RECURSOS DO AMBIENTE FAMILIAR E APRENDIZADO ACADÊMICO: INVESTIGANDO ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMNETAL DA REDE PÚBLICA DE FLORIANO-PI Sílvia Maria Alves Pinto Sousa (bolsista ICV), Fauston Negreiros (orientador, Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Educacional e Queixa Escolar – PSIQUED, Campus Amílcar Ferreira Sobral-CAFS - UFPI) Este trabalho tem como intuito averiguar como se dá a relação família-escola, por conseguinte elencar recursos do ambiente familiar, no que remetem as concepções dos familiares sobre o desempenho escolar de seus filhos. Sobretudo, referindo-se à sua colaboração na contribuição para o aprendizado, na caracterização da participação das famílias junto às ações pedagógicas propostas pelas escolas. Destarte perceber como esses recursos disponibilizados pelas famílias contribuem para o processo do desenvolvimento formativo, social e cultural da criança pertencente do ensino fundamental da rede pública da microrregião de Floriano/PI. O embasamento da referida pesquisa sucedeu-se por circunstâncias teóricas respaldadas nas teorias científicas pedagógicas e psicológicas da educação e, atribuídas à relação das instituições família-escola. Nessa respectiva, para a concretização da pesquisa foi solicitada às instituições a assinatura do Termo de Consentimento Institucional (TCI) e aos participantes a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) cumprindo-se, assim, os princípios éticos que regem a pesquisa com seres humanos no Brasil. Dessa maneira, a pesquisa decorreu com a abordagem quantitativa, do tipo exploratório-descritiva, com o total de 102 (cento e dois) participantes, por sua vez,pais e responsáveis da criança inserida nas respectivas escolas. O instrumento de coleta de dados foi o Inventário de Recursos Familiares (IRF). Os dados coletados foram agrupados e analisados estatisticamente pelo programa GraphPad Prism, nos quais foram atribuídas tabelas ilustrativas relacionadas aos recursos dos ambientes familiares e suas respectivas consequências para o desempenho escolar da criança.O primeiro eixo analítico refere-se à finalidade de conhecer as ações que as crianças fazem quando não está na escola. Observou-se que, a maioria dos sujeitos quando não estão na escola, disponibilizam do recurso de comunicação que é a televisão, visto que cerca de 80% assistem enquanto não estão na escola, porém foi detectado que 70% lêem no espaço familiar. O segundo quesito objetivou constatar quais as atividades de lazer as crianças do ensino público da microrregião de Floriano/PI, fazem no momento de descontração. Cabe aqui ressaltar que os pais puderam assinalar quaisquer tipos de passeio que a criança tivesse realizado, sem selecionar apenas um dos itens propostos pelo instrumento de coleta de dados. Foi constatado com as respostas mais expressivas, que 82% dos sujeitos visitam parentes e amigos e somente 8,82% já frequentaram teatro. As autoras (VERANI; SILVA, 2010, P. 519) neste aspecto afirma, “é importante que se tenha claro que a estrutura da família é também resultado de uma estrutura social, e a relação famíliaescola também é resultado de outras relações da sociedade”. O terceiro eixo analítico remete às atividades que as crianças fazem no seu contexto social, e como essas atividades podem intervir no seu aprendizado. É entendido que o meio cultural do indivíduo é significativo para seu desenvolvimento intelectual. De acordo com as respostas elucidadas, as atividades programadas das crianças requerem mais ao fator de estudos religiosos, é visto que, 47% dos sujeitos participam de catecismo, estudos bíblicos ou evangelização. Ressalta que Vygotsky acreditava que a Internalização dos sistemas de signos produzidos culturalmente provoca transformações comportamentais e estabelece um elo, entre as formas iniciais e tardias do desenvolvimento individual (VYGOTSKY, 1991, P14). O quarto quesito tinha como característica saber as atividades e mecanismos utilizados no espaço familiar, no que diz respeito à interação entre pais e filhos, como se dá essa relação dialética do convívio no cotidiano da família. Dessa maneira, para enfatizar a importância dessa relação faz-se necessário, que “a tarefa dos pais na educação dos seus filhos deve contemplar o caráter pedagógico afim de que possam discutir orientar e subsidiar no desenvolvimento e na formação dos mesmos” (OLIVEIRA, 2009, p. 3). A seguinte pergunta teve a finalidade observar quais os brinquedos a criança já possuiu ou possui, como também, se há aquisição de uma cama individual, um animal de estimação. Nessa perspectiva foi observado por meio da análise, que uma expressiva maioria dos sujeitos possui uma cama individual, assim afirmaram 74% dos pais entrevistados. Dialogando com os autores Nunes; Santos e Xavier (2009), quando corroboram com as ideias de Vygostky em que “as crianças se desenvolvem em ambientes concretos, por conseguinte, são produtoras e produtos da história, da