3
45,0
28,6
19,6
18,8
22,5
11,7
100,7
76,6
76,6
70,3
73,3
61,0
CH2
CH2
CH
CH2
C
CH
CH2
CH
CH
C
CH2
CH2
C
CH
CH2
CH2
CH
CH3
CH3
CH
CH3
CH2
CH2
CH
CH
CH3
CH3
CH2
CH3
CH
CH
CH
CH
CH
CH2
Recentemente, fitosteróis têm sido adicionados a alimentos comercialmente
disponíveis como alimentos funcionais e com a capacidade de reduzir os níveis de colesterol
total e LDL (citado anteriormente, pág. 55). Foi provado que seu consumo como parte de uma
dieta saudável implica em diminuição no risco de doenças do coração em 25% (WEBER et al.
2002, NTANIOS, 2001).
65
Quanto à atividade antioxidante, estudos devem ser feitos a fim de averiguar os efeitos
do acréscimo do anel glicosídico sobre a molécula do sitosterol. Segundo Seeram et al.
(2002), o acréscimo de grupos glicosídeos em flavonóides e antocianinas interfere na
planaridade destes, diminuindo a possibilidade de transferência de elétrons para os radicais
livres.
66
6 CONCLUSÕES
A farinha da casca de jabuticaba é rica em fibras, sendo classificada como fonte de
alto teor destas.
Os teores de extrato etereo, fibras, proteínas, cinzas e compostos fenólicos na FCJ são
superiores aos descritos na literatura para a polpa deste fruto.
A quantificação de fenólicos totais na FCJ foi maior quando extraídos em metanol
80%, etanol 80%, etanol 60% e acetona 60% bem como quando se utilizando do reagente
Folin Denis.
A FCJ fornece porcentagens significativas das necessidades humanas diárias de
minerais como cobre, manganês e potássio.
A FCJ mostrou atividades antioxidantes superiores às apresentadas na literatura para a
polpa deste fruto.
Os expressivos teores de fenólicos totais, flavonóides e antocianinas na FCJ, além do
ácido cítrico identificado, são os possíveis responsáveis por sua elevada atividade
antioxidante por captura de radicais-livres (DPPH e ABTS●+), redução do ferro (FRAP) e
inibição da oxidação lipídica (β-caroteno/ácido linoléico).
O sitosterol e o sitosterol-D-glicopiranosídeo foram identificados pela primeira vez na
espécie Myrciaria cauliflora.
A FCJ produzida apresenta umidade e características físico-químicas (SS, AT e pH)
satisfatórias à classificação estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para
farinhas.
67
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Capítulo 2
POTENCIAL HIPOLIPIDÊMICO IN VIVO DA
FARINHA DA CASCA DE Myrciaria cauliflora
(JABUTICABA)
79
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) constituem uma importante causa de morte nos
países desenvolvidos bem como naqueles em desenvolvimento onde, o crescimento
significativo destas, alerta para seu potencial impacto nas classes menos favorecidas e para a
necessidade de intervenções eficazes, de baixo custo e caráter preventivo (RIQUE et al.,
2002).
A crescente incidência das DCV no último século originou uma busca incessante pelos
fatores de risco (FR) relacionados ao seu desenvolvimento. Estudos epidemiológicos têm
sugerido que, dentre estes, estão alguns hábitos relacionados ao estilo de vida, como dieta rica
em energia, ácidos graxos saturados, colesterol e sal, bem como consumo de bebida alcoólica,
tabagismo e sedentarismo. Ainda, além da susceptibilidade genética e da idade, a hipertensão
arterial, a obesidade, o diabetes mellitus e as dislipidemias predispõe ao desenvolvimento
dessas enfermidades. Dessa forma, a diminuição da exposição ou a remoção dos fatores de
risco são pontos relevantes a serem considerados para a redução da mortalidade e/ou redução
da prevalência e/ou para o surgimento das DCV (PEARSON et al., 2002; LIMA et al., 2000).
As dislipidemias são caracterizadas por distúrbios nos níveis de lipídios circulantes e
se associam a manifestações clínicas diversas. As concentrações aumentadas de colesterol
total (CT) e lipoproteína de baixa densidade (LDL) e diminuídas de lipoproteína de alta
densidade (HDL) estão associadas a lesões avançadas de aterosclerose e maior risco de
manifestações clínicas dessa doença que se caracteriza pelo depósito de lipídios na camada
íntima das artérias causando restrição ao fluxo sanguíneo (MCGILL et al., 2000; HEBERT et
al., 1997).
Dentre os fatores dietéticos, a ingestão excessiva de ácidos graxos saturados tem sido
apontada como uma das principais causas da elevação do colesterol plasmático e da LDL,
pois reduz os receptores celulares de remoção dessas partículas, além de permitir maior
entrada de colesterol nas mesmas. Assim, o tratamento e, ou a prevenção das DCV bem como
de seus fatores de risco, pode ser feito com o auxílio de medicamentos, programas de
atividade física e através da terapia nutricional. A alimentação é extremamente importante e
deve ser considerada ao se determinar o risco para tais doenças (SANTOS, 2001; MAZUR et
al.,1998).
80
Nos anos recentes, o interesse crescente na prevenção de DCV e de seus FR, por meio
de alimentos de origem vegetal, tem gerado numerosos estudos epidemiológicos e clínicos
(HU e WILLETT, 2002). Segundo HU (2003), tem-se postulado que o alto consumo de frutas
e hortaliças é fator protetor contra as DCV, visto que esses alimentos são constituídos por
nutrientes associados a este efeito, tais como fibras dietéticas e substâncias antioxidantes.
Estudos adicionais para investigar os efeitos biológicos de frutas e hortaliças devem ser
estimulados e, do ponto de vista da saúde pública, a ingestão desses alimentos deve ser
encorajada.
Dentro deste contexto, estão os resíduos de frutos (partes usualmente não consumidas,
tais como cascas e sementes). Estudos têm demonstrado que alguns destes resíduos exibem
grande potencial biológico, uma vez que apresentam altos teores de fibras e substâncias
antioxidantes, tais como alguns compostos fenólicos e vitaminas. Adicionalmente, as
concentrações desses compostos podem estar presentes em quantidades expressivamente
superiores nestes resíduos quando comparados a qualquer outra parte da planta (MOON e
SHIBAMOTO, 2009; WOLFE et al., 2003).
É importante ressaltar também que os resíduos de alimentos vegetais em geral são
desperdiçados em todos os pontos de sua cadeia produtiva, o que inclui a produção agrícola, a
indústria e o consumidor, sendo muitas vezes destinados exclusivamente à ração animal.
Desta forma, pesquisas com tais resíduos podem estimular o desenvolvimento de produtos
que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e que possam ser incluídos no padrão de
consumo da população, além de diminuir o desperdício de alimentos e agregar valor aos seus
subprodutos (PEREIRA et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2002).
Nesse contexto, os frutos exóticos ocupam lugar de destaque, pois apresentam sabores
marcantes e peculiares, com elevados teores de vitaminas, fibras e compostos bioativos,
dentre outros (SILVA et al. 2001; ALMEIDA, 1998; BARBOSA, 1996). Em biomas do
Cerrado, por exemplo, há um grande número de espécies com frutos comestíveis, utilizados
por populações locais (BARBOSA, 1996). Esses frutos de espécies nativas, considerados
exóticos, são consumidos tanto ao natural, quanto na forma de doces, vitaminas, mingaus,
bolos, pães, biscoitos, geléias e licores. Geralmente, suas cascas e/ou sementes são
descartadas ou utilizadas para alimentação animal (SILVA et al., 2001; ALMEIDA, 1998).
Dentre os frutos exóticos, aqueles produzidos pela Myrciaria cauliflora são
conhecidos popularmente como jabuticaba paulista, jabuticaba açú ou jabuticaba ponhema.
Esta árvore é uma planta nativa do Brasil e “vegeta” diversos solos, podendo ser encontrada
desde o Pará até o Rio Grande do Sul. Seus frutos são do tipo baga globosa de até 3,00 cm de
81
diâmetro, com casca preto-avermelhada, polpa esbranquiçada, mulcilaginosa, agridoce,
saborosa e, embora possa conter até 4 sementes, comumente apresenta uma única semente.
(SILVA et al., 2008; AGRA et al., 2008; MAGALHÃES et al. 1996).
A jabuticaba pode ser consumida ao natural ou como geléia. Sua polpa fermentada
produz licor, vinho e vinagre. A fabricação de geléias de jabuticaba despreza normalmente as
cascas e sementes, que juntas, representam aproximadamente 50% da fruta (MAGALHÃES et
al. 1996; BARROS et al. 1996). Sua casca é adstrigente, útil contra diarréia e irritações da
pele. Também tem indicações na medicina popular como antiasmática, na inflamação dos
intestinos e hemoptise (REYNERTSON et al., 2006).
De acordo com Boari-Lima et al. (2008), a casca da jabuticaba contém grandes
quantidades de fibras quando comparada com sua semente e polpa. Santos et al. (2010)
encontraram altos teores de antocianinas e fenólicos totais também nesta parte do fruto.
Porém, poucos dados são encontrados na literatura quanto ao seu uso como ingrediente em
formulações ou como alimento funcional. Essa casca comestível é, na maioria das vezes,
descartada, tanto na cozinha doméstica, quanto na industrial. Sua incorporação em
formulações poderia agregar valor a este fruto, além de permitir o aproveitamento de seus
nutrientes e/ou compostos bioativos disponíveis a baixo custo e fácil acesso.
Assim, a utilização de subprodutos vegetais, na maioria das vezes descartados como
resíduo, pode fortalecer economias locais e gerar renda a partir da criação de novos produtos
alimentares e industriais que atendam às variadas demandas de consumo. Logo, é de extrema
relevância para o Vale do Jequitinhonha, a produção de conhecimentos que estimule a
utilização de frutas nativas na alimentação ou comercialização, como fontes de macro e micro
nutrientes bem como de substâncias biologicamente ativas e com efeitos fisiológicos
positivos.
