GENÉTICA BIOQUÍMICA E MOLECULAR – ERROS INATOS DO METABOLISMO Profa. Dra. Ana Elizabete Silva Genética II EFEITO DA MUTAÇÃO SOBRE A FUNÇÃO DA PROTEÍNA •Perda de função: -proteína estruturalmente anormal instável -concentração celular reduzida -função 2ária. diminuída •Ganho de função: -intensificação da função da proteína da quantidade ou capacidade de executar uma função •Propriedade nova: -alteração da sequência de aminoácidos Expressão heterocrônica/ ectópica: -alteração da região reguladora do gene em época ou local anormal ERROS INATOS DO METABOLISMO Garrod (1902): 1a. Doença metabólica - AR ALCAPTONÚRIA Conceito de EIM: distúrbios determinados geneticamente que afetam as vias metabólicas da biotransformação no organismo: – – – – deficiência de atividades de enzimas essenciais deficiência de cofatores ou ativadores enzimáticos defeito no transporte de determinado composto maioria herdadas de forma AR Cerca de 500 EIM conhecidos → agrupados pelos seus metabólitos; vias metabólicas; função enzimática ou envolvimento de organela DISTÚBIOS DO METABOLISMO CARBOIDRATOS GALACTOSEMIA CLÁSSICA D. von GIERKE D. POMPE AMINOÁCIDOS FENILCETONÚRIA ALCAPTONÚRIA HOMOCISTINÚRIA, ALBINISMO ARMAZENAMENTO LIPÍDEOS D. TAY-SACHS D. GAUCHER TRANSPORTE E M. MINERAL CISTINÚRIA D. WILSON MUCOPOLISSACARIDOSE D. HURLER D. HUNTER S. MORQUIO COLESTEROL HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAL PURINAS D. LESCH-NYHAN SEQUÊNCIA HIPOTÉTICA DE REAÇÕES BIOQUÍMICAS CONSEQUÊNCIAS: •Ausência do produto final: Albinismo •Acúmulo de substrato: Galactosemia •Excesso de metabólitos: Fenilcetonúria enzima NORMAL substrato produto enzima DEFEITO ENZIMÁTICO produto substrato rota alternativa produto alternativo DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS: GALACTOSEMIA CLÁSSICA CARBOIDRATOS: GALACTOSEMIA CLÁSSICA Incidência: 1:55.000 neonatos Ausência da enzima galactose -1- fosfato uridil-transferase metaboliza galactose glicose Deficiência da enzima provoca: ACÚMULO DE SUBSTRATO Metabolização alternativa: galactitol GALACTOSE galactonato CARBOIDRATOS: GALACTOSEMIA CLÁSSICA Manifestação clínica:problemas gastrointestinais (ingestão de leite) -hepatoesplenomegalia -cirrose hepática -catarata -lesões do SNC e RM -Triagem neonatal: dosagem de GAL-1-P uridil transferase no sangue Tratamento: até os 3 anos -suspensão do leite e seus derivados (leite desprovido de galactose, leite de soja, hidrolisados de proteínas) -evitar lactose durante toda a vida http://www.nytimes.com/imagepages/2007/08/01/health/adam/17187Galactosemia.html DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS: •FENILCETONÚRIA •ALCAPTONÚRIA •ALBINISMO tirosina fenilalanina AMINOÁCIDOS - FENILCETONÚRIA Incidência: 1:2.900 nativivos Heterogeneidade alélica: +400 alelos diferentes Excesso de metabólitos Hiperfenilalaninemia → Fenilcetonúria (PKU) Defeito enzimático: Fenialanina Hidroxilase Fenilalanina vias alternativas metabólitos tóxicos (excretados na urina) Tirosina Ácido fenilactato Mutação de perda de função do gene que codifica a PHA http://www.ucm.es/info/genetica/grupod/Genenzima/Genenzima.htm MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Crianças normais ao nascer Ingestão de fenilalanina: - fenilalanina → retarda a mielinização → alterações neuromusculares e RM -comportamento esquizóide, hiperatividade e irritabilidade -movimentos repetitivos (autismo) -EEG anormal (convulsões) -vômitos constantes -urina c/ cheiro de rato -pele e cabelos claros http://www.ucm.es/info/genetica/grupod/Genenzima/Genenzima.htm •Teste da fralda: adicionar na urina cloreto férrico verde escuro (ácico fenilpirúvico) •Triagem neonatal: Teste do pézinho (3-4 dias após nascimento) – dosagem