03 de novembro de 2015
Visão do Estrategista – Outubro 2015
O mês de outubro foi marcado por um desempenho extremamente positivo das principais bolsas mundiais. Os destaques do
mercado ficaram para (i) as expectativas acerca da elevação dos juros nos Estados Unidos, (ii) a adoção de medidas para
combater a desaceleração econômica em curso na China e (iii) o pessimismo com o cenário político e econômico no Brasil.
Nos Estados Unidos, os índices acionários fecharam em forte alta em outubro (S&P 500 +8,30%), influenciados por sólidos
indicadores econômicos e pela decisão do Federal Reserve (Fed, BC) de manter inalterada política monetária do país.
Em outubro, o Fed anunciou a decisão de manter as taxas de juros dos EUA próximas a zero, contrariando parte das
expectativas do mercado, alegando que ainda há riscos globais que podem "frear a economia". Após a reunião, o Fed informou
que ainda está monitorando os desenvolvimentos econômicos e financeiros no exterior, mas não repetiu que os riscos globais
terão impacto provável na economia, como havia advertido na reunião anterior, em setembro. A omissão marcou uma
suavização no tom quando comparado ao comunicado do mês passado. A taxa básica de juros vem sendo mantida no piso
histórico desde o final de 2008. A última elevação ocorreu em junho de 2006. Neste ano, o Fed adotou a estratégia de avaliar
de reunião em reunião o momento daquela que será a primeira alta de juros desde junho de 2006, tomando a decisão
baseando-se apenas no fluxo de indicadores econômicos. Janet Yellen, presidente da instituição, tem deixado claro que
preferiria adiar a alta da taxa de juros por muito tempo do que agir mais cedo e correr o risco de afetar recuperação econômica.
Em relação aos dados econômicos, tivemos no mês a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que evidenciou uma
desaceleração no terceiro trimestre do 2015, ao registrar avanço anualizado de 1,5%, informou o Departamento de Comércio.
O resultado ficou abaixo do registrado no trimestre anterior, quando chegou a 3,9% de crescimento. A previsão dos
economistas era de que a expansão seria de 1,6% no terceiro trimestre. A divulgação do PIB no Brasil e em diversos outros
países considera um cálculo diferente, no qual a atividade econômica do período é comparada com o trimestre imediatamente
anterior. Por este critério, o PIB dos EUA cresceu 0,37% no terceiro trimestre em relação ao segundo. Segundo informou o
governo dos EUA, o crescimento perdeu força no trimestre porque as empresas diminuíram a reposição dos estoques. O
consumo interno tem se mostrado sólido no país. A despesa dos consumidores cresceu 3,2% no período, acima do resultado
do 2º trimestre. As empresas acumularam US$ 56,8 bilhões em estoques no terceiro trimestre, o menor nível desde o primeiro
trimestre de 2014, e muito abaixo dos US$ 113,5 bilhões do período entre abril e junho deste ano. Houve quedas em estoques
da indústria, do atacado e do varejo. O pequeno acúmulo de estoques tirou 1,44 ponto percentual do crescimento do PIB no
terceiro trimestre, maior nível desde o quarto trimestre de 2012. Porém o peso dos estoques foi compensado pelos
consumidores, beneficiados pela gasolina mais barata e pelos mercados imobiliário e de trabalho firmes. O crescimento das
exportações desacelerou no terceiro trimestre. O peso, no entanto, foi minimizado pela desaceleração nas importações,
especialmente de automóveis, deixando neutro o impacto do comércio no crescimento do PIB.
Indo para Europa, os principais índices acionários da região também encerraram o mês em forte alta, com o composto da
região (Stoxx Europe 50) fechando em +10,24% em outubro, em meio ás divulgações de forte indicadores econômicos.
