UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE MUDANÇA PESSOAL E ORGANIZACIONAL Irene Alves Teixeira Orientadora: Mary Sue Pereira Rio de janeiro 30/06/2003 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE MUDANÇA PESSOAL E ORGANIZACIONAL Apresentação de monografia ao conjunto Universitário Cândido Mendes como Condição prévia para a conclusão do curso de PósGraduação “Lato Sensu” em Reengenharia e Recursos Humanos. 3 AGRADECIMENTOS A minha família e amigos que, direta e indiretamente, contribuíram para a confecção desse trabalho acadêmico 4 DEDICATÓRIA À Maria José Teixeira, minha mãe que com seu carinho e compreensão contribuí para a confecção desse trabalho. 5 RESUMO Estando numa era em que as mudanças estão em ritmo acelerado, o que integram o cotidiano de quase todos os setores da vida, a mudança modifica o comportamento das pessoas, obrigando-as a enfrentar os medos, as incertezas, desafios e o desconhecido. O indivíduo precisa sair do mundo que conhece para se lançar em novos caminhos, mudar maneira, pensar e agir, ser flexível e ter a vontade de mudar. Nas organização a mudança vem mexendo com sua na sua cultura, para modificar sua maneira pensar e agir, pensando não só nos lucros mas também nos colaboradores, porque se as pessoas não mudarem a organização não também não muda. Os colaboradores integrando as organizações como equipe, não se prendendo uma só especialidade de serviço, mas estando aberto a novos conhecimentos e buscando sempre o aperfeiçoamento pessoal. A mudança trazendo na organização a melhoria na parte social, se preocupando com a qualidade de vida de seus colaboradores, onde a organização leva motivação para o seu ambiente interno e cria uma relação de confiança com o colaborador. Com isso a organização será recompensada com dedicação, empenho e aumento de produtividade. A tecnologia mudando a comunicação interna e externa da organização, como também, facilitando e agilizando os serviços prestados aos seus clientes e fornecedores. 6 METODOLOGIA A elaboração deste trabalho monográfico foi realizado através de uma intensa pesquisa bibliográfica, onde buscou-se base através da história e da experiência de autores com ampla vivência neste assunto. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 10 MUDANÇA 11 CAPÍTULO II 16 ORGANIZAÇÃO NO PROCESSO DE MUDANÇA 17 CAPÍTULO III 22 ESTRÁTEGIAS DE MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES 23 CAPÍ´TULO IV 37 A ORGANIZAÇÃO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL 38 CAPÍTULO V 42 A ORGANIZAÇÃO E A TECNOLOGIA 43 CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA 47 ÍNDICE 48 8 INTRODUÇÃO Toda mudança é difícil. E quem nunca viveu essa experiência? Muda de escola, de cidade, de país. valores. Mudar hábitos e costumes, de estilo de vida, de Tarefa difícil, sem dúvida, porque exige um investimento de energia física, mental e emocional, em proporções que, em muitas vezes, parecem exceder nossas possibilidades. Por isso mesmo é que, associada a ela, surge, quase que inevitavelmente, um movimento de resistência. Uma força contrária, cuja função é tentar aplacar a dose inexorável de sofrimento que toda mudança acarreta. A insegurança, medo do desconhecido. O novo representa, quase sempre, uma ameaça. Ameaça à ordem, ao estabelecido, ao já absorvido e acomodado. Por isso mesmo, é recebido, com reservas. Qualquer que seja esse “novo”, é tido como um intruso num mundo organizado e harmônico. E, porque já conhecido, um mundo “tranqüilo”. Porém, a tranqüilidade abalada por sua presença não se deve apenas ao desconforto e ao trabalho que dá rearranjar toda uma estrutura a fim de acolhê-lo. Mas muito mais à exigência de reestruturar a nossa organização interna e absorvê-lo. O novo ameaça porque, em alguma medida, impõe a tarefa, muito pouco confortável, de rever-se. Colocada nestes termos, porém, fica-se com a impressão de que mudar é um “mal necessário”, fruto do inevitável curso da vida, da qual somos vítimas. E mais: que se fosse possível , não pouparíamos esforços para manter o estado de equilíbrio, afastando males e riscos à confortável rotina. Lamentável engano. Afinal, que estado paradisíaco é esse, onde não há movimento, a não ser um estado idealizado, onde tudo é certeza. 9 Nas organizações, as mudanças estão ocorrendo a todo instante. Do lado fora, os clientes mudam seus hábitos de compra e preferência, fornecedores mudam características e preços de matérias primas, prestadores de serviços impõem alterações nas leis, e isto tudo nunca acaba. Do lado dentro, os processos de trabalho precisam ser modificados, máquinas e equipamentos são substituídos por novos, as matérias primas são alteradas, os padrões de qualidade sofrem melhorias, as pessoas precisam aprender novos conhecimentos e habilidades, os produtos e serviços são desenvolvidos e melhorados, as estratégias são aperfeiçoadas, e isto tudo também nunca acaba. 10 CAPÍTULO I MUDANÇA 11 MUDANÇA A mudança é a passagem de um estado para outro. É a transição de uma situação para outra situação diferente. Mudança representa transformação, perturbação, interrupção, fratura. A mudança está em toda parte; nas organizações, nas cidades, nos hábitos das pessoas, nos produtos e nos serviços, no tempo e no clima no dia-a-dia A mudança não surgiu de repente, pelo contrário, ela existe desde que o mundo existe. É tão velha quanto o próprio universo. E veio crescendo lentamente e acelerando a cada variável nova que foi sendo acrescentada ao nosso mundo. Tanto que cinco séculos antes de cristo, Heráclito, um conhecido filósofo, já dizia que a única constante do mundo é a mudança. Para ele, o mundo caracterizava-se pela constante mudança. Tudo muda, mesmo as coisas aparentemente fixas, estáveis e perenes. O rio que passa a cada momento já não é mais o mesmo, porque as águas são outras. Cada minuto é diferente do anterior porque as coisas já estão mais velhas e as situações são diferentes. Heraclito era chamado o filósofo da mudança, pois, vivendo há mais de 2.500 anos em uma pequena cidade chamada Atenas, já antevia a crescente transformação do futuro do mundo. 1.1 - Dúvidas e Incertezas com a Mudança A existência é frágil e mutável. É sempre imprevisível e cheia de dúvida. Mas esta dúvida não precisa ser negativa. Grande parte da magia desaparecia se todas as coisas sobre nossas vidas fossem conhecidas. A dúvida traz consigo o elemento surpresa, da novidade constante. È o elemento da incerteza que acrescenta sabor à vida. Como a vida seria diferente se pudéssemos prever o 12 amanhã com precisão de momento a momento. Como mundo nosso mundo seria enfadonho. Quão cedo perderíamos o interesse, deixaríamos de sonhar, ficaríamos entediados. Mas a vida não é assim. Está sempre cheia de perguntas. Mostra-nos, dramaticamente, que nunca podemos ter certeza de nada. Não podemos estar seguros do que o próximo momento trará. Isto faz com que a maioria de nós passe uma grande parte da vida envolvida na preocupação sobre possíveis conseqüências, a maioria das quais está além do nosso controle. Todos nós sentimos, em um momento ou outro, que se as coisa e as pessoas fossem mais previsíveis, encontraríamos, afinal, alguma paz e segurança. Em verdade, não descobriríamos tal condição irreal porque não existe permanência, certeza, eternidade. Tudo é transitório e está em constante mudança. 