da fenilalanina no sangue Diagnóstico precoce até 6 meses e dieta pobre em fenilalanina (300-500 mg de fenilalanina/dia) até 7 anos de idade ou tempo indeterminado AMINOÁCIDOS-ALCAPTONÚRIA Ausência de homogentisato oxidase Defeito no catabolismo da TIROSINA Acúmulo de Substrato ácido homogentísico (alcaptona) ácido maleilacetoacético acúmulo depósito nas no sangue cartilagens (ocronose:orelhas, nariz, bochechas, escleróticas azuis) Artrite excreção na urina (oxida escura) fralda preta •Manifestação tardia: ~ 30 anos •Tratamento: ingestão reduzida de fenilalanina e tirosina AMINOÁCIDOS - ALBINISMO ÓCULO-CUTÂNEO (AR) Ausência do produto final Defeito no metabolismo da MELANINA Deficiência de Tirosinase acúmulo Tirosina ausência Melanina (pele, mucosas, cabelos e olhos) •Acuidade visual reduzida •fotofobia DOENÇA DE ARMAZENAMENTO LISOSSÔMICO •LIPÍDEOS •MUCOPOLISSACARÍDEOS DOENÇA DE ARMAZENAMENTO LISOSSÔMICO Armazenamento lisossômico de lipídeos: -alteração no metabolismo de lipídeos → acúmulo nos lisossomos → vísceras, cérebro e vasos sanguíneos -Gangliosidoses: D. Tay-Sachs D. de Gaucher Armazenamento lisossômico de mucopolissacarídeos: -Mucopolissacaridoses: S. Hurler S. Hunter S. Morquio LIPIDOSE OU GANGLIOSIDOSE Doença de Tay-Sachs: armazenamento de gangliosídeo (GM2) → deficiência de Hexosaminidase A (segregada nos lisossomos) clivar resíduo N-acetil--galactosamina terminal (gangliosídeo) Gangliosídeos ou Glicoesfingolipídeos: forma de esfingolípideos em que a estrutura básica é uma ceramida ligada a uma cadeia polissacarídica http://anatpat.unicamp.br/bineuarmazenamento.html Em condições normais o GM2 (componente da membrana de neurônios) quando desnecessário, é quebrado no lisossomo pela -hexosaminidase. Para isto são necessários 3 componentes: uma sub-unidade , uma sub-unidade e uma sub-unidade ativadora. Na doença de Tay Sachs a sub-unidade está inativa ou funciona mal, o que leva a um acúmulo tóxico de GM2. http://www.canoadetolda.org.br/biolmol/Genetica-Medicina/Base_molecular_das_doencas.htm Quadro Clínico: •frequente nos judeus Ashkenazi (1:3.600 nascimentos) •1:27 portador do alelo mutante •grave degeneração física e mental progressiva (1os. Anos de vida) → acúmulo de gangliosídeos (GM2) em tecido cerebral •paralisia (perda das at. Motoras) •cegueira •mancha mácular vermelho-cereja no olho •morte na primeira infância ~ 10 meses Paciente com cerca de 4 anos 18 meses MUCOPOLISSACARIDOSE Armazenamento lisossômico de mucopolissacarídeos → depositados e armazenados em diversos tecidos → hepatoesplênico, nervoso, ósseo, cartilaginoso, glandular, cardiovascular, oftalmológico Mucopolissacarídeos ou Glicosaminoglicanas: cadeias de polissacarídeos sintetizadas por células do tecido conjuntivo unidades repetidas de dissacarídeos degradação por enzimas específicas (lisossomos) remoção em etapas de monossacarídeos na extremidade da cadeia Defeito enzimático: deficiência de enzimas específicas → degradação parcial e acúmulo nos lisossomos → detectados no urina (dermatan,heparan e ceratan sulfatos) http://www.genzyme.com.br/thera/az/br_pdf_mps_mono.pdf MUCOPOLISSACARIDOSES Característica fisiopatológica: presença de vacuolização citoplasmática → lisossomos → incapacitação de digestão → espessamento de todos os tecidos comprometidos -espessamento da córnea → opacificação -espessamento cartilaginoso → limitação articular -espessamento cel. Miocárdio → hipertrofia -comprometimento intelectual e auditivo -hepatoesplenomegalia (AR) (XR) (AR) S. HURLER •Fácies grosseira •baixa estatura c/deformidades esqueléticas •cifose-escoliose •hipoacusia progressiva •hipertricose •cabelos e sombrancelhas grossas e espessas •macroglossia •hipertrofia dos