Na zona do euro, índice de gerentes de compras (PMI) composto subiu para 54,0 em outubro, de 53,6 em setembro, segundo
dados preliminares publicados pela Markit Economics. As expectativas eram de queda do indicador, a 53,3. Leituras acima de
50,0 indicam expansão da atividade. Apenas o PMI industrial do bloco ficou inalterado em outubro ante o mês anterior, em
52,0. O dado, porém, também veio melhor que a previsão do mercado, de queda a 51,7. No setor de serviços da zona do
euro, o PMI teve alta para 54,2 neste mês, de 53,7 em setembro, ficando bem acima da expectativa, que era de declínio a
53,5. A confiança na economia da zona do euro subiu de 105,6 em setembro para 105,9 e outubro. Analistas esperavam uma
queda para 105,1. Já o indicador de clima para negócios subiu de 0,34 em setembro para 0,44 em outubro. As expectativas
eram de queda do indicador para 0,31. A confiança industrial subiu de -2,2 em setembro para -2,0 em outubro. As projeções
apontavam para -2,7. A confiança em serviço caiu para 11,9 em outubro, de 12,4 em setembro. As expectativas eram de
12,0. E, por fim, a confiança do consumidor se manteve estável em outubro, em -7,7, resultado em linha com as expectativas
do mercado. A base monetária (M3), uma ampla medida do dinheiro disponível no bloco, subiu 4,9% em setembro ante igual
mês do ano passado, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central Europeu (BCE). As expectativas eram de aumento
de 5,0%. Na média móvel de três meses até setembro, a oferta monetária mostrou alta de 5,0%, vindo em linha com a
projeção do mercado. Os empréstimos ao setor privado, por sua vez, cresceram 0,6% na comparação anual de setembro,
após avançarem em ritmo mais forte no mês anterior, de 1,0%. A produção industrial caiu 0,5% em agosto ante julho,
segundo dados divulgados pela Eurostat, sugerindo que a o enfraquecimento econômico da China e de outros grandes países
em desenvolvimento começa a afetar a recuperação do bloco europeu. A variação mensal veio exatamente em linha
com as expectativas. Na comparação anual, a produção industrial da zona do euro cresceu 0,9% em agosto. O dado, porém,
ficou aquém do esperado, uma vez que os analistas estimavam uma alta de 1,7%.
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Os números da produção em julho foram revisados pela Eurostat, passando a mostrar aumento mensal de 0,8% e ganho
anual de 1,7%. O índice de preços ao consumidor (CPI) caiu 0,1% em setembro ante igual mês do ano passado, segundo a
Eurostat. O resultado confirmou a leitura preliminar de setembro e veio em linha com as expectativas. A meta de inflação do
Banco Central Europeu (BCE) é de taxa anual ligeiramente inferior a 2,0%. Em relação a agosto, o CPI do bloco subiu 0,2%
em setembro, também como previa o mercado. O núcleo do CPI, que exclui os preços de energia e alimentos, avançou 0,9%
na comparação anual de setembro e registrou alta de 0,5% ante agosto. Já o superávit comercial da região totalizou 11,2
bilhões de euros em agosto, maior que o saldo positivo de 7,4 bilhões de euros registrado em igual mês do ano
passado. As exportações da zona do euro totalizaram 148,3 bilhões de euros em agosto, representando avanço anual de 6%,
enquanto as importações somaram 137,1 bilhões de euros, com alta de 3% em relação a agosto de 2014.
Adicionalmente, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou que não está claro se serão apresentadas
novas medidas para impulsionar a economia da zona do euro na próxima reunião de política monetária. Anteriormente, Draghi
havia dito que especialistas indicaram a necessidade de anunciar na reunião de dezembro a expansão do programa de compra
de títulos. Em entrevista publicada no site do BCE, Draghi destacou os riscos de desaceleração do crescimento e inflação, ao
dizer que irá demorar mais do que o esperado para que a inflação volte a meta de 2%. Segundo Draghi, comitês e funcionários
do BCE foram incumbidos de examinar a eficácia de diferentes opções para a próxima reunião. "Nós iremos decidir com base
nisso. Vamos ver se um estímulo adicional é necessário. Essa é uma questão em aberto", disse. Apesar de não se comprometer
com mais medidas na reunião de dezembro, o presidente do BCE demonstrou continuar pessimista em relação à inflação. Ele
disse que a partir do meio de 2016 para o final de 2017, a inflação irá subir gradualmente. "Irá demorar mais do que o
previsto em março para que os preços retornem à estabilidade".
