UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES –EACH TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ELEMENTOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM MODELO DE ANALISE DE INICIATIVAS DE PUBLICAÇÃO DE DADOS GOVERNAMENTAIS ABERTOS. CAROLINE RIZZI PEREIRA São Paulo Junho/2012 Caroline Rizzi Pereira ELEMENTOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM MODELO DE ANALISE DE INICIATIVAS DE PUBLICAÇÃO DE DADOS GOVERNAMENTAIS ABERTOS. Trabalho apresentado à Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, como parte integrante das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, e como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas. Orientador: Prof. Dr. José Carlos Vaz São Paulo Junho/2012 2 RESUMO O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs) tem facilitado o acesso do cidadão às informações e dados públicos, acesso este que deve estar regulamentado e garantido pelo Estado. Com a expansão das TICs, e a intensificação do uso da internet foi inserida ao longo da relação estado sociedade conceitos associados ao governo eletrônico e transparência pública como meios para aumentar as praticas de controle social e melhorar a qualidade do serviço publico que também passa a ser oferecido de forma online. Os meios eletrônicos também permitiram um maior acesso e divulgação das ações e dados da administração publica, porém apresenta-se uma preocupação quanto ao formato que estes dados são publicados, inicialmente em formato fechado que permite interpretações tendenciosas por parte dos governos podendo afetar assim a transparência das ações governamentais. Diante disso emerge a importância da publicação dos dados em formato bruto na internet, sem modificação ou agregação conhecido por dados abertos governamentais (DGA), dessa temática recente surge à necessidade de se estudar a expansão das iniciativas e experiências de DGA no âmbito público. O objetivo desta pesquisa é propor elementos que podem ser utilizados para analisar experiências de dados abertos governamentais no Brasil. A metodologia utilizada será a realização de uma pesquisa exploratória sobre a temática e uma prospecção estruturada nos websites governamentais. Observou-se a importância e a necessidade de se propor elementos que possam ser utilizados para analisar as iniciativas governamentais de Dados Abertos. Palavras – chave: dados abertos, TICs, web sites governamentais, controle social e inovação. 3 SUMÁRIO 1-INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 5 1.1 - Objetivos .............................................................................................................................................................. 7 1.2 – Justificativa ......................................................................................................................................................... 7 1.3 – Metodologia ......................................................................................................................................................... 8 2 – REFERENCIAL TEORICO .............................................................................................................................. 10 2.1 - TICs e Promoção da Cidadania ....................................................................................................................... 10 2.2 - Governo Eletronico e Governaça Eletrônica. ................................................................................................. 16 2.3 - Transparência Pública. ..................................................................................................................................... 20 2.4 – Dados Governamentais Abertos. ..................................................................................................................... 21 3 – CONTEXTUALIZAÇAO DOS DADOS GOVERNAMENTAIS ABERTOS COMO TENDENCIA EMERGENTE NA GOVERNANÇA ELETRONICA. .......................................................................................... 25 3.1 - Aspectos Legais e Normativos. ......................................................................................................................... 25 3.1.1 – Lei de Responsabilidade Fiscal. .................................................................................................................... 26 3.1.2 – Lei de Acesso a Informação. ......................................................................................................................... 28 3.1.3 – Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto. ......................................................................................... 30 3.2 – Visão Geral das iniciativas de DGA no Brasil. ............................................................................................... 32 3.2.1 – Iniciativas no Âmbito Federal ...................................................................................................................... 32 3.2.2 – Iniciativas no Âmbito Estadual .................................................................................................................... 33 3.2.3 – Iniciativas no Âmbito Municipal. ................................................................................................................. 34 3.3 - Infraestrutura Nacional de Dados Abertos ..................................................................................................... 35 3.3.1 - Etapas da INDA.............................................................................................................................................. 38 4 – ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇAO DE UM MODELO DE ANALISE PARA INICIATIVAS DE IMPLEMENTAÇAO DE DADOS GOVERNAMENTAIS ABERTOS.. ............................................................. 40 4.1– Aplicação do Modelo ......................................................................................................................................... 47 4.1.1 – Programa Dados Abertos no Parlamento – Câmara dos Vereadores de São Paulo. ............................... 47 4.2– Discussão dos Resultados da Aplicação ........................................................................................................... 49 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 52 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS................................................................................................................. 55 6.1 Websites Visitados ............................................................................................................................................... 61 4 1-INTRODUÇÃO As consequências da disseminação das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e especialmente da Internet alcançam as práticas sociais e as relações de cidadania. Com sua expansão, novos atores sociais procuram apropria-se de tecnologia em suas praticas e no relacionamento com os outros. (VAZ, 2005). O conteúdo a ser fornecido pelos governos na internet passa a ganhar visibilidade, incrementando a participação do cidadão e o controle social, além de gerar uma mobilização e preocupação dos órgãos públicos nas informações que serão publicadas. O acesso às informações públicas é um direto que deve ser garantido e regulamentado pelo Estado. Toda a infraestrutura para a garantia e geração das informações é financiada com recursos públicos e partindo dessa conscientização de que este direito deve ser regulamentado de mais forma efetiva e com a expansão das TICs a sociedade passa a demandar um volume amplo de dados e informações da administração pública. Os meios eletrônicos passam a ganhar relevância para ações de controle social e melhora na qualidade dos serviços públicos, facilitando a promoção da transparência, pois os dados e informações passam a ser disponibilizados na internet. Desse contexto destaca-se a importância do governo eletrônico e da transparência pública que se tornam praticas regulamentadas, permitindo e garantindo a disponibilização de dados e informações públicas. Da publicação e disseminação das informações publicas emergem algumas questões relevantes para o poder público como inclusão digital e acesso a internet, barreiras estas que o poder público vem enfrentando com o avanço das TICs. Outra questão que também emerge com o avanço das TICs são a qualidade e o formato com que os dados e informações são publicados, que em um primeiro momentos os dados públicos são disponibilizados em formato fechado, que permite ações e analises tendenciosas por parte dos governos, ou seja, podendo ser publicado somente o que interessava e da forma como convinha a exposição das informações. Desse questionamento e preocupação, a construção e publicação de bases de dados brutas na internet passam a ganhar força, surgindo os dados governamentais abertos. Como importante característica do governo aberto destaca-se a transparência, a análise 5 do impacto das políticas e a colaboração com a sociedade através de uma maior divulgação das informações por parte dos órgãos governamentais. A temática dos dados abertos ganha importante visibilidade mundial no governo Barack Obama, pois quando assumiu a presidência dos EUA, um dos seus primeiros atos foi implantar a política de transparência, a partir de então a abertura de dados se tornou uma tendência mundial em diversos países. No Brasil, a iniciativa iniciou sua difusão e ganhou força em 2009 com a comunidade Transparência Hacker e o Consorcio w3c. Com a implementação dos DGA, os governos possibilitam uma maior participação e cooperação entre os órgãos e a própria sociedade civil, pois os dados disponibilizados se tornam reutilizáveis de acordo com necessidades especificas da administração pública além da utilização desse conteúdo pela população para gerar diferentes representações de um mesmo conjunto de dados. Por isso observa-se a necessidade de se propor elementos para a análise das iniciativas de publicação dos dados em formato aberto e se esta nova pratica se tornará uma tendência nos diversos níveis e esferas de governo. Segundo AGUNE, GREGORIO FILHO e BOLLINGER (2010), a tecnologia já existe tanto para que os governos e sociedade civil utilizem os dados governamentais da forma como desejarem e proponham novos indicadores ou novas formas de pensar a administração pública, pois a sociedade civil poderia ampliar a geração de inovação a partir do acesso irrestrito aos dados públicos. Para eles o desenvolvimento dos dados governamentais abertos depende de uma política clara da Administração Publica em relação ao acesso à informação; modificação na estratégia visando uma transformação das relações entre Estado e a sociedade [...]. Por isso coloca-se que o desenvolvimento das TICs passou a permitir ir além da publicação de relatórios ou o acesso a consultas a bases de dados. Tornou-se possível ofertar bases de dados em estado bruto, para serem livremente manipuladas, filtradas ou cruzadas com outras bases, inclusive permitindo a construção de novas aplicações e conhecimentos pela própria sociedade civil. (VAZ et al., 2010). Diante do contexto apresentado, observa-se a necessidade de propor elementos que possam ser utilizados para analisar as iniciativas e experiências de dados abertos que emergem no Brasil, através de uma temática inovadora que apresenta diversas potencialidades para uma analise devido a sua continua expansão dentro dos portais governamentais. 6 1.1 - Objetivos O objetivo geral desta pesquisa é propor elementos que podem ser utilizados para analisar experiências de dados abertos governamentais no Brasil. Os objetivos específicos desta pesquisa são: Destacar a importância das TICs para o desenvolvimento da temática de dados abertos. Contextualizar a temática de dados abertos no Brasil Realizar um panorama de algumas iniciativas existentes no Brasil Aplicar os elementos propostos na analise de uma iniciativa de dados abertos em um website governamental. 1.2 – Justificativa Os dados abertos têm estado na agenda política do governo no Brasil, isto pode ser observado devido a continua expansão da implementação de DGA nos portais governamentais, além do tema ter ganhado força com a sanção da Lei de Acesso a Informação, que dentre muitas medidas enfatiza a publicação dos dados e informações públicas em formato aberto. Com o surgimento de normatizações e regulamentações referentes à implementação dos dados abertos e principalmente a criação da INDA (Infraestrutura Nacional de Dados Abertos) observa-se a necessidade de um estudo das iniciativas e se estas seguem os padrões e princípios estipulados, por isso a relevância de um estudo que proponha elementos que podem ser usados para analisar as diversas experiências de DGA no Brasil. Apesar do escasso conhecimento disponível sobre o tema, é possível antever que a emergência dos dados governamentais abertos tem impactos nos mais variados campos como as praticas sociais, a transparência, inovação, melhora na eficiência dos serviços públicos e controle democrático. (VAZ et al., 2010). 