82
2 OBJETIVOS
O estudo realizado teve como objetivo avaliar o efeito hipolipidêmico in vivo da
suplementação dietética com a farinha da casca de jabuticaba, em três diferentes proporções,
nos níveis séricos de lipídeos e glicemia bem como nos níveis de colesterol hepático e na
excreção fecal de lipídeos de ratos.
83
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Metabolismo de lipídeos
3.1.1 Metabolismo do Colesterol
O colesterol (Figura 1) é um lipídeo presente nos tecidos e nas proteínas plasmáticas
dos animais sob a forma livre ou combinada com ácidos graxos (SPOSITO et al. 2007). Para
Silva e Mura (2007), apesar de ser um lipídeo “temido” por apresentar correlação positiva
com doenças cardíacas, o colesterol é essencial ao nosso organismo por desempenhar várias
funções. Dentre elas destacam-se a função estrutural na constituição de todas as membranas
dos animais, além de ser precursor dos ácidos biliares, da vitamina D3 (colecalciferol), dos
hormônios esteróides sexuais (testosterona, progesterona, estradiol), do cortisol e da
aldosterona.
29
28
22
21
19
12
18
11
13
14
2
HO
5
4
27
15
8
10
3
25
16
9
1
23
17
26
24
20
7
6
Figura 1. Estrutura química do colesterol livre. Éster de colesterol = 3 COOR.
Para os seres humanos, o colesterol pode ser obtido por via endógena ou exógena
quando sintetizado pelo próprio organismo ou ingeridos alimentos de origem animal,
respectivamente.
Aproximadamente 70% da síntese endógena do colesterol ocorre no fígado e o
restante, no intestino, córtex adrenal, ovários, testículos e placenta. O precursor da síntese de
esteróides é a acetil-coenzima A, uma molécula produzida no metabolismo de proteínas,
carboidratos e lipídeo. Existem, no mínimo, 21 passos na via biossintética do colesterol. Na
primeira etapa, o mevalonato é formado e a série de reações envolvidas é catalisada por
84
enzimas microssomais, das quais a mais importante é a 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A
redutase (HMGR), pois é a enzima limitante da síntese do colesterol. A partir deste ponto, por
meio de uma série de reações de condensações, o mevalonato é transformado em
hidrocarboneto de cadeia longa (esqualeno), que é ciclizado e transformado em colesterol por
meio de uma seqüência de várias reações (STIPANUK, 2000; ZUBAY, 1999) (Figura 2).
2 acetil-CoA (2C)
Acetoacetil-CoA tiolase
Acetoacetil-CoA (4C)
Síntese do mevalonato
Acetil-CoA (2C) +
HMG-CoA sintase
3-hidroxi-3 metilglutaril-CoA (6C)
HMG-CoA redutase (insulina +)
Mevalonato (6C)
Isopentenil-5-pirofosfato (5C)
Geranil pirofosfato (10C)
Síntese do escaleno
Farnesil pirofosfato (15C)
Escaleno (30C)
Colesterol (27)
Ciclização/conversão a colesterol
Figura 2. Principais etapas da síntese de colesterol a partir de acetil-CoA. Fonte: Silva e Mura (2007).
Em muitas espécies animais, essa síntese é inibida pelo colesterol da dieta, por meio
da retroalimentação negativa. Estudos evidenciam que sua síntese em todo o organismo é
reduzida em grande parte dos indivíduos quando o colesterol da dieta é aumentado. A
homeostase é mantida por um mecanismo que coordena a digestão dietética de colesterol, a
taxa de colesterol endógeno e a taxa de colesterol utilizado pelas células, sendo que tal
mecanismo envolve um receptor específico para as LDL (WIVIOTT e CANNON, 2006;
MAYES, 1990).
O colesterol proveniente da dieta encontra-se principalmente na forma esterificada e
insolúvel no meio aquoso intestinal, necessitando ser digerido, ou seja, hidrolisado em sua
ligação éster com o ácido graxo pela enzima colesterol esterase pancreática, visto que o
colesterol livre atravessa a membrana intestinal, mas não os seus ésteres. Após a digestão
intestinal, o colesterol livre, fosfolipídeos, mono e diacilglicerois além dos ácidos graxos
livres são reorganizados nos enterócitos (células epiteliais do intestino) para formarem o QM.
Uma vez formados, passam para o complexo de Golgi, onde são armazenados em vesículas
85
secretoras e então lançados na linfa intestinal sendo que, por meio do sistema linfático,
alcançam a veia cava superior pelo duto torácico, atingindo a circulação sistêmica (SPOSITO
et al., 2007; SILVA e MURA, 2007).
A absorção do colesterol não é completa, cerca de 50% é absorvido e o restante
excretado nas fezes. Alguns fatores podem reduzir a absorção do colesterol presente no
intestino, como por exemplo, os esteróis de plantas, por inibição competitiva, as fibras
solúveis uma vez que aumentam a excreção fecal de sais biliares além da dieta com baixo teor
em gorduras, pela redução da quantidade de ácidos graxos disponíveis para a formação de
micelas (MAHAN e ARLIN, 1995; MAHSON et al., 1982).
O colesterol é transportado no organismo por meio das lipoproteínas, conjuntos
macromoleculares contendo lipídeos e proteínas em sua estrutura, sendo, o componente
protéico, conhecido como apolipoproteínas (Apo) ou apoproteínas, responsável pela
estabilidade estrutural, por ligar-se nas interações lipoproteína-receptor e/ou atuar como cofator nos processos enzimáticos. As apolipoproteínas podem ser integrais (tipo B) ou
periféricas (tipos A, C e E). As apolipoproteínas periféricas são trocadas entre diferentes
lipoproteínas plasmáticas e podem existir livres no plasma (AFONSO e SANT‟ANA, 2008;
GOODMAN e GILMAN, 2007).
As lipoproteínas podem ser classificadas de acordo com a sua densidade, sendo, por
ordem decrescente, as HDL (lipoproteínas de alta densidade), as LDL (lipoproteínas de baixa
densidade), as IDL (lipoproteínas de densidade intermédia), as VLDL (lipoproteínas de muito
baixa densidade) e os quilomícrons (QM). Quanto maior for a percentagem de proteínas e
menor a de triglicerídeos maior será a sua densidade e menor o seu tamanho. As lipoproteínas
mais ricas em triglicerídeos são os QM, seguidas pelas VLDL. As LDL e as HDL são muito
pobres em triglicerídeos e ricas em colesterol e ésteres de colesterol (COSTA e PELUZIO,
2008) (Figura 3).
Composição das
Lipoproteínas
100%
0%
QM
VLDL
LDL
Proteína
Colesterol
Fosfolipídeos
Triglicerídeos
Figura 3. Composição dos QM, VLDL, LDL e HDL.
HDL
86
A LDL funciona como fonte de colesterol necessário para a formação de membranas e
síntese de hormônios esteróides. Logo, sua principal função é transportar do fígado o
colesterol para os tecidos que dele necessitam. A molécula de Apo B-100 contida na LDL é
reconhecida tanto nos tecidos extra-hepáticos quanto no fígado pelos receptores de LDL. Tais
receptores são ativados ou regulados negativamente quando a demanda de colesterol é alta ou
quando a célula está repleta deste, respectivamente (COSTA e PELUZIO, 2008).
As HDL apresentam efeito “protetor” visto que são as principais lipoproteínas
envolvidas no mecanismo de remoção do colesterol dos tecidos extra-hepáticos. Esta
lipoproteína, originada no fígado e no intestino, adquire, por ação de enzimas, um núcleo
lipídico de colesterol esterificado e se transforma em uma partícula esférica madura chamada
de HDL3. Ainda no plasma, a HDL3 continua a adquirir fosfolípides e colesterol, convertendose em HDL2 que poderá transferir colesterol esterificado para outras classes de lipoproteínas,
como QM, QM remanescentes e VLDL, as quais serão rapidamente removidas pelo fígado,
caracterizando o transporte reverso do colesterol pela via “indireta”. Esta lipoproteína pode
também transferir colesterol esterificado para o fígado por meio de receptores específicos,
caracterizando a “via direta” de transporte reverso (EISENBERG, 1983).
A principal via de excreção do colesterol é sua transformação em ácidos biliares que,
ao serem liberados no intestino, participam de processos de emulsificação dos lipídeos da
dieta (SILVA e MURA, 2007).
Embora sejam produtos da degradação do colesterol, os ácidos biliares não se
apresentam como produtos destinados à eliminação pelo organismo, pois cerca de 95% deles
são reabsorvidos no jejuno e cólon, por absorção passiva, ou no íleo terminal, por absorção
ativa, retornando ao fígado através da circulação portal. Os ácidos biliares reabsorvidos
inibem, no fígado, a síntese hepática de novos sais biliares, indicando que, qualquer
substância capaz de reduzir a reabsorção destes compostos promoverá maior conversão de
colesterol em produtos para a excreção, além de ver aumentada sua eliminação nas fezes. Para
obter mais colesterol, o fígado aumenta a expressão do receptor de LDL e com isso diminui a
quantidade de LDL no sangue, diminuindo o risco de dislipidemias com conseqüentes
doenças cardiovasculares (SILVA e MURA, 2007; SPOSITO et al. 2007).
87
3.1.2 Metabolismo dos Triglicerídeos
A maior parte dos lipídeos corporais encontra-se na forma de triglicerídeos (TG),
estruturas que possuem três ligações ésteres entre um grupo polar, o glicerol, e três moléculas
de ácidos graxos (AG) (FERREIRA et al., 2003).
Os ácidos graxos variam de acordo com o comprimento e o grau de saturação da
cadeia carbônica. Quanto ao comprimento da cadeia, podem ser classificados em ácidos
graxos de cadeia curta (AGCC), com 2 a 6 átomos de carbono; ácidos graxos de cadeia média
(AGCM) com 8 a 12 átomos de carbono; ácidos graxos de cadeia longa (AGCL) com 14 a 18
átomos de carbono e ácidos graxos de cadeia muito longa (AGCML) com 18 ou mais átomos
de carbono. Quanto ao grau de saturação, os AG podem ser saturados, monoinsaturados ou
poliinsaturados caso não apresentem nenhuma dupla ligação, uma única dupla ligação ou 2 ou
mais, respectivamente (SILVA e MURA, 2007).
