Simulações Numéricas das Equações
de Águas Rasas Adimensionais
βˆ—
Prof. Dr. Milton S. Braitt
Denis Dalzotto
Universidade Federal de Santa Catarina - Departamento de Matemática
88040-900, Campus Trindade, Florianópolis, SC
E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected].
RESUMO
As equações de águas rasas são utilizadas em estudos sobre os movimentos de ondas e a
circulação de uidos cuja dimensão horizontal é muito maior que a profundidade. Os oceanos,
os grandes lagos e a atmosfera são os exemplos mais comuns. Fenômenos naturais e desastres
ecológicos de grande impacto como tsunamis, vazamentos de óleo, furacões e tempestades severas,
para citar alguns dos mais temidos, podem ser previstos, monitorados ou estudados através de
modelos nos quais o de águas rasas -AR- é o modelo minimal. Nas situações citadas acima,
de grande escala horizontal, a rotação da Terra têm inuência no problema, e por isso temos
que considerar a força de Coriolis. Esta força ctícia age perpendicular ao movimento, sendo
a grande responsável pelos vórtices de grande dimensão. Vejamos abaixo um modelo de águas
rasas.
z
y
H
h
D
hB
x
As grandezas envolvidas são,
𝐷,
profundidade característica.
h𝐡 (π‘₯, 𝑦),
altura da superfície do fundo em relação a um nível.
πœ‚(π‘₯, 𝑦, 𝑑),
variação em relação ao nível do uido em repouso.
H(π‘₯, 𝑦, 𝑑),
profundidade do uido com ondulação.
u(π‘₯, 𝑦, 𝑑),
componente horizontal da velocidade do uido.
v(π‘₯, 𝑦, 𝑑),
componente horizontal da velocidade do uido.
βƒ—u(u, v, w), velocidade do uido, com u e v são as componentes horizontais da velocidade e w
a componente vertical da velocidade.
H
= 𝐷 + πœ‚ βˆ’ β„Žπ΅
πœ‚ = π·βˆ’β„Ž
Deduzimos as equações de AR a partir de duas leis da física:
i) A conservação de massa:
βˆ‚
𝜌 + 𝑑𝑖𝑣(𝜌(⃗𝑒)) = 0.
βˆ‚π‘‘
βˆ—
bolsista de Iniciação Cientíca PIBIC/CNPq
1026
na qual 𝜌 é a densidade do uido. Esta é a chamada de equação da continuidade.
ii) A segunda lei de Newton:
𝐷⃗u
= βˆ’βˆ‡π‘ + (πœ† + πœ‡)βˆ‡π‘‘π‘–π‘£(βƒ—u) + πœ‡β–³βƒ—u
𝐷𝑑
é a equação da conservação da quantidade de movimento, com
Com algumas simplicações dessas duas equações acima (πœ†, πœ‡ = 0, a aproximação hidrostática
e considerando a força de coriolis constante, ou seja, agindo próxima a uma latitude xa), obtemos
o sistema de equação de AR:
𝜌
βˆ‚u
βˆ‚t
βˆ‚v
βˆ‚t
βˆ‚π»
βˆ‚t
βˆ‚u
βˆ‚u
βˆ‚h
+v
βˆ’ fv = βˆ’π‘”
βˆ‚x
βˆ‚y
βˆ‚x
βˆ‚v
βˆ‚v
βˆ‚h
+ u
+v
+ fu = βˆ’π‘”
βˆ‚x
βˆ‚y
βˆ‚y
βˆ‚ u𝐻
βˆ‚v 𝐻
+
+
=0
βˆ‚x
βˆ‚y
+ u
(1)
Para a adimensionalização denimos as seguintes novas variáveis 𝑒′ , 𝑣 β€² , π‘₯β€² , 𝑦 β€² , 𝑑′ e 𝑛′ :
u = π‘ˆ uβ€² ,
v = π‘ˆ v β€²,
x = 𝐿xβ€² ,
y = 𝐿yβ€² ,
t = 𝑇 tβ€² 𝑒 πœ‚ = 𝑁 0 πœ‚ β€² .
em que π‘ˆ , 𝐿, 𝑇 e 𝑁0 são as escalas características. Substituindo na equação (1), obtemos:
(
)
β€²
β€²
βˆ‚ uβ€²
βˆ‚πœ‚ β€²
β€² βˆ‚u
β€² βˆ‚u
β€²
πœ€π‘‡ β€² + πœ€ u
+
v
βˆ’
v
=
βˆ’
βˆ‚t
βˆ‚ xβ€²
βˆ‚ yβ€²
βˆ‚ xβ€²
(
)
β€²
β€²
β€²
βˆ‚v
βˆ‚v
βˆ‚v
βˆ‚πœ‚ β€²
πœ€π‘‡ β€² + πœ€ uβ€² β€² + v β€² β€² + uβ€² = βˆ’ β€²
βˆ‚t
βˆ‚x
βˆ‚y
βˆ‚y
( β€²
)(
)
(
)
β€²
β€²
β€²
β€²
h𝐡
βˆ‚πœ‚
βˆ‚u
βˆ‚v
β€²
β€² βˆ‚πœ‚
β€² βˆ‚πœ‚
+
πœ€πΉ
πœ‚
βˆ’
1
𝐹 πœ€π‘‡ β€² +
+
+
πœ€πΉ
u
+
v
+
βˆ‚t
βˆ‚ xβ€²
βˆ‚ yβ€²
𝐷
βˆ‚ xβ€²
βˆ‚ yβ€²
( )
( )
β„Žπ΅
β„Žπ΅
β€² βˆ‚
β€² βˆ‚
βˆ’u
βˆ’v
= 0.
β€²
β€²
βˆ‚x
𝐷
βˆ‚y
𝐷
Observamos o aparecimento de três parâmetros adimensionais πœ€ =
U
fL
, πœ€π‘‡ =
1
fT
e𝐹 =
(fL)2
,
𝑔𝐷
no qual πœ€ e πœ€π‘‡ são os chamados de números de Rossby.
Na medida que o número de Rossby é pequeno, a força de Coriolis se torna importante para o
equilíbrio das forças. Com as equações de AR adimensionalizadas, podemos calcular simulações
numéricas, para várias escalas de espaço e tempo.
Após o estudo dos elementos necessários à dedução das equações de AR adimensionais, etapa
esta já concluída, estamos prosseguindo este trabalho implementando (em Octave), um modelo
discreto de diferenças nitas para obter soluções numéricas aproximadas. Após a validação do
código com testes de taxa de convergência, seguimos para nosso objetivo nal, que é realização
simulações que nos permitam observar os efeitos da variação da superfície do fundo em diversos
regimes de escalas, denidas pelas escolhas dos parâmetros, e comparar qualitativamente com
fenômenos de mesma escala observados na natureza.
Palavras-chave:
Equação de águas rasas, método de diferenças nitas, mecânica dos uidos
Referências
[1] JOSEPH PEDLOSKY Geophysical Fluid Dynamics. Seg. edição, Springer-Verlag, 1987.
[2] MARSDEN, J. CHORIN, A. J. A Mathematical Introduction To Fluid Mechanics. Terceira
edição, Ed. Springer, 1993.
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