lábios •comprometimento intelectual progressivo •Tratamento: transplante de medula óssea S. HUNTER •Infecções respiratórias •hérnia inguinal e umbilical •facies grotesca •baixa estatura •limitação articular •hepatoesplenomegalia •surdez moderada •comprometimento intelectual moderado DISTÚRBIO DO COLESTEROL HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR DISTÚBIO DO COLESTEROL HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAL-AD Níveis elevados do Colesterol plasmático → transportado pela LDL Incidência: 1:500 (heterozigoto) Homozigoto: 1: 1milhão Mutação no gene estrutural que codifica o receptor da LDL (redução de receptor) proteína da superfície celular → ligação da LDL e transferência para o interior da célula DISTÚBIO DO COLESTEROL HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAL-AD Heterozigotos: colesterol sangue → risco de doença coronária - depósitos nas paredes das artérias (ateromas) - depósitos na pele e tendões (xantomas) xantomas ateroma Homozigotos: níveis mais elevados de colesterol no sangue → doenças coronárias na primeira infância - a maioria tem infartos antes dos 20 anos, - poucos sobrevivem além dos 30 anos de idade http://www.nutricaoemfoco.com/2008/06/12/os-riscos-do-colesterol/ http://drfloresrivera.com/2007/11/08/fisiopatologia-molecular-de-la-colestasis/ VIA METABÓLICA DO COLESTEROL +400 mutações diferentes no gene do receptor de LDL Colesterol transportado como complexo LDL/colesterol → entra na célula por meio de receptores → endocitose → vesículas tranportadas p/ lisossomos → colesterol separado da proteína → liberado na célula METABOLISMO DAS PURINAS •Síndrome de Lesch-Nyhan METABOLISMO DAS PURINAS Síndrome de Lesch-Nyhan (XR): defeito no metabolismo das purinas superprodução de purina excesso de ácido úrico Defeito enzimático: deficiência da enzima Hipoxantina Fosforibosil-Transferase (HPRT) regulação na síntese de purinas converte Guanina e Hipoxantina respectivos nucleotídeos QUADRO CLÍNICO ácido úrico no sangue Gota e cálculo renal cristais de urato nas articulações, cartilagem e ouvido externo paralisia cerebral - RM auto-agressão e automutilação Tratamento: Alopurinol http://www.webst.it/lesch-nyhan/lesch.htm http://www.webst.it/lesch-nyhan/ortodoc.htm TRATAMENTO DIETÉTICO TRATAMENTO DIETÉTICO DOS EIM Os EIM são doenças crônicas em geral tratadas por modificação da dieta: -alteração do estilo de vida -custo financeiro elevado -distúrbios emocionais Manipulação da dieta ou dieta especial (alimento mendicamentoso) -restrição de substratos tóxicos (carboidratos, gorduras e aminoácidos) -substituir cofatores deficientes (vitaminas) -uso de vias alternativas p/ eliminar substâncias tóxicas FARMACOGENÉTICA Investigação do efeito do genótipo do indivíduo sobre os mecanismos de ação de um composto farmacologicamente ativo ação de enzimas que metabolizam drogas Clinicamente, a questão é: Como a constituição genética de um paciente determina se uma droga terá ou não um certo efeito farmacológico? Exemplo: Deficiência de pseudocolinesterase variantes genéticas incapazes de hidrolisar ou com hidrólise lenta da succinilcolina (anestésico) paralisia muscular e apnéia FARMACOGENÔMICA Monitoramento dos efeitos in vivo de compostos farmacologicamente ativos na expressão genética em diversos tecidos ou órgãos É útil na elucidação de mecanismos de ação dos compostos em termos de sua eficácia e toxicidade Exemplo: animais experimentais tratados com o composto investigado extração do RNA de diversos tecidos estudo da expressão gênica antes e após o tratamento, pelos chips de DNA Objetivo: construir bancos de dados com informações da ação dos compostos farmacologicamente ativos sobre a expressão gênica