1 Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir Realização: Federação de Instituições Beneficentes (FIB-RJ) Equipe Executiva do Projeto: Coordenação-Geral: Deise Gravina Coordenação: Mônica Alkmim Assistente de Coordenação: Evelin Claro Auxiliar Administrativo: Miriana Neves Jovens Articuladores: Alef Oliveira, Brenda Barbosa, Carlos Henrique Cruz da Silva, Carlos Alberto Santos Junior, Deyvid Morais, Elias Lourenço, Enderson Araújo, Gabriel Ribeiro, Janio Silva, José Wilson de Freitas, Julyana Araújo, Marina Rocha, Maryelle Morais, Monique Evelle, Renato Queiroz, Thaisi Bauer e Vitor Souza Pesquisa / Relatoria / Sistematização: Alef Oliveira, Brenda Barbosa, Carlos Henrique Cruz da Silva, Carlos Alberto Santos Junior, Deyvid Morais, Elias Lourenço, Enderson Araujo, Gabriel Ribeiro, Janio Silva, José Wilson de Freitas, Julyana Araújo, Marina Rocha, Maryelle Morais, Mônica Alkmim, Monique Evelle, Renato Queiroz, Thaisi Bauer e Vitor Souza Comunicação: Coordenação Editorial: Liseane Morosini Projeto Gráfico Editorial: Wilson Cotrim Criação de peças Evento / Campanha: Sérgio Martins Webdesigner: Sérgio Martins 2 Federação de Instituições Beneficentes do Estado do Rio de Janeiro (FIB-RJ) Apoio: Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR) Produto: Relatório do Segundo Encontro Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir Instituição: 3 4 O Projeto ........................... 6 Articuladores ..................... 8 Programação ................... 11 Atividades........................ 12 Banner ............................. 18 Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir O Seminário....................... 7 5 O projeto O projeto Adolescentes e Jovens em Ação – Em prol do Direito de Participar e Decidir (Convênio 798490/2013) visa fortalecer a participação de adolescentes e jovens no Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA). Ele toma o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), Lei n. 12.594/12, como ponto de partida para os debates e visa promover um debate nacional com ênfase no sistema socioeducativo, nos direitos humanos de crianças, adolescentes e jovens, bem como nas situações de violação e tortura contra a juventude no país. Dezessete adolescentes e jovens, de nove estados brasileiros, atuantes em espaços de controle social e moradores de localidades com alto índice de violência, de nove estados brasileiros, foram convidados para participar do projeto. A definição dos municípios de abrangência obedeceu a dois critérios: alto índice de homicídios entre jovens, apresentado no Mapa da Violência de 2013 e a análise das condições das Unidades de internação e semiliberdade realizada em 2011 pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Juntos, os jovens mapearam o Sistema de Garantias de Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA), aprofundaram seu conhecimento sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e debateram a letalidade infantojuvenil, as raízes e razões da violência, o extermínio de jovens e o racismo com vistas a fortalecer sua participação em fóruns, coletivos e espaços de discussão social. 6 O seminário Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir O segundo seminário do projeto Adolescentes em Ação foi realizado nos dias 10 e 11 de abril de 2015, em Maceió. Entre os temas debatidos estiveram o Estatuto da Criança e do Adolescente e os direitos do jovem; direitos humanos; criminalização; maioridade penal; violência; juventude; mídia e racismo. 7 Articuladores Os articuladores presentes fomentaram o debate dentro e fora das suas áreas e vislumbraram desdobrar esse projeto em uma ação permanente de debate, formação e controle social. ALEF OLIVEIRA SILVA – 22 anos, Natal - RN Rede NUCA – Núcleos de Participação e Desenvolvimento d@s Adolescentes BRENDA BARBOSA DA SILVA – 23 anos, São Paulo - SP Coletivo de Mulheres Negras “Não mais. Não Sinhô!