7 Em declaração dada a I Conferencia Livre para Dados Abertos, realizada em abril de 2011, Denis Burgierman, destaca que para o avanço das práticas democráticas a sociedade precisa dos dados em seu formato bruto para melhorar problemas específicos, cabendo uma mudança cultural no acesso as informações públicas. Visto a relevância dos dados abertos para sociedade que passa a ter mais uma ferramenta que auxilie a efetivação de praticas para um governo aberto e assim tornar as iniciativas de implementação dos dados governamentais uma ação em continua expansão daí a importância da utilização de elencar elementos para a análise destas iniciativas e que futuramente possa ser construído um modelo de avaliação para estas experiências. 1.3 – Metodologia A metodologia adotada por esta pesquisa combina uma revisão bibliográfica, uma pesquisa exploratória e por fim uma inspeção estruturada para identificação dos elementos de analise de experiências aplicando-os a um caso especifico. Foi realizada uma revisão da literatura para contextualização das TICs, governo eletrônico e transparência pública para desenvolvimento do referencial teórico do Capitulo 2, que foi de grande importância para contextualização e inserção da temática de dados abertos. A última parte deste capítulo se refere em especifico a uma conceituação de dados abertos seguindo princípios e definições existentes e que são seguidos no Brasil. Para a conceituação da importância das TICs para o desenvolvimento dos dados abertos, foi possível realizar um panorama através de uma revisão da literatura e encontrar diversos autores que relatem esta questão. Porém para delimitação conceitual dos Dados Abertos, diante da bibliografia escassa, valeu-se não de publicações acadêmicas, mas de diversos textos publicados em ambiente digital por practitioners da área, onde foi possível encontrar diversos materiais a respeito da temática, desde informações em fóruns, conferências, grupos de discussão, oficinas e web sites. Para o desenvolvimento do Capítulo 3, foi realizada uma pesquisa exploratória sobre as normatizações e regulamentações existentes de dados abertos, em seguida realizou-se uma visão geral de algumas iniciativas de implementação de DGA no Brasil e por fim destacou-se a importância da INDA para a expansão dos dados abertos. 8 O capítulo 4, apresenta o principal propósito deste trabalho que foi elencar elementos que podem ser utilizados na analise da implementação de iniciativas governamentais de dados abertos. Para identificação destes elementos tomou-se como base conceitual os oito princípios que devem ser seguidos para aplicação dos dados abertos assim como algumas definições especificas a respeito do tema que se referiam os elementos propostos. Através de uma inspeção estruturada dentro dos websites governamentais foi possível identificar outros elementos que podem ser utilizados para analise dos portais. No tópico seguinte deste capitulo aplicou-se os elementos propostos a um caso especifico, o Programa Dados Abertos no Parlamento, desenvolvido pela Câmara de São Paulo e foi realizada uma discussão dos resultados obtidos a partir da aplicação destes elementos nesta iniciativa. Ao final desenvolveram-se algumas considerações relevantes acerca da pesquisa realizada, assim como observações a respeito da proposta dos elementos. 9 2 – REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 - TICs e Promoção da Cidadania A efetivação dos direitos de cidadania presume a existência do Estado para consolidação e realização desses direitos. Sendo assim, os direitos de cidadania só podem ser validados a partir do momento que o Estado adota medidas e normas para implementação desses direitos. Os direitos devem ser constitucionais, universais e garantidos a todos. O individuo ou coletivo podem possuir seus próprios costumes ou direitos específicos, mas estes se tornarão somente direitos de cidadania se forem universalmente aplicados e garantidos pelo Estado. Desse modo a cidadania estabelece a relação Estado e cidadão, principalmente no que se refere a direitos e obrigações. (JANOSKI, 1998 apud VAZ, 2003). Bobbio (1992) destaca a evolução dos direitos a partir de um processo histórico o qual primeiramente, os direitos de liberdade (religião, opinião, de imprensa, entre outros.), passam para os direitos políticos e sociais que requerem uma intervenção direta do Estado. Em um segundo processo ocorre à passagem da consideração do individuo humano, sujeito o qual foram atribuídos direitos naturais, da pessoa humana; para sujeitos diferentes do individuo, como a família, as minorias étnicas e religiosas, toda a humanidade em seu conjunto. (No terceiro momento a passagem ocorreu do homem genérico para o homem especifico, ou tomado na diversidade de seus diversos status sociais, com base em diversos critérios como sexo, idade, condições físicas), sendo que cada um revela necessidades especificas, que não permitem igual tratamento ou proteção. Porém o autor também destaca que a simples enunciação dos direitos em declarações públicas ou leis não implica a efetividade do seu exercício pelos cidadãos. Na consolidação dos direitos políticos, incorpora-se um olhar positivo sobre a liberdade, com condições de participação dos cidadãos em relação ao Estado. Posteriormente com a afirmação dos direitos sociais insere-se a expressão e movimentação da sociedade na luta pelo bem – estar, igualdade e participação social. Por serem resultados de um processo histórico, os direitos são construídos e adquiridos de forma gradual, constroem a partir de lutas sociais entre, disputas políticas e econômicas e da superação das contradições entre a sua enunciação e a efetiva realização. (VAZ, 2003). 10 A partir da concepção apresentada por Bobbio (1992), observa-se que o aperfeiçoamento dos direitos políticos do cidadão está associado à implementação de mecanismos democráticos, assim como a educação política se torna elemento indispensável para a noção de democracia e cidadania. Para Bobbio (2004), a democracia designa a forma de governo na qual o poder político é exercido pelo povo e uma vez conquistado o direito a participação política, o cidadão das democracias mais avançadas percebe que a esfera política está por sua vez incluída em uma esfera muita mais ampla, a esfera da sociedade em seu conjunto e que não existe decisão política que não esteja condicionada ou inclusive determinada por aquilo que acontece na sociedade civil. Pelos princípios da democracia se define a cidadania, significando necessariamente conquista e consolidação social e política. A cidadania exige instituições, mediações e comportamentos próprios, construídos a partir de espaços sociais e de lutas (movimentos sociais e populares) e na definição de instituições permanentes para a expressão políticas como: partidos, legislação e órgãos do poder público. Define-se assim a cidadania ativa como aquela em que o cidadão é portador de direitos e deveres, mas essencialmente criador de direitos para abrir novos espaços de participação política. (CHAUÍ, 1984) A partir dessa concepção observa-se a necessidade de ampliação dos direitos políticos para participação e acesso direto do cidadão as informações e decisões de interesse público. Podem-se apontar diversos elementos que contribuem para efetivação dos direitos: no âmbito da sociedade, o debate público, a circulação de informações e a mobilização de atores sociais comprometidos com a afirmação dos direitos em questão, podem funcionar como fatores de convencimento da sociedade e pressão sobre agentes estatais. Cabe destacar políticas direcionadas ao fornecimento de informações aos cidadãos através de novos canais de comunicação, são essencialmente importantes para a reflexão sobre possibilidades de acesso aos direitos e promoção da cidadania. (VAZ, 2003). Diante da importância do fornecimento da informação pública insere-se a conceituação dos dados governamentais abertos como pertencentes ao cidadão que deve ter acesso irrestrito às informações governamentais, e ao contexto do desenvolvimento das TICs, sendo que a internet, ferramentas de bancos de dados, padrões e formatos abertos permitem e facilitam a disponibilização e acesso a essas informações. (VAZ et al., 2010) 11 O exercício da cidadania requer a criação de espaços adequados que sirvam de canais de comunicação entre governo e cidadão. Nesse contexto, se torna de extrema importância o papel das tecnologias de informação e comunicação (TICs), em particular a internet. Essas tecnologias ao serem adotadas de forma intensiva e estratégica pelo governo possibilitam a criação do chamado governo eletrônico, disponibilizando informações, portais de serviços públicos eletrônicos e espaços virtuais de dialogo e interação entre sociedade e governo. (BARBOSA, GETSCHKO e GATTO, 2009). As TICs, as novas mídias sociais e suas convergências têm possibilitado a estruturação ou ampliação de comunidades que em diversos níveis ou mesmo sem nenhuma relação presencial entre os membros da sociedade e os próprios governantes podem influenciar direta ou indiretamente o desenvolvimento do meio em que vivem. Sendo a internet um facilitador do surgimento de relações locais, regionais e globais. A comunidade virtual é um dos exemplos dessas novas estruturas de comunicação e relacionamento na sociedade contemporânea. (SERRA, 2000; SÁ FILHO, 2006). A internet passou a ser utilizada de maneira ampla e estratégica na comunicação entre governo e cidadão, segundo pesquisa de 2010 da CGI1 (Comitê Gestor da Internet), houve um avanço no uso da Internet pela população brasileira e o crescimento da posse de computadores é acompanhado pelo crescimento do acesso à internet nos domicílios brasileiros, entre 2009 e 2010 a proporção de lares conectados à rede passou de 24% para 27%, um crescimento de 13%, sendo a presença do acesso à internet em 27% dos domicílios. Constatou-se também uma mudança no comportamento do cidadão que passou a utilizar cada vez mais serviços transnacionais em ambientes virtuais. Mesmo com esse cenário o Brasil, ainda se depara com o grande desafio no processo de democratização do acesso a informação. O governo federal tem desenvolvido ações em diversos aspectos para o avanço no acesso a informação com normatizações, leis e políticas a respeito, um exemplo é o Plano Nacional de Banda Larga, que é estruturado a partir de três esferas: redução de preço e aumento de cobertura e aumento da velocidade (BRASIL, 2010). 1 CGI, 2010 - Pesquisa sobre o uso das tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil. Disponível em: http://www.cetic.br/tic/2010/index.htm 12 O governo ao fazer uso da internet para interagir com a sociedade cria espaços virtuais interativos, cooperativos e descentralizados, favorecendo assim a aproximação do cidadão com o governo para exercer o papel central na promoção da cidadania através da relação de direitos e deveres Estado – Sociedade. Para Vaz (2005), as possibilidades de promoção da cidadania por meio da internet podem ser entendidas como aquelas que permitem a facilitação do acesso e o exercício de direitos. Sendo possível estabelecer uma tipologia de direitos que podem receber impactos do uso de portais e web sites governamentais. Diante disso, destacam-se cinco tipologias de direito: Direito a informação de interesse particular, direito aos serviços públicos, direito ao próprio tempo, direito ao controle social do governo, direito a participação na gestão pública, direito de ser ouvido pelo governo e direito ao controle social. O direito a informação de interesse particular está associado ao fornecimento de informações individualizadas e informações gerais de interesse particular, sendo um serviço prestado ao cidadão e as organizações. O direito a serviços públicos está diretamente relacionado ao fornecimento de informação, ações que facilitem o acesso aos serviços além da disponibilização e oferecimento dos serviços públicos total ou parcialmente para o cidadão via internet. “Os serviços públicos são espaços privilegiados de afirmação dos direitos sociais, uma vez que o Estado é por excelência o agente responsável pela sua promoção”. (BOBBIO, 1992 apud VAZ, 2003). A facilitação do acesso a serviços públicos e o fornecimento das informações referentes à prestação desses serviços está relacionado a iniciativas do direito ao próprio tempo, pois segundo Vaz (2003) ao reduzir o tempo gasto pelos cidadãos em deslocamentos e providências para utilizar os serviços públicos, as aplicações da tecnologia da informação podem ampliar o acesso ao direito a usufruir o próprio tempo com liberdade e dedicar-se a interesses pessoais ou trabalhar. O direto a participação na gestão pública possui caráter coletivo, vinculado às dinâmicas sociais, sendo que iniciativas de comunicação entre governos municipais e cidadãos permitam e sejam efetivas para intervenção e participação do cidadão na gestão dos serviços públicos e nas políticas públicas através de espaços de discussão interativos que podem ser promovidos via 13 recursos de interatividade presentes na internet, nos portais eletrônicos e web sites governamentais, além do estabelecimento de parcerias do governo com organizações que promovam ações de participação da sociedade em discussões de caráter publico. Já o direito a ser ouvido pelo governo pressupõe a relação entre governo, cidadãos e entidades organizadas da sociedade, baseia-se na ideia de que os cidadãos têm direito de comunica-se com o governo, e este por deve garantir canais de comunicação efetivos. Esse direito pode ser aplicado assegurado através de recursos como: ouvidoria, canais de atendimento e fóruns