12º SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E
EXTENSÃO DA UEMG
A religiosidade negativa em Franz Kafka: Indicações finais e novos procedimentos
Lílian Veiga de Carvalho
Mauro Rocha Baptista, Renata Viol Ferreira da Silva, Bianca Cristina Chagas , Carolina Santarosa Pereira,
Email para contato: [email protected]
Palavras chave: Religiosidade Negativa, Aporia, Humor, Filosofia e Literatura, Franz Kafka.
Nesta apresentação deveríamos expor as considerações finais do projeto encerrado, mas isso seria ir contra o
próprio projeto, então nossa proposta será a de pontuar algumas indicações e os procedimentos que este
projeto gerou. À guisa de um encerramento kafkiano para os trabalhos desenvolvidos até aqui é preciso
ressaltar a importância da abertura diante dos horizontes abertos pela obra literária. A interpretação
apresentada aqui a partir dos textos de Kafka não deve se impor como uma chave de leitura única. Nossa
proposta foi a de revisitar a fortuna crítica, que muito já se manifestou a respeito da religiosidade dos textos de
Kafka, apresentando uma opção às interpretações ateístas ou santificadoras. Procuramos demonstrar como
estas interpretações extremistas não combinam com a proposta literária desenvolvida pelo autor. Kafka brinca
com seu herói mais do que leciona através dele. Se o personagem sofre, este sofrimento não é causado pela
constatação da inexistência de Deus, tampouco pelos textos pretenderem constatar que a resignação é o
único caminho para a santidade. O herói sofre porque o sofrimento é parte da vida, tanto dos heróis quanto
dos comuns. O principal elemento que conseguimos desenvolver com os estudos da obra kafkiana é a leveza
com o trato conceitual. Neste sentido devemos reconhecer que a interpretação se forma em um jogo duplo
entre a obra e seu leitor. Nesta medida a obra de Kafka se revelou plena de possibilidades religiosas, sem,
contudo, ser ela mesma apologética. Os personagens periféricos que não compreendem os motivos do
sofrimento do herói agem resignados com a sua fé. Para eles o mundo faz sentido do exato jeito em que é
apresentado pelas autoridades. O ímpeto por questionar esta postura, representante de uma religiosidade
institucional, é tão forte que a tendência é apresentar o próprio Kafka como crítico destes sujeitos. Mas se isso
fosse a única possibilidade, então não seria tão necessário abusar do estilo aporético. Kafka, contudo, opta
pela constante não concretização de suas obras, mesmo aqueles que encontram um fim formal. Ele não pode
trazer à tona a moral da história, pois sua história não se pretende moralista. A condenação da alienação
institucional só pode partir do frustrado herói. Este trabalho só pode ser encerrado, mesmo que parcialmente,
resgatando a necessidade de não se apegar a definições plenas. Resgatando o humor que suspende a
arrogância da resposta institucional e a presunção das perguntas negativas. Um humor que possibilita que a
toda a fortuna crítica sobre Kafka possa se juntar mais uma opção de interpretação.
Realização do evento: 17 a 19 de Novembro/2010
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Lílian Veiga de Carvalho