“ CARLOS ALBERTO DE SOUZA JÚNIOR, 22 anos, São Paulo - SP Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente SP / Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. CARLOS HENRIQUE CRUZ DA SILVA – 19 anos, Natal - RN Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente / Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente DEYVID SANTOS MORAES – 25 anos, Goiânia - GO Adolescentes em Ação ELIAS LOURENÇO DE SOUZA – 19 anos, Maceió - AL Desabafo Social ENDERSON ARAÚJO DE JESUS SANTOS – 25 anos, Salvador - BA Jornal Mídia Periférica 8 GABRIEL RIBEIRO DA SILVA – 18 anos, Vitória - ES Fórum Estadual da Juventude Negra JANIO MÁRCIO DA SILVA – 21 anos, Vitória - ES Coletivo Literatura Marginales / Fórum Estadual da Juventude Negra JULYANA ARAÚJO DA SILVA – 19 anos, Rio de Janeiro - RJ Organização de Direitos Humanos – Projeto Legal Associação Brasileira de Medicina Psicossomática do Rio Grande do Sul MARYELLE INÁCIA MORAIS FERREIRA – 22 anos, Manaus - AM Universidade Federal do Amazonas MONIQUE EVELLE NASCIMENTO – 21 anos, Salvador - BA Desabafo Social Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir MARINA ROCHA DA SILVA – 20 anos, Porto Alegre - RS RENATO QUEIRÓZ DE OLIVEIRA – 18 anos, Maceió - AL Desabafo Social THAISI MOREIRA BAUER – 28 anos, Rio de Janeiro, RJ Organização de Direitos Humanos – Projeto Legal 9 VICTOR NUNES DE SOUZA – 22 anos, Porto Alegre - RS Adolescentes em Ação – Porto Alegre 10 Programação 8h – Credenciamento 9h – Mesa de Abertura 9h30 – Apresentação do projeto Adolescentes em Ação – Em prol do Direito de Participar e Decidir 10h – Mesa Redonda – Diálogo Ampliado Sobre Violência Contra a Juventude em Alagoas Monique Evelle, fundadora do Desabafo Social Rickelane Gouveia, coordenadora das Aldeias Infantis SOS e presidente do CEDCA / AL Arlan Montelares, sociólogo Fernanda Ferreira, analista do Projeto ViraVida-SESI / AL Elias Lourenço, integrante do Projeto Adolescentes em Ação 12h – Almoço 13h30 – Grupos Temáticos: Eixo I: Racismo e Violência Policial Eixo II: Mídia e Direitos Humanos Eixo III: Tortura em Espaços de Privação de Liberdade 16h – Intervenção Cultural 16h – Apresentação das Sistematizações: Síntese e Diálogo Sobre as Discussões nos Eixos e o Vídeo Produzido pelos Integrantes do Projeto Adolescentes em Ação. 17h – Lanche e Encerramento 11 de abril de 2015 Horário: 9 às 11 horas Local: Casa Grande da Praia Hotel (Av. Jangadeiros Alagoanos, n°1528, Pajuçara, Maceió, AL) Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir 10 de abril de 2015 Horário: 8 às 18 horas Local: Projeto ViraVida (Av. Siqueira Campos, n° 1900, Trapiche da Barra, Maceió, AL) 9h – Momento Administrativo 9h30 – Planejamento Estratégico 11h – Encerramento 11 Atividades “A gente não é bicho, é humano também. E estamos aqui para ressocializar. “ H.T., adolescente em cumprimento de medida socioeducativa na UFI – Alagoas Dia 1: 10 de abril de 2015 A programação do dia foi iniciada às 10 horas, com a apresentação do projeto Adolescentes em Ação por Evelin Claro, assistente de coordenação, representando a coordenadora Mônica Alkmim que não pôde comparecer ao evento. Evelin pediu desculpas pelas alterações e pelo atraso da programação, além de agradecer pelo acolhimento e receptividade dos colaboradores e participantes locais. Em seguida, apresentou os convidados da mesa redonda. Monique Evelle, 20 anos, soteropolitana, ativista na área de direitos humanos, fundadora da rede Desabafo Social, falou sobre sua experiência em atividades que propõe construir um diálogo aberto entre jovens, a fim de incentivá-los e estimulá-los a se engajarem em causas sociais. Segundo ela, esses espaços se tornam ricos e produtivos por permitirem a troca de ideias e experiências entre jovens de