disponibilizados em ambientes eletrônicos. Direito ao controle Social do Governo está fortemente associado a praticas de transparência pública que permitam o acompanhamento de ações e iniciativas governamentais por parte dos cidadãos. Cabendo aos governos criar condições para que se “[...] estabeleçam relações de confiança entre governados e governantes dando assim legitimidade ás ações destes últimos.” (VAZ, 2003). Os direitos promovidos pelo uso da internet englobam iniciativas que permitem a prestação de contas, incorporando assim ações de acesso do cidadão a informações sobre iniciativas do governo, a partir da garantia do direito ao acesso a informação pública, permitindo o acompanhamento do desempenho governamental através da publicação de dados e informações públicas. Para Janoski (1998) os direitos de cidadania só podem existir a partir da validação desses direitos e normas pelo Estado, que irá adotar medidas para implementá-los. Esses direitos devem ser universais, promulgados por lei e garantidos a todos. De acordo com a CGU (2011) 2, a Lei 219/2003 - Lei de Acesso a Informação, sancionada em novembro de 2011 o Brasil dá um grande passo para a consolidação do regime democrático, ampliando a participação cidadã fortalecendo os instrumentos de controle da gestão pública. A Lei de Acesso a Informação pode se tornar uma importante ferramenta para melhor utilização e aproveitamento das TICs pelos governos e principalmente pela sociedade civil, que agora, tem o direito de acesso a informações públicas garantido pelo Estado. A Lei de Acesso a 2 CGU,2011 – Acesso à Informação Pública: Uma introdução à Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Disponível em: http://www.acs.ufpr.br/cgu.pdf 14 Informação regulamenta a consulta de documentos públicos se tornando uma importante iniciativa na disseminação de informações ao cidadão. Destaca-se, o art. 3 da Lei 219/2003, os procedimentos previstos, que destinam assegurar o direito fundamental de acesso à informação, em conformidade com os seguintes princípios da administração pública: I – observância da publicidade como preceito geral e o sigilo como exceção; II – divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; III – utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV – fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; V – desenvolvimento do controle social da administração pública. [...] É importante ressaltar que os esforços governamentais para o uso de internet e de todos os meios digitais podem ser inócuos se não for considerado o enorme desafio que representa o grande contingente da população brasileira que está alijado de um acesso aos meios de comunicação, a um computador, e mesmo às habilidades de sua utilização e até às de leitura e escrita que se fazem necessárias para o uso. Cada cidadão deve ter acesso a um conjunto básico de ferramentas computacionais e de telecomunicações, associado a um conhecimento de utilização, que lhe permitam receber, elaborar e transmitir informação e usufruir de serviços eletrônicos. (CUNHA e MIRANDA, 2008). O Governo Federal tem desenvolvido vários programas com ações para inclusão digital do cidadão com o objetivo de proporcionar à população o acesso às tecnologias de informação como os: Centros de Inclusão Digital, Centros Vocacionais Tecnológicos e a Casa Brasil (espaços para conhecimento e cidadania em comunidades de baixa renda). 3 3 As ações de Inclusão Digital não são objetos deste estudo. Para mais informações ver MORI (2011). 15 Cunha e Miranda (2008) destacam que cada cidadão deve ter acesso a um conjunto básico de ferramentas computacionais e de telecomunicações, associado ao conhecimento de utilização que permitam receber, elaborar e transmitir informação e usufruir de serviços eletrônicos. Para Barbosa e Balboni (2010) os avanços das TICs no Brasil são seguramente promissores. Além da grande expansão do acesso à rede, há um uso desta mais qualificado e usuários com mais habilidades na interação entre o computador e a rede: uma melhora em todos os aspectos em relação à educação digital. De acordo com estudo da CGI, 20104, a utilização de serviços de governo eletrônico saltou de 14% em 2005, para 30% em 2009, em áreas urbanas, mostrando que a população já se apropriou da tecnologia para ascenderem seus direitos como cidadão, por meio de serviços on line que agilizem procedimentos, economizem tempo, além daqueles que facilitem a participação cidadã. Com essa evolução o desenvolvimento das TICs passou a permitir uma maior oferta de serviços eletrônicos, além de facilitar à publicação de relatórios e o acesso dos cidadãos a base de dados públicos, com o desenvolvimento dos dados abertos esse acesso torna-se possível através da oferta de dados no seu formato bruto para serem livremente manipulados de acordo com a conveniência e necessidade que o interessado deseja, inclusive permitindo a construção de aplicativos que podem ser utilizados visualizados pela sociedade em geral. 2.2 - Governo Eletrônico e Governança Eletrônica. O governo é um ator central na rede social de um país. Seus movimentos em relação ao uso de tecnologia e SI (Sistema de Informação), ou a sua hesitação, tem implicações sociais importantes. Mais, a legislação implementada, a definição de políticas tecnológicas e de inovação, o estabelecimento de padrões nacionais e/ou a adequação a internacionais, os projetos e políticas de implementação de infraestrutura, e mesmo o uso que as esferas de governo e os poderes fazem do país configuram a particular Sociedade da Informação que o Brasil constrói. (CUNHA E MIRANDA, 2008). A palavra governança popularizou-se na administração pública nos anos 1990, mesmo sendo antiga na literatura, é um conceito ainda em construção. Sugere uma forma de governar 4 CGI, 2010 - Pesquisa sobre o uso das tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil. Disponível em: http://www.cetic.br/tic/2010/index.htm 16 organizada sobre uma base de cooperação, parceria ou contrato entre múltiplos atores, públicos e privados. ( Science Humaines, 2004 apud CUNHA, ANNENBERG and AGUNE, 2007). O governo eletrônico, ou e-governo, é uma concepção que assimila os potenciais da TICs na transformação da administração pública, com substancial melhoria da sua organização, dos seus serviços e do relacionamento com a sociedade. Essa concepção se insere numa perspectiva avançada de governança democrática, transparente e aberta à participação do cidadão. 5 Com a disseminação das TICs percebeu-se que os mecanismos de governança poderiam se beneficiar desta capacidade, pois como já dito anteriormente as TICs trazem considerável possibilidade de ampliação das capacidades comunicacionais e a possibilidade de aumento da eficiência da própria maquina do governo impulsionando assim a ampliação do uso das TICs nas administrações em seus mais variados níveis. O que se tornou latente foi à possibilidade de facilitar também a interação entre cidadão e Estado, dando inicio a noção atual de governo eletrônico, e – governo ou e-goverment. (COELHO, 2007). Haldenwang, 2004 destaca que no debate e- government e a boa governança, “[...] connect well with each other because both concepts share the same objectives, even though their respective focus may different. Administrative efficiency, the quality of public services and democratic participation are core principles of both. E-government, however, offers the chance to overcome a certain particularistic focus prevailing in many good governance initiatives in favor of more integral understanding of state reform.” As possibilidades de transações eletrônicas expandiram-se significativamente, graças à evolução das tecnologias de portais, banco de dados, interatividade, conectividade e comunicações. Os desenvolvimentos do comércio eletrônico transformaram os padrões de 5 Knight e Fernandes, 2006. E- BRASIL: Um programa para acelerar o desenvolvimento socioeconômico aproveitando a convergência digital. Disponível em: http://www.e-brasil.org.br/e-brasil_pequeno.pdf. 17 negócios em vários setores. O chamado “governo eletrônico” popularizou-se e permitiu o oferecimento de novos serviços aos cidadãos. (VAZ, 2008). Coelho (2007) destaca que por governo eletrônico, entende-se toda iniciativa governamental que ancorada em TICs, desenvolve mecanismos de modernização interna à administração e/ou mecanismos que visem à ampliação do relacionamento entre governo e cidadão. As TICs desempenham um papel central para o elo entre serviços e cidadão, transformando-se em uma das principais engrenagens de articulação dos processos operacionais dos governos no fornecimento de informações e serviços públicos. Essa engrenagem se apoiada em um plano alinhado às demandas sociais pode criar um ambiente propicio para implementação de programas que visem o uso do governo eletrônico na prestação de serviços públicos e na melhora dos processos administrativos. “O governo eletrônico favorece [...] a integração entre os órgãos do governo, a transparência e a participação democrática; viabiliza assim o exercício da cidadania [...]” (BARBOSA et al, 2009.) Cunha e Miranda (2008) desdobram a aplicação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para uma melhor governança, a chamada e-governança em três áreas: eadministração pública, e- serviços públicos e e-democracia. e- Administração pública: a melhoria na gestão de recursos e dos processos governamentais com o uso de TICs e melhoria na formulação, implementação, monitoramento e controle de políticas públicas. e- Serviços Públicos: melhoria da prestação de serviços ao cidadão com o suporte dos meios eletrônicos. e- Democracia: participação ampliada e mais ativa do cidadão, possibilitada pelo uso das TICs nos processos de informação, participação e tomada de decisão. Porém os autores ressaltam que esta divisão conceitual de e-governança em três dimensões é apenas didática para facilitar a compreensão nas questões relativas a estes conceitos, pois não se pode limitar o uso de tecnologias no governo a uma perspectiva gerencialista, onde se quer melhorar a eficiência da atuação do Estado na melhoria da prestação de serviços, no trato do 18 cidadão como cliente. O conceito de e-governança pode e deve incluir a melhoria da eficiência, mas ela não se resume, é o exercício de uma nova forma e possibilidade de governar com a participação de uma ampla rede de atores. Diante disso é importante destacar que a expansão do uso da Internet para a promoção da governança eletrônica, não pode se dar somente pela sua oferta, pois ele se torna excludente e insuficiente, a expansão dos serviços por meio da internet deve se dar em conjunto com o esforço de promover a formulação e implantação de políticas de inclusão digital. Na década de 90, iniciou-se um conjunto de ações para a prestação de serviços pelo governo federal, em especial relacionada ao governo eletrônico, sendo formalizadas como programa em 1999. As linhas de ação eram: promoção do acesso da população a internet; promoção da integração entre sistemas de informação, redes e bancos de dados governamentais; implementação de infraestrutura avançada de comunicação e serviços na administração pública e utilização do poder de compra do governo federal para a redução de custos. (CUNHA et al,2007) Os vários significados e abordagens possuem como elemento comum modificar e até mesmo transformar as praticas e a cultura política da sociedade, porém da mesma forma que a governança eletrônica depende da modificação de padrões de interação entre sociedade civil e governos, sua afirmação exige também a consolidação da um padrão de uso intensivo das TICs nas organizações estatais e para que isso aconteça de forma eficiente alguns desafios de modificação das práticas de trabalho são impostas, significando que “[...] os padrões de adoção das TIC na prestação de serviços públicos não podem reduzir o usuário a atendimentos atomizados e sem vinculo com sua condição de portador de direitos.” (VAZ, 2005). Para que o cidadão possa exercer o seu direito de acesso as informações e dados públicos de maneira efetiva, no sentido de poder atingir os seus objetivos e necessidades e principalmente suas ações de controle social insere-se a relevância da expansão de iniciativas sobre dados abertos, pois o cidadão passa a ter mais um mecanismo de interação na sua relação com o governo e as instituições públicas. 