Universidade de Brasília (UnB) Instituto de Ciências Humanas (IH) Departamento de Serviço Social (SER) Programa de pós-graduação em Política Social Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Seguridade Social e Trabalho Seguridade Social na Conjuntura Atual Prof. Evilasio Salvador Considerações Iniciais A seguridade social é uma das principais conquistas sociais da CF A concretização da conquista passa pela efetivação do Orçamento da Seguridade Projeto neoliberal tem na sua agenda um amplo leque de “reformas” com ataques a seguridade social Os recursos das fontes seguridade social desempenha um papel relevante na política econômica pós-1994 Seguridade Social e Política Econômica Recursos que compõem as fontes de financiamento da seguridade social garantem as metas de superávit primário. 18 anos de saque aos recursos da seguridade social: FSE (1993), FEF, DRU (2011) O orçamento público é espaço de luta política As despesas da seguridade social estão infladas com gastos que são do orçamento fiscal A conformação orçamentária atual não fortalece o conceito de seguridade social na sua totalidade O Estado Social no Brasil não reduz desigualdades sociais: Financiamento regressivo (quem sustenta são os trabalhadores e os mais pobres), que não faz redistribuição de renda Políticas sociais com padrão restritivo e básico, não universalizando direitos Distribuição desigual dos recursos no âmbito da seguridade social e, ainda, transferência de recursos para o orçamento fiscal Importância da Seguridade Social Divergências na concepção sobre financiamento da seguridade social Princípio da totalidade X separação das fontes de custeio - Mix de receitas tributárias mais contribuições sobre folha salário para Fundo da Seguridade Social - Separação das fontes com três “orçamentos independentes” - Não logrou êxito formal/administrativo: regulamentação por três leis distintas Quem financia a seguridade social brasileira? O financiamento traz pistas sobre caráter redistributivo da política social As contribuições sociais são exclusivas – atender finalidade específica Características dos tributos: direto x indiretos, progressividade x regressividade Bases econômicas: consumo, renda e patrimônio Seguridade Social: Distribuição do percentual das Fontes de Recursos 2000-2007 Seguridade Social em 2008 Orçamento Seguridade Social – TCU, em 2008 Tabela 47 Participação da DRU no Superávit Primário Valor em R$ Bilhões, Deflacionados pelo IGP-DI Participação da DRU (a /b) Ano DRU (a) Superávit Primário do Governo Central (b) 2000 32,20 44,31 72,66% 2001 32,08 41,90 76,56% 2002 32,48 55,13 58,92% 2003 33,89 58,96 57,49% 2004 34,90 64,92 53,76% 2005 36,28 63,14 57,47% 2006 35,83 54,89 65,27% 2007 40,69 62,46 65,15% 278,35 445,70 62,45% Total Fonte: STN. Elaboração própria. 10 Previdência Social: Distribuição do percentual das Fontes de Recursos 2000-2007 Financiamento Seguridade por base de incidência (2000 a 2007) Receitas da Seguridade Social (1) R$ milhões (média anual) % Renda (Tributo direto) 85.251,56 30,87% Recursos Ordinários (fontes 100 e 300) 17.822,62 6,45% Contribuição dos Empregados para Seguridade Social (2) 35.477,84 12,85% CSLL 18.993,95 6,88% 523,22 0,19% Contribuição previdenciária dos servidores (fontes 156 e 356) 5.001,10 1,81% CPMF (somente Pessoa Física) (3) 7.432,82 2,69% 171.674,04 62,16% COFINS 72.571,32 26,28% Contribuição das Empresas para Seguridade Social (4) 79.989,75 28,96% CPMF (somente Pessoa Jurídica) (3) 19.112,97 6,92% Outros 19.235,90 6,97% Outras Contribuições Previdenciárias (5) 10.226,12 3,70% 9.009,78 3,26% Contribuição Pensão Militares Consumo (Tributos Indiretos) Outras Receitas (6) Total Fonte: SIAFI/SIGA Brasil, STN e Aeps- Infologo. 