1 Sheila Evangelista de Matos Mortalidade por Esclerose Lateral Amiotrófica no município de São Paulo de 2002 a 2006 Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Especialista em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. São Paulo 2008 Sheila Evangelista de Matos 2 Mortalidade por Esclerose Lateral Amiotrófica no município de São Paulo de 2002 a 2006 Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Especialista em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. Orientadora: Drª Mônica Tilli Reis Pessoa Conde Co-orientadora: Ms. Francis Meire Fávero Ortensi São Paulo 2008 3 Matos, Sheila Evangelista. Mortalidade por Esclerose Lateral Amiotrófica no município de São Paulo de 2002 a 2006. /Sheila Evangelista de Matos. São Paulo, 2007. XIII, 51f. Monografia (Especialização – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina). Programa de Pós-graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. Título em inglês: Mortality of Amiotrophic Lateral Sclerosis in São Paulo city from 2002 to 2006. 1. Mortality. 2. Amyotrophic Lateral Sclerosis. 3. Descriptive Study. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA 4 Chefe do Departamento: Profª. Drª. Débora Amado Scerni. Coordenadores do Curso de Especialização em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares: Prof. Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira e Profª. Ms. Francis Meire Fávero Ortensi. Sheila Evangelista de Matos Mortalidade por Esclerose Lateral Amiotrófica no município de São Paulo de 2002 a 2006 5 BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira 6 “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em ciência, aumenta em trabalho”. Eclesiastes 1:18 DEDICATÓRIA Ao Deus Altíssimo Criador de toda a vida, que por amor me incluiu nos seus perfeitos propósitos, permitindo-me chegar até aqui. A Ti Senhor toda a Glória! À minha querida mãe Vera pelo amor incondicional e pelo colo que sempre me fizeram superar os momentos difíceis. Você é o que eu tenho de melhor. Às minhas queridas irmãs Márcia e Patrícia pelo amor e por me proporcionarem o caminho do conhecimento. Sou eternamente grata. Ao meu amado Humberto, pelo apoio, companheirismo, e por sempre me incentivar a ir além e nunca desistir dos nossos sonhos. Eu amo você. 7 AGRADECIMENTOS À minha querida orientadora Drª Mônica Tilli Reis Pessoa Conde, por toda generosidade para comigo e por todo o empenho e dedicação a este trabalho, sendo para mim um exemplo de competência e comprometimento profissional. Eu jamais poderia ter concretizado este trabalho sem sua brilhante participação. À querida amiga e co-orientadora Profª Ms. Francis Meire Fávero Ortensi, por ter me envolvido neste trabalho e acreditado em minha capacidade em realizá-lo. Ao Prof. Dr. Acary de Souza Bulle Oliveira, idealizador deste trabalho e por nos ensinar que o trabalho é válido e prazeroso quando feito com amor e dignidade. Ao Dr. Mauro Taniguchi, a minha gratidão por ter me recebido com toda atenção e permitido a realização deste trabalho no ProAIM/Secretaria Municipal de Saúde, e por suas sugestões. 8 Ao Prof. Ms. Abrahão Augusto Juviniano Quadros, pelas sugestões carinhosas. Aos professores e amigos de classe do setor de Doenças Neuromusculares da Escola Paulista de Medicina, por me ajudarem de diversas formas a crescer como pessoa e profissional. SUMÁRIO Dedicatória.......................................................................................................................... ..VI Agradecimentos.................................................................................................................. .VII Lista de siglas e abreviaturas................................................................................................IX Lista de Figuras......................................................................................................................X Lista de Tabelas....................................................................................................................XI Resumo.............................................................................................................................. .XIII 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... ........................1 Definição da Doença .......................................................................................... ......... 