19 2.3 - Transparência Pública. A transparência pública pode ser entendida como a abertura para o fornecimento de informação, entendida como fornecimento livre e universal de informações para seu públicoalvo, significando o reconhecimento da informação pública como um direito de cidadania. (VAZ, 2003 apud RIBEIRO, 2009). O instrumento fundamental para que a transparência se consolide é o acesso à informação que reflete no exercício da cidadania e também no combate as ações do governo. Isso porque ao dispor sobre os gastos públicos, informações sobre a administração pública no geral, além de índices de desenvolvimento econômico e social, informações estas de caráter público permitem que o cidadão questione as gestões sobre suas ações. Para Colombo (2006), “Las TIC han multiplicado exponencialmente La circulación de informacion y La capacidad de comunicación a nível planetário em tiempo real, suponiendo uma verdadera revolución de lãs intercomunicaciones humanas”. Em este sentido, podrian suponer um canal de comunicación interactiva y muldidireccional entre rrepresentados y representantes que aumentaria La capacidad de informacion e comunicacion em ambos os sentidos, aumentando La transparência y El posible control de lós ciudadanos sobre el Gobierno y el Parlamento. Ribeiro (2009) destaca que com a utilização das TICs o direito ao controle social do governo pode ser promovido pela possibilidade de facilitar o acesso à informação, principalmente, com a utilização da Internet. A Internet constitui um meio rápido, custo relativamente baixo e de fácil utilização que potencializa a promoção deste direito. Novas práticas de transparência tem se instituído na administração publica devido às pressões da sociedade que demanda um volume mais amplo de informações. O desenvolvimento 20 das tecnologias da informação e comunicação (TICs) facilitou a promoção da transparência, pois os meios eletrônicos permitem um maior acesso aos dados e informações da administração pública. Em um primeiro momento “os web sites governamentais passaram a publicar informações sobre as ações governamentais em formato fechado” (VAZ et al., 2010). Essa pratica de publicação dos dados em formato fechado permite ações tendenciosas por parte dos governos, ou seja, pode ser publicado somente o que interessava e da forma como convinha a exposição das informações. A diante tornou-se possível à construção de bases de dados brutas e a publicação destes dados na internet, conhecido por dados abertos governamentais (DGA). Dentre as características do governo aberto estão à transparência e a colaboração com a sociedade através de uma maior divulgação das informações por parte dos órgãos governamentais. (VAZ et al, 2010). Com a publicação dos dados governamentais, surge também a necessidade de padronização das informações, pois a partir da difusão da transparência publica cada órgão disponibilizava seus dados em formatos diferentes. 2.4 – Dados Governamentais Abertos. Segundo definição do Manual dos Dados Governamentais Abertos6, DGA são a publicação e disseminação das informações do setor público na web, compartilhados em formato bruto e aberto, compreensíveis logicamente, de modo a permitir a sua reutilização em aplicações digitais desenvolvidas pela sociedade. Para o W3C, (Consórcio World Wilde Web), comunidade internacional que desenvolve especificações técnicas e orientações para a criação e interpretação de conteúdos para a web, define dados governamentais abertos como a disponibilização de informações governamentais representadas em formato aberto e acessível de tal modo que possam ser reutilizadas, misturadas com informações de outras fontes, gerando novos significados. Destacam-se três leis consideradas pelo W3C e criadas por David Eaves (especialista canadense na área de dados abertos) em 20097·: ` 6 Disponível em: http://www.w3c.br/pub/Materiais/PublicacoesW3C/Manual_Dados_Abertos_WEB.pdf EAVES, D. The three Laws of Open Government Data, 2009. Disponível em: www.governoeletronico.gov.br/anexos/apresentacao-w3c 7 21 Se o dado não pode ser encontrado na web e indexado, ele não existe; Se o dado não estiver aberto e disponível em formato compreensível por máquina, ele não pode ser utilizado; Se qualquer dispositivo legal não permitir que ele seja reutilizado, ele não é útil. O conceito de Dados Governamentais abertos ou governo aberto remete a defesa dos dados públicos como pertencentes ao cidadão, que deveria ter acesso irrestrito as informações governamentais e ao contexto do desenvolvimento recente das TICs, onde a internet, ferramentas de banco de dados, padrões e formatos abertos permitem e facilitam a disponibilização e acesso a essas informações. (VAZ et al., 2010) Destaca-se também que segundo Eaves (2010), existem cinco maneiras para utilização dos dados abertos. Sendo: A. Data to fact – relacionada à busca, pesquisa e apresentação dos dados. B. Data to information – forma na qual os dados foram analisados e interpretados, comumente utilizada em trabalhos acadêmicos para construção de analise e relatórios. C. Data to interface – dados em formato mais interativo como gráficos, mapas, tabelas, entre outros. Normalmente utilizados em meios jornalísticos. D. Data to data – dados são mais complexos por estarem agregados uns aos outros. E. Data to service – é a utilização dos dados para provimento de serviços, como prestação de atendimento e serviço publico ao cidadão de maneira on line pela gestão pública. Diante das diversas maneiras de utilização dos dados abertos descritas acima, nota-se a importância da difusão assim como o melhor aproveitamento dos dados no seu formato aberto, pois os dados disponibilizados se tornam reutilizáveis de acordo com necessidades especificas da sociedade e também da administração pública, permitindo gerar diferentes representações de um mesmo conjunto de dados. Nesse sentido, os dados governamentais abertos podem significar uma nova oportunidade para ampliação das relações Estado-Sociedade, possibilitando novos patamares de interação e maior profundidade nas ações de transparência e controle social, além de uma maior eficiência nos serviços públicos que prestados pela própria administração pública. 22 De acordo com o OpenGovData (2007), grupo de trabalho vinculado ao Open Knowledge Foundation, (organização que promove o conhecimento público na rede através de comunidades e líderes internacionais), a implementação dos DGA deve ser regidos por oito princípios a serem seguidos para assim, garantir a integridade e melhor utilização dos dados governamentais abertos, que são: 1. Completos - Todos os dados estão disponíveis e não limitados. Um dado público é o dado que não está sujeito a limitações válidas de privacidade, segurança ou privilégios de acesso. 2. Primários - Dados brutos sem agregação ou modificação. 3. Atuais - Publicados tão rapidamente quanto necessário para preservar o seu valor, em tempo real ou no mínimo em periodicidade aceitável. 4. Acessíveis - Para o maior número possível de usuários e para o maior número possível de finalidades, sendo facilmente encontrados nos portais governamentais e por qualquer cidadão. 5. Processáveis por máquinas - Razoavelmente estruturados para permitir processamento automatizado, podendo assim ser processado por qualquer dispositivo tecnológico e sem estar corrompido. 6. Não discriminatórios - Disponíveis para todos, abertos irrestritamente sem necessidade de cadastro ou requerimento para acessa-los. 7. Não proprietários - Formato sobre o qual nenhuma entidade tem controle exclusivo, sem necessidade de compra para utilização do software. 8. Licenças livres - Os dados não estão sujeitos a nenhuma regulação de direitos autorais, patentes, propriedade intelectual ou segredo industrial. Restrições sensatas relacionadas à privacidade, segurança e privilégios de acesso podem ser permitidas. A disponibilização dos dados governamentais abertos permite que as informações sejam utilizadas da maneira e conveniência do interessado de tal forma que elas possam ser misturadas e combinadas para agregar mais valor aos dados, objetivando assim superar as limitações existentes para que os usuários de informações do serviço público possam facilmente encontrar, acessar, entender e utilizar os dados públicos segundo seus interesses e conveniências. (DINIZ 2010 apud VAZ et al. 2010) 23 É importante destacar a existência de algumas barreiras a serem enfrentadas para a efetiva implementação dos DGA nos seus diversos ambitos, como infraestrutura básica, no que se refere ao acesso a internet pelo cidadão; ferramentas que são a disponibilidade dos dados em meios específicos e não universalmente; dados que precisam de software específico para sua utilização; conteúdo dos dados ser de difícil compreensão pelos usuários, principalmente aqueles com deficiência ou baixa escolaridade e interpretação dados que necessitam de especialistas na área para serem utilizados e compreendidos. (GURSTEIN, 2011 apud RODRIGUES 2012). Para implementação dos Dados Governamentais Abertos, é bastante relevante à criação de um corpo técnico junto aos órgãos públicos e a gestão pública para que estes possam junto aos servidores possam abrir os dados e compreendam melhor o seu significado e benefícios que este processo pode trazer a prestação de serviço publico, a melhora na qualidade do trabalho da própria administração publica e na maior participação da sociedade no acesso aos dados públicos. Para Rodrigues (2012), outra aposta no campo dos DGA é a produção de novos e até melhores produtos e serviços pela iniciativa privada. Não somente os cidadãos teriam o que ganhar com os dados abertos, mas também as empresas privadas. A iniciativa privada também teria acesso a esses dados, o que ajudaria a entender melhor as necessidades e demandas da população que atende e até mesmo enxergar novas perspectivas de campo de atuação. Isso poderia contribuir não só com as empresas, mas também com o governo que arrecadaria mais impostos com o mercado aquecido e os cidadãos com a oferta de produtos e serviços que atenderiam melhor suas necessidades. Ressalta-se que a proposta relativa ao uso de Dados Abertos como Política Pública de transparência e controle social integra a lista final de 80 propostas oficiais da I Conferencia Nacional sobre Transparência e Controle Social (Consocial) que ocorreu em maio de 2012 na cidade de Brasília.8 A aprovação desta proposta pode significar um impulso para a conscientização do uso dos Dados Governamentais Abertos, no sentido de se tornarem amplamente explorados pela sociedade e órgãos públicos em geral, pois muitos indivíduos e organizações coletam uma ampla gama de diferentes tipos de dados para executar suas tarefas. O governo é uma ferramenta crucial, pela quantidade e centralidade dos dados que coleta e pelo fato de que estes dados são de domínio público. 8 Disponível em: http://www.consocial.cgu.gov.br/a-consocial/ 24 3 – CONTEXTUALIZACAO DOS DADOS GOVERNAMENTAIS ABERTOS COMO TENDÊNCIA EMERGENTE NA GOVERNANCA ELETRONICA. 3.1 - Aspectos Legais e Normativos. A democracia enquanto regime político aponta para um sistema de governo que procura garantir através de diversas ferramentas a participação da população nas decisões governamentais. (OLIVERIO, 2011) Com o desafio de atender as novas demandas sociais a tecnologia da informação e comunicação se torna uma ferramenta estratégica para o controle social, a participação e colaboração do cidadão nas decisões do Estado. A normatização das ações do governo, garantindo ao cidadão acesso as informações publicas torna-se de suma importância para o fortalecimento da transparência pública e das praticas democráticas. 9 A partir desse cenário serão expostos algumas normatizações que se tornaram cruciais para a implementação de praticas mais transparentes, assim como informações e dados governamentais que se tornaram de acesso legal ao cidadão. Pois a publicidade dos atos de governo é um principio democrático que já se encontra garantido na Constituição Federal, art. 5, inciso XXXIII: Art. 5 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes: XXXIII – “todos tem direito receber dos” órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 9 Para os fins desta pesquisa, estipulou-se maio/2012 como data limite de ações governamentais encontradas, devido à dinamicidade e expansão da temática. 25 No artigo 37, inciso XXII da Constituição estão expostos de maneira clara a publicidade e o compartilhamento das informações das administrações públicas: Art. 37 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e também ao seguinte [.]. XXII – a administração tributaria da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreira especifica terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma de lei ou convenio. [...] 3.1.1 – Lei de Responsabilidade Fiscal. A Lei Complementar Nº 101 – Lei de Responsabilidade Fiscal, sancionada em 4 de maio de 2000 pelo Poder Executivo10 estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providencias com a transparência de informações públicas de caráter contábil e financeiro das gestões da União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Destaca-se o artigo 12, parágrafo 3o. Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhados de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. 10 Lei Complementar Nº 101 – Lei de Responsabilidade Fiscal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm 26 § 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo. [...] Além do objetivo primário da LRF que é fato de responsabilizar o administrador público pela gestão financeira, gastos e demais providências administrativas, criando mecanismos de acompanhamento sistemático, ou seja, acompanhamento mensal, trimestral anual e plurianual do desempenho, com essa Lei procura-se impedir que o gestor de recursos públicos gastasse mais do que a arrecadação de seu município e que tome consciência da responsabilidade fiscal perante a sociedade. E o caráter inovador da Lei de Responsabilidade Fiscal é a normatização da transparência via meio eletrônico das informações públicas de caráter contábil e financeiro, expostas no capitulo IX, da LRF, denominado “DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO”, neste capitulo são colocados diversos meios para que o cidadão possa exercer o controle social e participação nas decisões orçamentárias, além da obrigação dos governantes de publicar as informações contábeis da sua gestão. Exemplo, artigo 48, parágrafo único Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante [...]