COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ACTIVIDADE ANTIOXIDANTE DE AZEITONAS VERDES DESCAROÇADAS DE TRÁS-OS-MONTES: ESTUDO DO EFEITO DA CULTIVAR R. Malheiro1; S. Casal2; A. Sousa1,2, A. Bento1, J. A. Pereira1 1 CIMO/Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança, Campus Sta Apolónia, Apartado 1171, 5301-854 Bragança, Portugal. [email protected] 2 REQUIMTE/Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4050-047 Porto, Portugal. [email protected] Em Trás-os-Montes, no Outono, é elaborado por um processo tradicional um tipo de azeitonas verdes descaroçadas, conhecidas na região como “alcaparras” e muito apreciadas pela população local. Na preparação deste tipo de azeitonas de mesa são misturadas diversas cultivares da região, não sendo tido em conta o possível efeito das mesmas. Neste sentido, no presente estudo pretendeu-se conhecer qual a contribuição e influência das principais cultivares de azeitona da região (Cv. Cobrançosa, Madural, Negrinha de Freixo, Santulhana e Verdeal Transmontana) na composição nutricional, nos perfis em ácidos gordos (GC/FID), tocoferóis (HPLC/FD) e compostos fenólicos (HPLC/DAD), bem como na actividade antioxidante (avaliada pelos métodos do DPPH e poder redutor). As “alcaparras” são maioritariamente constituídas por água (> 70%) e gordura (entre os 12,5 e 20,1%), sendo esta predominantemente constituída por ácidos gordos monoinsaturados, onde predomina o ácido oleico (≥ 66,9%). O valor calórico variou entre 154 e 212 kcal (respectivamente Cv. Madural e Verdeal Transmontana) por 100 gramas, principalmente devido ao teor em gordura, característico de cada cultivar. O teor em cinzas totais é baixo, uma vez que, contrariamente aos processos usuais de elaboração de azeitonas de mesa, neste processo tradicional não é utilizado sal. Relativamente aos tocoferóis, o α-tocoferol é o vitâmero mais abundante, com o maior teor na Cv. Negrinha de Freixo (6,0 mg/kg). Foram identificados doze compostos fenólicos, dos quais o hidroxitirosol foi o mais abundante. O teor em compostos fenólicos totais variou entre as 10,3 e as 44,1 mg/kg de “alcaparras”. As “alcaparras” que apresentaram maior actividade antioxidante foram as elaboradas com as Cvs. Cobrançosa e Santulhana (respectivamente EC50 de 1,38 e 1,40 mg/ml para o poder redutor e 0,48 e 0,46 mg/ml para o DPPH). De maneira geral as azeitonas com maior actividade antioxidante foram também as que apresentaram maior quantidade de compostos fenólicos, tendo-se verificado uma relação inversamente proporcional entre os valores de EC 50 registados na actividade antioxidante e o teor em compostos fenólicos totais. Cada cultivar possui características únicas para a produção de “alcaparras”. Este tipo de azeitonas de mesa demonstrou ainda ser uma fonte de energia equilibrada, com gordura maioritariamente monoinsaturada, rica em compostos antioxidantes, como fenóis e tocoferóis, e com um baixo teor em sal, características importantes do ponto de vista nutricional.