1 Etiopatogenia................................................................................................................ 1 Epidemiologia ............................................................................................................... 3 Aspectos clínicos.......................................................................................................... 5 Diagnóstico................................................................................................................... 6 9 Evolução....................................................................................................................... 6 2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 8 3 MÉTODO........................................................................................................................... 9 4 RESULTADOS ................................................................................................................ 12 5 DISCUSSÃO.....................................................................................................................2 5 6 CONCLUSÕES.................................................................................................................3 4 7 ANEXOS.......................................................................................................................... 35 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 46 ABSTRACT LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AMEP Amiotrofia Espinhal Progressiva AMP Atrofia Muscular Progressiva CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde CID 10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - Décima revisão DNM Doença do Neurônio Motor F Feminino EM Esclerose Múltipla ELA Esclerose Lateral Amiotrófica EUA Estados Unidos da América IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Jd Jardim M Masculino NMI Neurônio Motor Inferior 10 NMS Neurônio Motor Superior PBP Paralisia Bulbar Progressiva Pq Parque PRO-AIM Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade PSP Paralisia Supranuclear Progressiva SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SIM Sistema de Informações de Mortalidade SMS-SP Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo SOD Superóxido desmutase WFN World Federation Of Neurology LISTA DE FIGURAS Figura 1. Representação esquemática do levantamento das certidões de 13 óbitos registradas pelo PRO-AIM com CID 10 G12.2, município de São Paulo, 2002 a 2006. Figura 2. Número de óbitos por ELA por ano de ocorrência, dados do PRO- 13 AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Figura 3. Número de óbitos por ELA segundo o distrito administrativo de 20 residência e ano de ocorrência, registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Figura 4. Número de casos de óbitos por ELA segundo o local de ocorrência 22 do óbito, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Figura 5. Número de óbitos por ELA segundo os principais hospitais de atendimento no município de São Paulo, registrados no PRO-AIM, 23 11 2002 a 2006. LISTA DE TABELAS Tabela 1. Mortalidade por ELA em diferentes países. Tabela 2. Número de óbitos gerais, por afecções neurológicas, por DNM e por 5 12 ELA registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 3. Taxa de mortalidade e taxa ajustada da ELA dos registros do PRO- 14 AIM, município de São Paulo, de 2002 a 2006. Tabela 4. Características sociodemográficas dos óbitos por ELA registrados 15 pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 5. Número e percentual de óbitos por ELA segundo a raça (cor) e ano 16 de ocorrência, registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 6. Características dos óbitos por ELA segundo o sexo, registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. 