. II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público [...]. 27 SADDY (2002) destaca que a LRF visa estabelecer princípios norteadores de um regime de gestão fiscal responsável, operacionalizado através de normas e regras, a serem observadas em todas as esferas da administração, assim entendidas a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Através da LRF são propostas práticas mais transparentes e também se procura impedir enormes déficits fiscais que possam prejudicar e imobilizar governos recém-empossados quando esse tem que assumir divida e compromissos financeiros de governos anteriores. 3.1.2 – Lei de Acesso a Informação. A Lei de n° 12.527 – Lei de Acesso a Informação, sancionada em novembro de 201111, resultou em grandes avanços para o processo democrático do país em diversos aspectos como: transparência pública, promoção da cidadania e publicação dos dados governamentais em formato aberto entre outros aspectos como a solicitação de informações públicas dentro das categorias não sigilosas garantidas na regulamentação. Segundo o artigo 6 da Lei de Acesso a Informação estabelece aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos assegurarem: I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação; II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, autenticidade e integridade (...). Destaca-se também o exposto no art. 8 da Lei n° 12.527/2011: É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. 11 Lei n° 12.527/2011 – Lei de Acesso a Informação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm 28 Como já citado anteriormente o sancionamento da Lei de Acesso a Informação trouxe grande avanço para a melhor utilização das TICs e com isso se torna mais uma ferramenta que normatiza a utilização dos dados públicos em formato aberto. A Lei de Acesso a Informação no seu art. 8, parágrafo 3, considera que os sítios eletrônicos deverão disponibilizar suas informações em formato aberto além de atender os seguintes requisitos: I – conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão; II – possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações; III – possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina; [...] Segundo o art. 9 da Lei n° 12.527/2011, além de estabelecer a realização de audiências e consultas públicas incentivando a participação popular, o inciso I do referido artigo, assegura que o acesso a informações públicas será assegurado mediante criação de serviços de informações ao cidadão nos órgãos e entidades públicas apropriadas para: a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações; b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades; c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso às informações; (...). A implementação da Lei de Acesso a Informação resulta no fortalecimento e na regulamentação da publicação das informações públicas, fortalecendo as praticas de transparência na prestação de contas e na publicação dos dados públicos, principalmente no uso das informações pela sociedade. 29 A Lei também garante que os dados sejam fornecidos de forma completa e primaria, ou seja, fortalecendo também projetos de dados governamentais em formato aberto. Os dados podem ser utilizados e reutilizados de acordo com as demandas e necessidades especificas de cada cidadão não apenas consumir relatórios consolidados sobre informações públicas. Entretanto, é importante colocar que segundo Gregory Michener, a Lei não satisfaz todos os critérios de uma lei eficaz seguido pelas legislações mais avançadas neste campo de outros países. Apesar de obedecer ao principio essencial da publicidade como regra e sigilo como exceção, de prever punição para servidores ou autoridades que destruam ou ocultem dados, e de inovar ao prever que os dados devem ser disponíveis em formato primário e legível por máquinas, a lei deixa a desejar em outros pontos. (MICHENER, G., 2011 apud RODRIGUES, 2012) 3.1.3 – Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto. O Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto foi instituído em 15 de setembro de 2011, destinado a promover ações e medidas que visem ao incremento da transparência e do acesso a informação pública, à melhoria na prestação de serviços públicos e ao fortalecimento da integridade pública. O artigo 2o, do Plano contempla iniciativas, ações, projetos, programas e políticas públicas voltadas para I - o aumento da transparência; II - o aprimoramento da governança pública; III - o acesso às informações públicas; IV - a prevenção e o combate à corrupção; V - a melhoria da prestação de serviços públicos e da eficiência administrativa; VI - o fortalecimento da integridade pública. Parágrafo único. O Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto deverá contemplar, prioritariamente, a inserção de iniciativas, ações, projetos, programas e políticas públicas inovadoras. 30 Dentro das metas estipuladas pelo PNGA, institui-se a criação de um comitê que irá coordenar as ações e projetos a serem desenvolvidos, Art. 3o Fica instituído o Comitê Interministerial Governo Aberto - CIGA com a finalidade de: I - orientar a elaboração, a implementação, o monitoramento e a avaliação do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto; II - propor ações prioritárias a serem implementadas no curto prazo no âmbito do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto; III - promover a articulação intragovernamental necessária à execução das ações conjuntas troca de experiências, transferência de tecnologia e capacitação no âmbito do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto; IV - identificar ações de pesquisa e desenvolvimento necessárias no âmbito do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto. Vale ressaltar a importância da instituição do Plano Nacional sobre Governo Aberto para as políticas de abertura de dados, pois a criação da INDA (Infraestrutura Nacional de Dados Abertos) foi instituída a partir do compromisso estabelecido no PNGA para a sua criação, considerando o direito fundamental do cidadão a informação e que para o seu efetivo exercício este deve ser facilitado através de informações primarias, integras, autenticas e atualizadas. Com a efetivação desse direito deve ser considerada a adoção de meios eletrônicos para a disponibilização dos dados públicos de forma que estes possam ser reutilizados e seu acesso simplificado para os seus usuários, conceitos estes presentes nos princípios dos dados abertos. 31 3.2 – Visão Geral das iniciativas de DGA no Brasil. É importante salientar que no contexto acima apresentado diversas iniciativas estão surgindo no país. Buscam garantir a sociedade em geral a transparência nas informações de caráter público e principalmente a importância da divulgação das mesmas em formato aberto para que o cidadão possa utilizar dessas informações de forma mais efetiva. Serão mencionadas abaixo alguns exemplos de iniciativas que estão sendo implementadas, em diversos entes federativos e esferas de governo, porém pela abrangência e dinâmica desta temática, as iniciativas foram categorizadas nos três ambitos de governo: federal, estadual e municipal. 3.2.1 – Iniciativas no Âmbito Federal Rodrigues (2012) destaca como principal canal que disponibiliza dados abertos o data.gov.br, portal brasileiro de dados abertos que fornece os mais diversos dados brutos gerados pelo poder público. O data.gov.br está sendo construído e estruturado de forma colaborativa entre diferentes instituições públicas, organização privada e sociedade civil. Nota-se a iniciativa se deu no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que desde junho de 2011, através do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) tem trabalhado na pesquisa e no desenvolvimento de plataforma informacional denominada de Aquarius, para apoio à modernização da gestão do Ministério. Trata-se de uma plataforma de Dados Abertos do Ministério, que pretende ter a integração com outros sistemas como o IBGE e o FINEP, possibilitando assim uma melhor fiscalização orçamentária além da melhoria na gestão dos serviços prestados ao cidadão. Observa-se também o DATASUS12, base de dados sobre as atividades do Sistema Único de Saúde (SUS) vinculada ao Ministério da Saúde, também se tornou uma importante ferramenta para a publicação e divulgação dos dados em seu formato aberto, nessa base é possível encontrar informações financeiras e contábeis sobre o SUS viabilizando um maior controle social sobre a utilização dos recursos repassados a área da saúde. 12 Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php 32 Outra importante ação do governo federal para disseminação dos dados em formato aberto se dá através da Controladoria Geral da União (CGU), órgão do governo federal que é responsável pelos assuntos relativos à defesa do patrimônio público e transparência da gestão por meio de atividades de controle interno, além do seu papel crucial na divulgação de informações e dados de interesse coletivo ou geral, relativos a procedimentos de controle, fiscalização e auditoria realizados nos municípios e órgãos da administração pública. Uma importante iniciativa da CGU foi à criação do portal da transparência13, onde é possível encontrar informações e dados sobre a aplicação dos recursos públicos, tendo como objetivo aumentar a transparência da gestão pública. Vale observar que nem todos os dados disponibilizados no portal da transparência podem ser encontrados no formato bruto, ou seja, aberto para que possam ser reutilizados pela sociedade. Vale ressaltar institutos de pesquisa e desenvolvimento de âmbito nacional que já publicam parte de suas pesquisas com dados e informações em formato aberto, como IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Eles desenvolvem um importante papel na pesquisa, mapeamento e divulgação de relatórios com informações de caráter demográfico, geográfico, educacional e socioeconômico no país. 3.2.2 – Iniciativas no Âmbito Estadual Já no âmbito estadual podemos observar algumas iniciativas de grande relevância. No Governo do Estado de São Paulo, por exemplo, o Portal do Governo Aberto de SP14, no qual são disponibilizados dados sobre alguns órgãos públicos estaduais, além de informações sobre finanças públicas, municípios, mercado de trabalho, investimentos, informações demográficas entre referentes ao estado. Na região Sul, destacamos a iniciativa do Rio Grande do Sul, que para Rodrigues (2012), o Estado é um dos pioneiros no assunto, pois desde 2010 a Secretaria de Segurança Pública já disponibiliza banco de dados em formato aberto com informações sobre total de ocorrências por município, indicadores de segurança e dados da violência contra a mulher, além de sinalizar 13 14 Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.br/ Disponível em: http://www.governoaberto.sp.gov.br/view/ 33 futuros investimentos nessa área de abertura de dados que será desenvolvido junto a Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (PROCERGS). Na região nordeste observa-se o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, que disponibiliza dentro do seu portal15 uma área especifica sobre dados abertos, sendo possível encontrar guias com explicações sobre a temática e aplicativos que possibilitam o acesso aos dados através de diferentes programas de computador. Além da disponibilização de seus dados já em formato aberto, como prestação de contas, contratos e licitações, receitas e despesas e informações eleitorais referentes aos municípios. 