1.2 - Mudança Pessoal Falar de todas as mudanças que o mundo vem sofrendo nos últimos anos talvez seja desnecessário, pois certamente todos percebem que nossas vidas vêm sendo modificadas de forma cada vez mais rápida e intensa. Porém, embora estejamos sendo afetados por novos fatos, novas informações, novas condições, novas ameaças e oportunidades, parece que não temos conseguido fazer parte destas transformações. Talvez não tenhamos conseguido este desenvolvimento pessoal devido ao fato desse processo contínuo de mudança estar diluído em doses diárias (homeopáticas) que nos dificultam avaliar a magnitude real do mesmo. É a velha estória do sapo que, quando jogado numa panela com água fervente, pula do recipiente e se salva. Mas quando colocado na panela com água fria permanece 13 imóvel, mesmo que aqueçamos o recipiente. Acaba morrendo cozido, por não conseguir perceber a mudança gradativa na temperatura. Sem dúvida nenhuma, estar convencido desta necessidade de mudança é o primeiro degrau deste processo pessoal. Como alguém pode mudar se não acredita que é necessário? Acreditar que este desenvolvimento interno é necessário é o mesmo que dizer que esta mudança trará vantagens pessoais. Ou seja, para se romper com a típica “acomodação” que atrapalha nossa evolução, é preciso primeiro sentir-se “desconfortável”, perceber as desvantagens da inércia. Também é preciso visualizar as reais vantagens de se lançar neste processo transformador. Talvez seja esta a maior motivação que necessitamos para investirmos nessa empreitada. Esta predisposição é extremamente importante. Porém, infelizmente ela é apenas o primeiro passo da jornada. Constantemente deparamo-nos com um desejo sincero de alterar algo em nosso comportamento. Conhecemos aspectos em nosso comportamento que gostaríamos que fossem diferentes. Algumas vezes, temos certas dificuldades para efetivar tais mudanças. Esta “resistência” à mudança é abordada em praticamente todas as teorias que tentam explicar o desenvolvimento humano. A psicanálise fala da dor em perceber-se “não tão perfeito como gostaríamos de ser” e chama isto de “quebra narcisista”. A teoria behaviorista[IVSJ1] aponta para a probabilidade de se repetir comportamentos condicionados ao longo de nossas experiências. Percebemos que neste processo de mudança pessoal, sua principal característica é a incerteza. Esta incerteza gera insegurança, ansiedade e tensão nas pessoas. Os chineses, há mais de 4000 anos, combinaram dois ideogramas para representar a palavra crise: Ameaças e Oportunidades 14 Eles compreenderam que uma crise pode representar uma ameaça ou uma oportunidade. Creio que podemos enfrentar uma situação de mudança acreditando que ela representa um perigo ou a perspectiva de novas oportunidades. Se encararmos a tensão frente ao novo como algo ameaçador, tenderemos a evitá-la, ficando paralisados. Porém, se conseguimos suportar este desconforto e vislumbramos a possibilidade de crescimento poderemos tirar energia desta mobilização interna para avançarmos. O problema é que nossa educação tradicional não valoriza a mudança ou o novo como algo positivo. Basta pensar em como nossos valores estão baseados em dogmas. Estes, na grande maioria das vezes, só tem nos dividido em credos, feito-nos preconceituosos e racistas, tornado-nos racionais em detrimento das emoções. Todos estes conceitos e valores inquestionáveis que o homem adquire no processo de aprendizagem da cultura humana podem oferecer um certo conforto, gerado pela falsa sensação de harmonia e equilíbrio frente à frágil condição humana. Embora tenhamos acumulado uma notável quantidade de informações, ainda sentimo-nos impotentes para explicar a origem e o futuro do universo e da humanidade. Talvez por isto seja mais fácil pensarmos naquilo que acreditamos e naquilo que fazemos como verdades absolutas. Porém, se sempre agíssemos assim, ainda hoje acharíamos que a terra é o centro do universo. Deve ser esta a razão pela qual muitos preferem ficar numa situação mesmo sabendo que ela é ruim, a ter que enfrentar outra situação, apenas porque esta outra é desconhecida. 15 Segundo a filósofa em especialização em comunicação e marketing Lúcia de Bidart , a resistência das pessoas a mudança não é apenas histórica, é orgânica. O ser humano precisa do equilíbrio para viver. A reação à mudança é natural. A única saída para ultrapassar o entrave natural e buscar formas de minimizar as reações contrárias é fazer constantes auto-análises, pesar prós e contras e estabelecer que a mudança deve ser processada da forma mais natural possível. Quando as pessoas perceberem que a mudança já as atingiu, devem procurar conversar com pessoas (de confiança, seja no trabalho ou em casa, ou mesmo um profissional dessa área, como um terapeuta) e desenvolva mecanismos que façam com que elas lidem com o processo com leveza, com sabedoria com sensatez. 16 CAPÍTULO II A ORGANIZAÇÃO NO PROCESSO DE MUDANÇA 17 A ORGANIZAÇÃO NO PROCESSO DE MUDANÇA A globalização e a revolução digital impuseram exigências ao mercado que impeliram as organizações a adotarem novas tecnologias e a reformularem seus modelos de gestão. O maior desafio das empresas na atualidade é garantir a vantagem competitiva. Neste contexto as palavras-chave são qualidade, aprimoramento constante, comprometimento e flexibilidade. Por isso as organizações tiveram de aprender a lidar com a mudança, para manterem-se no mercado. Considerando que a mudança nas organizações determina novas práticas e valores, automaticamente ela tem impacto sobre a cultura organizacional. Assim, toda mudança organizacional é uma mudança cultural. 2.1 - A Mudança Organizacional é uma Mudança Cultural O processo de mudança não deve ser considerado apenas como um problema de tecnologias, estruturas, processos e motivação dos empregados. Devemos também considerar o impacto destas mudanças nos valores da organização, prevendo quais serão os comportamentos desejados na nova situação e descobrir como desenvolvê-lo, pois sem o apoio da mudança cultural, outras mudanças não têm sustentação. 