276.161,50 100,00% Tabela 25 Execução orçamentária Seguridade Social (Valores Liquidados)(1) Valores em R$ bilhões, deflacionados pelo IGP-DI Fundos 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 10.446,72 11.988,59 13.501,98 15.500,50 Em valores constantes FNAS 6.144,17 FRGPS 6.783,32 8.243,91 8.426,75 146.777,14 152.463,21 167.091,62 156.165,92 166.327,07 177.780,74 192.379,20 FNS 42.947,77 41.591,28 41.814,16 40.124,41 39.985,99 40.229,01 41.511,74 45.462,46 Total 49.091,94 195.151,74 202.521,27 215.642,78 206.598,62 218.544,67 232.794,46 253.342,16 Participação % FNAS 12,52% 3,48% 4,07% 3,91% 5,06% 5,49% 5,80% 6,12% 0,00% 75,21% 75,28% 77,49% 75,59% 76,11% 76,37% 75,94% FNS 87,48% 21,31% 20,65% 18,61% 19,35% 18,41% 17,83% 17,95% Total 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% FRGPS Em % do PIB FNAS 0,24% 0,27% 0,32% 0,33% 0,43% 0,49% 0,54% 0,58% FRGPS 0,00% 5,91% 5,97% 6,46% 6,49% 6,84% 7,13% 7,15% FNS 1,68% 1,68% 1,64% 1,55% 1,66% 1,65% 1,66% 1,69% Total 1,92% 7,86% 7,93% 8,34% 8,59% 8,99% 9,34% 9,42% Fonte: SIAFI/SIDOR/SIGA Elaboração própria Nota: (1) Valores liquidados nos fundos das seguridade social, independente da função. Destino dos recursos 10,01% do PIB (2000) para 11,91% (2007) Saúde reduz participação no montante do OSS de 17,16% para 15%. Baixo gasto com saúde (56% gasto é privado) Previdência responde, em média, 77% montante do OSS Assistência 3,76% (2000) para 8,11% (2007) Transf. renda (PBF) – 0,20% para 3,02% Assistencialização da proteção social Gastos com inativos da União – 16,5 (2007) RGPS 58% OSS 15 Destino dos recursos 10,01% do PIB (2000) para 11,91% (2007) Saúde reduz participação no montante do OSS de 17,16% para 15%. Baixo gasto com saúde (56% gasto é privado) Previdência responde, em média, 77% montante do OSS Assistência 3,76% (2000) para 8,11% (2007) Transf. renda (PBF) – 0,20% para 3,02% Assistencialização da proteção social Gastos com inativos da União – 16,5 (2007) RGPS 58% OSS 16 Despesas “infladas” por outros gastos Em 2009, R$ 389 bilhões executados – Previdência, Saúde e Assistência Social R$ 46,8 bilhões em outras funções Beníficios previdenciários dos servidores públicos federais (R$ 50 bilhões) Assistência médica e odontológica aos servidores, auxílios diversos (alimentação, creche etc). Saúde – hospital dos militares, câmara deputados etc Fundos públicos da Seguridade Social 76% dos recursos passam pelos fundos. Na Assistência Social, apenas 60% FRGPS – mais significativo. A previdência básica responde pro R$ 186,7 bilhões. Previdência – dificuldades para universalizar o direito: a) Mudanças no perfil das aposentadorias b) Apenas 47% da PEA tem proteção previdenciária c) 77% da pop. Idosa, contudo, cada vez mais dependente da Assistência Social 1995 a 2006 – Pop. Idosa cresce 50% – Benefícios INSS = 51,5% – BPC e RMV = 163% 18 Tabela 30 Cobertura previdenciária da população idosa (1995-2006) Anos População idosa (a) Total de Benefícios (1) (b) RMV + BPC (c ) Cobertura (2) (b)/(a) Part. Benef. Assitencial (c )/(a) 1995 12.719. 198 9.668.775 501.944 76,02% 3,95% 1996 13.267. 022 10.121.027 501.438 76,29% 3,78% 1997 13.501. 830 10.280.976 504.926 76,15% 3,74% 1998 13.914. 371 10.666.918 581.332 76,66% 4,18% 1999 14.512. 803 11.216.129 650.330 77,28% 4,48% 2001 15.457. 823 11.976.960 740.876 77,48% 4,79% 2002 16.176. 740 12.590.131 821.759 77,83% 5,08% 2003 16.918. 941 13.194.306 873.172 77,99% 5,16% 2004 17.662. 715 13.659.521 1.114.178 77,34% 6,31% 2005 18.193. 915 14.238.114 1.223.464 78,26% 6,72% 2006 19.077. 