Falando agora da China, o índice local de ações (FTSE China A50) fechou o mês em alta (7,71%), primeiro resultado mensal
positivo desde maio. Em outubro, o Banco do Povo da China (PBoC) anunciou cortes nas taxas básicas de juros e uma redução
no compulsório bancário. As taxas de juros de empréstimos e depósitos de um ano foram cortadas em 0,25 ponto porcentual,
para 4,35% e 1,50%, respectivamente. Esse é o sexto corte de juros anunciado pelo PBoC desde novembro do ano passado.
O PBoC também removeu o limite sobre as taxas de depósitos para bancos comerciais e cooperativas rurais, um movimento
importante em direção à promessa do governo da China de liberalização das taxas de juros. Além disso, o banco central chinês
cortou em 0,5 ponto porcentual, para 17,5%, a proporção de reservas compulsórias dos bancos. Para algumas instituições,
porém, o corte foi ainda maior. O PBoC disse que haverá um corte extra de 0,5 ponto porcentual para alguns bancos, com o
intuito de apoiar as pequenas empresas e o setor agrícola. Além disso, o PBoC repassou bilhões de dólares ao longo do mês
para 11 instituições financeiras por meio de linhas de crédito de médio prazo, em uma tentativa de impulsionar os empréstimos
a pequenos negócios e para o setor agrícola.
Falando um pouco dos indicadores econômicos, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 6,9% no segundo trimestre, na
comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado veio abaixo dos 7,0% registrados nos dois primeiros trimestres
do ano. Esta é a primeira vez que indicador fica abaixo dos 7% desde 2009, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas
do país. Ainda assim, o crescimento ficou acima das expectativas de 6,8%. Na comparação com o trimestre anterior, o
crescimento foi de 1,8%, expansão mais forte do que a registrada entre abril e junho, quando a China cresceu 1,7%. Já a
produção industrial cresceu 5,7% em setembro na comparação com o ano passado. O resultado veio abaixo das expectativas
de alta de 5,9%. Em agosto, a expansão havia sido de 6,1%. Na comparação mensal, a produção industrial subiu 0,38% em
setembro. Em agosto, a alta havia sido de 0,53% ante o mês anterior. Já as vendas no varejo do país subiram 10,9% em
setembro em relação ao mesmo mês de 2014, uma aceleração quando comparado ao avanço de 10,8% registrado em agosto.
