UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA XXIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA UFRGS Acadêmico: Carlos Fernando de Quadros Profª Drª. Orientadora: Sílvia Regina Ferraz Petersen Aspectos da renovação teórico-metodológica na história social do trabalho incorporados nos livros didáticos de História: um estudo de caso Este estudo se insere no projeto de pesquisa “A construção, percursos e significados da temática do trabalho e dos trabalhadores na produção historiográfica e nos livros didáticos brasileiros” e procura investigar como as renovações teórico-metodológicas na história social do trabalho são incorporadas nas publicações didáticas de História. Para tanto faremos um estudo de caso, através da análise – por um viés historiográfico – da coleção de livros didáticos de História dos autores Gilberto Cotrim e Jaime Rodrigues, chamada “Saber e Fazer História”. Sua publicação foi no ano de 2007, e os textos são destinados para uso em salas de aula de 7º,8º e 9º ano. A história social do trabalho, no Brasil, passou por muitas mudanças na década de 1980, com a popularização dos escritos de autores conhecidos como “historiadores marxistas britânicos”, dentre os quais destacamos os nomes de Eric Hobsbawm e Edward Thompson. De uma abordagem macro estrutural, pautada por largos recortes tanto espaciais quanto temporais, os historiadores pertecentes a tal tendência passaram a privilegiar as ações dos sujeitos na construção de suas experiências. Partimos da hipótese que tais renovações na historiografia também se fariam presentes nas obras didáticas de História. Na obra de Cotrim e Rodrigues podemos perceber isso nas páginas dedicadas ao trabalho no Brasil Colonial, com o registro das muitas especificidades dos “Mundos do Trabalho” em tal época, enfocando nas estratégias de resistência e negociação empreendidas pelos escravos quanto no cotidiano dos trabalhadores de tal época. A presença do trabalho e dos trabalhadores possui maior vulto no livro dedicado ao século XX. Temos em tal publicação alguns temas controversos na historiografia sendo discutidos, como o fenômeno do “Populismo”, por exemplo. O posicionamento dos historiadores é bastante percpetível ao tratar de tal tema, pois narram um quadro de trabalhadores conscientes e ativos, possuindo grande visibilidade social em seu tempo. Cabe destacar também uma apresentação do que vem a ser o trabalhador na atualidade, em que a figura escolhida é uma mulher que trabalha informalmente, o que pensamos ser um provável reflexo dos estudos de gênero na produção historiográfica. Fontes: COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Saber e Fazer História Modernidade Européia e Brasil Colônia 7º ano . São Paulo: Editora Saraiva, 2007. _______________________________. Saber e Fazer História Consolidação do Capitalismo e Brasil Império 8º ano . São Paulo: Editora Saraiva, 2007. _______________________________. Saber e Fazer História Mundo Contemporâneo e Brasil República 9º ano . São Paulo: Editora Saraiva, 2007. Referências bibliográficas principais: BATALHA, Cláudio. A historiografia da classe operária no Brasil: trajetória e tendências. IN: FREITAS, Marcos Cezar de (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998. pp. 145-158. CHALHOUB, Sidney; SILVA, Fernando Teixeira da. Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos 1980. Cadernos AEL, Campinas, UNICAMP. v. 14, n. 26, 1º semestre 2009. ESPÍRITO SANTO, Janaina de Paula. Ensino de História no Brasil – Rupturas e Permanências: Um estudo de manuais didáticos. Anais eletrônicos do XXIII Simpósio Nacional da ANPUH 2005. LARA, Sílvia H. Escravidão, cidadania e história do trabalho no Brasil. Projeto História, São Paulo, (16), fev. 1998. MEDEIROS NETA, Olívia Morais de. Ensinamentos de Clio: O livro didático de História e a historiografia brasileira. IN: Congresso brasileiro de História da Educação, Sociedade Brasileira de História da Educação. Goiânia, nov. 2006. Imagem de fundo: Trabajadores (detalhe). Pintura mural de Jose Clemente Orozco, 1923-26, Antigo Colégio Santo Idelfonso, Cidade do México.