mesma idade e de diferentes regiões. Em seguida, Rickelane Gouveia, representando o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Alagoas (Cedca/AL), pontuou que as pessoas que cometeram o ato infracional, antes de fazê-lo, tiveram seus direitos violados; que as meninas em geral cometem crimes por amor a seus companheiros, pois se sentem valorizadas por eles; e destacou a forma desumana e degradante a que o sistema socioeducativo submeteu e ainda submete meninos e meninas em alguns estados do país. Ainda, apontou a inexistência de uma interligação dos Conselhos para garantir educação aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa; a falta de mão-de-obra para executar o Sinase; a inexistência de uma política de saúde; e a falta de vivência das relações familiares e comunitárias. O segundo palestrante foi Arlan Monterales, sociólogo., representante do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Zumbi dos Palmares (Cedeca/AL). Em sua fala, ele abordou três eixos de discussão: como a violência deve ser tratada; a violação dos direitos humanos versus políticas públicas; e a necessidade de ampliar as ações. Segundo ele, o Estado desconhece esa realidade, cria “pacotes de políticas públicas” que não correspondem à necessidade (como a instalação de laboratórios de informática em escolas sem professores capacitados, ou a contratação de professores de informática em escolas sem computadores, ou em escolas sem acesso à internet). Ele recomendou a formação de grupos de pressão, como os movimentos sociais, conselhos e sindicatos, como forma de mudar a situação. Fernanda Ferreira apresentou a proposta do projeto Vira Vida – criado pelo Conselho Nacional do Sesi, em 2008, junto com a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), e lançado no ano de 2012, em Maceió. Dirigido para adolescentes com idade entre 16 e 21 anos, prove- 12 nientes de famílias de baixa renda, residentes das periferias e sujeitos à violência física e psicológica, gravidez precoce, dependência química e, especialmente, violência sexual. O serviço oferece oportunidades de estudo, inserção no mercado de trabalho, resgate psicossocial e acesso a serviços básicos de saúde. O programa oferta 100 vagas, mas há hoje setenta alunos. Com satisfação, Fernanda relatou que, em 2014, três participaantes do projeto passaram no vestibular. Ela ressaltou que “é menos um jovem na rua cometendo um ato infracional”. Elias Lourenço, integrante do projeto Adolescentes em Ação, colaborador local da ONG Desabafo Social, declarou sua indignação com os índices do seu estado: Alagoas é o território que registra mais números de mortes no Brasil, e sua capital, Maceió, lidera o ranking desde 2006. Em 2015 houve redução do índice e ela figura na segunda colocação. Para ele, o que mais choca é a invisibilidade da violência, que vitima homens, negros e jovens. Ele apontou, ainda, o desinteresse dos governantes frente a esse alarmante problema social. O jovem ilustrou sua participação com um trecho de uma canção popular, de um folguedo de Alagoas, que diz: “Nas terras das Alagoas ninguém passa necessidade...”. E acrescentou seu posicionamento crítico: “Quem dera se fosse verdade!”. Na sequência, os jovens manifestaram suas opiniões sobre os temas abordados pelos palestrantes. Enderson Araújo disse que as ações sempre objetivam a inserção do jovem no mercado de trabalho, no entanto, essa não seria a única solução. Ele atentou sobre o poder da mídia para manipular as opiniões o que faz com que pessoas sejam favoráveis à redução da maioridade penal até dentro das comunidades periféricas. “Os meios de comunicação ‘vendem uma segurança’ para que as pessoas fiquem em casa, acreditando que a redução da maioridade penal seria a solução e que a ressocialização não funciona”, disse. Em seguida, H. T., adolescente em cumprimento