… Gregor reconheceu que a falta de qualquer comunicação humana direta no decorrer destes dois meses, somada à monótona vida familiar, tinha perturbado seu raciocínio, pois de outro modo não podia explicar que tivesse desejado que esvaziassem seu quarto. Teria de fato vontade de transformar o quarto aconchegante confortável, com os móveis da família, numa caverna, onde decerto poderia rastejar em todas as direções sem que fosse incomodado, correndo o risco de esquecer total e rapidamente seu passado humano?… KAFKA, Franz. A metamorfose. São Paulo: Nova Época, [19--]. 88 p.