17 12 Tabela 7. Taxa de mortalidade por ELA segundo sexo e ano de ocorrência, 18 dos óbitos registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 8. Taxas de mortalidade por ELA segundo o sexo e a faixa etária, dos 18 óbitos registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 9. Número e percentual de óbitos por ELA segundo o distrito 21 administrativo de ocorrência do óbito, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2002 a 2006. Tabela 10. Número e percentual de óbitos por ELA segundo o sexo e o país de 24 nascimento, dados de óbitos do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 1a. Número de óbitos por DNM segundo o sexo e causa básica de 40 morte dos registros do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 2a. Número de óbitos por DNM segundo o ano da ocorrência e a faixa 41 etária, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 3a. Número de óbitos por ELA segundo o distrito de residência e ano de 42 ocorrência registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 3b. Número de óbitos por ELA segundo o distrito de residência e ano de 43 ocorrência registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 4a. Número de óbitos por ELA segundo o distrito e ano ocorrência do 44 13 óbito registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Tabela 4b. Número de óbitos por ELA segundo o distrito e ano ocorrência do óbito registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. RESUMO Introdução: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa, progressiva e fatal, de etiologia desconhecida. Nas últimas décadas, estudos vêm sugerindo o aumento da mortalidade por ELA em diversos países, porém no Brasil pouco se tem investigado sobre esse aspecto. Objetivos: Descrever a taxa de mortalidade da ELA por ano no município de São Paulo segundo tempo, pessoa e espaço. Métodos: Estudo descritivo retrospectivo, utilizando dados das certidões de óbitos do Programa de Aprimoramento de Informações de Mortalidade da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, mediante revisão das causas de morte com CID 10 G12.2 (ELA) de 2002 a 2006. Resultados: Dos 326 óbitos estudados, 51,6% dos óbitos eram do sexo feminino, com idade média de 64,1 anos e mediana de 65 anos. A raça branca predominou em relação às demais. A distribuição dos óbitos segundo local de residência não apresentou nenhum padrão definido. As maiores taxas de mortalidade foram encontradas entre as faixas etárias de 60-69 anos e 70-79 anos, sem diferenças entre os sexos, com taxas crescentes por ano de mortalidade por ELA (0,12/100.000 habitantes em 2002 para 0,21/100.000 habitantes em 2006. Conclusão: Os resultados do presente estudo, no município de São Paulo, assemelham-se aos estudos em outros países. Mais estudos precisam ser desenvolvidos no país, visando não só um melhor conhecimento do perfil da doença, assim como a elucidação de fatores associados à doença, visando à orientação, o aprimoramento da assistência e o manejo adequado dos pacientes com ELA. 45 14 Palavras- chave: mortalidade, esclerose lateral amiotrófica, estudo descritivo. 1 INTRODUÇÃO Denomina-se Doença do Neurônio Motor (DNM) o subgrupo de doenças degenerativas e progressivas que acometem a unidade motora, sendo estas: Amiotrofia Espinhal Progressiva, Esclerose Lateral Primária, Paralisia Bulbar Progressiva e a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) (ZANOTELI et al., 2004; CHIAPPETTA, 2005). Os primeiros achados clínicos de uma DMN, como atualmente são conhecidos ocorreram em 1830 por Sir Charles Bell por meio de um relato de caso. Em 1848, François Aran referiu-se a uma nova síndrome marcada por fraqueza muscular progressiva, nomeando-a de Atrofia Muscular Progressiva (AMP). Jofroy e Jean Martin Charcot, em 1868, descreveram as características clínicas e patológicas da ELA, e diferenciaram esta entidade das demais DNM (CHIAPPETTA, 2005; MATIAS-GUIU et al., 2007). A ELA corresponde aproximadamente 80% das DNM, e caracteriza-se pela presença de sinais e sintomas de disfunção do neurônio motor superior e inferior e é comum na vida adulta (SABEL et al., 2003; CHIAPPETTA, 2005) . Definição da Doença A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa, progressiva, que acomete os neurônios motores do córtex motor, do tronco cerebral e da medula espinhal, resultando em fraqueza e atrofia musculares generalizadas, levando à morte (SABEL et al., 2003; OKAMOTO et al., 2005). 