de medida socioeducativa na Unidade de Internação Feminina (UIF/AL) fez um convite para todos conhecerem a instituição e leu um acróstico, por ela criado, que mostra a amplitude do processo de ressocialização: Respeito Esperança Sucesso Solidariedade Otimismo Coragem Igualdade Amor Liberdade Inclusão Zerar os problemas Amizade Realidade Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir Debate Com essas qualidades e sentimentos, ela disse, podemos vencer os preconceitos, deixarmos de ser reféns da vida e sermos pessoas comuns com um só desejo: ser feliz. Dizendo que 13 reconhece o erro cometido e que já está “pagando” por ele, H. T. afirmou que as pessoas pensam que ela finge, mas que ela realmente mudou, e que todos são capazes de ensinar e aprender. Outra adolescente em cumprimento de medida socioeducativa expôs sua experiência, afirmando ter aprendido a tocar instrumentos e bordar. E também a respeitar. Carlos Júnior disse que veio da comunidade Jardim Ângela. Ele afirmou que sente medo quando colocam o jovem como protagonista de sua vida, pois o ator segue um roteiro previamente definido e não tem autonomia de participação. Ele observa que, hoje, as famílias são reféns do próprio Estado e que muitas vezes, o traficante defende a comunidade, não sendo considerado uma ameaça, mas uma proteção. Deivison, assistido pelo projeto Vira Vida de Maceió, questionou as razões de as autoridades não atuarem na prevenção da violência; e por que, ali mesmo no seminário, o governo não estava lá para ouvi-los? Ele relatou ter sofrido várias situações de preconceito e violência praticadas por policiais e que muitos de seus amigos morreram ou foram presos. “É assim mesmo. A gente apanha da mãe em casa, na rua, da polícia”, disse. Segundo ele, o erro é cometido já que o jovem vai atrás de uma felicidade que não existe. “Todo mundo julga, sem saber, nossa cara, mas ninguém chega para conversar com a gente, conhecer”, declarou. Outro jovem do projeto Vira Vida, de Maceió, pontuou sobre as dificuldades enfrentadas para estudar, declarando que, apesar de o projeto oferecer ajuda financeira, há problemas que fazem com que muitos desistam, tais como ter que acordar às 3 horas da manhã por morar distante, e o medo de ser assaltado ao esperar no ponto de ônibus, além de ter que enfrentar o ônibus cheio. As intervenções foram encerradas com um trecho da música “Brasil com P”, da banda Racionais MC’s, recitado pelo Janio Silva, do Espírito Santo. À tarde, houve a apresentação do grupo musical das adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa da UIF-AL. A apresentação ao som de violinos, voz e violão, contagiou e emocionou a todos. Depoimento Texto de Rickelane Gouveia, presidente do Conselho Estadual dos Direitos de Crianças e Adolescentes de Alagoas, sobre sua participação no encontro. Hoje participei de um encontro bem proveitoso, em que puder confirmar minhas ideias sobre a participação da criança, do adolescente e do jovem de nosso país em espaços de discussões políticas. Eles podem e têm que participar dessas discussões, sobretudo daquelas que se efetivam a partir de seu lugar de criança, de adolescente, de jovem. No início, confesso que tive um pouco de receio do que pudesse acontecer, não pela molecada, mas pelo que vi ao chegar ao evento: nada provocado pelos organizadores ou pelos adolescentes e jovens, porém pelo braço armado do governo, que compareceu ao evento para fazer a escolta das adolescentes das unidades de internação que 14 participariam do evento. Não pude, ou não quis, acreditar que meus olhos estavam vendo aquela cena. O evento tinha o objetivo de expor e discutir a lei do Sinase. Caramba! De cara, o descumprimento do que preconiza a lei! Força armada, escolta policial... Onde? Como? Respondo: no meu estado, Alagoas. Aqui, como coloquei na fala ao grupo, o