2.2 - A Resistência do Colaborador à Mudança O temor frente ao desconhecido, o medo de correr riscos ao inovar, a tensão com o que pode vir em seguida, a necessidade de adaptação, todos estes fatores podem transformar o trabalho em uma organização em processo de mudança desgastante. Nestes casos o resultado acaba sendo queda na qualidade 18 do trabalho e da produtividade e sensação generalizada de impotência e, em alguns casos, revolta e indignação. Frente a perspectivas de mudança, grande parte do público interno pode apresentar resistência, ainda que a mudança traga a possibilidade de progresso individual ou seja induzida para facilitar o trabalho de todos. A resistência consiste em qualquer atitude intencional para desacreditar, atrasar ou impedir a implementação de uma mudança no trabalho e surge quando a mudança é percebida como ameaçadora para a segurança, a posição, a auto-estima do indivíduo, ou para uma interação social. Em geral as pessoas tentam se proteger dos efeitos de mudanças, independentemente da sua natureza. Como as pessoas, as organizações tendem a encontrar um ponto de equilíbrio, a chamada zona de conforto, em suas estruturas sociais. Isto significa que as pessoas nas organizações aprendem a lidar com as relações em seu ambiente: como lidar umas com as outras, como executar seu trabalho e que conseqüências esperar depois. As mudanças determinam desequilíbrios e a necessidade de ajustes é percebida de maneiras diferentes, o que resulta em reações variadas. A percepção acerca da mudança depende principalmente da história e características pessoais dos empregados e da cultura do grupo. Estes fatores é que vão, num primeiro momento, determinar seu apoio ou resistência às mudanças propostas. As pessoas, em determinadas situações, têm de desaprender as formas conhecidas de lidar com a situação e aprender novamente; este também pode ser um processo difícil, até doloroso, que as pessoas procuram evitar 19 2.3 - A Mudança Desestabiliza mas Também Cria Oportunidades Embora em alguns casos possam ser traumáticos, os processos de mudança encerram dois aspectos: por um lado desestabilizam a dinâmica da organização e por outro geram oportunidade de crescimento profissional. Muitas vezes a organização é completamente reestruturada e apesar do sofrimento envolvido, os empregados que buscam novos caminhos e soluções acabam por se destacar e podem ser promovidos. Estes processos, entretanto, muitas vezes não são conduzidos de maneira adequada e oportunidades são perdidas. E o que é pior, muitos traumas desnecessários acabam marcando a relação da organização com seus públicos, sobretudo o público interno. 2.4 - A Mudança Depende do Público Interno O público interno tem papel de destaque no sucesso das organizações. É ele quem se comunica e interage, consolidando a cultura organizacional. Também discutimos que os processos de mudança, independente se de natureza interna ou externa à organização, significam mudança cultural. As mudanças só ocorrerão se o público interno entender e aceitar a sua importância. Embora seja o agente efetivo das mudanças, muitas vezes o público interno é relegado a segundo plano durante os períodos de transição das organizações. Nestes casos, o risco de que as resistências à mudança sejam ainda maiores aumenta. 20 2.5 - O Papel da Comunicação na Organização Se os processos de mudança dependem do envolvimento do público interno, indiretamente eles dependem de uma boa comunicação entre a organização e seus colaboradores. E é nesse sentido que os profissionais de relações públicas e da comunicação têm as suas maiores contribuições. Nos momentos difíceis das transições, em que o público interno se encontra tenso e frágil, o papel da comunicação é fundamental, pois são as informações que vão nortear os empregados a respeito dos rumos da organização. E, mesmo a partir do momento em que a comunicação acerca da mudança começa a ser realizada, algumas dificuldades se apresentam sobre como conduzir o discurso, pois muitas vezes a realidade não é como gostaríamos que fosse. Em alguns casos as organizações têm de lidar com a extinção de certas linhas de produção, demissões em massa ou mesmo fechamentos de unidades, para dar alguns exemplos. O discurso entretanto não deve ter um caráter manipulador ou parcial, o papel da comunicação é no sentido de conscientizar e de conhecer os anseios do público interno, para ajudá-lo a transpor o período mais difícil das mudanças e promover a sua manutenção. Para tanto é necessário analisar a situação como um todo e a partir daí determinar as melhores ferramentas e meios de comunicação. É necessário que a organização tenha o público interno como prioritário, fazendo com que ele seja o primeiro a ser informado. É importante que os colaboradores fiquem sabendo dos fatos que podem influenciar a organização por meio da própria empresa, e não pela mídia. 21 A comunicação deve ser um valor cultural, desenvolvida constantemente pela organização. Desta forma, terá maior efetividade e credibilidade junto ao público interno, funcionando como um fator estratégico nos processos de mudança. 22 CAPÍTULO III ESTRATÉGIAS DE MUDANÇA EM ORGANIZAÇÕES 23 ESTRÁTEGIAS DE MUDANÇA EM ORGANIZAÇÕES Quando se trata de desenvolvimento institucional, um dos itens que identificamos são as mudanças que os próprios membros de uma organização percebem como necessárias para torná-la mais capaz de atingir seus objetivos e cumprir sua missão. Isto impõe que seus dirigentes aprendam a definir, implementar e gerir estratégias de mudanças organizacionais que sejam viáveis, criem novos consensos na organização e a tornem capaz de adequar-se às mudanças do ambiente. Projetos de mudança bem sucedidos não são meros resultados da vontade. É preciso concebê-los como parte de um processo inovador de aprendizagem sobre a dinâmica da organização e sobre as potencialidades individuais e coletivas. Desta maneira, deve ser tratado como qualquer projeto, sendo necessário: definir objetivos; avaliar e construir a viabilidade; implementar, monitorar e redirecionar; avaliar e consolidar. Os elementos fundamentais numa estratégia de mudança são a clareza sobre os níveis de mudança prioritários, a definição de seus objetivos, a compreensão das fases do processo, a participação e, por fim, a ação frente às resistências. 