De acordo com Goldberg e Schonfeld (1985), os triglicerídeos alimentares são
hidrolisados pelas lipases gástrica, intestinal e pancreática, gerando ácidos graxos e
monoglicerídeos que, nas vilosidades intestinais, são reesterificados, formando di e
triglicerídeos. Estes, nas células epiteliais do intestino delgado se ligam à ApoB48 e,
juntamente com o colesterol da dieta, da bile e vitaminas lipossolúveis formam os QM, que
irão transportá-los. Uma vez formados, passam para o complexo de Golgi, onde são
armazenados em vesículas secretoras e então lançados na linfa intestinal alcançando a veia
cava superior pelo ducto torácico e atingindo a circulação sistêmica.
Na circulação sistêmica, os QM sofrem a ação da enzima lipase lipoprotéica (LpL) que
se encontra na membrana basal das células endoteliais dos capilares sanguíneos do tecido
adiposo e do tecido muscular esquelético. Os TG hidrolisados são incorporados nos
adipócitos e nos miócitos. Os quilomícrons resultantes são chamados de remanescentes
(QMR) e são removidos da circulação pelo fígado por um processo que envolve a ligação da
Apo-E com seu receptor neste órgão. Os QMR transportam lipídeos exógenos para o fígado
(TG e colesterol) bem como vitaminas lipossolúveis. (COSTA e PELUZIO, 2008; ASSIS et
al., 1999).
Os triglicerídeos hidrolisados no fígado e no tecido adiposo liberam a maioria dos AG
para os tecidos extra-hepáticos sendo os mesmos transportados pela albumina até estes. Uma
vez transposta a membrana dos tecidos, os AG se ligam a uma proteína, chamada de proteína
para ligação com os ácidos graxos no citoplasma (cytoplasmic fatty acid binding protein FABPC) que os transportam pelo citoplasma da célula até atingir a membrana externa da
88
mitocôndria. Nos tecidos, os AG sofrem oxidação para produção de energia sendo que a
oxidação completa destes até CO2, H2O e ATP envolve a etapa de β-oxidação para a formação
do acetil-CoA, ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons. (SILVA e MURA 2007;
SPRIET, 2002).
Vale ressaltar que no período pós-prandial (após determinada refeição), o fígado
sintetiza ativamente triglicerídeos que se somam àqueles provenientes dos QM. Estes,
associados aos triglicerídeos da dieta bem como ao colesterol, fosfolípides, Apo B100 e
ApoAI dão origem às partículas de VLDL que, por exocitose são liberadas pelos hepatócitos.
Na corrente sanguínea, as VLDL incorporam apoproteínas, provavelmente oriundas das HDL,
de modo semelhante aos QM, atingindo o estágio de VLDL madura. Concomitantemente a
VLDL cede triacilglicerol, fosfolipídios, ApoC e ApoE para as HDL. Os remanescentes de
VLDL gerados recebem a denominação de IDL. Uma fração das IDL retorna ao fígado (60 a
70%) e o restante, após novo ciclo de remoção de triacilglicerois pelos tecidos, origina as
LDL que contêm muito colesterol e ApoB100 como sua principal apoproteína. No que diz
respeito às LDL, em condições normais, a maior parte dessas lipoproteínas e removida da
circulação após ligação com receptores celulares específicos (LOTTENBERG, 2009;
SANTOS, 2001; GOLDBERG e SCHONFELD, 1985).
Os triglicerídeos corporais são armazenados nos adipócitos, células que compõem o
tecido adiposo, e possuem função de reserva de energia sendo que, independente do tipo de
ácido graxo presente, possuem a relação de 9 Kcal/g (SILVA e MURA, 2007).
A síntese endógena dos TG ocorre no tecido adiposo e na glândula mamária,
estimulada pelo excesso de acetil-CoA da oxidação da glicose e dos aminoácidos. A
regulação desta síntese ocorre, principalmente, pela acetil-CoA carboxilase que é ativada pela
insulina e inativada pelo glucagon. A acetil-CoA carboxilase catalisa a síntese de malonilCoA, sendo o passo limitante da síntese de TG (WESTIN et al., 2007).
A principal via de excreção corporal dos triglicerídeos é a fecal, sendo eliminados por
meio destas, apenas aqueles não hidrolisados pelas lípases gástrica, intestinal e pancreática.
3.2 Dislipidemias x Dieta
As dislipidemias são alterações metabólicas lipídicas, decorrentes de distúrbios em
qualquer fase do metabolismo de lipídeos e que ocasionem repercussão nos níveis séricos das
lipoproteínas (SPOSITO et al., 2007). Tal patologia pode ser avaliada por meio do perfil
89
lipídico, que consiste na dosagem dos triglicerídeos, do colesterol total, do colesterol presente
na LDL (também chamado de LDL), e do colesterol presente na HDL (HDL) (AMBROSI et
al., 2008).
De acordo com as diretrizes sobre dislipidemia, estudo conduzido em nove capitais
brasileiras, envolvendo 8.045 indivíduos com idade mediana de 35 ± 10 anos, no ano de 1998,
mostrou que 38% dos homens e 42% das mulheres possuem colesterol total maior que 200
mg/dL. Neste estudo, os valores do colesterol total foram mais altos no sexo feminino e nas
faixas etárias mais elevadas (SPOSITO et al., 2007).
Na última década, as dislipidemias têm se estendido também à faixa pediátrica estando
a prevalência da mesma variando entre 24 e 33% na infância e adolescência sendo observado
aumento progressivo, principalmente, em países que sofreram “ocidentalização” de seus
hábitos. No Brasil, a prevalência situa-se entre 28 e 40% das crianças e adolescentes, quando
o critério adotado é o colesterol total sérico superior a 170 mg/dL. Essa prevalência, porém,
pode estar subestimada, uma vez que a III Diretriz Brasileira de Prevenção da Aterosclerose
estabelece como valor máximo da normalidade 150 mg/dL (GIULIANO et al., 2005;
GERBER e ZIELINSKY, 1997).
Segundo Santos (2001), as dislipidemias podem ter duas classificações: a classificação
laboratorial e a classificação etiológica. Na classificação laboratorial é possível ter a
hipercolesterolemia isolada, que é caracterizada pelo aumento de colesterol total e/ou de LDL;
a hipertrigliceridemia isolada, caracterizada pelo aumento dos triglicerídeos; a hiperlipidemia
mista, caracterizada pelo aumento do colesterol e dos triacilglicerídeos e a diminuição isolada
do HDL ou associada ao aumento dos triglicerídeos ou LDL. Na classificação etiológica, as
dislipidemias podem ser primárias ou secundárias, sendo que as primárias são de origem
genética ao passo que as secundárias podem ser causadas por outras doenças (hipotireoidismo,
diabetes melito, síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, obesidade, alcoolismo) ou
medicamentos (diuréticos em altas doses, corticosteróides e anabolizantes).
Há um reconhecimento crescente de que os níveis altos de colesterol sérico, LDL e TG
associados com níveis diminuídos de HDL promovam o desenvolvimento da aterosclerose
que, por sua vez, é a precursora da doença cardiovascular aterosclerótica (MATAFOME et
al., 2008; EVANS et al., 2004).
Segundo Pizziolo et al. (2011) as tendências observadas com relação a aumentos em
casos dessa doença demonstram persistir, agravando ainda mais o quadro de morbidade e
mortalidade nos países em desenvolvimento. Sabe-se, hoje, que a aterosclerose é responsável
por aproximadamente cinqüenta por cento das mortes em países ocidentais e, no Brasil, cerca
90
de 300.000 pessoas por ano são vítimas dessa patologia que acarreta, muitas vezes de maneira
irreversível, com conseqüente incapacidade residual. A aterosclerose é, portanto, uma doença
inflamatória crônica que ocorre em resposta à agressão endotelial sendo que o depósito de
lipoproteínas na parede arterial, processo-chave no início da aterogênese, ocorre de maneira
proporcional à concentração dessas lipoproteínas no plasma.
O processo de aterogênese se inicia com a retenção das partículas de LDL nas paredes
dos vasos onde sofrem oxidação, tornando-se imunogênicas e promovendo o surgimento de
moléculas de adesão leucocitária, tais como os macrófagos, na superfície endotelial. Essas
estruturas, repletas de lipídeos, recebem o nome de células espumosas e constituem o
principal componente das estrias gordurosas, ou seja, das lesões macroscópicas iniciais da
aterosclerose. O estreitamento da luz do vaso pode levar à obstrução e ao infarto do
miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e doença vascular periférica (McGill et al. 2000;
LEFANT e SAVAGE, 1995). De acordo com Hebert et al. (1997), a redução em cerca de
30% do LDL diminui em 33, 29 e 28% os riscos de infarto do miocárdio, AVC e mortalidade
cardiovascular, respectivamente.
As alterações no metabolismo das lipoproteínas circulantes são causadas, além dos
fatores genéticos, pelas mudanças nos hábitos alimentares e na adoção de um estilo de vida
sedentário e com estresse, observado a partir da segunda metade do século XX. Outrossim, a
prevalência de morbidades adquiridas como o diabetes mellitus, o hipotireoidismo, as doenças
renais (síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica), a obesidade, o alcoolismo e o
tabagismo, além do uso de medicamentos, como diuréticos, betabloqueadores, corticóides,
anabolizantes e a terapia de reposição hormonal contribuem de modo significativo com o
aparecimento dessas desordens (BATISTA e RIBEIRO, 2011; DINIZ et al. 2008).
Diversos estudos têm evidenciado a relação entre as características qualitativas e
quantitativas da dieta e a ocorrência de dislipidemias uma vez que os hábitos alimentares
apresentam-se como um de seus marcadores de risco. O consumo excessivo de ácidos graxos
saturados e colesterol, somados ao baixo consumo de fibras participam de sua etiologia
(SCHAEFER, 2002; CERVATO et al., 1997).
O tratamento e, ou a prevenção das dislipidemias, pode ser feito com o auxílio de
medicamentos, programas de atividade física e através da terapia nutricional.