O dado veio em linha com o projetado por analistas. Os investimentos em ativos fixos urbanos cresceram 10,3% no período
de janeiro a setembro de 2015 ante o ano passado, abaixo da projeção de 10,8% de analistas. O crescimento também foi
inferior ao registrado de janeiro a agosto, de 10,9%. As vendas de moradias na cresceram 18,2% entre janeiro e setembro
ante igual período do ano passado, totalizando 4,79 trilhões de yuans (US$ 754 bilhões). O resultado indica desaceleração
em relação ao aumento de 18,7% registrado nas vendas dos primeiros oito meses deste ano. Apenas em setembro, as vendas
de moradias tiveram alta anual de 15,6%, após avançarem em ritmo bem mais forte em agosto, de 31,5%, de acordo com
cálculos do Wall Street Journal. Já os gastos fiscais subiram 26,9% em setembro ante igual mês do ano passado, a 1,78
trilhão de yuans (US$ 281,3 bilhões), após avançarem 25,9% na comparação anual de agosto. Entre janeiro e setembro, os
gastos fiscais do governo avançaram 16,4%, a 12,07 trilhões de yuans. O índice de preços ao consumidor (CPI) avançou para
1,6% em setembro, na comparação anual com igual mês do ano passado, tendo em agosto registrado um ganho anual de
2,0%. As expectativas eram de aumento de 1,8%. O CPI também aumentou 0,1% em setembro ante agosto, na comparação
mensal. Em agosto, o avanço foi de 0,5% ante julho. Já o índice de preços ao produtor (PPI) recuou 5,9% em setembro, ante
mesmo mês do ano passado. Em agosto, o PPI também recuou 5,9% na comparação anual. O recuo ocorreu de acordo com
o esperado por economistas. O índice de gerentes de compras (PMI, índice de atividade) oficial do setor industrial ficou
inalterado em 49,8 em outubro, em relação ao mês anterior. As expectativas eram de 50. Já o PMI medido pela Caixin Media
(antes HSBC) subiu para 48,3 na leitura final de outubro, de 47,2 em setembro. O dado marca uma melhora em relação ao
observado em setembro, mas atingiu o oitavo mês seguido abaixo da marca de 50,0, o que indica contração da atividade.
Mesmo assim, essa foi deterioração mais fraca desde junho. O superávit comercial totalizou US$ 60,3 bilhões em setembro,
segundo dados divulgados pela Administração Geral de Alfândega do país. O resultado supera os US$ 60,24 bilhões obtidos
em agosto. As expectativas eram de US$ 47,6 bilhões. As exportações chinesas medidas em dólares recuaram 3,7% em
setembro ante o mesmo mês do ano passado. Economistas previam uma queda maior, de 6,5%.
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Em agosto, a queda havia sido de 5,5% na mesma base de comparação. Já as importações recuaram 20,4% neste intervalo,
queda mais forte do que os 16,5% previstos pelos analistas. Em agosto, o recuo nas importações foi de 13,8% na mesma
base de comparação. Já o investimento estrangeiro direto (IED) no país subiu 7,1% em setembro, para US$ 9,56 bilhões na
comparação com o mesmo mês do ano anterior, informou o Ministério do Comércio. No período de janeiro a setembro, o IED
na China aumentou 9% na comparação anual, para US$ 94,9 bilhões, de acordo com os dados oficiais.
Chegando agora no Brasil, o Ibovespa fechou o mês em leve alta (+1,80%), influenciado pela entrada de capital estrangeiro,
movimento abrandado pelos escândalos de corrupção e pela deterioração dos indicadores econômicos.
Em outubro, o governo revisou a meta fiscal de 2015 para um déficit primário de R$ 51,8 bilhões, o equivalente a cerca de
0,8% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior rombo fiscal da história para as contas do governo. Considerando os estados e
municípios, englobando todo o setor público consolidado, o déficit será um pouco menor, R$ 48,9 bilhões. Com a confirmação
de que as contas públicas ficarão no vermelho em 2015, serão dois anos consecutivos de resultados negativos algo também
inédito. No ano passado, o setor público registrou um déficit primário inédito de R$ 32,53 bilhões, ou 0,63% do PIB. Em 22
de julho, a meta fiscal já havia sido revisada pela primeira vez. Antes disso, o governo informava que estava buscando um
superávit primário de R$ 66,3 bilhões para o setor público, o equivalente a 1,2% do PIB, no ano de 2015. Há cerca de três
meses, essa meta foi abandonada e revisada para um superávit de apenas R$ 8,7 bilhões, ou 0,15% do PIB, valor que também
está sendo descartado. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy afirmou que uma série de fatores este ano limitaram a capacidade
de contingenciamento do governo. "Tivemos sucessivas revisões no crescimento do PIB, por várias razões e drásticas reduções