cultura, da política, da economia, das relações familiares, etc.” Esta subsequente unidade de análise, tem a predominância de saber se em casa os pais possuíam o hábito de comprar e ler jornais e revistas, bem como saber que tipo de revistas era disponibilizado aos seus filhos. Constatou que 80,39% dos lares investigados possuem a existência de jornais e revistas, sendo que a predominância maior estaria nas revistas religiosas com 48,04% e as revistas de notícias com 32,35%. Nesse sentido, Carvalho e Matos (2009, p. 169) tendo por base na teoria histórico-cultural de Vygotsky, afirmam que “é por meio da mediação, sobretudo a simbólica, que o indivíduo apropria-se da cultura e desenvolve, por exemplo, as capacidades de planejamento e de controle voluntário do seu comportamento e das suas atividades e das atividades dos outros”.Em outro item investigado teve como característica e finalidade saber se em casa os filhos tem acesso a leitura de livros, assim como saber que tipo de acervo é disponibilizado aos seus filhos. Pode-se constatar a existência de livros em 97,6% dos ambientes familiares investigados, um número bastante expressivo e significativo para a formação das crianças e ampliação de seus aprendizados. Guimarães (2013, p. 19) aponta que “a intimidade com os livros e o prazer da leitura não acontecem repentinamente; trata-se de um longo percurso que se edifica, cuja trajetória deve ter ricas e lúdicas vivências desde os primeiros meses de vida”. Já no quesito seguinte teve como escopo observar como se dá o acompanhamento das atividades escolares da criança fora do ambiente escolar. De acordo com os dados verificados percebe-se que a presença da mãe na participação das atividades escolares dos filhos é predominante. Dessa maneira DESSEN e POLONIA (2007) citam Chaves; Cabral; Ramos; Lordelo & Mascarenhas (2002), em que “os membros de famílias contemporâneas têm se deparado e adaptado às novas formas de coexistência oriundas das mudanças nas sociedades, isto é, do conflito entre os valores antigos e o estabelecimento de novas relações.” Por outro lado, um item pesquisado teve a finalidade investigar como se dá a organização da rotina da criança quando não esta na escola, no que remete aos horários de almoço, banho, dormir, levantar de manhã, jantar, fazer a lição e assistir televisão. As atividades relacionadas, ao banho; ir dormir e fazer a lição de casa, todas representam mais de 70% cumprem uma organização determinada à execução destas ações. Com esta análise faz-se necessário citar (VIGOTSKY, 1991) quando afirma que “uma característica essencial do aprendizado é que ele desperta vários processos de desenvolvimento internamente, os quais funcionam apenas quando a criança interage em seu ambiente de convívio”. E, enquanto último componente de investigação do inventário, são descritos os momentos que os integrantes da família costumam se reunirem. Observa-se que na maioria das respostas dos membros do espaço familiar, estes costumam se congregarem, sendo no jantar com 59,80% o momento onde os integrantes do contexto estão mais próximos. 58,82% dos entrevistados afirmaram que se reúnem à noite para assistir televisão. Acordando com essas informações é aludido pela maioria 58,82% permanecem em casa nos finais de semana. Dessen e Polonia (2007) apontam “é por meio das interações familiares que se concretizam as transformações nas sociedades”. É compreendido que a escola precisa oferecer mais abertura para a integração da família no seu ambiente. Entende-se que ambas as instituições tem por responsabilidades a transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado, possuem papéis sociais e formativos efetivamente do cidadão, modificando as formas de funcionamento psicológico, social e afetivo, de acordo com as expectativas de cada ambiente. Palavras-chave: Recursos Familiares. Aprendizagem. Relação Família-Escola. REFERÊNCIAS: CARVALHO, M. V. C e MATOS, K. S. A. L. Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem em discussão. 2. ed. – Fortaleza: Edições UFC, 2009. DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano. Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2007. GUIMARÃES, Rose Martins. Livros para ler, explorar e imaginar. Revista Pátio – Educação Infantil. Ano XI, NNº 35 ABR/JUN, 2013. NUNES, A. I. B. L; SANTOS, M. S. dos; XAVIER, A. S. Infância: aspectos históricos e biopsicossociais. Psicologia do Desenvolvimento: teorias e temas contemporâneos. Brasília: Liber Livro, 2009. OLIVEIRA, Érica Letícia Teles. A Participação da Família na Melhoria do Desempenho Escolar e Qualidade Educacional. Revista Eletrônica de Divulgação Científica da Faculdade Don Domênico, 2ª edição, 2009. VARANI, Adriana; SILVA, Daiane Cristina. A relação família-escola: implicações no desempenho escolar dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Brasília, v. 91, n. 229, p. 511-527, set./dez. 2010. VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martin Fontes, 1991.