3.1 - A Implantação da Mudança na Organização Diante de um vasto leque de problemas, necessidades ou possibilidades, como definir qual a prioritária e qual trará melhores resultados para o seu desempenho? Se os problemas sempre se articulam e se retroalimentam, por onde começar? Três critérios básicos podem ser utilizados: • A importância relativa às atividades fins da organização – uma mudança será tão mais importante quanto pretende solucionar um problema ou 24 introduzir melhorias em aspectos direta ou fortemente relacionados com a finalidade da organização: a prestação ou oferta de serviços e produtos e a manutenção de sua credibilidade e legitimidade frente aos beneficiários e às organizações que a apoiam ou regulam. As melhorias em sistemas e estruturas podem ser importantes e talvez tenham mesmo que ser realizadas, mas o fundamental é garantir o máximo possível que se gere ganhos imediatos e diretos na qualidade da atividade fim • A busca do menor grau de intervenção com o máximo de resultado final – mudanças são instabilizadoras e momentaneamente desorganizadoras. Mexe com as pessoas, suas expectativas, interesses e motivações, gerando insegurança, desnorteamento, incerteza. Quanto mais profunda, no sentido de alterar processos básicos ou estruturas, ou abrangente e generalizada, maiores são as dificuldades para operá-las, monitorá-las e ampliá-las, os riscos de insucesso, as resistências e a desorganização gerada. Pode-se, inclusive, gerar um efeito contrário ao pretendido, afetando negativamente a prestação dos serviços ao público alvo. • A aposta na pressão modificadora dos novos processos – ao se criar um novo jeito de fazer algo, gera-se uma tensão com os demais processos, regras, procedimentos e conhecimentos que se relacionavam a ele. Novas capacidades talvez venham a ser exigidas das pessoas, e outros processos talvez tenham que ser adaptados à nova situação. Há o efeito benéfico, se tornado consciente e devidamente reforçado, de uma mudança exercer pressões para que uma série de outras mudanças se realize, gerando um processo de adaptação progressiva. Investir nesta direção é uma excelente alternativa para evitar a deflagração simultânea e generalizada de mudanças, o que é altamente desorganizador. Neste sentido abre-se mão de lidar com as causas ou estruturas mais profundas diretamente, posto que exigiriam maior motivação, capacidade, tempo e recursos. 25 3.2 - Objetivos de mudança na Organização A definição de objetivos de mudança, seja em que nível for, deve ser buscada de forma a mais clara e transparente possível, seja na sua motivação seja em termos do que se espera em termos de mudança para as pessoas e de resultados do processo. Além disso, os objetivos devem ser definidos através de metas claras no tempo. Quanto mais longo o período de mudanças, mais se deve ter clareza quanto à natural diminuição do compromisso inicial dos envolvidos. Como em projetos, os objetivos devem ser viáveis, considerando tanto os recursos disponíveis (tempo, finanças, capacidades e conhecimentos necessários) quanto a motivação e resistências envolvidas no processo. Iniciar um processo coordenado de mudanças pode, muitas vezes, obrigar a se adotar a máxima do "um passo de cada vez". Dar saltos muito grandes, ou de modo simultâneo e generalizado na organização, geram perturbações na mesma proporção, além de demandar grandes doses de certezas, identidade, experiência e capacidade de gestão. 3.3 - Fases do Processo de Mudança A realização mudanças pode ser compreendida em três momentos, que se caracterizam por determinadas atividades e experiências para os que estão envolvidos. 26 • "Descongelamento" – consiste em todos os passos preparatórios de identificação, discussão e definição dos objetivos e das ações a serem executadas ou reformuladas. Implica em aceitar o novo, reconhecer a finalidade da mudança, desenvolver alternativas e aceitar o medo e a incerteza. • Movimento – é a fase propriamente de execução do que foi decidido, quando se ousa experimentar e cometer erros. Vão sendo avaliados e comprovados os acertos ou erros da nova realidade e se desenvolve o aprendizado de praticar o novo junto com outros. • Estabilização – passada experimentação e avaliada positivamente, é a fase de consolidação da mudança, incorporando-a na dinâmica e na cultura da organização. É o momento de celebrar e desfrutar o novo, assegurar os resultados, introduzir pequenas correções e orientar-se para novas questões. Processos de mudança permanentes, sem prazos definidos e que se arrastam por longos períodos, fatalmente geram descrédito, instabilidade e insegurança nas pessoas. O ideal é que se leve em consideração a experiência coletiva na implementação de mudanças e sejam definidas metas não muito ambiciosas e realizáveis num prazo curto. O sucesso de pequenas mudanças gera uma experiência favorável para sustentar mudanças maiores no futuro. 3.4 - A Participação dos Colaboradores A participação dos vários membros da organização envolvidos – e às vezes de fora dela, como beneficiários, por exemplo – na definição e na implementação de mudanças organizacionais, é um forte requisito para seu sucesso, pois são elas que, a partir de suas imagens, motivações e interesses, que operam as 27 regras, estruturas, serviços, etc. A participação visa fornecer mais garantias de que as necessidades de mudança foram bem identificadas, que os objetivos são claros e que as pessoas necessárias estão envolvidas e comprometidas. Deve-se gerir a participação dos vários grupos de envolvidos nos diferentes momentos de modo a obter de cada conjunto de pessoas o máximo de seu conhecimento e compromisso. Por exemplo, pode-se organizar reuniões em separado dos vários grupos para colher suas impressões sobre os aspectos prioritários que devem ser enfrentados. Posteriormente, representantes destes grupos participam de oficina para definir objetivos e planos de ação. Um grupo menor ou específico fica responsável pela implementação e gestão das propostas e, ao final, os vários grupos são chamados a avaliar os resultados. 3.5 – Estratégia de Combate a Resistência à Mudança A resistência é um fenômeno natural, ligado a todo processo de mudança. Não há aprendizagem nem modificação sem resistência. A incerteza sobre o futuro gera insegurança, cautela e o receio de que não será possível dominar o novo ou nele ter lugar. Toda situação de mudança, portanto, é uma realocação de poderes e apresenta sempre pólos de conflito, presentes na subjetividade de cada indivíduo e nas relações entre eles no interior de uma organização. Quanto maior é a urgência de uma mudança, mais incômoda e perturbadora tendem a ser as resistências. Passar por cima delas, impondo mudanças a qualquer custo, gera maiores bloqueios ao processo. Portanto, deve-se abordar construtivamente as resistências não atribuindo-lhes de antemão um sinal "negativo" e perceber que há muito o que aprender dela. Onde há energias bloqueadas, elas podem ser liberadas. Isto implica em perder controle total sobre o processo em favor da participação. 