Para Magalhães (2004), os fármacos disponíveis agem, principalmente, inibindo a
síntese de colesterol e/ou afetando sua absorção gastrointestinal. Embora sejam considerados
seguros e capazes de modificar favoravelmente o perfil lipídico, são tidos como insatisfatórios
visto que se constituem em obstáculos na prevenção das complicações da doença. Segundo
91
Batista e Ribeiro (2011), os inibidores da enzima HMGR ou estatinas inibem a biosíntese do
colesterol e, conseqüentemente, reduzem as concentrações de LDL, os níveis de TG e VLDL
além de aumentar os teores de HDL de 5% a 10%. Já os derivados do ácido fíbrico (fibratos)
são agonistas de receptores nucleares e resultam em aumento na atividade da LpL e no
aumento da expressão da ApoA-II resultando em reduções significativas dos valores dos TG e
modesto incremento no HDL. Quanto às resinas de troca aniônica, estas se ligam aos ácidos
biliares, aumentam a conversão hepática do colesterol em ácidos graxos e a atividade dos
receptores hepáticos de LDL.
Quanto aos tratamentos não medicamentosos, para Diniz et al. (2008), todos os
pacientes portadores de dislipidemia devem realizar medidas relacionadas à mudanças do
estilo de vida, fundamentadas na reorientação dietética e realização de atividade física de
forma regular, além da cessação do tabagismo.
A alimentação é extremamente importante e deve sempre ser considerada ao se
determinar o risco para as DCV (MAZUR et al., 1998). A redução da ingestão de gorduras
saturadas e colesterol, associada ao aumento da ingestão de gorduras cis insaturadas são
estratégias já conhecidas e eficazes. Além disso, outras modificações, como o aumento da
ingestão de alimentos vegetais, também vêm sendo reconhecidas com estratégias bem
sucedidas no combate às dislipidemias (THEUWISSEN e MENSINK, 2008).
A baixa ingestão de frutas e hortaliças é responsável pelo desenvolvimento de 31%
das cardiopatias isquêmicas, de 11% dos AVCs, de 19% do cânceres gastrointestinais e de
85% das doenças cardiovasculares (FIGUEIREDO et al., 2008). Liu et al. (2000) observaram
em estudo realizado com quase 40.000 mulheres profissionais de saúde, que os mais altos
consumos de vegetais e frutas estavam associados aos mais baixos riscos de dislipidemias e
doenças cardiovasculares, principalmente infarto.
Uma ingestão de no mínimo 400g ou 5 porções por dia de frutas e hortaliças, sendo
aproximadamente 150 quilos/pessoa/ano é recomendada. Esses alimentos têm papel
fundamental em uma dieta saudável, uma vez que são ricos em fibras, vitaminas, minerais,
fitoesteróis e substâncias antioxidantes, que auxiliam na prevenção de deficiências em
micronutrientes como também na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, tais
como as dislipidemias (FIGUEIREDO et al., 2008; LIU et al., 2000).
Dentre os constituintes vegetais associados à redução dos níveis séricos de lipídeos,
destacam-se as fibras dietéticas. A Association of Official Analytical Chemists (AOAC)
define fibra dietética como a porção comestível de plantas ou carboidratos análogos
92
resistentes à digestão e à absorção no intestino delgado, mas susceptíveis à fermentação
parcial ou total no intestino grosso.
Segundo Isken et al. (2010) as fibras dietéticas podem ser classificadas de acordo com
sua solubilidade em água como insolúveis ou solúveis. As fibras estruturais ou não viscosas
(ligninas, celulose e algumas hemiceluloses) são insolúveis em água e encontradas em maior
proporção nos grãos de cereais, como milho e trigo. Essas fibras são responsáveis pelo
incremento do bolo fecal e auxiliam na regulação dos movimentos intestinais. As fibras
viscosas ou formadoras de géis (pectinas, gomas, mucilagens) são solúveis em água e
encontradas em maior proporção em feijões secos, aveia, cevada a em algumas frutas e
hortaliças.
Estudos de intervenção controlada vêm mostrando que, dentre as fibras dietéticas, as
fibras solúveis são as principais responsáveis por efetivamente reduzir o CT e o LDL, sem
afetar os níveis de HDL ou de TG. É estimado que cada grama adicional de fibra solúvel na
dieta, corresponde a uma redução de 0,028 mml/L e 0,029 mml/L, nos níveis de CT e LDL,
respectivamente (THEUWISSEN e MENSINK, 2008).
Os mecanismos exatos pelos quais as fibras solúveis reduzem o LDL e o CT ainda não
são totalmente conhecidos. Evidências sugerem que estas fibras interferem no metabolismo
dos ácidos biliares, aumentando sua excreção e, consequentemente, promovendo maior
captação de colesterol sérico para a síntese de novos ácidos biliares pelo fígado. Outras
sugerem mecanismos que incluem a inibição da biossíntese hepática de colesterol por meio
dos produtos de fermentação dessas fibras e há aquelas que ainda insinuam que estas reduzem
a absorção intestinal de gorduras em geral, incluindo o CT e os triglicerídeos (ISKEN et al.,
2010; RIQUE et al., 2002).
Entretanto, apesar de ser postulado que as fibras solúveis são as responsáveis pelo
efeito hipocolesterolemiante, estudos recentes tem demonstrado que algumas fibras insolúveis
também podem promover uma redução significativa nos níveis de CT e LDL séricos (HSU et
al., 2006; CHAU et al., 2004).
Adicionalmente, nem todos os tipos de fibras são de fato efetivos em seu efeito
hipocolesterolemiante. Pesquisas têm demonstrado que o consumo de fibras de feijão, cevada,
farinha de aveia, farelo de aveia, casca de arroz (MARLETT et al., 2002), bagaço de cenoura
(HSU et al., 2006) e trigo sarraceno podem reduzir os lipídeos e o colesterol séricos, enquanto
o farelo de trigo não (ANDERSON et al., 1991). O amido resistente, geralmente, considerado
uma fibra solúvel, não afetou os lipídeos séricos no estudo de JENKINS et al. (1998).
93
Para Potty (1996), a efetividade das fibras dietéticas em reduzir o colesterol e outros
lipídeos séricos depende da fonte de fibras. Adicionalmente, esta efetividade também é
regulada pelo tamanho da partícula da fibra, sua capacidade de retenção de água, a proporção
dos seus vários constituintes, sua solubilidade em fase aquosa, sua afinidade com sais biliares
e fermentabilidade no intestino grosso.
De acordo com Hu (2003), as fontes dietéticas de fibras disponíveis para a população
em geral são os alimentos vegetais, especialmente as frutas e hortaliças. Assim, esse autor
sugere que pesquisas voltadas para a identificação dos tipos de fibras desses alimentos, bem
como a avaliação de suas propriedades físico-químicas e efeitos biológicos devem ser
estimulados e, do ponto de vista da saúde pública, a ingestão desses alimentos deve ser
encorajada.
Além das fibras, acredita-se que substâncias antioxidantes e fitoesteróis sejam
responsáveis, ao menos em parte, pelos efeitos benéficos das dietas ricas em frutas e vegetais,
recomendadas mundialmente para a prevenção de dislipidemias (SIES et al., 2005).
Tem sido observado que populações com dietas ricas em vitamina E, pigmentos
carotenóides, vitamina C, flavonóides e outros compostos fenólicos apresentam baixa
incidência de aterosclerose coronária, já que tais substâncias aumentam a resistência da LDL
à oxidação e vêm sendo associadas com a redução de risco para coronariopatias (SPOSITO et.
al., 2007; RIQUE et al., 2002).
Experimentos realizados em ratos mostraram que os antioxidantes, dentre eles os
flavonóides, apresentam efeitos na redução dos níveis sanguíneos de CT e TG podendo, tais
efeitos, serem explicados pelo aumento da atividade das enzimas lecitina-colesterol
aciltransferase (LCAT) e lípase lipoproteica (LpL). A LCAT, presente na superfície das HDL,
esterifica o colesterol. Esse processo tende a formar HDL3, que contem, principalmente,
ésteres de colesterol. Tais ésteres são transferidos para as VLDL e LDL, por ação da proteína
transportadora de éster de colesterol (CETP), ou são seletivamente captados pelo fígado, em
um processo dependente de receptores ligantes de HDL. Já a LpL catalisa a hidrólise dos
triglicerídeos presentes nos QM. Os quilomícrons remanescentes contêm apoB48 e apoE,
sendo que, através desta, ligam-se aos receptores hepáticos que os levam para dentro dos
hepatócitos por endocitose (OLIVEIRA et al., 2010; LIMA e COUTO, 2006).
Foi relatado também por Oliveira et al., (2010) que os flavonóides reagem com os
radicais livres prevenindo a oxidação da LDL relacionada à formação de placas de ateroma
que bloqueiam a passagem da corrente sanguínea aumentando o risco de aterosclerose e de
adesão plaquetária relacionada à trombose.
94
Para Pizziolo et al. (2010), plantas com atividade antioxidante comprovada podem ser
direcionadas para estudos farmacológicos e clínicos para hiperlipidemia, hipercolesterolemia
e aterosclerose tornando-se alvos potenciais para desenvolvimento de novas drogas ou como
terapia adjuvante no tratamento e prevenção de doenças. Segundo Rique et al. (2002), é
possível citar, como principais substâncias antioxidantes, a vitamina E, os pigmentos
carotenóides, a vitamina C, os flavonóides e outros compostos fenólicos
Os fitoesteróis são também encontrados apenas nos vegetais e desempenham funções
estruturais análogas ao colesterol em tecidos animais, já que parecem competir com este no
momento da absorção intestinal, reduzindo, portanto, sua concentração plasmática (SANTOS,
2001; MILNER, 1999). De acordo com Normén et al. (2000), para que o colesterol dietético
se torne solúvel, há a necessidade de ser incorporado às micelas no intestino, caso contrário,
permanecerá insolúvel e será eliminado nas fezes. Quando os fitosteróis, presentes na dieta,
são quebrados em esteróis livres e ácidos graxos que são introduzidos nas micelas, impedindo
a entrada ou o deslocamento do colesterol para elas, bloqueando, dessa forma, sua absorção,
ou seja, reduzindo a capacidade de transporte do colesterol pela micela. O colesterol não
absorvido é eliminado nas fezes juntamente com os fitosteróis, que são muito pouco
absorvidos.