347 14.647.082 1.319.443 76,78% 6,92% Variação 1995/ 2006 49, 99% 51,49% 162,87% - - Fonte: Microdados da PNAD e base de dados AEPS – I nf ologo Elaboração própria Notas: 1) O total de benefícios inclui o recebimento de aposent adoria e/ou pensão ou benefício assistencial de qualquer regime de previdência pública básico: INSS ou Regime Próprio de Pre vidência dos funcionários públicos básico: INSS ou Regime Próprio de Previdência dos funcionários públicos. Contabiliza apenas uma pessoa para o caso de benefícios acumulados. 2) Os dados da cobertura total da população idosa f oram elaborados pelo IPEA com base nos microdados da PNAD e publicado no anexo d o Boletim de Políticas Sociais, nº 15 (2008) Cobertura previdenciária (sexo e raça) FNS e o perigoso mix públicoprivado Nem tudo é gasto com saúde. Ex. R$ 26,6 bilhões de gastos com aposentadorias Tensão permanente de inflar os recursos da saúde com ações não específicas dessa política Gasto instável ao longo do período. Aumenta a participação de Estados e Municípios e reduz participação da União. Reduz a partic. gastos com assistência hospitalar e ambulatorial (60% para 52%) e sobe a partic. gastos com atenção básica (13% para 18%). 21 FNS e o perigoso mix públicoprivado O setor privado responde por 2/3 da oferta de leitos para internação 56% dos leitos do SUS são disponibilizados pela rede privada (duas filas) – “sem planos de saúde” e os com “planos de saúde”. Saúde Básica – PSF e contra-reforma do Estado Descentralização rápida nas três esferas Orientação de política focalizada de saúde, priorizando a atenção básica desarticulada da atenção secundária e terciária Agentes da própria comunidade, com a utilização de poucos recursos, baixa tecnologia, em outras palavras, uma alternativa pobre de política de saúde voltada para os pobres. 22 FNAS – Quase tudo é BPC Dificuldades para institucionalização Pulverização e fragmentação das ações Desvio de recursos para outras ações que não são da política de assistência social Parcos recursos para serviços socioasssistenciais Quase tudo para o BPC Redução de transferência de recursos para estados e municípios 23 Reforma Tributária e Seguridade Social Os tributos que serão extintos com a reforma tributária deverão alcançar o montante de R$ 235 bilhões. Essas receitas são vinculadas exclusivamente para fundos sociais que financiam as políticas da seguridade social (assistência social, previdência e saúde), educação e trabalho. A sua extinção significa o desmonte do financiamento da política social, conforme a estrutura de receitas exclusivas definida na Constituição, desde 1988. Reforma Tributária e Seguridade Social Os recursos passarão a ser repassados pelo orçamento fiscal. Vantagens das contribuições em relação aos impostos As políticas sociais de saúde, de assistência social, de previdência, de educação e do trabalho terão que disputar recursos no orçamento fiscal com os governadores e prefeitos, e empresários CRITÉRIOS DE JUSTIÇA FISCAL RELATIVOS À SEGURIDADE SOCIAL Exclusividade das fontes e autonomia orçamentária Atendimento em cada período fiscal ao princípio da demanda por direitos sociais já regulamentados Não existência de teto físico-financeiro aos orçamentos sociais Instituição de um Fundo Nacional da Seguridade Social Progressividade na tributação das fontes de recursos Agenda para o debate Fontes de financiamento – construir a progressividade Integração entre as política (benefícios e serviços) Instituir o orçamento, conforme a CF Universalidade dos direitos (reforma das leis orgânicas) Conselho Nacional da Seguridade Social Fim da DRU