3.2.3 – Iniciativas no Âmbito Municipal. No âmbito Municipal podemos destacar algumas iniciativas interessantes, como o SACSP da prefeitura e o legislativo local do município de São Paulo e Bocaiuva em Minas Gerais. O SACSP16 que é o serviço de atendimento ao cidadão, e permite visualizar e acompanhar as reclamações feitas pelos munícipes no portal da prefeitura de São Paulo, através desse mecanismo é possível visualizar cada um dos problemas relatados na cidade, como o departamento que recebe mais reclamações e um mapa interativo onde é possível verificar incidências e solicitações de diferentes regiões da cidade. É importante colocar também o apoio de Movimentos como a Rede Nossa São Paulo, instituído na cidade de São Paulo, e o Transparência Hacker Day que buscam e apoiam a divulgação e a transparência das informações e dados de caráter público da cidade de São Paulo além da participação ativa nas iniciativas de divulgação e publicação dos dados públicos em formato aberto. A Câmara Municipal de São Paulo teve uma iniciativa pioneira na esfera legislativa com implementação do Programa Dados Abertos do Parlamento17, com o objetivo de disponibilizar bases de dados e informações não sigilosas de forma eletrônica e em formato aberto, em 15 Disponível em: http://www.tcm.ce.gov.br/site/index.php Disponível em: http://sac.prefeitura.sp.gov.br/ 17 Informação extraída do próprio site, disponível em: http://www.camara.sp.gov.br/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=219 16 34 conformidade com os princípios da administração pública e com observância de recomendações aceitas internacionalmente, como as emitidas pela Open Knowledge Foundation e pelo Consórcio W3C Internacional. Esta experiência será detalhada no próximo capitulo deste trabalho, pois foi escolhida como elemento de analise da implementação dos dados em formato aberto. As iniciativas não se restringem a municípios de grande porte, no município de Bocaiuva, situado no Estado de Minas Gerais, o vereador Juscelino Germano Oliveira, teve a aprovação de seu Projeto de Lei 12/2012, que dispõe sobre a política municipal de dados abertos e acesso à informação na Administração Pública Direta e Indireta, e na Câmara Municipal de Bocaiúva. Rodrigues (2011) demonstra que mesmo com estas o aumento das iniciativas, principalmente no legislativo, as experiências em nível municipal se encontram num estágio pouco avançado e não existem muitas iniciativas reais, podendo este cenário sofrer alterações com a aprovação da Lei de Acesso à Informação, porém com exceção das grandes cidades como São Paulo, as barreiras tecnológica e informacional a serem enfrentadas pelos dos municípios são maiores. Entretanto, pode ser observada uma relevante expansão de iniciativas nos diversos níveis de governo e nas diferentes esferas da administração publica, e de forma significativa nas experiências âmbito federal e estadual, por isso diante deste cenário podemos enfatizar a importância da criação de uma infraestrutura de Dados Abertos para que se elabore um conjunto de padrões através dos princípios dos dados abertos já descritos neste trabalho. Com a disponibilização dos dados pela gestão pública seguindo uma infraestrutura consolidada, isso facilitaria com que os dados pudessem ser cruzados, gerando uma maior precisão na analise e mensuração de acordo com as necessidades especifica de cada órgão. 3.3 - Infraestrutura Nacional de Dados Abertos A Infraestrutura Nacional de Dados Abertos é o conjunto de padrões, tecnologias, procedimentos e mecanismos de controle necessários para atender às condições de disseminação e compartilhamento de dados e informações públicas no modelo de Dados Abertos, em conformidade com o disposto na e-Ping (Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico) que define um conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas que regulamentam a utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) no governo 35 federal18, estabelecendo as condições de interação com os demais Poderes e esferas de governo e com a sociedade em geral. Foi instituída em 12 de abril de 2012 pelo Secretario de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do planejamento, orçamento e gestão, a instrução normativa número 4, que institui a Infraestrutura Nacional de Dados Abertos – INDA, em conformidade com o Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto. A instrução normativa da INDA19 dispõe em seu artigo 1º Fica instituída a Infraestrutura Nacional de Dados Abertos – INDA, como política para garantir e facilitar o acesso pelos cidadãos, pela sociedade e, em especial, pelas diversas instâncias do setor público aos dados e informações produzidas ou custodiadas pelo Poder Executivo federal, com os seguintes objetivos: I – definir, estruturar e coordenar a política de dados abertos, bem como estabelecer o seu modelo de funcionamento; II – promover o ordenamento na geração, armazenamento, acesso, e compartilhamento de dados para uso do Poder Executivo federal e da sociedade; III- definir e disciplinar os padrões e os aspectos técnicos referentes à disponibilização e disseminação de dados para uso do Poder Executivo federal e da sociedade; IV – promover o compartilhamento de recursos de tecnologia da informação e evitar a duplicidade de ações e o desperdício de recursos na disseminação de dados e informações pelos órgãos e entidades do Poder Executivo federal; (...). A Infraestrutura Nacional de Dados Abertos (INDA), será vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão através da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, e parte da necessidade de padronização dos dados divulgados pelo governo, da difusão dos dados para o cidadão e da coordenação de esforços dos diferentes órgãos para a pesquisa dos dados. Pois as dificuldades de organização e integração das informações do governo geram uma diminuição da visão sistêmica dos gestores, e das próprias ações governamentais. 18 Disponível em: http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/Dados-Abertos/inda-infraestruturanacional-de-dados-abertos. 19 Instrução Normativa nº 4 – Institui a INDA. Disponível em : http://dados.gov.br/instrucao-normativa-da-inda/ 36 Com a implementação da INDA20, os governos possibilitam uma maior participação e cooperação entre os órgãos e a própria sociedade civil, pois os dados disponibilizados se tornam reutilizáveis de acordo com necessidades especificas da administração publica, além da utilização desse conteúdo pela população para que gerar diferentes representações para um mesmo conjunto de dados por isso destaca-se a importância da padronização da publicação das informações. Os dados serão organizados, pois os órgãos ao produzirem suas informações continuarão tendo o seu próprio espaço e farão suas publicações de forma padronizada e as suas atualizações, mas no seu acesso os dados estarão centralizados em um único portal. Destaca-se a vantagem tecnológica na implementação da INDA, pois as informações não irão sobrecarregar um local de acesso, pois as informações continuaram no seu local de origem. Os dados podem ser classificados em: dados agregados, onde a informação foi gerada previamente e pode-se concluir algo e micro dados, onde as informações podem ser processadas de diferentes formas. Os DGA devem ser fornecidos em formato bruto, como micro dados com o objetivo de maximizar a sua utilização. Através da implementação da INDA haverá o acesso à divulgação de novos dados assim como a sua atualização evitando que as mesmas informações sejam solicitadas a um mesmo órgão diversas vezes, por exemplo, dados de caráter contábil e financeiro de órgãos como a CGU. Destacam-se também algumas barreiras a serem enfrentadas para implementação da INDA, principalmente no que se refere à interoperabilidade entre os dados disponibilizados, tendo interoperabilidade como a capacidade de diferentes bases de dados trocarem informações entre si através de formatos abertos e um conjunto de interfaces. Diante disso são colocados dois grandes entraves que são a deteriorização do meio físico e armazenamentos dos dados, pois as mídias onde os dados são armazenados sofrem com a deterioração com o tempo e precisam ser substituídas; e o formato e organização dos dados que em sua maioria estão armazenados em formatos proprietários e seria necessário que mesmo depois de anos o software continuasse existindo. (CHEDE, 2008 apud RODRIGUES, 2011). 20 De acordo com entrevista concedida a esta pesquisadora feita junto a Secretária de Logística e Tecnologia da Informação. Brasília, 2011. As demais menções neste item se referem à mesma entrevista. 37 3.3.1 - Etapas da INDA. De acordo com a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI), a Infraestrutura Nacional de Dados Abertos no primeiro momento criou-se um portal central de dados abertos, onde estará centralizado o acesso às informações. Também será criado um catálogo de informações do governo, com endereços dos principais órgãos governamentais para facilitar a busca no acesso a informações pelo cidadão e o seu acesso. Com a utilização desse catálogo pretende-se também divulgar e estimular o conhecimento sobre dados abertos através do acesso a essa informações. Com o catalogo pretende-se inserir o cidadão no contexto, considerando que seria uma primeira etapa de maior valia do que repassar vários números e o cidadão que ainda não pode concluir qualquer informação com aqueles dados. No que tange os órgãos governamentais será oferecido suporte técnico e cursos de capacitação oferecidos pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, além de um guia com informações sobre dados abertos o para que os funcionários possam gerar os dados necessários e de forma padronizada. O “Guia de Abertura de Dados” 21 é uma cartilha, onde se orienta um funcionário público da que trabalha em um órgão de governo que pretende fazer uma publicação em formato de dados em formato aberto, sobre quais são os procedimentos necessários desde a, adquirir apoio do gestor local até como proceder no projeto em questões técnicas e escolha de quais informações serão publicadas. Ressaltando a importância da consulta a sociedade para saber sua demanda de informações. Dentro da conceituação e implementação da INDA também é importante destacar a conceituação de metadados, relacionada à publicação dos dados. De acordo com definição do portal data.gov.br, os metadados são dados sobre os dados, ou seja, são informações que possibilitam organizar, classificar, relacionar e inferir novos dados sobre o conjunto de dados. A quantidade e a qualidade dos metadados de um conjunto de dados podem determinar a utilidade daquele conjunto de dados. Em outras palavras, mais e melhores metadados agregam mais valor ao conjunto de dados, além de melhorar sua classificação e a busca sobre eles, cabendo aos órgãos à publicação e disponibilização permanente do conjunto de dados na Internet para o uso 21 Disponível em: http://dados.gov.br/ 38 irrestrito da sociedade, sendo que este processo compreende não apenas a publicação dos dados em si, mas também dos seus metadados. Em um primeiro momento a INDA tem sido aplicada em nível federal, porém estipula-se como meta a sua expansão para os governos estaduais e principalmente municipais, os quais o cidadão possui maior interesse nas informações. Estuda-se a possibilidade de aplicar dados abertos, nos projetos de transparência publica nos portais dos municípios. 39 4 – ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO DE ANALISE PARA INICIATIVAS DE IMPLEMENTAÇÃO DE DADOS GOVERNAMENTAIS ABERTOS. Diante da temática inovadora, da crescente utilização dos dados abertos e da pouca literatura existente observou-se a necessidade de propor elementos de analise das iniciativas de implementação de dados abertos que surgem no Brasil. Este trabalho pretende elencar elementos que podem ser utilizados para analisar as iniciativas e experiências de dados abertos. Através dessa proposição de elementos pretende-se analisar se as iniciativas estão seguindo os padrões estabelecidos, assim como esta pesquisa também propõem novos elementos que podem ser utilizados para o estudo da implementação dos dados abertos nos portais eletrônicos governamentais em diversos ambitos. Para identificação desses elementos foi tomado como base conceitual os oito princípios estabelecidos pelo Open Knowlege Fundation já descritos neste trabalho, complementados por outras contribuições da literatura além da realização de uma inspeção estruturada em sites de experiências de dados abertos para identificação de novos elementos que estiveram presentes em uma ou mais experiências e que possam ser caracterizados a partir da visualização e acesso aos portais, sem necessariamente ter o contato direto e pessoal com pessoas da administração ou órgãos públicos. A proposta desses elementos é que eles possam ser considerados e aplicados de forma pratica, onde qualquer cidadão ou pesquisador possa visualiza-los dentro dos sítios eletrônicos e assim elaborar uma analise de acordo com a sua necessidade, sem precisar realizar um contato direto via entrevista, telefone ou visita ao órgão publico responsável pelo portal. Caso seja necessário não descarta-se a possibilidade de o cidadão ou pesquisador interessado em aprofundar a aplicação dos elementos, realize atividades adicionais de pesquisa. Vale ressaltar que estes elementos identificados ao longo desta pesquisa podem futuramente ser utilizados para elaboração de um modelo de avaliação dessas experiências já em um estágio não mais inicial, mas parcialmente avançado, visto que a implementação dos dados abertos podem se tornar uma tendência nos diversos níveis e esferas governamentais, por isso a relevância de se elencar elementos que possam ser visualizados não só por pesquisadores, mas pela sociedade em geral e que estes possam ser utilizados para o avanço das praticas democráticas através de analises mais transparentes dos dados de caráter público, além da grande 40 colaboração que os dados e formato aberto podem trazer para a sistematização das informações da própria administração pública. Os elementos propostos são: a. Agregação e Modificação. De acordo com o um dos 8 princípios, sendo que os DGA devem ser primários, com menor nível possível de agregação e modificação, este elemento demonstra se os dados apresentados estão em seu formato bruto ou agregado e modificado. b. Processo Sistemático de Atualização. Este elemento analisa a existência de práticas sistemáticas na publicação dos dados, ou seja, existe uma rotina pré-definida pelos órgãos ou publicam os dados quando possível. A visualização deste elemento é possível através da datação das publicações e da sua periódica continuidade, além de mensurar a periodicidade das publicações, pois de acordo com o principio de que os dados precisam ser atuais e disponibilizados da forma mais rápida possível é importante que eles sejam abastecidos rotineiramente mantendo a publicação continua e atual. A atualização e política de manutenção sistemática do portal devem considerar praticas de atualização das informações e indicação de data da atualização quando se faz necessária. (VAZ, 2003) c. Existência de Séries Históricas. O embasamento deste elemento será por analogia ao referencial conceitual de series histórica para analise de indicadores, no qual. [...] a série histórica dos indicadores dá sustentação às decisões [...] uma vez que embora represente o passado, é a expressão da verdade nua e crua. Os efeitos das decisões somente são sentidos ou observados quando são revelados pela ótica dos resultados dos indicadores comparados aos padrões estabelecidos. (FERNANDES, 2004) 41 A analise deste elemento é possível com a visualização de publicações de mesmo caráter, porém de anos anteriores, o que chamaremos neste trabalho de séries históricas. Assim como para indicadores, a existência e analise de series históricas é imprescindível para o manejo de informações e dados de mesmo caráter ou serviço, já que é uma das maneiras mais viáveis na realidade atual de avaliar a performance de determinado órgão ou serviço. (JÚNIOR, E.,2007) d. Facilidade de Acesso Este elemento analisa a facilidade com que os dados podem ser encontrados dentro dos sítios eletrônicos, e se possuem alguma exigência ou requerimento para o acesso, além da cobrança de valor monetário para visualização dos dados, visto que de acordo com o principio dos dados acessíveis, estes devem ser facilmente encontrados websites governamentais e ao alcance de todos, e estarem disponíveis por meio de download na internet, gerando o menor custo possível ao cidadão usuário do dado. Para Brown et al.