O sitosterol é o principal fitosterol encontrado nos alimentos, é extraído dos óleos
vegetais, sendo que sua esterificação melhorou sua solubilidade, possibilitando que fosse
adicionado aos alimentos (RIQUE et al. 2002). Em um estudo duplo-cego realizado em São
Paulo, a adição de 20,00 g de margarina enriquecida com fitosteróis (1,68 g/dia), promoveu
redução do CT e LDL, respectivamente, em 10 e 12%, quando comparado com a fase basal de
admissão e 6% e 8% quando comparado com a fase placebo (LOTTENBERG et al., 2002).
Uma dieta balanceada, com quantidades adequadas de vegetais, fornece de 200 a 400
mg de fitosteróis. A ingestão de 3 a 4 g/dia destes compostos pode ser utilizada como
adjuvante ao tratamento hipolipemiante visto que promove a redução da LDL em torno de
10% a 15%, ainda que não influencie as concentrações séricas de HDL e de TG (SANTOS,
2001; MILNER, 1999).
3.3 Potencial hipolipidêmico de frutos e resíduos de frutos exóticos
A necessidade de dispor de agentes ativos frente a alterações do perfil lipídico tem
levado a pesquisas de produtos naturais que tenham efeito na redução do colesterol e lipídeos
95
plasmáticos uma vez que os hipolipemiantes existentes apresentam grande quantidade de
efeitos colaterais (NWOZO et al. 2011; PIZZIOLO et al. 2010).
As plantas representam importante fonte de drogas considerando a grande quantidade
de moléculas com potencial medicinal, podendo contribuir efetivamente na busca de novos
produtos bioativos. Os potenciais benefícios terapêuticos e preventivos de alimentos vegetais
e fitoquímicos têm sido objeto de estudos exaustivos e, muitos componentes naturais foram
descobertos com significativa atividade farmacológica, incluindo agentes hipolipemiantes,
hipoglicêmicos e com propriedades anti-hipertensivas além de cardioprotetores e
antihipercolesterolêmicos (KUMARI e AUGUSTI, 2007; WANG e NG, 1999)
Zhang et al. (2002) verificaram que o Crataegus pinnatifida, conhecido como
pirliteiro, aumenta a excreção de colesterol nas fezes, diminui 50,8% o colesterol/g na aorta
além de diminuir em 23,4% e 22,2% os valores de CT e TG no plasma, respectivamente. Tais
resultados correspondem a análises realizadas após doze semanas, em coelhos tratados com
dieta rica em colesterol + 2% do pó da fruta, em comparação com coelhos tratados com dieta
CTRL. O valor do colesterol diminuiu de 95,2 para 58,0 μmol por grama de fígado.
Luo et al. (2004) estudaram frutos secos e triturados de Lycium barbarum,
denominados popularmente como Goji, e perceberam que o extrato aquoso liofilizado e
posteriormente dissolvido em solução salina, diminuiu em 51,8% os níveis de CT e em 71,2%
os níveis de TG. Perceberam também que os índices de HDL aumentaram em 53,7% em
coelhos com hiperglicemia induzida.
Chau et al. (2004) compararam efeito hipolipidêmico da fração de fibra insolúvel
obtida das cascas de Citrus sinensis com os efeitos produzidos pela celulose. A dieta contendo
a fração analisada reduziu em 45% os níveis de TG séricos em ratos contra uma redução de
apenas 14% apresentada pela celulose. Tal resultado sugere a interferência dos tipos de fibras
presentes nas cascas deste fruto na absorção dos TG bem como no aumento da exceção de
gordura fecal. No que diz respeito ao CT, a fração proveniente das cascas de Citrus
demonstraram reduzir em 47% os níveis de tais componentes enquanto a celulose diminuiu
em 30% tais valores.
Em 2010, Matsumoto et al. observaram que a farinha de frutos jovens e maduros de
Diospyros kaki (caqui), quando administrados em 2 e 5% a ratos machos, diminuíram LDL e
VLDL, aumentaram os ácidos biliares fecais além de aumentar a expressão do gene para a
enzima colesterol 7
-hidroxilase (CYP7A), sugerindo um aumento da síntese de ácidos
biliares pelo fígado. A quantidade de 5% aumentou também a expressão do gene sterol
regulatory element-binding protein - 2 (SREBP–2), fato que resultou no aumento do receptor
96
de LDL. Constatou-se que caquis jovens apresentam grande quantidade de taninos
condensados que se ligam aos ácidos biliares aumentando sua excreção fecal de forma dosedependente sendo a dose de 2% suficiente para reduzir riscos de doença cardíaca coronariana.
Sancheti et al., (2010) estudaram o extrato metanólico do marmelo chinês
(Chaenomeles sinensis) em ratos com diabetes induzida e sugeriram que o extrato reduziu o
colesterol por estabelecer ligações com ácidos biliares aumentando sua excreção, diminuindo
a absorção intestinal, diminuindo a síntese de ácidos graxos e aumentando o catabolismo das
LDL.
Yang et al. (2010) observaram que amoras (Morus alba L.) secas e pulverizadas
diminuiram o colesterol total em 16,0%, os triglicerídeos em 35,7% e os LDL em 23% em
animais alimentados com dieta rica em lipídeos + 10% do pó deste fruto.
Rai et al. (2010) acrescentaram extratos de cascas de frutos verdes de goiaba (Psidium
guajava), à dieta de ratos com hiperglicemia induzida (400 mg de extrato/kg), e observaram
uma redução dos níveis de TG a valores próximos aos promovidos pela tolbutamida (controle
positivo). Já os níveis de redução do LDL foram significativos, assim como os valores
correspondentes ao aumento da HDL.
Em 2011, Esteves et al., avaliaram a atividade hipocolesterolemiante, em ratos,
promovida pela suplementação da dieta com farinha do arilo da copaíba (Copaifera
langsdorffii). O arilo da copaíba, fração geralmente não consumida, quando acrescido a 10%
sob a forma de farinha à dieta de animais experimentais, reduziu em 12,25 e 27,79% os níveis
de CT e LDL.
97
4.0 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Animais e condições experimentais
Foram utilizados ratos machos da raça Wistar com peso inicial entre 90,00 e 124,00 g
e provenientes do biotério do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Federal de Viçosa, MG. O experimento foi conduzido no Laboratório de Nutrição
Experimental da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em
ambiente termoneutro (22-24 ºC), com gaiolas individuais de aço inox e em ciclo claro-escuro
de 12 horas.
Os animais foram mantidos, manipulados e sacrificados de acordo com os princípios
éticos para uso de animais de laboratório do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal COBEA (www.cobea.org.br).
4.2 Dietas experimentais
4.2.1 Preparo da farinha
Frutos maduros de Myrciaria cauliflora foram coletados na cidade de Diamantina na
região noroeste do Estado de Minas Gerais, Brasil, em latitude de 18º14′58″S e longitude de
43º36′01″ oeste de Greenwich, em novembro, 2009. Os frutos foram levados imediatamente
ao laboratório de Tecnologia de Biomassas do Cerrado da UFVJM, onde foram selecionados
excluindo-se aqueles ainda verdes ou com rachaduras. Em seguida, foram lavados e
higienizados com hipoclorito de sódio (200mg/L) por imersão de 10 minutos. Após esse
procedimento, os frutos foram despolpados manualmente sendo separada a casca da polpa e
sementes. As cascas foram submetidas a secagem (40 ± 5 oC / 7dias), em estufa com
renovação e circulação de ar forçado (DeLeo®/tipo A.8.C), sendo posteriormente trituradas
em liquidificador industrial (Metvisa®/Tipo LQ-6) e peneiradas (80 mesh) para a obtenção de
uma farinha homogênea. A farinha obtida foi imediatamente acondicionada em sacos
plásticos sendo estes revestidos com papel pardo a fim de evitar a degradação dos
componentes pela incidência de luz e, posteriormente, armazenada a -18 oC.
98
4.2.2 Preparo das dietas
Dietas
semipurificadas
foram
formuladas
com
composição
baseada
nas
recomendações do American Institute of Nutrition (AIN93M) (REEVES et al., 1993). Tais
dietas foram rotuladas como PADRÃO (PDR), CONTROLE (CTRL), JABUTICABA 1
(JAB1), JABUTICABA 2 (JAB2) e JABUTICABA 3 (JAB3). A dieta PDR apresentou a
composição semelhante à dieta AIN93M. A dieta CTRL apresentou a composição da dieta
padrão acrescida de 7% de banha de porco. As demais dietas experimentais tiveram sua
composição semelhante à CTRL, porém suplementadas com farinha de casca de jabuticaba
em três proporções diferentes sendo 7, 10 e 15% para JAB1, JAB2 e JAB3, respectivamente,
conforme Tabela 1.
Após o preparo, as dietas foram devidamente acondicionadas em sacos plásticos e
refrigeradas até sua utilização.
Tabela 1. Composição das dietas experimentais* e densidade calórica (Kcal/Kg)
PDR
Quantidade em g/kg**
CTRL
FCJ7%
FCJ10%
164,7
164,7
164,7
164,7
164,7
Amido dextrinizado
155
155
155
155
155
Sacarose
100
100
100
100
100
Celulose microfina
50
50
50
50
50
Óleo de soja
40
40
40
40
40
Mix mineral
35
35
35
35
35
Mix vitaminas
10
10
10
10
10
L-cistina
1,8
1,8
1,8
1,8
1,8
Bitartarato de colina
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
Gordura de porco
0
70
70
70
70
FCJ
0
0
70
100
150
441
371
301
271
221
3802,8
4152,9
4076,2
4043,4
3988,7
Ingredientes
Caseína
Amido de milho
Densidade calórica
FCJ15%
* Baseada na dieta AIN93M; **PDR= Dieta AIN93M; CTRL = Dieta AIN93M + 7% de banha de porco;
FCJ7%=CTRL + 7% FCJ; FCJ 10% = CTRL + 10% FCJ; FCJ15% = CTRL + 15%FCJ.