Sinase foi jogado fora, atearam-no fogo. Triste cena, sob a desculpa de proteção às adolescentes, em conflito com a lei... A fim de retirar da sala aqueles agentes de segurança armados até os dentes, dialoguei com a pessoa responsável pela escolta e, por fim, conseguimos. Uma pausa para o lanche antes do início, ideias organizadas, vamos lá! Também fica evidenciado, contudo, que, muitas vezes, reproduzimos o que está posto, os pensantes, os ouvintes e os sem acesso, ou aqueles que já estão com acesso negado, e a crítica se dirige para a disposição da estrutura física que aumentou a exclusão e a negativa dos direitos apregoados pelo Sinase. Evidentemente, não de caso pensado, mas pela força silenciosa que impera nas relações sociais. Nascer e viver em periferia não deve fazer você se sentir menos ou menor que qualquer outra pessoa, apesar de a lógica da esfera dominante ser essa. E porque se menospreza sua potencialidade, perdem-se tantos jovens! A maioria deles, PPP – pobres, pretos e da periferia. O grupo foi motivado a lutar. A luta é grande, é desigual, mas ninguém tem o direito de negar nossa participação. A criticidade do grupo esteve em destaque principalmente quando, nas falas de nós, adultos, ficavam evidentes os vícios e preconceitos arraigados na nossa formação. Não é fácil mudar, mas é preciso mudar. Foi isso que vi naquela sala: vontade, desejo e necessidade de mudar, individualmente – pois a mudança começa em nós, com a nossa determinação –, mas com foco no coletivo. E aquele momento foi, acima de tudo, um momento incentivador, daqueles que propõem dias melhores, de acesso igual à maioria da população jovem do nosso país. Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir Minha participação foi rápida, mas cheia de emoção, pois me identifiquei com o grupo, que, em sua grande maioria, vinha da periferia de Maceió e de outros estados, assim como eu. Muito legal ver a expectativa, sentir que você pode ser elemento facilitador de um processo que, no coletivo, evidencia uma militância jovem e guerreira. Muito massa, me renovou! Quem sabe vejo, um dia, nas lutas cotidianas, muitos do que ali estavam, com suas bandeiras e sua militância jovial, nos dando força para seguir... Parabéns! 15 Dia 2: 11 de abril de 2015 Grupos Temáticos Eixo I: Racismo e Violência Policial Os monitores mostraram as transformações ocorridas ao longo dos séculos, correlacionando as senzalas aos presídios, o capitão do mato com a polícia militar. Os jovens questionaram as limitações dos espaços sociais a serem ocupados e a violência subjetiva que extermina os sonhos; apontaram a notória desigualdade de oportunidades entre o jovem negro morador das periferias e o jovem branco de classe média; a diferença de abordagem policial com foco direcionado aos negros e pobres. Muitos jovens desconheciam a redução da maioridade penal e, após uma breve explicação, as posições, em sua maioria, se firmaram contrária a ela. Uma adolescente inserida no sistema socioeducativo para cumprimento de medida considerou que este é mais eficaz que o sistema prisional. As adolescentes na mesma situação explanaram que sofrem preconceito em suas comunidades e também em suas famílias, com menor frequência. Eixo II: Mídia e Direitos Humanos Indagados pelos monitores, os adolescentes opinaram sobre a frase “bandido bom é bandido morto”, muito utilizada por alguns apresentadores de TV. Poucos concordaram. Os que foram a favor, foram provocados a pensar na possibilidade de o sujeito autor do ato ilícito ser próximo de seu convívio. Muitos relataram o fato de terem amigos, conhecidos e parentes presos e/ou mortos. Apontaram também que em nenhum momento é levado em consideração que o indivíduo tem uma história de vida que é, possivelmente, um determinante de suas ações. Um dos jovens afirmou: “Você não precisa ser