Theodory de Bry - Ilustração do relato das viagens de Hans Staden ao Brasil Antonio del Pollaiuolo, Batalha dos Dez Homens Nus, 1465-70 Aristóteles - Poética “ O Poeta é um imitador, como o pintor e qualquer outro artista. E imita necessariamente por um dos três modos: as coisas, tal como eram ou como são; tal como os outros dizem que são, ou que se parecem; tal como deveriam ser. Expressa essas coisas por meio de um discurso que consiste de metáforas e vocábulos estrangeiros, e faz muitas modificações nas palavras, pois que aos poetas tal consentimos. Além disso, o julgamento do que é correto difere na poética e na política, e em outras artes. Na poética, o erro se manifesta de duas maneiras: erro de arte e erro acidental. Caso o poeta decida imitar determinado original e não o faça por se incapaz de fazê-lo, é erro de arte; caso se engane ao conceber o objeto de imitação – como se desejasse imitar um cavalo com as duas patas direitas em movimento – , o erro não é inerente à arte, como não o é em relação à medicina, ou outra arte específica, ou quando se imita algo impossível.” Até o fim do século XVII, a idéia de produção artística ligava-se a um recurso retórico de manutenção dos padrões de produção, de inserção dentro de um modelo digno de ser copiado. O que teria ocorrido, portanto, com os primórdios da literatura brasileira? A literatura européia teria sido abacaxizada, ou seja, inserida num ambiente tropical, mantendo suas principais características temático-formais, ou a produção literária colonial, desde seu início, desenvolveuse com seus próprios pés, criando, por si só, uma literatura característica de um país tropical?