15 Etiopatogenia A etiologia da ELA é desconhecida, e suas características clínicas e patológicas descritas atualmente, se assemelham às do século XIX, feitas por Charcot. É evidente que o conhecimento sobre os mecanismos fisiopatológicos da doença tem sido cada vez maior devido às intensas pesquisas realizadas. Contudo, nenhum fator isolado é suficiente para explicar todas as formas da doença (CHIAPPETTA, 2005; SILVA, 2006; WERNECK et al., 2007). Seguem abaixo as formas de apresentação mais comuns da doença: Cerca de 90 a 95% dos casos de ELA correspondem à forma esporádica da doença, isto é, não ocorrem outros casos na família (APPEL et al., 2001). Acredita-se que a ELA esporádica seja de causa multifatorial, e grande parte dos estudos apontam a excitoxicidade pelo glutamato como um dos principais mecanismos de lesão. É sugerido ainda, o envolvimento de fatores neurotróficos, apoptose celular, alterações imunológicas, anormalidades das mitocôndrias, traumas, infecções, fatores ambientais e atividade física (CASTRO-COSTA et al., 1999; APPEL et al., 2001; GUO et al., 2003; SILVA, 2006). A forma familiar da doença equivale a 5 a 10 % dos casos, não se distingue clinicamente da ELA esporádica, cuja causa é de ordem genética com herança autossômica dominante ou recessiva, e geralmente se inicia mais precocemente do que a forma esporádica. Várias mutações genéticas presentes na ELA familiar foram descritas, mas a maioria dirige-se à mutação do gene codificador da proteína cobre/zinco superóxido desmutase (SOD) localizado no cromossomo 21, promovendo estresse oxidativo e morte celular (AGUIRRE et al., 1999; CASTRO-COSTA et al., 1999; TAGAWA et al., 2007). A ELA na região oeste do Pacífico é doença comum na Ilha de Guam. Nesta região a doença é determinada por herança autossômica dominante. Clinicamente é semelhante à forma típica, mas pode associar-se a síndrome extrapiramidal como parkinsonismo, e ou demência como Alzheimer (POORKAJ et al., 2001). Apresenta uma incidência bem peculiar, que para muitos autores é conseqüência do consumo de sementes de cicadácea pela população, podendo ocasionar a excitoxicidade dos neurônios. Outros tipos clínicos menos comuns também são reconhecidos, como a síndrome ELA Plus onde há associações de sinais extrapiramidais e cerebelares, 16 envolvimento do sistema nervoso autônomo, alterações sensitivas, oculares e demência. A ELA juvenil inclui os casos ocorridos na infância, adolescência e no adulto jovem, apresentando clinicamente sinais piramidais, bulbares ou pseudobulbares associados, atrofia muscular e fasciculações, com prognóstico relativamente benigno (GÓMEZ-FERNÁNDEZ et al., 1999; ZANOTELI et al., 2004). Epidemiologia A incidência mundial da ELA gira em torno de 1,0 a 2,5 casos/100.000 habitantes (LOGROSCINO et al., 2005), aumentando para 7,5 casos/100.000 habitantes na população acima dos 80 anos (FORBES et al., 2004). Algumas peculiaridades descritas na literatura despertam interesse quanto à alta incidência verificada, como os casos da ilha de Guam, da península japonesa de Kii e Nova Guiné (POORKAJ et al., 2001; PEREIRA, 2006). A prevalência de ELA no mundo apresenta variações entre 4 a 6/100.000 habitantes (MATIAS-GUIU et al., 2007). No Brasil, o primeiro relato científico a respeito da ELA coube ao Dr. Cypriano de Souza Freitas, em 1909, no Rio de Janeiro, e a partir desse estudo, vários casos da doença foram descritos na literatura, favorecendo portanto o conhecimento da ELA no país (QUADROS, 2006). No entanto, a distribuição da ELA e sua mortalidade na população brasileira são pouco conhecidas devido à escassez de estudos dirigidos à epidemiologia da doença. Há ainda que se ressaltar que 15% dos registros de mortalidade em todo âmbito nacional desconhecem a causa de morte (DIETRICHNETO et al., 2000). Os estudos que descreveram as características epidemiológicas da ELA no Brasil iniciaram-se na década de 80, e se basearam nos registros de óbitos. O estudo de LIMA e colaboradores, em 1983, na cidade do Rio de Janeiro, teve por fundamento os casos de morbidade registrados no Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC/UFRJ), e os casos de mortalidade procedentes do Departamento Estadual de Saúde. Os autores encontraram durante o período de 1965 à 1974 variações da taxa de mortalidade entre 0,3 a 0,9/100.000 habitantes, sendo que os maiores índices observados (0,8 e 0,9/100.000 habitantes) estiveram presentes entre 1971 à 1973, sugerindo aumento nas taxas de mortalidade. Um estudo bem semelhante a este último estimou a incidência e mortalidade de ELA no município de