28 Há diferentes formas e abordagens sobre como lidar com as resistências. Mas em síntese, na definição de uma estratégia de mudança, deve-se considerar os seguintes aspectos: • Compreender – as pessoas sempre se perguntam sobre as razões e a finalidade de uma proposta de mudança, bem como se ela responde a seus desejos e interesses e se crê ser capaz de cumprir um papel na nova situação. Se estas questões não são respondidas adequadamente, geramse as resistências. • Aprender – as resistências devem ser interpretadas como sinais de alerta que devem provocar uma revisão dos objetivos e das propostas de mudança. As pessoas carregam experiências e saberes não compartilhados plenamente, e que podem apontar para equívocos ou inadequações na proposta. Dificilmente as pessoas são absolutamente favoráveis ou contrárias, na maioria possuindo opiniões com ambivalências. Mesmo aqueles que são favoráveis por algumas razões também carregam suas dúvidas e temores. Deve-se evitar a caricatura das posições adotadas, considerá-las legitimas e decifrar as mensagens ocultas que estão contidas nos vários argumentos e posições, incorporando-as como questões que o processo também deve responder. • Possibilitar a expressão – as reações em contrário podem se manifestar de forma ativa ou passiva, verbalizadas ou não. Deve-se animar e criar espaços favoráveis para que as pessoas possam expressar e explica suas preocupações e posições. É importante transformar as formas não verbais e passivas em manifestações verbais e ativas. • Informar e envolver – entrar em contato direto, pessoal e não formal com pessoas e grupos é uma das condições necessárias para perceber as preocupações existentes e apoiar a produção de informações que as respondam honesta e diretamente. A informação correta sobre as motivações, os objetivos pretendidos, como as pessoas serão afetadas e 29 como a organização as apoiará é um requisito fundamental para garantir uma participação ativa no debate, mesmo que com resistências. Refletindo sobre estes elementos, cada organização aprenderá a desenvolver estratégias de mudança cada vez mais em sintonia com suas características e potencialidades, mobilizando suas melhores energias para o seu desenvolvimento institucional. 3.6 - A Necessidade de Integração na Organização Buscar competência na administração dos vários projetos desenvolvidos numa organização é fator fundamental para a busca da excelência empresarial. Tentar ignorar os aspectos relacionados aos respectivos impactos gerados pelos diversos projetos, um no outro, nos leva a uma visão fragmentada tanto dos processos quanto dos relacionamentos interpessoais e dos resultados operacionais e, consequentemente, do todo empresarial. A organização poderá ficar rapidamente assoberbada quando, movida pelos desafios impostos pelo ambiente, decidir responder a tudo ao mesmo tempo, geralmente criando tantos grupos gerenciadores de projetos quantos se julga capaz. O convívio no ambiente organizacional tem mostrado que é necessário mais do que planejar dentro de limites estabelecidos por cada desafio específico. É preciso buscar mecanismos integradores horizontais e verticais, de modo a converter os esforços específicos em efetivas estratégias empresariais, que elevem a performance empresarial, olhando-se sempre o todo. Na prática as empresas naturalmente selecionam alguns aspectos para avaliação do seu desempenho empresarial: atendimento a clientes, qualidade dos processos e produtos/serviços, resultados econômico-financeiros, recursos humanos, tecnologia e sistemas de informações e, mais recentemente, alguns 30 outros como atuação no meio ambiente, clima organizacional, e até contribuição social. Esses aspectos têm pesos diferenciados, a depender da natureza específica do negócio; entretanto, a sua orquestração harmônica é a variável fundamental para condicionar e aumentar as probabilidades de sucesso, independentemente de qual seja o negócio. A sua integração é dada através de um bem elaborado processo de integração. Esse é, portanto, o elemento chave ao qual todos os outros aspectos subordinam suas funções ou estabelecerão suas estruturas integrativas. A eficiência do todo dependerá da abrangência da consideração e acomodação de todos os processos, colocados em prática pelas pessoas, em torno de um único grande objetivo: o resultado do todo empresarial. Como não existem empresas excelentes "por partes", em se tratando de performance o que vale é o resultado global. 3.7 - O Papel das Equipes na Organização A depender da cultura organizacional vigente, o processo de integração, até certo ponto, pode substituir as estruturas. Para tal requer-se uma maturidade organizacional, somente possível via maturidade profissional e pessoal, no sentido empregado por Peter Senge em uma das abordagens de uma learning organizations: a maestria pessoal. Os processos educacionais passam a ser fundamentais para o exercício da integração eficaz, tanto no que diz respeito ao desenvolvimento de uma visão do todo e de futuro, quanto para o desenvolvimento de habilidades pessoais que garantam o bom relacionamento e desempenho na comunidade organizacional. E a gestão do conhecimento passa a ser fator chave para a disseminação de clima favorável ao desempenho empresarial integrado. Um dos principais papéis da Administração é o de proporcionar um contexto favorável para o bom funcionamento de todos os níveis da organização, 31 assegurando o atingimento dos seus objetivos ao mesmo tempo em que refina o ambiente empresarial, via o crescimento das pessoas. O desenvolvimento, em todos os níveis, de uma estratégia que aborde tais elementos, e sua divulgação, são formas de moldar permanentemente a organização, a fim de obter o alinhamento necessário ao conjunto e ao cumprimento da missão empresarial junto à comunidade onde atua. 3.8 - Estratégias Alinhadas na Busca de Resultados Gerenciar uma organização significa construir equipes que interagem, orquestradas pelo nível executivo da organização, buscando um mesmo objetivo, alinhadas a partir das estratégias criadas em comum acordo e fazendo pleno uso da competência interna existente. O conjunto de equipes deve conduzir a organização aos resultados empresariais esperados. E para tal eles precisam ser negociados, colocados sob a forma de "metas do negócio" e disseminados ao ponto em que todos conheçam seus papéis e como contribuir para o atingimento das metas empresariais. Se pudermos desenvolver a capacidade de imaginar todos os sistemas organizacionais funcionando como um grande sistema biológico, certamente visualizaríamos uma grande teia, uma rede, intra e interdependente, que não basta ser constatada: o sucesso está em alcançar resultados eficazes a partir da aptidão verificada em novas formas de trabalhar em conjunto. É preciso treinar as pessoas para que sejam experts em relacionamento humano, em desenvolvimento e aplicação de estratégia empresarial. Isso só pode ser conseguido se consolidado através de iniciativas "on the job", onde "a realidade acontece no dia a dia". A integração dos diversos projetos de uma empresa, através da criação de um ambiente de alto envolvimento baseado no conhecimento da contribuição de 32 todos e da melhor maneira de produzir o sucesso empresarial é uma das chaves que abrirão as portas das organizações para o terceiro milênio. O futuro pertencerá àquelas instituições que tenham maior capacidade de aplicação de novos aprendizados e que estejam perguntando o tempo todo "como podemos nos administrar melhor". Para elas o mundo dos negócios estará, com certeza, reservado. 