99
4.3 Desenho experimental
O estudo teve duração de 28 dias (Figura 4). Antes do início do experimento, os
animais foram alimentados por um período de sete dias com ração comercial para roedores,
sob as condições ambientais de experimentação, com o objetivo de se adaptarem. Após este
período, os 35 animais foram pesados e distribuídos aleatoriamente em gaiolas individuais
sendo sete animais por grupo correspondente a cada dieta, a saber: PDR, CTRL, JAB1, JAB2
e JAB3. Durante todo o período experimental, os animais tiveram acesso ad libittum às dietas
e à água filtrada.
Figura 4. Desenho experimental
A ingestão alimentar foi monitorada a cada dois dias. O peso corporal foi registrado
semanalmente no 1º, 7º, 14º, 21º e 28º dias experimentais. Nos últimos três dias do
experimento (72 horas) foram realizadas coletas de fezes que, imediatamente após a pesagem,
foram congeladas até o momento das análises.
Ao final do período experimental, após jejum de 12 horas, os animais foram
anestesiados e o sangue foi coletado por punção cardíaca, sendo sacrificados por ruptura da
aorta. Os fígados foram também retirados, imersos em solução salina, secos em papel filtro,
pesados e congelados para posterior extração e quantificação do colesterol total.
4.4 Índices e Parâmetros Avaliados
100
4.4.1 Ingestão Alimentar (IA), Ganho de Peso (GP) e Coeficiente de Eficiência Alimentar
(CEA)
A ingestão alimentar foi calculada, computando-se o peso (g) de cada comedouro
cheio com dieta menos o peso (g) de cada comedouro vazio menos o peso (g) das sobras, a
cada dois dias. A ingestão total durante o experimento foi calculada por meio da somatória
das ingestões parciais (a cada dois dias).
O ganho de peso foi calculado a partir da diferença entre o peso corporal final (último
dia do experimento) e o peso corporal inicial (primeiro dia do experimento)
O coeficiente de eficiência alimentar (CEA) foi determinado pela equação 1:
CEA = Ganho de peso/Ingestão alimentar
(1)
4.4.2 Análises de sangue
Após a coleta do sangue, o soro foi obtido por centrifugação a 1500 rpm durante 5
minutos (centrífuga Centribio®/Mod. 80-2B). Foram dosados os níveis de CT, HDL, TG e
glicose, por métodos espectrofotométricos, utilizando Kits comerciais (Labtest Diagnóstica®),
seguindo as especificações do fabricante.
4.4.3 Análises hepáticas
Após o sacrifício dos animais experimentais, retirou-se os fígados que foram
imediatamente imersos em solução salina, secos e pesados. Foi então calculado o peso
relativo de cada fígado conforme a equação 2:
Peso relativo do fígado (PRfig) = Peso fígado x 100/ Peso corporal final
(2)
Para a quantificação do CT as amostras congeladas de fígado foram submetidas à
secagem em estufa com renovação e circulação de ar forçado a 60 ± 5 ºC durante 72 horas
com posterior trituração. Os lipídeos foram extraídos pelo método proposto por Folch et al.
(1957). Seguindo a metodologia, 0,50 g de fígado seco e moído foram acrescidas de 1,90 mL
de solução clorofórmio:metanol (2:1), homogeneizadas, adicionadas de 0,40 mL de metanol e
centrifugadas por 10 minutos a 3000 rpm. Retirou-se o sobrenadante e acrescentou-se 0,80
101
mL de clorofórmio e 1,92 mL de NaCl 0,73%, seguido por nova centrifugação nas mesmas
condições. A fase superior foi desprezada e a parede do tubo lavada por 3 vezes com 0,60 mL
de solução de Folch. Os tubos contendo os lipídeos extraídos deste órgão foram levados para
a secagem em estufa a 40 ºC overnight. Após secagem, os tubos foram pesados e o extrato
lipídico ressuspenso em 1,00 mL de isopropanol. Procedeu-se a quantificação do CT
utilizando o kit enzimático marca Labtest Diagnóstica® de forma semelhante à realizada para
as análises do soro e em conformidade com as especificações do fabricante.
4.4.4 Análises fecais
As fezes coletadas nos últimos 3 dias experimentais (72 horas) foram devidamente
identificadas, pesadas e congeladas até a realização dos testes desejados.
O material fecal foi levado à estufa com circulação forçada de ar a 105 ºC por 72 horas
(Curti, 2003) após tal procedimento, as amostras resultantes foram trituradas e pesadas
(balança analítica Shimadzu® AX200), sendo retirados 0,10 g para a determinação do pH
fecal em pHmetro digital de bancada (Phtek®/tipo phs-3B). Procedeu-se também a retirada de
amostras de 1,00 g para a extração e quantificação dos lipídeos totais. Para tanto, utilizou-se
da metodologia 920.85 da AOAC (2005), processo gravimétrico baseado na extração contínua
e exaustiva em aparelho tipo Sohxlet (SPLabor®/modelo Q388-268) por meio de solvente
orgânico (éter etílico).
4.5 Análises Estatísticas
Todos os resultados foram expressos em médias ± desvios padrões. Foi utilizada a
análise de variância (ANOVA) para avaliar as diferenças entre os tratamentos e o teste de
comparação múltipla de Tukey, à posteriori, quando necessário. Para todas as análises
estatísticas, foi adotado como nível de significância p < 0,05 sendo utilizado o software
Statistica® versão 7.0 (Statsoft Inc., 2004).
102
5.0 RESULTADO E DISCUSSÃO
5.1. Ingestão Alimentar, Ganho de Peso e Coeficiente de Eficiência Alimentar
Não houve diferença significativa para o ganho de peso entre os grupos experimentais
(p>0,05). O grupo PDR apresentou maior ingestão alimentar (p<0,05), sendo que não houve
diferença entre as dietas acrescidas de FCJ (p>0,05). A dieta JAB1 apresentou maior média de
CEA, todavia, com diferença significativa apenas em relação a JAB3, com menor valor,
significando que esta promoveu menor aumento do peso corporal quando da ingestão de
mesma quantidade de dieta (p<0,05) (Tabela 2).
Tabela 2. Ganho de peso (g), ingestão alimentar (g) e coeficiente de eficiência alimentar (%) de ratos
alimentados com dietas hiperlipídicas, suplementadas com 7, 10 e 15% de farinha de casca de jabuticaba
Dietas*
Índices médios**
GP
IA
CEA (%)
PDR
132,93 a ± 21,24
724,29 a ± 56,67
18,30 a ± 0,02
CTRL
125,58 a ± 43,16
537,27 c ± 109,06
22,84 a ± 0,05
JAB1
141,93 a ± 20,85
595,75 bc ± 63,83
24,04 a ± 0,04
JAB2
111,04 a ± 19,76
600,90 abc ± 95,00
18,71 ab ± 0,04
JAB3
120,16 a ± 15,07
682,13 ab ± 71,17
17,86 b ± 0,04
*PDR = dieta AIN93M; CTRL = Dieta AIN93M + 7% de banha de porca; JAB1 = Dieta CTRL + 7% de farinha
de casca de jabuticaba; JAB2 = Dieta CTRL + 10% de farinha de casca de jabuticaba; JAB3= Dieta CTRL +
15% de farinha de casca de jabuticaba; **GP=ganho de peso; IA= Ingestão alimentar; CEA= Coeficiente de
eficiência alimentar. Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem entre si (p<0,05) pelo teste Tukey.
Foi possível observar que uma maior concentração de lipídeos, associada às diferentes
quantidades de FCJ (7, 10 e 15%), não interferiu no GP dos animais. Por outro lado, apesar da
suplementação com banha de porco, a FCJ, nas proporções de 10 e 15%, promoveu ingestão
semelhante à PDR, indicando que, de alguma forma, a inclusão desta farinha nessas
proporções estimulou a ingestão alimentar diferentemente da proporção de 7%. Esses achados
sugerem que a inclusão da FCJ a 10 ou a 15%, combinada com o aumento do teor de gordura,
não interferiu na palatibilidade das dietas administradas e garantiu uma ingestão semelhante à
de uma dieta normal. Esse fato foi mais marcante quando da adição de 15% de FCJ.
Adicionalmente, a diminuição da IA observada para CTRL e JAB1, condizem com a
observação feita por Valeille et al. (2005) de que o alto teor de gordura ou a maior proporção
103
desta em relação aos demais nutrientes, reduz o consumo alimentar em função da maior
densidade energética, ou seja, da maior oferta de energia em uma mesma quantidade de dieta.
Resultados semelhantes foram também obtidos por Lee et al. (2006). Esses autores avaliaram
o potencial hipolipidêmico promovido pelo acréscimo de 5% de pó de folhas do caqui
(Diospyros kaki) em uma dieta rica em gordura, em ratos. Os animais alimentados com dietas
hiperlipídicas apresentaram menor ingestão alimentar quando comparados com o grupo
submetido à dieta normal.
Apesar da maior IA dos animais alimentados com a JAB3, estes foram os menos
eficientes em ganhar peso. De acordo com Boari-Lima et al. (2008), as casca de jabuticaba
contem alto teor de fibras (33,8 g/100g), sendo a maior parte, fibras insolúveis (27,03
g/100g). Chau et al. (2004) ao analisar também a suplementação da dieta hipercolesterolêmica
com fibras insolúveis obtidas a partir dos resíduos descartáveis da carambola (Averrhoa
carambola) também não observaram ganho de peso significativamente diferente entre os
grupos de animais experimentais. Segundo Raupp et al. (2002) as fibras interferem no
processo da digestão e absorção de nutrientes conjuntamente ingeridos na dieta. Assim, este
achado indica a possível interferência do maior conteúdo de fibras existente nesta dieta,
advindas da FCJ, na absorção de nutrientes capazes de promover o ganho de peso corporal.