São Paulo a partir das informações da mortalidade ocorridas 17 durante 1991 a 1997, mostrando também elevação da taxa de mortalidade de 2,0/100.000 habitantes para 4,0/1.000.000 habitantes nessa região (MORAES et al., 1998). A literatura mundial deixa claro que nas últimas décadas as taxas de mortalidade por ELA sofreram acréscimos em diferentes países. Nos Estados Unidos, país cuja epidemiologia da doença é bem definida, uma análise retrospectiva de óbitos ocorridos entre 1979 a 2001, mostrou que a taxa de mortalidade por ELA de 1,7 óbitos/100.000 habitantes aumentou para 1,9 óbitos/100.000 habitantes. As razões que justificariam esses achados não foram compreendidas pelos autores, que mencionaram ainda a possibilidade de mudanças nos fatores epidemiológicos (SEJVAR et al., 2005). Na Europa, alguns estudos propuseram o perfil da mortalidade em diferentes países, como o estudo de Mandrioli e colaboradores (2003), que em análise retrospectiva por meio dos registros hospitalares, dos centros de neurologia, da associação italiana de ELA e das certidões de óbitos constataram o aumento da incidência, prevalência e mortalidade nos casos de ELA na província de Modena, norte da Itália, entre 1990 a 1999. Neste estudo as taxas de mortalidade foram maiores entre os homens, afetando principalmente a população acima dos 75 anos. De forma diferente, um estudo realizado na França com cerca de 9.000 ocorrências de mortes por ELA entre 1968 a 1982, apontou maior taxa de mortalidade entre os pacientes com idade inferior a 55 anos, com predomínio do sexo feminino na população atingida precocemente, mas quanto à população geral houve maior taxa de mortalidade entre os homens (DURRLEMAN e ALPEROVICH, 1989). Na Finlândia, o número total de óbitos por ELA foi de 1.000, no período de 1986 a 1995. Tais informações foram extraídas de um sistema de dados implantados em todos os hospitais do país, permitindo observar a elevação da mortalidade por ELA de 1,54/100.000 habitantes em 1986 para 2,27/100.000 habitantes em 1995 em todo o país. Curiosamente, neste estudo, a média geral quanto ao aumento dos casos de morte entre homens e mulheres foi bem semelhante, diferente de outros países que apresentaram diferenças entre os sexos (MAASILTA et al., 2001). OKAMOTO e colaboradores, em 2005, observaram esse aumento citado anteriormente, e investigaram as taxas de mortalidade por ELA no Japão por meio dos registros de óbitos. Os resultados mostraram que houve uma diminuição da taxa ajustada na população de ELA. Porém, nos pacientes acima dos 70 anos a mortalidade 18 aumentou no período de 1995 a 2001. Tais achados segundo os autores pode ser conseqüência do aumento do tempo de sobrevida na população idosa. Tabela 1. Mortalidade por ELA em diferentes países. Autores LIMA et al. (Brasil,1983) DURRLEMAN (França,1989) Taxas de mortalidade (por 100.000 habitantes) 0,3 - 0,9 1,1 - 1,9 (Homens) 0,6 - 1,1 (Mulheres) MORAES et al. (Brasil, 1998) 0,2 – 0,4 MAASILTA et al. (Finlândia, 2001) 1,5 - 2,3 MANDRIOLI et al. (Itália, 2003) 1,3 - 2,2 SEJVAR et al. (EUA, 2005) 1,7 - 1,9 OKAMOTO et al. (Japão, 2005) 1,0 - 1,1 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP A ELA é uma doença que afeta principalmente homens, numa proporção de 2:1. É mais comum em brancos, e a média de idade do surgimento dos primeiros sintomas na população brasileira é de 52 anos (DIETRICH-NETO et al., 2000; OLIVEIRA e GABBAI, 2001). As informações oriundas dos registros médicos, hospitalares, seguros de saúde e declarações de óbitos são comumente empregadas nas investigações de caráter epidemiológico, por tratarem-se de ferramentas importantes para a compreensão de doenças como a ELA e sua distribuição populacional e geográfica, assim como seus fatores de risco (MAASILTA et al., 2001; MANDRIOLI et al., 2003). Aspectos clínicos A ELA caracteriza-se pela presença de desordens neuromusculares marcadas por sinais clínicos assimétricos de lesão do neurônio motor superior (NMS), neurônio motor inferior (NMI) e tronco cerebral. Os sinais clínicos de acometimento do neurônio 19 motor superior caracterizam-se por apresentarem espasticidade, hiperreflexia e sinal de Babinski. Já o acometimento do neurônio motor inferior o quadro clínico é de hipotonia, arreflexia, atrofia muscular, fasciculações e