bandido para ser tratado como um”. O debate considerou a forte característica de influência da mídia em condicionar estereótipos sobre os bairros, o que fortalece as raízes do preconceito entre a população. Inclusive, entre eles mesmos, que assumiram reproduzir falas preconceituosas e satirizar os amigos que moram em determinadas localidades. Eixo III: Torturas em Espaços de Privação de Liberdade Esse eixo do debate ganhou outra dinâmica com a indicaçao de duas palavras que remetessem ao contexto de “adolescentes em situação de privação de liberdade”, independentemente de ato infracional. Aprendizado, educação, recomeçar, direitos iguais, respeito, falta de acesso à educação, reflexão, tristeza, amor, esperança, igualdade, não violência, sofrimento e saudade foram algumas palavras citadas. Dentre as falas, houve destaque para a recorrente ação geralmene truculenta de policiais militares no momento de abordagem e a não apreensão, mas posse, dos produtos do roubo, entre outras atitudes. Foi também exibido o vídeo Outros setembros (https://www.youtube.com/watch?v=gA0xjUxzP9w.), de 2014, que retrata a violência no Rio Grande do Norte. 16 Encerramento O encerramento do seminário se deu com a ponderação pelos adolescentes e jovens sobre as discussões feitas dos eixos temáticos, em que se enfatizou a importância do empoderamento, por meio de uma educação em direitos humanos, que torne os sujeitos qualificados para o enfrentamento das desigualdades e, consequentemente, a transformação dos paradigmas sociais. Após o encerramento, foi realizada a visita à Unidade de Internação Feminina de Alagoas. Planejamento O mapeamento do SGD do Brasil – Consiste na elaboração de um mapeamento dos órgãos e conselhos que compõem o SDG, por meio de uma análise qualitativa, com os espaços que se encontram em funcionamento. Foram sugeridas estratégias para a construção desse documento, como um questionário on-line. O grupo aprovou a sugestão de Brenda por um mapeamento baseado nas vivências dos próprios integrantes do projeto. Oos espaços de atuação dos adolescentes e jovens serão identificados por cada articulador em seus estados. Posteriormente, um dos integrantes do grupo sistematizará a listagem das redes de articulação. Seminário de Encerramento – Ficou definido que o seminário de encerramento ocorrerá nos dias 17 e 18 de julho, em São Paulo, e será voltado para adolescentes e jovens, além de atores do SGD e do poder público. São Paulo foi a cidade escolhida em vista da experiência e do papel crucial de seus movimentos sociais no enfrentamento dessas violações, que se expressam na redução das taxas de homicídios, que, apesar de ainda elevadas, sinalizam uma diminuição em comparação com períodos anteriores; da conjuntura municipal quanto à discussão desses temas, dadas as bandeiras de luta de movimentos, organizações e redes; da construção de políticas públicas para crianças, adolescentes e jovens; e das condições objetivas de organização e parcerias locais. Criação do Comitê Nacional – Visa garantir a sustentabilidade do grupo após o término do projeto. Para tanto, foram feitos os seguintes encaminhamentos: estudo/análise do regimento de outros comitês; elaboração do regimento interno; relatório individual e livre sobre as experiências vividas no projeto; criação de um grupo virtual para facilitar a interatividade e a difusão de ideias e notícias sobre temáticas de interesse; sistematização de um mapeamento da rede e o convite aos movimentos sociais para o lançamento do Comitê; estudo da criação de redes de apoio; busca de parcerias para viabilizar o amparo financeiro às vítimas de violências. Projeto Adolescentes em Ação Em prol do direito de participar e decidir Na reunião, foram definidas metas a serem atingidas até o fim do primeiro semestre. As pautas centrais tratadas foram: 17 Banner 18