da receita e por isso também sucessivas e drásticas reduções da receita. Nossa capacidade de reagir a isso, nossa ferramenta
do contingenciamento se viu limitada", disse. Para Levy, a aprovação da agenda tributária e do Orçamento 2016, que prevê
retorno de superávit, é que irá garantir o reequilíbrio das contas públicas e a retomada do crescimento da economia. Na medida
que resolver o Orçamento de 2016 de uma maneira séria, segura, eu tenho convicção que a economia vai voltar a crescer, e
vai voltar a crescer rápido", afirmou. O reequilíbrio das contas públicas é considerado fundamental pela equipe econômica e
pelos analistas do mercado financeiro para a retomada da confiança na economia brasileira e, também, para a volta do
crescimento do PIB. O ministro Joaquim Levy tem dito que a primeira etapa para o retorno do crescimento é a retomada de
superávit para as contas públicas, seguida pela queda dos juros, aumento da demanda, alta do crédito, do emprego, dos
investimentos e queda da inflação. Seu plano também consiste em atacar problemas estruturais da economia que permitam o
aumento da oferta, por meio da reforma do ICMS e da Previdência Social, entre outros. Levy votou a defender que a solução
para o Orçamento de 2016, que prevê o retorno da CPMF, é que garantirá a volta do crescimento. "Temos que agir rápido, é
fundamental que se converta para uma solução para o orçamento de 2016, porque ele é que vai trazer a confiança que
obviamente tem uma barganha
Falando de política monetária, o Copom decidiu pela manutenção da Selic em 14,25% ao ano em outubro. Ao dizer que a
manutenção dos juros, por período prolongado, é necessária para a convergência da inflação à meta "no horizonte relevante
da política monetária", o Copom sinaliza, conforme analistas, que isso se dará apenas em 2017. No encontro anterior, em
setembro, o Copom havia indicado convergência "no final de 2016".
Entrando em indicadores econômicos, as vendas do comércio varejista restrito caíram 0,9% em agosto ante julho, na série
com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado coincide com o piso das
estimativas, que iam de queda de 0,30% até um recuo de 0,90%, com mediana negativa em 0,60%. Na comparação com
agosto do ano passado, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram queda de 6,9% em agosto deste ano. Nesse
confronto, as projeções variavam entre recuo de 3,00% e queda de 6,60%, com mediana negativa de 5,70%. Até
agosto, as vendas do varejo restrito acumulam queda de 3,0% no ano e recuo de 1,5% nos últimos 12 meses. A taxa de
desemprego apurada nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil ficou em 7,6% em setembro, estável ante agosto,
segundo dados sem ajuste sazonal divulgados IBGE. O resultado do mês passado ficou dentro do intervalo das estimativas
dos analistas, que esperavam taxa entre 7,40% e 8,10%, e abaixo da mediana de 7,80%. Já o IPCA-15 subiu 0,66% em
outubro, após aumento de 0,39% em setembro, informou o IBGE. Trata-se do maior resultado para o mês desde 2002, quando
o índice avançou 0,90%. O dado deste mês ficou dentro do intervalo de estimativas dos analistas do mercado, que esperavam
inflação entre 0,58% e 0,72%, e abaixo da mediana, positiva em 0,68%. Com o resultado anunciado em outubro, o índice
acumula alta de 8,49% nos dez primeiros meses do ano, o maior resultado para o período desde 2003 (9,17%). Já em 12
meses até outubro de 2015, o avanço chega a 9,77%, o mais elevado desde dezembro de 2003 (9,86%). O IGP-M fechou o
mês de outubro em alta de 1,89%, contra 0,95% no mês anterior. Com isso, o indicador acumulou aumento de 8,35% no ano
e de 10,09% em 12 meses, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Considerando apenas o mês de outubro, a taxa
é a mais alta desde 2002, quando chegou a 3,87%. Por fim, o IPC, que mede a inflação da cidade de São Paulo, apresentou
alta de 0,88% na terceira quadrissemana de outubro, ficando praticamente estável em relação ao resultado da segunda
quadrissemana, quando o IPC avançou 0,89%. Na terceira leitura de outubro, os custos de quatro grupos de produtos subiram
com menos força do que na prévia anterior. Em habitação, a alta nos preços diminuiu de 0,87% na segunda quadrissemana
do mês para 0,59% na terceira prévia de outubro. Em despesas pessoais, o aumento foi de 1,07% para 1,04%. Em vestuário,
de 0,79% para 0,54%. E em educação, de 0,20% para 0,11%. Por outro lado, houve aceleração nos preços de alimentação,
de +0,98% para +1,18%, nos de transportes, de +0,89% para +1,25%, e nos de saúde, de +0,76% para +0,77%.
Adicionalmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou durante o mês que parte da atual crise política é a “mudança
de discurso” do governo da presidente Dilma Rousseff em relação às promessas feitas na campanha eleitoral do ano passado.
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Na avaliação de Lula, a presidente está fazendo exatamente o que afirmou que não faria enquanto tentava conquistar mais
um mandato. O ex-presidente da República ponderou, entretanto, que a crise política "se arrastou por muito mais tempo" não
apenas por conta da mudança de discurso, mas também pela coalização política formada para tentar garantir a
governabilidade. “Nós tivemos um problema político sério, porque ganhamos as eleições com um discurso e, depois das
eleições, nós tivemos que mudar o nosso discurso e fazer aquilo que a gente dizia que não ia fazer. Isso é fato conhecido de
204 milhões de habitantes, fato conhecido da nossa querida presidenta Dilma", ressaltou Lula aos dirigentes do PT. A aliados,
o petista tem feito reiteradas críticas à política econômica do governo federal, voltada ao ajuste fiscal e ao corte de
investimentos. Lula defendeu que o ajuste fiscal se encerre "o mais rápido possível" para que o país volte a crescer. Para ele,
o Brasil não pode passar mais seis meses discutindo ajuste fiscal. “A prioridade zero nesse pais é a gente criar condições para
aprovar as medidas que a presidenta Dilma mandou para o Congresso Nacional, para que ela encerre definitivamente a ideia
do ajuste e que a gente possa ver a economia voltar a crescer, gerar emprego e para que a renda continue chegando no bolso
do trabalhador”, destacou Lula. “Sem a conclusão do ajuste, ficamos na confusão política e confusão de credibilidade muito
grande”, completou. Apesar de ter criticado o ajuste fiscal, Lula disse que não se pode colocar a “culpa” da crise econômica
no ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tem sido alvo constante de críticas dentro do PT. De acordo com o ex-presidente,
a arrecadação caiu e a culpa deve ser compartilhada. “Eu fico imaginando a situação do nosso país. A União está com pouca
capacidade de investimento, porque tem pouca capacidade de arrecadação. É por isso que Dilma mandou CPMF, uma solução
mais razoável. Mandou a MP de repatriar dinheiro lá fora. Mas o Estado está com baixa capacidade de arrecadação. É só ver
Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia. O Estado tem baixa capacidade de arrecadação e jogam a culpa em cima da Dilma.
Ela vai jogar em cima de quem? De Deus? Não pode jogar em cima do Levy. Temos que jogar em cima de nós mesmos”,
ponderou o ex-presidente.
A última pesquisa Focus semanal (30/10) trouxe alterações significativas sobre as projeções econômicas brasileiras para 2015.
Os destaques ficaram para a retração do Produto Interno Bruto (-3,02% para -3,05%) e para as expansões do IGP-M (9,59%
para 9,88%), do IGP-DI (10,11% para 10,14%) e do IPCA (9,85% para 9,91%).
Gustavo Hon, CNPI
Fontes: Broadcast, Reuters, Bloomberg e Investing.com
g.com
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