(2002), o desenvolvimento da tecnologia de portais exige alguns requisitos importantes como facilidade no acesso, recursos de busca, interação de aplicações, integração de dados entre outros. O autor justifica essa necessidade, pois os portais são compostos de múltiplos serviços utilizando sistemas distintos para o seu processamento, também aponta os portais como soluções para organizações cujos usuários dos websites tenham que buscar informações e serviços em um grande repertório. (BROWN, 2002 apud VAZ 2003). e. Restrição ao Uso e Licenças Segundo os 8 princípios os dados não podem estar sujeitos a nenhuma restrição de direito autoral, licença, patente ou propriedade intelectual, além de não haver discriminação contra áreas de atuação, pessoas ou grupos. “A partir deste principio, este elemento analisa se os dados possuem algum tipo de restrição ao seu uso, por exemplo, “somente para fins educacional”, ou não comercial” e se apresentam algum tipo de licença, regulações de segredo industrial ou marcas registradas. 42 Para Vaz (2003) um aspecto relevante nos websites governamentais é a inexistência de uma cultura de transparência por meio da Internet, o que se vincula a práticas muito consolidadas de restrição do acesso à informação na administração pública. f. Propriedade de Formato. Este elemento analisa se os dados estão em formato proprietário, ou seja, em formato de controle por alguma empresa ou organização e se para a sua utilização existe a necessidade de compra de software especifico, pois de acordo com o principio da propriedade nenhuma entidade ou organização deve deter o controle exclusivo sobre os dados disponibilizados. Considera-se como formato aberto e não proprietário as linguagens: xml, json, rdf, csv, ods e html. Porém existe o formato xls, considerado um formato proprietário do software Microsoft Excel, mas que pode ser utilizado de forma imediata, considerando algumas descrições corretas das colunas do programa.22 g. Linguagem e Compreensão De acordo com o portal data.gov.br os dados precisam ser estruturados, possibilitando que sejam processados automaticamente e sua disponibilização deve ser em um formato compreensível por maquina em uma linguagem compatível sendo processáveis por dispositivo tecnológico que propicie o máximo de equilíbrio entre custo e adequação aos propósitos pretendidos. Diante disso, este elemento procura visualizar como os dados são publicados dentro dos sítios eletrônicos, pois alguns portais divulgam seus dados em formato fechado, por exemplo, pdf e acreditam estar utilizando dados abertos, quando estão apenas disponibilizando seus dados em uma linguagem que o computador entende como “imagem”, de maneira que não são reutilizáveis, além de considerar que os dados podem ter sofrido alguma alteração ou manipulação, pois foram publicados em formato fechado. 22 Disponível em: http://dados.gov.br/cartilha-publicacao-dados-abertos/ 43 h. Padronização Durante a inspeção em sites de experiências de dados abertos, foi possível observar a relevância das publicações seguirem um padrão na sua formatação. Com isso, este elemento busca visualizar se todas as publicações de um mesmo portal eletrônico seguem uma padronização na publicação de seus dados, facilitando no cruzamento com outros conjuntos de dados e gerando também uma melhora na publicação dos dados. Destaca-se que quando definidos padrões e integração de dados e aplicações, estes geram novos padrões de operação baseados na agregação de sistemas com altos padrões de consistência, segurança e desempenho, escalabilidade, capacidade de personalização e visualização e integração de recursos existentes (legacy integration). Por conta dessas características, permite que os custos de integração sejam reduzidos, tanto por conta de se basear em uma arquitetura simplificada como por utilizar padrões e componentes reutilizáveis, com ganhos de escala nos custos de desenvolvimento e manutenção. Ao mesmo tempo, a padronização de componentes reduz tempos de desenvolvimento de novas aplicações e torna-as mais confiáveis (VAZ, 2003 apud ULRICH, 2001). O portal data. gov.,br23 coloca que a escolha do padrão a ser utilizado pelo órgão na publicação dos dados abertos deve levar em consideração a capacidade tecnológica do órgão e o público alvo que utilizará aqueles dados. i. Abrangência e Relevância Este elemento analisa diversificação das categorias dos dados que são publicados, se constam somente dados de caráter contábil e financeiro ou se possuem informações referentes a outras temáticas de interesse do cidadão. Irá ser analisado se o portal divulga todos os dados que seriam possíveis legalmente e institucionalmente publicáveis. Pois de acordo com a Lei de Acesso a Informação, em seu Art. 8º, §1º, os órgãos e entidades deveram publica no mínimo informações referentes à 23 Disponível em: http://dados.gov.br/cartilha-publicacao-dados-abertos/ 44 I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros; III - registros das despesas; IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados; V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. [...] j. Usabilidade Usaremos como definição para usabilidade a conceituação colocada por Nielsen, que adaptou conhecimentos no campo da usabilidade de interfaces de sistemas para os websites, tendo como ideia central na sua obra a de que os websites devem conforma-se as reais necessidades do usuário e suas praticas. Deve buscar objetividade nos website e aplicar apenas os recursos necessários para o bom fornecimento da informação ou prestação de serviço. (NIELSEN, 1999 apud VAZ, 2003). A partir dessa conceituação este elemento pretende analisar a usabilidade dos websites governamentais as reais necessidades do cidadão usuário da informação e dos dados. k. Serviços Adicionais Devido à temática recente e inovadora, este elemento se torna importante na visualização e analise dentro dos portais eletrônicos da oferta de aplicativos complementares, 45 suporte de informática para duvidas e auxilio na publicação dos dados em formato aberto, assim como guias explicativos ou instrutivos para manipulação dos dados que são oferecidos. De acordo com declaração feita por Roberto Agune, coordenador do grupo de inovação, ligado a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo na I Conferencia Livre sobre Dados Abertos, realizada em abril de 2012, é preciso divulgar o conceito de DGA e principalmente a tecnologia que envolve a sua implementação, por isso a relevância da oferta de serviços de suporte dentro dos portais governamentais. l. Notas Metodológicas Este elemento procura verificar a existência de metodologia na publicação e divulgação dos dados nos sítios eletrônicos, ou seja, o elemento notas metodológicas analisa se os portais apresentam algum tipo de informação a respeito do método que utilizaram para construção e compreensão dos seus dados. Por analogia as pesquisas e estudos sobre indicadores, podemos observar a importância de se fornecer notas metodológicas ou explicativas, pois elas demonstram uma preocupação com os resultados presentes desde a formulação dos objetivos que se pretende com os dados disponibilizados até a execução de planos de ação para dar continuidade à publicação. É necessário no momento da publicação prever a organização de procedimentos de coleta e tratamento das informações especificas e confiáveis em todas as fases do processo, permitindo assim a construção e divulgação de bases de dados úteis e desejadas. (FUNDAP,2006) m. Responsabilidade Institucional Para uma publicação coordenada e responsável se faz necessário à criação de uma estrutura especifica dentro da administração dos órgãos públicos para a disponibilização dos dados, uma responsabilização institucional no que esta sendo publicado. De acordo com informações do portal data.gov.br, mesmo que sejam feitas publicações em conformidade com os princípios estipulados uma estrutura ou pessoa em especifico deve ser designada como contato responsável pela verificação dos dados. 46 n. Políticas de Restrição ao Acesso e Uso. Este elemento analisa se os portais eletrônicos possuem alguma limitação no uso dos dados através de políticas de uso, linguagem, políticas do site ou políticas de privacidade. Visto que de acordo com o princípio de que os dados devem ser completos e não podem estar sujeitos a limitações válidas de privacidade, segurança ou controle de acesso. 4.1– Aplicação do Modelo 4.1.1 – Programa Dados Abertos no Parlamento – Câmara dos Vereadores de São Paulo. Com a finalidade de promover maior transparência na disponibilização dos dados e a melhoria na qualidade das informações de interesse da sociedade. A Câmara dos vereadores de São Paulo através do Ato da Mesa nº 1156/2011, criou o Programa Dados Abertos do Parlamento, com o objetivo de disponibilizar bases de dados e informações não sigilosas, de forma eletrônica e em formato aberto, em conformidade com os princípios da administração pública e com observância de recomendações aceitas internacionalmente, como as emitidas pela Open Knowledge Foundation e pelo Consórcio W3C Internacional.24 A iniciativa demonstra o avanço de praticas democráticas e da cultura de transparência na gestão publica, visto que a sociedade demanda pelo acesso a informação e a disponibilização dos dados pelos órgãos públicos, sendo fundamental acompanhar não só a atuação dos seus representantes, mas podendo organizar os dados de forma conveniente a necessidades especificas de cada cidadão. Será feita uma analise do Programa Dados Abertos do Parlamente, portal este escolhido para aplicação dos elementos descritos e propostos acima. a. Agregação ou Modificação – Os dados e informações contidos no sitio eletrônico são apresentados no formato aberto e consolidado. b. Processo Sistemático de Atualização – Pode ser observado uma continua atualização nos dados apresentados pelo Programa, tanto de caráter contábil e 24 Informações extraídas do portal da Câmara de São Paulo. Disponível em: http://www.camara.sp.gov.br/index. php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=219 47 financeiro como recursos humanos, presença dos vereadores e produção legislativa. c. Existência de Séries Históricas – Foi possível visualizar uma parte dos dados a partir de 1º de Janeiro de 2010 até a presente data. Porém os dados referentes a Prestações de Contas do Auxílios-Encargos Gerais De Gabinete podem ser visualizados a partir do ano de 2007 e os Balancetes Mensais de Realização de Receita Orçamentária – Administração Direta a partir do ano de 1998 com ressalva para a falta do balancete de alguns meses que ainda estão em etapa de conferência. d. Facilidade de Acesso – Os dados são obtidos de forma relativamente fácil, sem requerimento ou cadastro e também estão disponíveis para download. e. Restrição ao Uso ou Licença – Os dados não possuem qualquer restrição ao uso nem estão vinculados a algum tipo de licença. f. Propriedade de Formato – Os dados podem ser visualizados no formato aberto e não proprietário xml e também através de relatórios consolidados em pdf e arquivos de texto. g. Linguagem e Compreensão – Os dados são disponibilizados no formato aberto e não proprietário xml, sendo compreensíveis por maquina em uma linguagem compatível e processados por dispositivo tecnológico, porém alguns arquivos estão disponibilizados em pdf ou arquivos de texto. h. Padronização – Grande parte dos dados fornecidos através do Programa Dados Abertos são obtidos no formato xml e podem ser baixados via download. i. Abrangência e Relevância – Podem ser encontrados no portal dados de diferentes naturezas como: contábil e financeira, recursos humanos, rotina dos vereadores e produção legislativa, além de informações obre estrutura organizacional, endereços e telefones e informações sobre contratos e licitações. j. Usabilidade – Este elemento não foi possível analisar a partir da consulta ao site, pois ele demandaria testes e inspeções de usabilidade com os cidadãos para mensurar quais dados eles desejariam ser publicados e sua utilidade para a sociedade e em seguida seria feita a etapa de consulta ao website para averiguar se as informações publicadas são de fato as demandadas pela sociedade e se estas estão sendo utilizadas de forma eficiente no sentido de agregarem e produzirem resultados reais. 