POR UMA PEDAGOGIA MENOR Ms. Sônia Regina da Luz Matos Professora Departamento de Educação da UCS [email protected] Resumo: Franz Kafka em seu diário, dia 25 de dezembro de 1911, fala sobre a escrita pequena. O que pode ser isso? Talvez esteja falando de uma escrita que não está nas grandes literaturas, nem nas famosas rodas acadêmicas, nem nos círculos dos livros mais vendidos e conhecidos. Uma escrita que não é para representar a realidade nem contá-la; uma escrita mais perto de uma experimentação é o que escreve ele. Seus contos fazem “bailar” as possibilidades de sua época. Alguns psicologizaram a obra deste autor, outros... 1 Deleuze e Guattari escolheram fazer um Portrait-Kafka: produziram o livro 2literatura menor. Este material fala da escrita pequena de Kafka para uma literatura menor; quase que um pensamento minorado, sem a pretensão de interpretar e redimensionar a obra de Franz Kafka, esticando as linhas que o autor lançou-se em seus escritos. É destes espaços e destes autores que faço um “roubo” conceitual, também, menor para pensar a educação. Educação menor! Aproximações, afastamentos e perspectivismos com estes autores. É quase que um encosto. Uma educação sem representá-la? Como é funcionar sem ficar no contra ponto da perguntação: o que é isto? Ou é aquilo? É estar para além do posicionamento da dialética e da crítica. Afinal, então, do que se trata esse pensamento educacional menor? Trata pouco de dizer, de falar, de contar; menos ainda de explicar, tratando-se de não tratar para não majorá-lo na rede da perguntação da significação. Podendo se tratar de um retrato, um portrait-menor: que funciona por sonoridades, trabalhando por gagueiras, escovando os espaços da moral e das regras de convivência, conhecendo as visibilidades condicionantes e as marcar dadas como verdadeiras e já naturalizadas em educação. Uma pedagogia menor, não é pequena em tamanho, em medida, essa minoração é parte de um pensamento que quer mais embaralhar do que ordenar; querendo sintomatologizar o tempo para assim, talvez, mentir menos. Estudar por sintomas e muito diferente de estudar por salvações das “belas almas”. Estar entre o real e o atual é sintomatologizar, a pedagogia menor pensa por sintomatologia. Escorregando para fora, sem sair de dentro. É vivendo de potência que traça as composições pedagógicas. Sintomatologizar e minorar a volúpia de educar. E com fome, ser um artista da fome como Kafka foi; sem fome da modernidade, quase que uma náusea desta fome. Empanturrado de sujeito, de significado e de significante, do pensamento cristão, do contrato (burocrático) pedagógico e da folhinha mimeografada. Ruminar nesta estética escolar! O fastio! Jejuamos 1 Gilles Deleuze, filósofo francês, 1925-1995 e o escritor francês Félix Guattari (1930-1992). DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Kafka: por uma literatura menor. Trad. Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago, 1977. 2 com a força do artista da fome. O jejuar como uma possibilidade de criação pedagógica menor! Palavras-chave: docência, filosofia da diferença, pedagogia