3.9 - A Organização Dominando a Mudança Segundo Douglas K. Smith Segundo, Douglas K. Smith, autor do livro Fazendo as mudanças Acontecer, para a empresa dominar a mudança precisa abandonar o arquétipo “empresa como máquina”, que dominou o pensamento e a ação durante a maior parte do século passado. Para Douglas as organizações precisam mudar sua maneira de pensar e agir da seguinte forma: • De acreditar que os indivíduos são peças de uma engrenagem a ser utilizada e controlada para acreditar que são pessoas que podem e devem fornecer a base para a diferenciação competitiva e o sucesso. • De confiar exclusivamente na responsabilidade funcional e no desempenho individuais para confiar tanto na responsabilidade funcional e no desempenho individuais e de equipe. • De buscar constantemente a divisão perfeita de trabalho, a fim de transformar os indivíduos em especialistas para equilibrar a necessidade de divisão e integração do trabalho das pessoas que sejam especialistas e generalistas. 33 • De apostar apenas na excelência funcional para apostar na excelência funcional e de processo. • De focalizar o chefe internamente para focalizar o cliente externamente. • De se organizar em hierarquias rígidas verticais em função de fluxos de decisões para se organizar em redes flexíveis horizontais em função dos fluxos de trabalho. • De empregar tecnologia da informação e comunicação com o intuito de policiar e controlar as pessoas para empregar tecnologia da informação e comunicação com o objetivo de informar e capacitar as pessoas. • De pedir aos gerentes que sejam vigilantes de subordinados que não cooperam e de adversários para lhes pedir sejam líderes de pessoas participantes e comprometidas. • De se apresentar ao trabalho sabendo que seu único propósito organizacional é ganhar dinheiro para os acionistas e o seu único objetivo pessoal é ser pago para se apresentar ao trabalho sabendo que seu propósito é trabalhar com os colegas no sentido de agradar aos clientes, crescer como pessoa e garantir o sucesso financeiro seu e de sua empresa. (SMITH, 1997, pgs.20 e 21) 3.10 - As Pessoas Precisam Mudar Douglas K. Smith salienta que não só a organização como as pessoas devem estar envolvidas nesse processo de mudança, depende da capacidade e da disposição das pessoas, para aprender novas habilidades, novos comportamentos e novos relacionamentos de trabalho, como descreve abaixo: • Funcionários da linha de frente dos setores de vendas, marketing, pesquisa, engenharia, produção, serviço ao cliente, operações administrativas e outros precisam adquirir habilidades de solução de problemas, tomada de decisões, trabalho em equipe e interpessoais necessárias autogerenciamento e desempenho de equipe. para fins de Eles devem adquirir tantas 34 habilidades técnicas e funcionais quanto possível, em vez de confiar apenas em papéis especializados. Precisam aprender a ser bons líderes de equipe, adquirir as habilidades e perspectivas necessárias para identificar e melhorar continuamente os principais processos de trabalho. Esse funcionários precisam também aprender a engajar seus chefes e outros na solução de problemas dos clientes, internos e externos. • Os gerentes de nível médio devem aprender a ser bons treinadores e líderes de equipe, bem como agentes de decisão e delegadores, além de aprender a compartilhar informações de forma eficaz e assumir riscos. Devem também se sentir familiarizados com o maior número possível de habilidades técnicas e funcionais, e com as habilidades e perspectivas necessárias para identificar e melhorar continuamente os principais processos de trabalho. Esses indivíduos precisam aprender a distinguir os desafios de desempenho de equipe dos desafios individuais e adquirir as habilidades interpessoais, de solução de problemas, de tomada de decisões e de trabalho em equipe necessárias para ambos, além de precisarem saber engajar seus chefes e subordinados na identificação e solução de problemas dos clientes, internos e externos. • O pessoal de funções administrativas como finanças, planejamento, auditoria, recursos humanos e assessoria jurídica precisam aprender a se conformar às políticas e orientações necessárias por outros meios além do policiamento de pessoas. Essas pessoas precisam também adquirir as habilidades interpessoais de solução de problemas, de tomada de decisões e de trabalho em equipe necessárias tanto para o desempenho individual quanto para o desempenho de equipe. Elas devem aprender a atuar como facilitadores que orientem os outros para a autodescoberta e especialistas que ofereçam respostas, sabendo agregar valor ao desempenho de sua empresa e assumir responsabilidade funcional por essas ações. • Os gerentes e executivos seniores devem continuar a saber o que constitui um desempenho funcional excelente e como produzi-lo pessoalmente ou 35 conseguir que os outros o façam. Além disso, eles devem aprender o que constitui um desempenho de processo excelente e a produzi-lo pessoalmente ou engajar os outros para que o façam. Precisam também continuar a compreender como utilizar a solução de problemas baseada e fatos, de modo a sustentar decisões tomadas com determinação, delegações, monitoramentos e avaliações, além de precisarem saber distinguir os desafios individuais de desempenho dos desafios de equipe, e aprender as diferentes disciplinas exigidas por cada um. Precisam aprender a exigir claramente desempenho por parte das pessoas e, depois investir essas pessoas de empowerment e responsabilizá-las funcionalmente. Precisam aprender a identificar e eliminar os obstáculos ao desempenho. Precisam aprender a utilizar seu próprio tempo, sua atenção e seu comportamento como forma de apoio à comunicação da orientação e do propósito. Por fim, eles devem aprender a dizer a verdade e a ouvir. As mudanças de habilidades, comportamentos e relacionamentos de trabalho são o atual combustível da mudança e do desempenho organizacionais. Nenhuma empresa pode ser ágil ou flexível, se o gerentes não inspirarem as pessoas a se juntarem ao “nós” responsável pela realização do desempenho e da mudança, em vez de tratá-las como peças não confiáveis de uma engrenagem que precisam ser controladas. Nenhuma empresa pode oferecer excelência funcional e de processo se as pessoas, de todos os níveis e funções, não aprenderem as habilidades e os relacionamentos de trabalho necessários ao desempenho de equipe, ou se a maioria delas não se tornar