câimbras. Finalmente o envolvimento do neurônio motor do tronco cerebral apresenta como quadro clínico a disfagia e a disartria. As funções sensitivas, autonômicas, esfincterianas e cognitivas permanecem preservadas na ELA (OLIVEIRA e GABBAI, 2001; ZANOTELI et al., 2004). Na maioria dos casos de ELA, os sinais clínicos se manifestam inicialmente nos membros e posteriormente surgem os sinais de disfagia e disartria, mas há casos em que o comprometimento bulbar é visto primariamente e associam-se diretamente ao menor tempo de sobrevida (MILLUL et al., 2005; CZAPLINSKI b et al., 2006). Diagnóstico O diagnóstico da ELA é sobretudo clínico, podendo ser complementado por exames de eletroneuromiografia, neuroimagem e laboratoriais. Os critérios diagnósticos para a ELA conhecido por El Escorial foram definidos pelo consenso da Federação Mundial de Neurologia (World Federation of Neurology), revisados em 1998 (WFN, 1998; TRAYNOR et al., 2000; BROOKS et al., 2000) a saber: ELA clinicamente definida quando há sinais de envolvimento do NMS e NMI em pelo menos três regiões corporais. ELA clinicamente provável quando há envolvimento do NMS e NMI em duas ou mais regiões, e ou sinais de envolvimento do NMS nos níveis cranianos. ELA clinicamente provável com suporte laboratorial quando há envolvimento do NMS e NMI em apenas uma região, mas com achado eletromiográfico de disfunção do NMI em pelo menos duas regiões, confirmados ainda por exames de neuroimagem e laboratoriais para exclusão de outras causas. ELA possível quando há sinais de envolvimento conjunto do NMS e NMI em um membro ou sinais do NMS em dois ou três membros. Evolução A evolução da ELA está vinculada principalmente à fraqueza e atrofia muscular progressiva generalizada, evoluindo com disfagia e disartria pelo envolvimento bulbar, 20 e insuficiência respiratória pela falência da musculatura da ventilação, que propiciam o óbito. A sobrevida média é de 2 a 5 anos após o início dos sintomas, com exceção de alguns casos (POZZA et al., 2006; ANEQUINI et al., 2006). A ELA é uma doença conhecida desde o século XIX, porém os estudos até o momento não são conclusivos sobre este mal. Há controvérsias na literatura, principalmente em relação aos fatores de risco e etiopatogenia da doença. Quanto às taxas de mortalidade nos diferentes países, as variações nos resultados dos estudos podem estar refletindo as diferenças existentes nas diversas populações do mundo, envolvimento de fatores genéticos, ambientais e nos métodos utilizados. No Brasil, poucos estudos têm abordado a questão. O perfil da ELA é pouco conhecido no país, bem como o a magnitude da doença e seu impacto na população brasileira incluindo as taxas de mortalidade. Todas essas lacunas do conhecimento justificam o presente estudo. 21 2 OBJETIVOS Objetivo primário Descrever o perfil e a mortalidade por ELA no município de São Paulo no período de 2002 a 2006. Objetivos secundários a) Estimar a magnitude da mortalidade da ELA dentro do capítulo das Doenças do Neurônio Motor e das doenças neurológicas. b) Descrever os óbitos por ELA segundo caracteres epidemiológicos relativos ao tempo, pessoa e espaço. c) Calcular as taxas de mortalidade específica da ELA por ano de ocorrência segundo sexo e faixa etária. 22 3 MÉTODO Tipo de estudo Estudo descritivo retrospectivo. Área de estudo e População O estudo ocorreu no município de São Paulo, considerada a maior metrópole do Brasil, com uma população de 10.834.244 habitantes (SEADE, 2007). A população do estudo correspondeu aos pacientes falecidos por ELA, cujos óbitos foram registrados no Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (PRO-AIM) da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP). Período de Estudo Foram utilizados os dados das declarações de óbitos ocorridos durante período de 2002 a 2006, uma vez que as declarações desse período estavam disponíveis e arquivadas no PRO-AIM para consulta. Critérios de inclusão dos casos Foram incluídos todos os óbitos ocorridos no município de São Paulo que apresentaram segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde em sua décima revisão (CID 10) o código G12.2 como causa básica de morte no atestado de óbito. Além do CID, os registros deveriam conter a Esclerose Lateral Amiotrófica como causa básica de morte. Critérios de exclusão dos casos Foram excluídos os óbitos registrados com o código G12.2 (CID 10), mas que indicaram como causa básica os diagnósticos de Esclerose Lateral Primária, Amiotrofia Espinhal Progressiva, Paralisia Bulbar Progressiva que também correspondem ao conjunto das DNM, assim como outras causas neurológica ou ainda de qualquer outro sistema. 