5.2 Análises bioquímicas do sangue
Os animais alimentados com a dieta CTRL tiveram elevação nos níveis de CT sérico
na ordem de 42,74% em relação aos animais do grupo PDR (p<0,05). Comportamento
semelhante foi observado para os TG, mas com aumento mais expressivo (91,67%) neste
grupo (CTRL). A inclusão de banha de porco na dieta CTRL não interferiu nos níveis de HDL
ou de glicose, quando comparado com a PDR (Tabela 3, pág. 104).
A inclusão da FCJ, nas três proporções reduziu (p<0,05) os níveis de CT em relação
ao CTRL (26,42; 35,75 e 33,32% respectivamente para JAB1, JAB2 e JAB3), porém não
houve diferença significativa entre as três suplementações (p>0,05) (Tabela 3, pág. 104).
O mesmo foi observado para os TG. As reduções, em relação ao CTRL, foram da
ordem de 64,3; 52,7 e 55,6%, respectivamente para JAB1, JAB2 e JAB3, sendo que JAB1 e
JAB3 apresentaram os melhores efeitos (p<0,05) (Tabela 3, pág. 104).
A dieta JAB3 promoveu aumento significativo (34%) nos níveis de HDL (p<0,05) em
relação ao CTRL (Tabela 3, pág. 104). A dieta JAB3 também reduziu a glicose em
104
comparação com a JAB2 (p<0,05), mas essa diferença não foi significativa em relação à
PADR, à CTRL ou à JAB1 (p>0,05). Quando comparada com a CTRL, embora não
significativo, a dieta JAB3 promoveu redução da glicemia em 8,31% (Tabela 3).
Tabela 3. Concentrações séricas (mg/dL) de colesterol total, triglicerídeos, HDL e glicose em animais
experimentais submetidos a dietas hiperlipidicas suplementadas com farinha da casca de jabuticaba em
diferentes proporções
Dietas*
Colesterol Total
Triglicerídeos
HDL
Glicose
PDR
75,23b ± 5,83
72,79c ± 15,53
35,87bc ± 5,37
117,07ab ± 14,29
CTRL
107,38a ± 14,7
139,52a ± 10,11
41,14bc ± 8,22
125,12ab ± 14,86
JAB1
79,00b ± 6,54
49,81b ± 9,66
33,28c ± 7,10
121,81ab ± 8,71
JAB2
68,99b ± 4,65
66,01c ± 8,98
43,55b ± 1,32
140,96a ± 14,33
JAB3
71,60b ± 2,94
61,88bc ± 3,56
55,13a ± 2,93
114,71b ± 22,85
*PDR = dieta AIN93M; CTRL = Dieta AIN93M + 7% de banha de porca; JAB1 = Dieta CTRL + 7% de farinha
de casca de jabuticaba; JAB2 = Dieta CTRL + 10% de farinha de casca de jabuticaba; JAB3= Dieta CTRL +
15% de farinha de casca de jabuticaba; Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem entre si
(p˂0,05) pelo teste de Tukey.
Os incrementos nos níveis de CT e TG, promovidos pela dieta hiperlipídica
administrada ao CTRL, indicam que a suplementação com 7% de banha de porco foi eficiente
para promover dislipidemia (hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia) nos animais.
Adicionalmente, o acréscimo de qualquer uma das três proporções de FCJ, mesmo o
menor (7%), foi suficiente para produzir alterações benéficas, uma vez que não permitiu a
elevação do CT e dos TG plasmáticos dos animais aos níveis observados no grupo CTRL.
Ainda, redução do colesterol pelas diferentes proporções de FCJ e o aumento do HDL
promovido pelo acréscimo de 15% desta, foram mais expressivos do que os achados de
Salgado et al. (2008). Estes autores suplementaram a mesma dieta hiperlipídica (7% de banha
de porco) com 5, 15 e 25% da farinha de abacate (Persea americana Mill) e verificaram
redução de 20,7% dos níveis de CT e aumento de aproximadamente 4% nos níveis de HDL
em relação ao CTRL, quando da administração da dieta adicionada de 15% de farinha de
abacate. Por outro lado, a suplementação com farinha de maçã gala a 5, 15 e 25%, também em
dieta hiperlipídica, reduziu o CT em 0,77; 19,3 e 20,7%, respectivamente, em comparação
com o grupo CTRL, sem, no entanto, alterar os níveis de HDL (CURTI, 2003). Assim, a FCJ
demonstrou ação hipocolesterolemiante expressiva.
Dentre os constituintes químicos da FCJ potencialmente responsáveis pelo seu efeito
hipocolesterolemiante e hipotrigliceridemiante, destacam-se as fibras e substâncias
antioxidantes da classe dos polifenóis. De acordo com Boari-Lima (2008), a casca de
105
jabuticaba liofilizada apresenta 6,77 e 27,03 g/100g de fibras solúveis e insolúveis,
respectivamente. Tais valores permitem a classificação deste resíduo, conforme a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 1998), como fornecedor de alto teor de fibras.
As fibras, especialmente as solúveis, podem ligar-se irreversivelmente aos ácidos
biliares “carregando-os” para as fezes, impedindo a sua absorção pelo fígado e fazendo com
que este órgão sintetize-os novamente utilizando o colesterol sanguíneo e, conseqüentemente,
reduzindo suas concentrações séricas. Adicionalmente, podem reduzir a absorção de
nutrientes, o que inclui as gorduras da dieta, por aumentar a viscosidade do meio,
promovendo uma barreira à absorção dos mesmos (CAMIRE e DOUGHETY, 2003;
SAVAIANO e STORY, 2000). O tipo e o tamanho das partículas de fibras insolúveis também
podem influenciar no seu efeito hipocolesteroleminate. Estudos recentes têm demonstrado que
algumas fibras insolúveis também podem promover uma redução significativa nos níveis de
CT, LDL e triglicerídeos séricos (CHAU et al., 2004; HSU et al., 2006). Em estudo realizado
por Chau et al. (2004), uma fração de fibra insolúvel a 5%, isolada de cascas de laranja
(Citrus sinensis L.) e adicionada à dieta hiperlipidêmica, foi capaz de promover redução de
45% nos níveis séricos de triglicerídeos em animais experimentais.
Quanto à composição em polifenóis, Santos et al. (2010) determinaram teores de
antocianinas de 6,168 mg de cianidina-3-glicosídeo/g e de fenólicos totais de 35,854 mg
GAE/g em extrato etanólico das casca de jabuticaba. Tais teores são superiores aos
encontrados em fontes já conhecidas destes compostos, como por exemplo, a uva de mesa nas
variedades „Isabel‟ e „Niágara rosada‟.
Os compostos fenólicos poderiam aumentar a atividade das enzimas LCAT e LpL.
Segundo Oliveira et al. (2010), Lima e Couto (2006) a LCAT, presente na superfície das
HDL, esterifica o colesterol formando HDL3, que contem, principalmente, ésteres de
colesterol. Tais ésteres são transferidos para as VLDL e LDL, por ação da CETP, ou são
seletivamente captados pelo fígado, em um processo dependente de receptores ligantes de
HDL. Já a LpL catalisa a hidrólise dos TG presentes nos QM. Os quilomícrons remanescentes
contêm apoproteínas que os permitem ligar aos receptores hepáticos que os levam para dentro
dos hepatócitos por endocitose.
Diante disso, pode-se também sugerir que, provavelmente a presença e a quantidade
de pigmentos antociânicos e, possivelmente, outros compostos fenólico na FCJ também
influiu no seu efeito hipocolesterolemiante e hipotrigliceridemiante. Kwon et al. (2007),
observaram que as antocianinas extraídas do grão de soja preta (Glycine max L.) e
suplementadas em 10% em dieta hiperlipídica, foram eficazes na melhoria do perfil lipídico
106
de animais experimentais, especialmente dos TG (redução de 45,2% em relação ao controle).
Outros relatos científicos apontam as antocianinas como favoráveis não apenas no controle de
dislipidemias, mas também no controle da pressão arterial, em propriedades antiinflamatórias,
prevenção do câncer, mal de Alzheimer e doenças cardiovasculares, devido a suas
propriedades antioxidantes que reduzem a oxidação do LDL (VACCARI et al., 2009;
BASHO e BIN, 2010).
Não foi possível observar resultados claros em relação à glicemia dos animais. Tal fato
pode ter ocorrido devido à duração do experimento, que pode ter sido insuficiente para causar
alterações claras no metabolismo glicídico, associada à substituição de parte do conteúdo de
amido das dietas experimentais por FCJ, o que reduziu o conteúdo de carboidratos fornecidos.
5.3 Análises do fígado
O acréscimo de lipídeos (adição de 7% de banha de porco) à dieta PDR e a
suplementação com FCJ nas proporções de 7, 10 e 15%, não promoveu alterações
significativas (p>0,05) no peso corporal final, no peso do fígado e no peso relativo deste
órgão nos animais após os 28 dias de experimento (Tabela 4).
Houve diferença significativa, para os níveis de colesterol hepático, apenas entre o
grupo CTRL e JAB3, sendo este 36,31% menor que o CTRL. As dietas JAB1 e JAB2
apresentaram níveis do colesterol hepático semelhantes aos do grupo PDR (Tabela 4).
Tabela 4. Peso corporal final (g), Peso do fígado (g), Peso relativo do fígado (g) e Colesterol total (mg/dL)
hepático de animais experimentais submetidos à dieta hiperlipidica suplementada com 7, 10 e 15% de farinha da
casca de jabuticaba
Dietas*
Peso final
Pesofig**
Prelfig***
Colesterolfig****
PDR
248,16 a ± 21,60
8,80 a ± 1,12
3,54 a ± 0,21
161,90 ab ± 36,46
CTRL
246,30 a ± 49,42
8,41 a ± 2,36
3,37 a ± 0,32
220,53 a ± 50,07
JAB.1
266,84 a ± 16,73
8,78 a ± 0,69
3,29 a ± 0,12
193,90 ab ± 52,22
JAB.2
238,97 a ± 13,45
8,05 a ± 0,57
3,37 a ± 0,15
170,20 ab ± 53,04
JAB.3
248,06 a ± 14,39
8,27 a ± 0,79
3,33 a ± 0,19
140,45 b ± 44,12
*PDR = dieta AIN93M; CTRL = Dieta AIN93M + 7% de banha de porca; JAB1 = Dieta CTRL + 7% de farinha
de casca de jabuticaba; JAB2 = Dieta CTRL + 10% de farinha de casca de jabuticaba; JAB3= Dieta CTRL +
15% de farinha de casca de jabuticaba; **Pesofig= Peso final do fígado; ***Prelfig= Peso relativo do fígado
(Pesofig X 100)/Peso corporal final; ****Colesterolfig= colesterol encontrado no fígado. Médias seguidas de
letras diferentes nas colunas diferem entre si (p<0,05) pelo teste de Tukey.