generalista dotada de múltiplas habilidades, conservando, ao mesmo tempo, suas competências especiais. E nenhuma empresa pode alcançar quaisquer aspirações significativas se um ou mais de seus principais envolvidos – clientes, funcionários, acionistas – continuam alienados, 36 porque as pessoas de todos os níveis não equilibram explicitamente as necessidades entre si. (SMITH, 1997, pg. 21, 22 e 23) 37 CAPÍTULO IV ORGANIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL 38 ORGANIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL As organizações além do lucro, ela tem que se preocupar também com a qualidade de vida dos seus colaboradores, a competitividade do mercado exigiu das organizações uma mudança radical na gestão de pessoas. A busca de novas políticas de recursos humanos adotando programas participativos, medidas para aumentar o fluxo de informações, tentativa de valorização do indivíduo e de sua formação, procurando a construção de uma relação de confiança alicerçada inclusive por adoção de linguagem particular, são estratégias para enfrentar a complexidade, incertezas, continuadas mudanças e renovação constante do ambiente. As mudanças nas condições ambientais das organizações forçam a visão tradicional de administração de pessoas a deslocar-se para uma perspectiva mais atual, passando, ainda que lentamente, a focar o fator humano como chave para o sucesso. É preciso repensar o papel e a filosofia empresarial, pois o mercado está exigindo das organizações o seu exercício de cidadania, forçando os gestores a provocar mudanças ambientais de forte impacto. A responsabilidade social de uma empresa consiste na decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que está inserida e diminuir possíveis danos ambientais decorrente do tipo de atividade que exerce. Mas, apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não são suficientes para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem-estar de seus empregados e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de dar retorno aos seus acionistas e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou consumidores. O exercício da cidadania empresarial, adquirindo o status de "empresa- 39 cidadã", pressupõe uma atuação eficaz da organização em duas dimensões: a gestão de responsabilidade interna e gestão de responsabilidade externa. A responsabilidade social interna caracteriza o estágio inicial da cidadania empresarial. Entretanto, não é sempre que ocorre este movimento. Muitas organizações cometem um sério erro de estratégia social e invertem este processo, causando um grande descontentamento entre os empregados, confirmando um grave quadro de conflitos, ansiedade e desmotivações. A responsabilidade social interna tem como foco trabalhar o público interno da organização, desenvolver um modelo de gestão participativa e de reconhecimento de seus empregados, promovendo comunicações transparentes, motivando-os para um desempenho ótimo. Este modelo de gestão interna compreende ações dirigidas aos empregados e dependentes, aos funcionários de empresas contratadas, terceirizadas, fornecedoras e parceiras. Na ligação entre a realidade social, política, econômica e cultural da organização as ações de responsabilidade social interna podem começar por: - cuidar da qualidade de vida do empregado e investir nas instalações sanitárias; - atender às necessidades básicas dos empregados criando uma infra-estrutura de refeitório para seu público interno, empresas terceirizadas, contratadas e fornecendo cesta básica para seus dependentes; - criar o hábito de uso do uniforme contribuindo para melhorar as condições de segurança no trabalho; - buscar um Plano de Saúde e assistência odontológica que atenda a todos os empregados e familiares; - cuidar da condição de moradia dos empregados; - implantar um Plano de Cargos e Salários; - implantar programas de reconhecimento e valorização do empregado como: Café 40 com o Presidente, Empregado Destaque, Ginástica na Empresa, Participação nos Resultados; - investir na qualificação dos empregados através de programas de treinamento, internos e/ou externos e capacitação visando a sua maior qualificação profissional e obtenção de escolaridade mínima. O desenvolvimento dessas ações é também chamado de trabalho de endomarketing, onde a organização leva motivação para o seu ambiente interno e cria uma relação de confiança com o empregado. Com isso, a organização ganha a sua dedicação, empenho, lealdade e aumento de produtividade. A partir do desenvolvimento e implantação destas ações de gestão interna, a empresa pode realizar ações sociais que beneficiem a comunidade passando a exercitar a sua responsabilidade social externa. Através de um planejamento de marketing social, a organização, atendendo à sua missão, crenças e à demanda de necessidades da comunidade, atua nas áreas de educação, saúde, assistência social e ecologia, desenvolvendo ações empresariais, visando maior retorno de imagem e publicitário. A organização pode realizar estas ações através de: - doações de produtos, equipamentos e materiais em geral; - transferência de recursos em regime de parceria para órgãos públicos e ONG’s beneficiando escolas públicas, visando educação com qualidade, viabilizando cursos técnicos, estágios e a formação de futuros profissionais; - prestação de serviços voluntários para a comunidade pelos empregados da organização, reformando creches e asilos; - aplicação de recursos em atividades de preservação do meio ambiente, adotando uma praça, reciclando o lixo da empresa ou através da coleta seletiva; - patrocínio para projetos sociais do governo; 41 - investimentos diretos em projetos sociais criados pela própria organização; - investimentos em programas culturais através da lei do incentivo à cultura. Ao participar de ações sociais, a organização além de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, atua na dimensão social do desenvolvimento sustentável, melhorando a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo, exercendo a sua responsabilidade social. Uma empresa-cidadã tem no seu compromisso, com a promoção da cidadania e o desenvolvimento da comunidade, o seu diferencial competitivo, buscando, desta forma, ser uma organização que investe recursos financeiros, tecnológicos e mãode-obra em projetos de interesse público. É uma organização que cria um ambiente agradável de trabalho valorizando seus recursos humanos e é capaz de desenvolver um modelo de gestão integrado onde as pessoas têm um papel decisivo no seu compromisso com relação à comunidade e à sociedade em geral. E ainda, é uma empresa que se organiza e constrói maneiras alternativas de participar, conviver e viver melhor. 