48 k. Serviços Adicionais – O portal possui um blog especifico sobre o assunto dados abertos, além de disponibilizarem alguns aplicativos para auxilio na manipulação e leitura dos dados em formato xml. l. Notas Metodológicas – O portal apresenta uma breve explicação somente a respeito da conversão do conjunto de dados que possuem series históricas. m. Responsabilidade Institucional - O portal não apresenta formalmente a equipe ou parceiros responsáveis pela disponibilização dos dados, apenas alguns links de colaboradores do projeto como o Open Knowledge Foundation e o Consórcio W3C Internacional. n. Políticas de Restrição ao Acesso e Uso – O portal não apresenta políticas de privacidade ou políticas de uso, apenas o manual de linguagem dos termos utilizados dentro do website. 4.1.2 – Discussão dos Resultados da Aplicação No decorrer da aplicação dos elementos ao Programa Dados Abertos no Parlamento que situa-se dento do portal da Câmara dos Deputados, foi possível aferir que alguns elementos são facilmente visualizados dentro do portal, porém outros exigem que o cidadão percorra algumas etapas para o acesso total a determinado elemento referente à publicação dos dados abertos. O elemento de agregação é modificação é facilmente observado dentro do portal, visto que podemos encontrar em conjunto com os dados brutos relatório consolidados sobre a informação então pode-se visualizar até de forma comparativa o que é um conjunto de dados brutos e uma agregação de dados a partir dos relatórios consolidados normalmente no formato pdf. Aproveitando analise de agregação e modificação, pode-se inserir nesse contexto a analise do elemento referente à linguagem e compreensão dos dados, onde grande parte dos dados está disponibilizado em formato xml, que esta corretamente empregado visto que é um formato aberto e não proprietário, sendo compreensíveis por maquina em uma linguagem compatível. Mas assim como no elemento sobre agregação e modificação, neste referente ao formato e compreensão também foi possível observar certos arquivos no formato fechado, em pdf. Porém a temática de dados abertos é recente, o que em parte pode justificar a existência de alguns arquivos em formato fechado, juntamente com os dados abertos, partindo da ideia de que o conceito de dado aberto ainda não está amplamente difundido para a sociedade em geral, 49 que em sua cultura de acesso sempre esteve ligada a arquivos, os chamados relatórios consolidados que são o “resumo” de determinado conjunto de dados segundo a visão de determinada grupo ou pessoa que criou o relatório. Outro conjunto importante de elementos se refere à facilidade de acesso e os serviços adicionais, os dados são facilmente encontrados dentro do portal, assim como esta bastante visível o fornecimento de aplicativos,links uteis e um blog especifico para discussão e duvidas sobre dados abertos, estes são dois elementos cruciais para que o cidadão possa desenvolver um continuo interesse na utilização dos dados, pois eles estão acessíveis e possuem uma espécie de suporte para sanar dúvidas, além do aplicativo que auxilia na manipulação dos dados. Pode-se também realizar uma analise conjunta dos elementos de atualização sistemática e existência de séries históricas, em longo prazo a atualização sistemática dos dados irá dar continuidade a serie histórica desse conjunto de dados. A existência de series históricas são imprescindíveis para uma analise de determinado tema, ou situação, pois como já exposto neste trabalho, a serie histórica dá sustentação às decisões, pois mesmo representando uma situação passada ela permite a real analise do presente. Para que sejam mantidas a series históricas é necessário uma atualização sistêmica e continua dos dados, de forma pré-definida e responsável, neste aspecto pode-se aferir positivamente o programa analisado, pois nele constam series históricas de determinados conjunto de dados, assim como uma atualização continua de grande parte dos dados publicados em formato aberto. O portal da Câmara dos Vereadores de São Paulo em si, não apresenta nenhuma política de uso, privacidade ou restrição no que se refere a todas as suas publicações sejam elas em formato aberto ou fechado. No que tange a propriedade de formato e restrição ao uso ou licença, especificamente no programa dados abertos do Parlamento, não apresenta nenhuma licença ou restrição, mas quanto à propriedade, parte dos seus dados encontra-se em formato fechado, embora o programa disponibilize em abrangente catalogo de informações em formato aberto (xml) disponíveis ao usuário do dado. No elemento sobre notas metodológicas, observa-se que o programa praticamente não apresenta a metodologia utilizada para construção e compreensão dos dados, este elemento é muito importante no que se refere à metodologia, porém para que se possa analisa-lo de forma ampla talvez seja necessária a utilização de atividades adicionais de pesquisa, que já não se 50 enquadram nos propósitos iniciais deste estudo, que era a visualização dos elementos somente pela navegação dentro dos websites governamentais. O elemento abrangência e relevância está bastante visível, pois são apresentados dados de diversas naturezas, o que torna o portal mais transparente na disponibilização dos seus dados, no sentido de fornecer informações a respeito de vários aspectos, não só os contábeis e financeiros que normalmente são disponibilizados ao cidadão. Ressaltando que a disponibilidade desses conjuntos de dados nos seus diferentes aspectos podem ser encontrados em formato aberto. A padronização dos dados também é facilmente observada, visto que os dados tidos como abertos estão disponibilizados em um mesmo formato que é o xml. Existem outros formatos que são considerados abertos e já foram expostos neste trabalho. A partir do momento que todos os dados são disponibilizados em um mesmo formato aberto, essa ação por parte do órgão público responsável pelo portal pode ser considerada de grande valia ao usuário do dado, pois o dado estando em um mesmo formato sua reutilização se torna muito mais simples e rápida. No que se refere ao elemento de responsabilidade institucional foi necessário uma pesquisa externa ao portal, pois em suas informações internas não constava se existia alguma organização ou equipe responsável especificamente pela publicação dos dados, apenas alguns colaboradores indiretos. Neste caso, existe o auxilio e apoio da comunidade Transparência Hacker na implementação do programa dentro do portal da Câmara, porém para os propósitos estipulados nesta pesquisa este elemento não se enquadra na característica geral que é a visualização dos elementos dentro do próprio sitio eletrônico. E por fim o elemento que se refere à usabilidade do website governamental, a analise deste elemento também não foi possível somente pelas informações internas do portal, pois para uma analise efetiva da usabilidade das informações publicadas seria necessário testes e inspeções de usabilidade com a realização de entrevistas aos um relevante numero de cidadão para aferir se as informações divulgadas são de fato uteis a sociedade e inspeções para analisar a uma maior demanda por outro tipo de informação que não esta sendo divulgada pelo órgão público. 51 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme apresentado ao longo deste trabalho o avanço das TICs no Brasil traz significativas mudanças nas praticas sociais, governamentais, assim como inicia uma mudança cultural no acesso a informação. Para Canela (2010) as tecnologias de informação e comunicação oferecem via políticas de governança eletrônica uma oportunidade impar para resolver um antigo problema de escala em uma equação com mais de trezentos anos: nossas democracias serão tão mais consolidadas e os direitos tão mais garantidos quanto menores forem às assimetrias informacionais entre os cidadãos e o governo (cidadão de diferentes esferas sociais, empresas e governos, cidadão e empresas, entre diferentes setores do próprio governo). Essa assimetria é um grande desafio para a ampla promoção, proteção e garantia de todos os direitos humanos, bem como para a execução eficiente, eficaz das diferentes políticas públicas que devem ter lugar nas democracias. Das diferentes fases de desenvolvimento das TICs no Brasil, atualmente emerge como uma significativa ferramenta na relação governo e sociedade os Dados Governamentais Abertos. Com a expansão dessa nova pratica em diferentes esferas e níveis do governo, os dados governamentais abertos passam a entrar na agenda política dos países e desde então se torna uma temática em evidencia surgindo leis e princípios que garantam o desenvolvimento de ações que visem e incentivem a publicação dos dados em formato aberto. Assim como planos de divulgação dos conceitos e seus benefícios à gestão publica e a sociedade em geral, para que estes possam entender o real significado dos dados governamentais abertos e principalmente os benefícios ligados à abertura dos dados. A abertura de dados é algo que esta tendo significativo avanço, porém não se trata de uma pratica simples e livre de obstáculos. A expansão das iniciativas depende de fatores relevantes para sua manutenção e divulgação, os dados devem ter uma continua disponibilidade e serem usados pelos cidadãos, para que este demande a sua atualização e publicação, mas para seu uso efetivo é imprescindível que o cidadão tenha acesso à internet. Do surgimento de diversas iniciativas de implementação de dados governamentais abertos no país, este trabalho demonstrou a necessidade de se propor elementos que pudesse ser usados para analise da publicação dos dados abertos nos portais e websites governamentais, assim como aplicou estes elementos em uma experiência especifica de dados abertos. 52 Dessa proposta de 14 elementos foi possível analisar as experiências e também auxiliar na compreensão dos dados governamentais abertos, tendo como premissa inicial e exposta nesta pesquisa a observação destes elementos a partir da visualização do website governamental. Estes elementos se mostraram úteis como uma primeira proposta de analise, levando em consideração aspectos básicos e essenciais para analise de uma iniciativa de dados abertos, porém não foram considerados aspectos de nível técnico aprofundado, e sim elementos que pudessem ser utilizados e compreendidos pela sociedade em geral. Destaca-se que os elementos possuem diferentes níveis de aplicação, ou seja, alguns são facilmente visualizados, outros demandam algumas etapas de acesso para sua completa visualização e por fim alguns não puderam ser aplicados apenas através da visualização de informações internas do portal, foi necessária uma pesquisa externa ou demandariam atividades adicionais de pesquisa. No geral a aplicação dos elementos foi viável com as informações obtidas no website governamental, porém elementos importantes que procuraram medir questões como metodologia empregada na divulgação dos dados, ou alguma nota explicativa sobre a publicação e usabilidade não puderam ser aplicados de forma efetiva, devido à falta de informações e também a necessidade de técnicas adicionais. Vale ressaltar que está pesquisa inicia uma primeira proposição de elementos, que podem ser aprofundados e aprimorados para analises futuras, e que também outros elementos podem ser propostos, mas percebeu-se a necessidade de iniciar a analise das iniciativas de dados abertos governamentais através de elementos básicos, que podem demonstrar uma tendência ou as diferentes formas e padrões que os dados estão sendo publicados dentro dos portais governamentais. Os dados governamentais abertos apresentam significativas perspectivas, mas ainda demandam relativo crescimento para o seu efetivo aproveitamento. Com este trabalho também procurou-se demonstrar a potencialidade do tema, assim como elementos para analise destas iniciativas e o seu dialogo com praticas e políticas de governo eletrônico, transparência publica e controle social. 53 E por fim observou-se que a partir da proposição destes elementos, os governos, os movimentos independentes e a própria sociedade tem demonstrado interesse pelos DGA e seus benefícios, resultando no significativo crescimento das iniciativas. Diante disso fica a contribuição acadêmica para o tema e principalmente a sugestão de elementos de analise de publicação de dados governamentais abertos. E que estes possam futuramente colaborar para a construção de modelos de avaliação das experiências de dados governamentais abertos, que assim como outras iniciativas e políticas que ao longo do tempo expandiram e puderam ser medidas e mensuradas através de modelos de avaliação consistentes e respeitados. 54 6. 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