107
A ausência de diferenças nos pesos totais e relativos dos fígados, quando da
suplementação de dieta hiperlipídica com FCJ (7, 10 e 15%), sugere que não houve desvio do
colesterol sérico para este órgão, de modo a promover seu acúmulo. As concentrações
hepáticas de colesterol reforçam este achado. Assim, pode-se inferir que a FCJ reduziu os
níveis de colesterol séricos e, por outro lado, impediu seu acúmulo no fígado.
Este resultado também pode ser atribuído, em parte, ao provável conteúdo de fibras da
FCJ. As fibras, em nível intestinal, promovem redução na reabsorção de sais biliares pelo
intestino, ocasionando a utilização do colesterol sérico para a síntese hepática de novos ácidos
biliares, o que evitaria seu acúmulo neste órgão (CAMIRE e DOUGHERTY, 2003;
SAVAIANO e STORY, 2000; ELHARDALLOU, 1992). Adicionalmente, as fibras solúveis e
em menor extensão as insolúveis, quando fermentadas pela microbiota intestinal, produzem
ácidos graxos de cadeia curta, tais como acético, propiônico e butírico, que podem ser
absortivos e utilizados para diversos fins (MAFFEI, 2004; SAAD, 2006) Segundo Salgado et
al. (2005), o ácido propiônico, além de acelerar o peristaltismo intestinal, inibe a síntese de
colesterol endógeno no fígado, por reduzir a atividade da enzima HMGR. Desta forma, menos
colesterol é produzido. Ambos os efeitos supracitados podem ter contribuído para os menores
níveis de colesterol hepáticos, especialmente no grupo da dieta JAB3.
5.4 Análises das fezes
Os animais alimentados com dietas suplementadas com as diferentes porcentagens de
FCJ (7, 10 e 15%) apresentaram aumento significativo (p<0,05) nos pesos úmidos e secos das
fezes em relação aos grupos CTRL e PDR (Tabela 5, pág. 108). Animais alimentados com a
JAB3 apresentaram maior peso fecal. JAB1, JAB2, e JAB3 tiveram aumentos de 78,4; 55,0 e
180%, respectivamente, no teor de umidade (PUfe-PSfe) em comparação com ao grupo
CTRL.
A porcentagem de lipídeos totais eliminados nas fezes não foi diferente (p>0,05) entre
os grupos experimentais (Tabela 5, pág. 108).
Houve redução (p<0,05) do pH das fezes para os animais alimentados com JAB1,
JAB2 e JAB3 em relação ao CTRL e PDR (Tabela 5, pág. 108).
108
Tabela 5. Peso úmido (Pufe), Peso seco (PSfe), % de lipídeos (Lip.fezes) e pH das fezes de ratos submetidos a
dietas hipercolesterolêmicas com adição de farinha da casca de jabuticaba em diferentes proporções
Grupos*
Pufe
PSfe
% Lip.fezes
pH fezes
PDR
17,07c ± 2,61
11,03c ± 0,89
4,53a ± 2,04
7,65 a ± 0,20
CTRL
14,39c ± 4,50
9,39c ± 2,32
5,05a ± 0,93
7,27 b ± 0,22
JAB1
23,57b ± 3,09
14,65b ± 1,40
5,27a ± 1,21
6,67 d ± 0,12
JAB2
22,87b ± 2,57
15,12b ± 1,58
4,91a ± 3,88
6,57 d ± 0,06
JAB3
32,48a ± 4,78
18,48a ± 1,80
3,48a ± 0,72
6,32 c ± 0,05
*PDR = dieta AIN93M; CTRL = Dieta AIN93M + 7% de banha de porca; JAB1 = Dieta CTRL + 7% de farinha
de casca de jabuticaba; JAB2 = Dieta CTRL + 10% de farinha de casca de jabuticaba; JAB3= Dieta CTRL +
15% de farinha de casca de jabuticaba; Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem entre si
(p<0,05) pelo teste de Tukey.
A adição de FCJ nas três proporções aumentou a excreção fecal, bem como a retenção
de água, sendo este efeito mais expressivo para a JAB3. Freitas et al. (2004) e Raupp et al.
(1999) declaram que freqüência de defecações, o peso úmido e seco das fezes, e o volume das
fezes secas são mais elevados em ratos alimentados com dietas contendo fibras de diversas
fontes em comparação com dietas controles. De acordo com Monteiro (2005), tanto a fração de
fibra insolúvel quanto a de fibra solúvel podem influenciar no teor de umidade das fezes e
promover efeito laxativo. De acordo com IOM (2001), as fibras solúveis são altamente
fermentáveis e são responsáveis pelo aumento da viscosidade do conteúdo intestinal. Já as
insolúveis aumentam o volume do bolo fecal, a maciez das fezes e a freqüência de evacuação,
reduzindo o tempo de trânsito intestinal. Assim, todos esses achados reforçam a maior excreção
fecal nos animais alimentados com FCJ.
Não houve aumento na excreção fecal de lipídeos totais nos animais tratados com FCJ.
Curti (2003) suplementou a mesma dieta hiperlipídica (7% de banha de porco) com 5, 15 e
25% de farinha de maçã gala (Malus domestica Bork) e, verificou também que, em todos os
grupos experimentais, não houve aumento significativo na excreção fecal de lipídeos totais nos
diferentes momentos analisados (30 e 60 dias de tratamento).
A redução do pH, especialmente no grupo JAB3, também pode ser atribuída ao maior
conteúdo de fibras destas dietas. Jenkins et al. (1986) declaram que teores mais elevados de
fibras favorecem a atividade de microrganismos acidófilos, o que leva à maior produção de
ácidos graxos, responsáveis pela redução do pH, em especial na região cecocólica, o que é
extremamente útil para a manutenção da integridade do epitélio intestinal, pois favorece a
multiplicação de microrganismos desejáveis à microflora desta região (Lactobacilos,
Bifidobacterias) e impede o crescimento e/ou multiplicação de microrganismos patógenos e
109
putrefativos. Quantidades aumentadas de ácidos graxos de cadeia curta também mediam o
crescimento do epitélio intestinal como fonte direta de energia e via estimulação do hormônio
do crescimento. Estes efeitos resultam em aumento da espessura e saúde da parede intestinal.
110
6. CONCLUSÕES
A FCJ apresentou efeito hipocolesterolemiante e hipotrigliceridemiante, sendo este
maior com o aumento da quantidade suplementada.
A redução nas concentrações séricas de colesterol, paralela a redução dos níveis de
colesterol hepático, associadas à ausência efeitos na excreção fecal de lipídeos totais, permite
especular que o efeito hipocolesterolemiante da FCJ ocorreu, pelo menos, em parte, devido à
redução da sua síntese hepática.
A redução das concentrações séricas de triglicerídeos pode ter ocorrido pela menor
absorção intestinal. No entanto, este efeito não repercutiu claramente na excreção fecal desses
nutrientes.
Possivelmente, o efeito hipolipidêmico da FCJ advém dos efeitos biológicos
promovidos pela sua composição em fibras e substâncias antioxidantes, tais como as
antocianinas.
O conhecimento da composição em fibras e compostos bioativos deste resíduo é
essencial. Essas informações poderão ser utilizadas para melhor compreender os efeitos
metabólicos da FCJ e garantir a segurança da sua ingestão como alimento.
111
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119
ANEXO 1
Consumo recomendado de nutrientes minerais/dia
Minerais
Categoria Idade (anos e Cálcio Fósforo Magnésio
meses)
(mg)
(mg)
(mg)
Bebes
0a6m
210
100
30
7 a 12 m
270
275
75
Crianças
1 a 3 anos
500
460
80
4 a 8 anos
800
500
130
Homens
Ferro
(mg)
0,27
11
7
10
Zinco
(mg)
2
3
3
5
9 a 13anos
1300
1250
240
8
14 a 18 anos
1300
1250
410
11
19 a 30 anos
1000
700
400
8
31 a 50 anos
1000
700
420
8
51 a 70 anos
1200
700
420
8
> 70 anos
1200
420
8
Mulheres
9 a 13anos
1300
1250
240
8
14 a 18 anos
1300
1250
360
15
19 a 30 anos
1000
700
310
18
31 a 50 anos
1000
700
320
18
51 a 70 anos
1200
700
320
8
> 70 anos
1200
320
8
Gestantes ˂ de 18 anos
1300
1250
400
27
19 a 30 anos
1000
700
350
27
31 a 50 anos
1000
700
360
27
Lactantes ˂ de 18 anos
1300
1250
360
10
19 a 30 anos
1000
700
310
9
31 a 50 anos
1000
700
320
9
Fonte: (AI - adequate intake - ingestão média recomendada), das DRI‟s
Medicine 2002 e Institute of Medicine 2004.
Cobre
(μg)
200
220
340
440
Manganês
(mg)
0,003
0,6
1,2
1,5
Potássio
(mg)
0,4
0,7
3,0
3,8
8
700
1,9
4,5
11
890
2,2
4,7
11
900
2,3
4,7
11
900
2,3
4,7
11
900
2,3
4,7
11
900
2,3
4,7
8
700
1,6
4,5
9
890
1,6
4,7
8
900
1,8
4,7
8
900
1,8
4,7
8
900
1,8
4,7
8
900
1,8
4,7
13
1000
2
4,7
11
1000
2
4,7
11
1000
2
4,7
14
1300
2,6
5,1
12
1300
2,6
5,1
12
1300
2,6
5,1
Institute of Medicine 1997, Institute of
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