Diário Corumbaense - Corumbá - MS - Sexta-feira, 1º de agosto de 2014 - ANO: VIII - Edição: 1780 Coluna 9 Dicas Dica de Filme Cinema Paradiso Elenco: Philippe Noiret, Jacques Perrin, Salvatore Cascio Gênero: Comédia dramática País: Itália, França BRINCADEIRAS DO ANTIGAMENTE “Depois de grande, não brincamos mais”, essa é uma das frases que ouço de adultos. E sempre percebo um sentimento saudosista em relação a esse tempo que não volta mais. Um tempo em que as crianças não tinham muitos brinquedos e nem havia tanta variedade destes, por isso mesmo brincavam mais e sem saberem construiam amizades e faziam trocas afetivas que ficavam para sempre. Esses adultos ainda se lembram das palavras utilizadas para nomear as brincadeiras e brinquedos de sua infância. Classificadas como nomes ou substantivos, as palavras que nomeiam fatos, pessoas, seres, dentre outros, constituem a classe mais numerosa de palavras do nosso idioma. Em Corumbá, algumas brincadeiras levavam o nome popular da canção cantada na brincadeira, tal como em, Ciranda, cirandinha; que consistia em simplesmente brincar de roda e girar para um lado e outro, sempre recomeçando a brincadeira; parte da canção dizia “o anel que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou”. Havia a brincadeira da canção “Fui à Espanha buscar o meu chapéu”; a da canção “O barco virou no fundo mar”; a do “Fui ao tororó”, brincadeira em que os participantes brincavam de roda e, um deles, o escolhido, dirigia-se ao centro e recitava uma poesia. A “Dança da serpente que vem lá do monte” era outra brincadeira em que as crianças ficavam à espera do líder que descia do monte e passava cantando e recolhendo uma a uma cada criança para compor a longa cauda da serpente. A do “Bem-te-vi caiu no poço”, que consistia em salvar alguém, o prêmio ao salvador podia ser escolhido entre um abraço, um beijo ou um aperto de mão. Na do “Guarda bem seu anelzinho”, um anel era deixado nas mãos de uma das crianças participantes; as demais deveriam adivinhar quem estava com o anel, aquele que adivinhasse seria o novo líder e quem passaria o anel. “Meu amor ficou doente”; similar ao Bem-te-vi caiu no poço, um participante seria o escolhido para curar aquele que ficou doente, o apontado como salvador ganharia uma pera/um aperto de mão, uma uva/um abraço ou uma maçã/um beijo. Também havia outras brincadeiras, tais como, Pegador; Queimada; Cola pau; Amarelinha; Esconde-esconde; Corre cotia; O pote quebrou; Pedra, papel e tesoura; Derruba casinha; Pau de sebo; Cabra cega; Jogar a peteca; o Bambolê; Pula corda; Roda pião; Sete marias (era preciso sete pedrinhas, uma era atirada para o alto enquanto o jogador teria que pegar as outras seis do chão de uma única vez); Jogar bolita ou bola de gude; soltar Pandorga (Papagaio ou Pipa), essa última ainda é muito popular em Corumbá e em outras regiões do país. Parece que nas brincadeiras do antigamente, o mais importante eram os amigos e não o brinquedo, as crianças gostavam de ficar juntas e misturadas, a brincadeira era sempre em equipe. Hoje, grande parte das crianças brinca sozinha e se fecha em seu quarto com videogame, celular e outros itens tecnológicos e quase não faz lazer coletivo, os jogos eletrônicos se tornaram preferência nacional e o diálogo encontrou lugar nas redes sociais. Uma pena. É importante que pais e professores ensinem às crianças as brincadeiras populares do antigamente para que essa tradição não se perca. Até a próxima semana! Rosangela Villa é Dra. em Linguística da língua portuguesa, com atuação em Sociolinguística. É professora do Mestrado em Estudos de Linguagens, Mestrado em Estudos Fronteiriços e do Curso de Letras da UFMS. Contato para sugestões: [email protected]. Sinopse Direção: Giuseppe Tornatore Lançamento: 1988 Duração: 2h35min Nos anos que antecederam a chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Toto (Salvatore Cascio) ficou hipnotizado pelo cinema local e iniciou uma amizade com Alfredo (Philippe Noiret), projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando Toto (Jacques Perrin), agora um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que Alfredo faleceu. Dica de Livro Cegueira Moral Editora: Zahar Edição: 1 Ano: 2014 Idioma: Português Páginas: 264 Sinopse Subtítulo: A Perda Da Sensibilidade Na Modernidade Líquida Autor: Zygmunt Bauman Tradução: Carlos Alberto Medeiros O mal não está restrito às guerras ou às circunstâncias nas quais pessoas atuam sob condições de coerção extrema. Hoje ele se revela com frequência na insensibilidade diária diante do sofrimento do outro, na incapacidade ou recusa de compreendê-lo e no desejo de controlar a privacidade alheia. A maldade e a miopia ética se ocultam naquilo que consideramos comum e banal na vida cotidiana. Esse livro é composto por cinco diálogos de Zygmunt Bauman com Leonidas Donskis, filósofo, cientista político e historiador das ideias, professor de ciência política na Universidade de Vytautas Magnus, na Lituânia, e membro do Parlamento Europeu.