42 CAPÍTULO V A ORGANIZAÇÃO E A TECNOLOGIA 43 A ORGANIZAÇÃO E A TECNOLOGIA Desde o início da revolução industrial, aspectos tecnológicos têm sido agregados ao processo de desenvolvimento organizacional. Fundamentados inicialmente em ciências correlatas e utilizando os princípios básicos da metodologia cientifica, os primeiros Consultores e Empreendedores, partiram para critérios de mudança que movimentaram padrões culturais e organizacionais dentro das empresas. No momento atual, não parece estar claro que uma das principais ferramentas na condução das mudanças esta sendo a Tecnologia da Informação. Sem qualquer outra vinculação mais profunda , o que tenho percebido é que o uso da informática nem sempre tem sido colocado como um ponto de extrema relevância na solução de problemas organizacionais. A Tecnologia da Informação é uma janela importante para apoio nas decisões tanto no plano tático como estratégico das empresas. Está faltando valorizar a informação como um produto que garanta a sobrevivência das empresas neste limiar de Terceiro Milênio. - Soluções para tomada de decisão, tipo Business Inteligence - Soluções para armazenagem da informação, tipo Data Warehousing E é claro que a partir do uso estruturado da informação podemos conceber mudanças irreversíveis na cadeia de relacionamentos considerando a quadra montada por fornecedor-empresa-canal-cliente. Uma vez estruturada, a informação deve ser utilizada, explorada, esgotada pelos executivos. Sem estabelecer limites. Entendo que a informação sempre é importante e deve ser disponibilizada considerando diversos planos e origens. 44 Podemos relacionar aqui, entre outros, os seguintes pontos: - Incluir sempre, na estrutura da informação, dados sobre a concorrência, gerando condições de comparabilidade de performance e conquistas. Ir além dos dados quantitativos, criando condições para a inclusão de dados qualitativos. - Estruturar o sistema de suprimentos com dados sobre os fornecedores, adotando ou criando condições para a utilização do conceito de parceria. - Ilimitar os dados sobre clientes. Levar em consideração que além de parceiros, determinados movimentos podem levar a reformatação de produtos e serviços. - Conceber visões geográficas que apoiarão no processo de avaliação dos canais de distribuição. Outras referências podem ser listadas. Estão atreladas ao segmento de negócio ou mesmo ao relacionamento comercial globalizado. O importante é correlacionar os caminhos das soluções de Tecnologia da Informação com as definições da gestão corporativa e até com as metas do negócio. Esta visão estratégica da informação contribuirá não somente para a organização da empresa mas também para aproximar o processo de consolidação do relacionamento da companhia com seus clientes e com seus fornecedores. 45 CONCLUSÃO As pessoas tendem a mudar seus valores e comportamentos conforme as mensagens que recebem de seu meio (ambiente, histórias, por exemplo). Assim, quando desejamos que as pessoas se comportem de forma diferente, nós temos de criar um ambiente diferente do passado, criar mensagens que orientam e fortaleçam a vontade deles de nos acompanhar na mudança. Entretanto, cada pessoa tem sua forma particular de ver o mundo, há muitas maneiras de se observar e interpretar uma mesma situação. Assim, as mensagens que criamos recebem diferentes interpretações, dependendo do momento histórico, do humor e das ligações afetivas de cada um, dentro e fora da organização. Precisamos ficar atentos para o momento de vida de cada pessoa envolvida na mudança. Numa empresa, por exemplo, todos têm algum projeto, estão sempre implementando alguma idéia, esforçando-se para resolver seus problemas. Quando a organização se decide por adotar um novo método de trabalho, ela precisa analisar cada esforço já em andamento, para, sempre que possível, integrá-lo ao plano de mudanças. Se houver necessidade de descontinuar tais esforços, atenciosa ação de convencimento deve ser realizada. Não podemos dar mais importância à inovação do que aos sentimentos das pessoas, para não perdê-las. O tipo de discurso que usaremos para dialogar com cada pessoa também é importante. Há inúmeros argumentos para se propor uma mesma mudança. Cada um é cada um. As pessoas são mais facilmente persuadidas com a abordagem mais alinhada com a sua história pessoal. Algumas preferem ouvir os 46 aspectos humanos, outras os aspectos técnicos e outras o lado econômico da mudança. Quem gerencia deve ter argumentos para conquistar cada adesão, deve agir perguntando individualmente, checando continuamente se as mensagens foram realmente compreendidas e aceitas. A mudança deve ser integrada com prazer à vida. O senso a ser cultivado é que, mais do que nos adaptarmos, nós devemos buscar co-evoluir com os ambientes que nos cercam. O nosso mudar muda o mundo ao nosso redor, e isso faz com que mudemos e assim indefinidamente. Sob esta perspectiva, a mudança deixa de ser um estorvo e passa a ser vista com um processo natural e inexorável da vida. 47 BIBLIOGRAFIA JR, Thomaz Wood. Mudança Organizacional. SP: Editora Atlas, 2000. SENGE, Peter M. A Dança das Mudanças. RJ: Editora Campus, 1999. SMITH, Douglas K. Fazendo a Mudança Acontecer. RJ: Editora Campus, 1997. SOTO, Eduardo. Comportamento Organizacional: O Impacto das Emoções. SP: Editora Thompson Pioneira, 2002. INTERNET: www.domodesenvolvimento.com.br www.ipat.com.br 48 ÍNDICE INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 10 MUDANÇA 11 1.1 – Dúvidas e Incertezas com a Mudança 11 1.2 – Mudança Pessoal 12 CAPÍTULO II 16 A ORGANIZAÇÃO NO PROCESSO DE MUDANÇA 17 2.1 – A Mudança Organizacional é uma Mudança Cultural 17 2.2 – A Resistência do Colaborador à Mudança 17 2.3 – A Mudança Desestabiliza mas Também Cria Oportunidades 19 2.4 – A Mudança Depende do Público Interno 19 2.5 – O papel da Comunicação na Organização 20 CAPÍTULO III 22 ESTRATÉGIAS DE MUNDAÇA EM ORGANIZAÇÕES 23 3.1 – A Implantação da Mudança na Organização 23 3.2 – Objetivos da Mudança na Organização 25 3.3 – Fases do Processo de Mudança 25 3.4 – A Participação dos Colaboradores 26 3.5 – Estratégia de Combate a Resistência à Mudança 27 3.6 – A Necessidade de Integração na Organização 29 3.7 – O Papel das Equipes na Organização 30 3.8 – Estratégias Alinhadas na Busca de Resultados 31 3.9 – A Organização Dominando a Mudança Segundo Douglas K. Smith 32 3.10 – As Pessoas Precisam Mudar 33 CAPÍTULO IV 37 ORGANIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL 38 CAPÍTULO V 42 A ORGANIZAÇÃO E A TECNOLOGIA 43 49 CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA 47 ÍNDICE 48 50 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Mudança Pessoal e Organizacional Autora: Irene Alves Teixeira Orientadora: Mary Sue Pereira Avaliado por: ....................................... Grau ....................... .............................., .......... de ........................ de ..............