A EDUCAÇÃO E A INCLUSÃO DIGITAL: DILEMAS E DESCOMPASSOS Osmar Hélio Alves Araújo Universidade Federal do Ceará – UFC [email protected] Carlos Alexandre Holanda Pereira Universidade Estadual do Ceará – UECE [email protected] RESUMO Com o decurso do século XXI, imbuído pelas transformações tecnológicas, dilemas e descompassos pairam sobre o cenário educacional em relação aos avanços tecnológicos. Principalmente a respeito de um processo educativo tempestivo para a concretização da inclusão do homem no cenário tecnológico. Nesse contexto, pretendemos discutir a respeito da educação e a inclusão digital. Buscando enfatizar o papel da educação no processo de inclusão do homem no aludido cenário. Nesse sentido, buscou-se embasamento teórico a partir dos estudos de Sibilia (2014), Silva (2015), entre outros. Em suma, foi possível compreender que a educação assume papel essencial no processo de viabilizar ao homem as condições de acesso ao cenário tecnológico, sobretudo, no processo de alfabetização digital para, assim, dirimir a exclusão digital no cenário contemporâneo. Palavras-chave: Educação. Inclusão digital. Contemporaneidade. INTRODUÇÃO Para refletir a respeito da educação na sociedade contemporânea, marcada pelos avanços tecnológicos, faz-se imperioso discutir questões acerca da tecnologia, uma vez que os avanços tecnológicos têm implicações diretas no processo educacional. Pois o homem carece transitar, cada vez mais, no cenário tecnológico, uma vez que o seu processo de inclusão social está correlato a sua inserção no contexto digital. Nesse sentido, impende indagar: é função da educação oportunizar ao homem uma formação capaz de suprir suas necessidades no século XXI, sobretudo, no que se refere ao uso adequado dos artefatos tecnológicos? Pois, se percebe que o homem, muitas vezes, apropriase e faz uso da tecnologia sem está cônscio dos seus impactos na vida diária. Nesse contexto, pretendemos discutir a respeito da educação e a inclusão digital, visto que os diferentes artefatos tecnológicos apresentam-se tempestivos para a dinamização do XII EVIDOSOL e IX CILTEC-Online - junho/2015 - http://evidosol.textolivre.org 1 processo ensino e aprendizagem e a educação é um processo essencial para a formação de cidadãos autônomos e criativos no uso profícuo da tecnologia. Nesta perspectiva, faz-se necessário traçarmos um cenário da realidade brasileira e internacional a respeito da articulação entre a educação e a inclusão digital para uma melhor visualização e compreensão deste universo difuso e em permanente mutação. Com respeito a isso, Gomes e Duarte (2011) expõem a partir das pesquisas realizadas pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) que a inclusão digital ainda não evoluiu nas escolas brasileiras. Visto que, o Brasil ficou em última posição numa lista de 38 países avaliados em relação ao número de computadores por aluno. Assinalam, ainda, que as escolas brasileiras oferecem, em média, um computador para cada 6,25 estudantes — ou 0,16 computador por aluno. Assim, evidencia-se a convicção de que se faz necessário iniciativas de discussões a respeito da tecnologia e a educação. Uma perspectiva importante, a nosso ver, desemboca na reflexão sobre os dilemas e descompassos que estão envolto da inclusão do homem na sociedade digital. Pois, é notória a evidência de que a legitimação da inclusão social do homem deve ser acompanhada pela evolução dos tempos, avanços tecnológicos e mudanças políticas e culturais. REFERENCIAL TEÓRICO A sociedade contemporânea, marcada por constantes e sucessivas mudanças, fruto das inúmeras transformações tecnológicas e globalização, o ser humano vive o dilema de corresponder às exigências e necessidades que lhe são impostas como condição para a efetivação da cidadania e garantia de inclusão no meio social, científico e político. Dessa forma, recorremos à asserção de Sibilia (2012, p. 16), em alusão ao panorama da generalização, triunfalismo dos dispositivos tecnológicos, com o fito de robustecer nossas ideias a respeito das transformações desencadeadas no limiar do século XXI. Diz ela: De fato, ainda que ela tenha prosperado no curto prazo de uma mesma geração, trata-se de uma transformação tão intensa que costuma despertar toda sorte de perplexidades, especialmente naqueles que não nasceram imersos no novo ambiente, mas atravessaram essa mutação e agora sentem seus efeitos na própria pele. 2 Assim, vislumbra-se o papel inegável da educação como um processo que proporcionará a formação humana, científica e tecnológica essencial para o cidadão acompanhar e conectar-se à sociedade da informação, de forma a usufruir dos diversos aparatos tecnológicos. Desse modo, faz-se necessário a educação oportunizar um processo educativo correlato com o contexto vigente, de forma que a educação acompanhe o ritmo acelerado e dinâmico dos processos que envolvem a cultura tecnológica e, por consequência, o meio social e político. Entretanto, mesmo diante de preceitos constitucionais que asseguram o provimento de equipamentos e recursos tecnológicos digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar de ensino fundamental e médio do contexto brasileiro (PNE, 2014), e conforme assinalado por Sibilia (ibidem, p. 83): "desde então, são infinitas as