Pinto de Moura Librandi da Rocha, Maria Silvia [email protected] Pontifícia Universidade Católica de Campinas São Paulo - BRASIL Desafios para a reconstrução curricular do Ensino Fundamental brasileiro: o ensino da leitura e da escrita em foco Objetiva-se analisar a reconstrução curricular dos anos iniciais no novo Ensino Fundamental brasileiro (EF), destacando-se (i) inovações possíveis quanto ao ensino da leitura e escrita e (ii) as concepções de supervisores pedagógicos sobre estes processos. A pesquisa mais ampla da qual se origina este trabalho busca recompor a história de implantação e implementação do EF no município de Itajubá/MG/Brasil, ao longo de uma década. O material empírico compôs-se por: (i) entrevistas com supervisores que trabalham há pelo menos 10 anos na rede municipal de Itajubá, (ii) análise documental dos materiais que os entrevistados utilizaram como referências para fundamentarem a reconstrução curricular (publicados pelo Ministério da Educação, pelo governo de Minas Gerais, por este governo em parceria com um grupo de pesquisa de uma universidade pública e por um sistema de ensino privado). Análises qualitativas, permitiram identificar (I) intensos esforços dos supervisores para responderem às novas demandas do EF, sobretudo com dilemas sobre a alfabetização das crianças de 6 anos; (II) estes esforços constituíram-se, prioritariamente, em estudo dos documentos mencionados, realizado por iniciativa de alguns supervisores, organizados em grupos; (III) pouco discernimento dos supervisores quanto a diferenças conceituais sobre alfabetização e letramento que se explicitam nas práticas pedagógicas propostas nestes documentos, estruturadas a partir de paradigmas não plenamente coincidentes e (IV) ao final dos dez anos de implementação do novo EF nesta rede, não se identificam avanços claros no currículo quanto ao ensino de leitura e escrita, salvo a antecipação de práticas tradicionais de alfabetização para o novo primeiro ano. A partir da teoria Histórico-cultural, argumenta-se que o fato de os supervisores serem premidos por materiais oficiais/oficializados, construídos segundo paradigmas diversos, dificulta sua formação quanto à elaboração densa de seus conceitos científicos sobre leitura e escrita e colabora para a pouca inovação encontrada nas propostas para ensinar-se a ler e escrever.