propostas didáticas que tentam atualizar a escola, incorporando não só as brincadeiras e a diversão, mas também as diversas mídias: desde o jornal e o cinema até a televisão e a internet." Todavia, a inclusão digital na educação continua a ser um dique a ser enfrentado pela escola. Embora a sociedade da informação/digital está a delinear uma estratificação quanto aos seus usuários, muitos cidadãos permanecem excluídos por não apresentarem, deterem as habilidades necessárias para adaptarem-se às situações de acesso ao mundo digital, criarem conhecimento e usufruírem das tecnologias no cotidiano. Sendo, portanto, literalmente excluídos da sociedade da informação e comunicação. É importante destacar que Silva (2015) assinala que o Brasil tem condições de superar esse atraso e os descompassos existentes. Todavia, adverte que isso só será possível se começar a fazê-lo hoje. Para que essa situação não se perpetue nas gerações vindouras, ou seja, a continuidade do elevado índice de excluídos da era digital. Assim, faz-se essencial que a educação trabalhe de forma acurada para desencadear transformações no processo educativo vigente. Posto que, a inclusão do homem no cenário tecnológico é mais um desafio que urge ser superado para, assim, assegurar-se a sua inclusão plena na sociedade globalizada. Nesta perspectiva, faz-se oportuno a escola, desde cedo, oportunizar ao aluno o acesso às novas tecnologias a fim de robustecer a igualdade de direitos e assegurar a inclusão digital. E, desse modo, contribuir para a (re)construção de uma sociedade desenvolvida sob a égide de uma educação inclusiva, equânime e de qualidade com esteio nos avanços tecnológicos. 3 O desafio, portanto, está posto: como a educação poderá incluir o cidadão no contexto digital? Quais as políticas públicas em nosso país que buscam e asseguram a inclusão digital? Respostas e estudos têm sido buscados nesse viés com o propósito de descortinar os descompassos que estão envoltos da educação e do desenvolvimento tecnológico. E, assim, superar o dilema dos índices do analfabetismo digital, pensar uma nova educação e construir uma escola que se configure em conectividade com a evolução tecnológica. Pois, a inclusão digital contribui para fazer aflorar mudanças de paradigmas no campo educativo, bem como para implantação de um processo pedagógico inovador, criativo. E, portanto para a sedimentação de uma formação escolar sólida e imbuída pelas reais necessidades que o cidadão da sociedade contemporânea apresenta, emanadas da era tecnológica. Faz-se oportuno ressaltar que é imprescindível a execução de políticas públicas que incentivem e oportunizem o envolvimento dos diferentes segmentos da sociedade com projetos de inclusão digital, estimulem a contínua formação e atualização profissional correlacionada ao uso de forma correta dos recursos tecnológicos disponíveis. E, em consequência, a produção, criação de conhecimentos de forma laboriosa, a emancipação social e o pleno exercício da cidadania. Pois concretizar a inclusão digital significa, sobretudo, democratizar o acesso ao mundo da informação e da comunicação, robustecer a cidadania, fazendo desdenhar-se do cenário atual a exclusão digital. O que exige investiduras, pesquisas imprescindíveis a fim de fazer cercear concepções pedagógicas tradicionais, mecanicistas ventiladas desde os tempos remotos e que vogou durante anos. Em suma, cabe à educação corporificar as necessárias mudanças com o objetivo de acompanhar esta sociedade imbricada pela globalização, produção ilimitada de conhecimento e pela crescente popularização do acesso a informação por meio dos avanços tecnológicos em seus diferentes artefatos. Contribuindo para que a inclusão digital esteja interligada ao currículo escolar a fim de potencializar o processo escolar e promover o desenvolvimento da população interface às exigências do cenário contemporâneo. CONCLUSÃO Para que as questões condensadas neste corpo teórico deixem o papel, faz-se necessário a elaboração e execução de preceitos constitucionais que se configurem pelo ditame de projetos que oportunizem o envolvimento da sociedade com o cenário midiático. 4 Os quais penetram, vertiginosamente, o campo educacional. Para superar-se os dilemas e descompassos do processo da inclusão digital brasileira e dirimir os índices do analfabetismo digital que perduram no cenário contemporâneo. A educação, neste processo, é um contexto tempestivo para o fomento de aprendizagens a respeito do uso diário e profícuo dos recursos tecnológicos disponíveis, em consequência, o desencadeamento de um processo de fortalecimento da cidadania por meio da inclusão digital. REFERÊNCIAS BRASIL. Congresso Nacional. Plano Nacional de Educação PNE. Brasília, 2014. SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão; tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. SILVA FILHO, Antonio Manoel da. Os Três Pilares da Inclusão Digital. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/024/24amsf.htm>. Acesso em: 01 mar. 2015. RODRIGO G.; DUARTE, A. “Brasil é o último em inclusão digital nas escolas”, O Globo, 30 de jun. 2011. Disponível em: http://noblat.oglobo.globo.com/noticias/noticia/2011/06/brasil-oultimo-em-inclusao-digital-nas-escolas-389439.html Acesso em: 01 mar. 2015. 5