23 Variáveis de estudo As variáveis de interesse para este estudo foram relativas ao tempo (ano de ocorrência do óbito); à pessoa (idade, sexo, raça, estado civil, ocupação e escolaridade); ao espaço (distrito administrativo de ocorrência e residência do óbito, estabelecimento de saúde de ocorrência do óbito, naturalidade). Fonte de dados A fonte de dados foi o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), que na cidade de São Paulo é gerenciado pelo Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (PRO-AIM), a partir das informações da Declaração de Óbito. Estas declarações são coletadas junto ao Serviço Funerário Municipal que detém o monopólio dos enterramentos no âmbito do município. Procedimentos de coleta de dados Todos os registros de óbitos com o código G12.2 (CID 10) foram selecionados e revisados. Após esse procedimento, foram incluídos os registros que cumpriram os critérios de inclusão do trabalho desde que observados também os critérios de exclusão. Organização e manejo do banco de dados Os registros dos óbitos são armazenados de forma eletrônica pelo PRO-AIM. Após a coleta de dados este banco foi revisado e foram eliminadas duplicidades e registros de pacientes que não cumpriram os critérios de caso de ELA. Em seguida, os arquivos foram convertidos para o software SPSS versão 15® (LEAD Technologies, Inc.), para realização da análise descritiva. Análise dos dados A análise descritiva foi apresentada pela sua distribuição percentual por categoria ou se variável contínua pelo cálculo de média e mediana. As comparações das variáveis contínuas com distribuição normal foram realizadas por meio do teste t de Student ou análise de variâncias, e para aquelas sem distribuição normais, utilizou-se os testes de Mann-Whitney ou Kruskall-Wallis. 24 As variáveis categóricas foram analisadas pelos testes do qui-quadrado e exato de Fisher. Considerações éticas da pesquisa Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo e Comitê de Ética da Secretaria Municipal de Saúde do município de São Paulo e atende as recomendações da Resolução no 196 de 10/10/96, do Conselho Nacional de Saúde para Pesquisa Científica em Seres Humanos. O estudo foi fundamentado em análise de dados obtidos das declarações de óbitos por Esclerose Lateral Amiotrófica no município de São Paulo, registrados no programa SIM da Secretaria Municipal de Saúde, gerenciados pelo PRO-AIM. Nenhuma informação que permita identificar as pessoas incluídas no estudo foi divulgada, de forma a garantir a privacidade e a confidencialidade das informações e o anonimato dos sujeitos da pesquisa, utilizando-se os dados exclusivamente para os propósitos da pesquisa (Anexos 1 e 2). 25 4 RESULTADOS De acordo com o PRO-AIM foram registrados no município de São Paulo um total de 319.729 óbitos entre todas as causas de morte ocorridas no período de 2002 a 2006, sendo que 2,2% desse total foram de afecções neurológicas. Em relação aos óbitos por ELA, esses corresponderam a 4,2% dos óbitos em relação a todas as afecções neurológicas, e 79,6% em relação a todas as doenças do neurônio motor (Tabela 2). Tabela 2. Número de óbitos gerais, por afecções neurológicas, por DNM e por ELA registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Ano do óbito Total de óbitos 2002 64277 2003 64909 2004 65334 2005 62009 2006 63200 Total 319729 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Número de óbitos por afecções do cap. VI Número de óbitos por DNM 1165 1172 1364 1490 1763 6954 54 69 77 75 92 367 Número de óbitos por ELA % Óbitos de ELA em relação a todas as afecções neurológicas % Óbitos de ELA em relação às DNM 47 60 56 69 84 326 3,7 4,4 4,3 4,2 4,4 4,2 79,6 73,9 75,3 84,0 83,7 79,6 Foram registradas 367 declarações de óbitos relacionadas à DNM durante o período do estudo, sendo que 177/367 (48,2%) eram do sexo masculino e 190/367 (51,8%) eram do sexo feminino (Anexo 3). Verificou-se que os maiores números de óbitos por DNM segundo a faixa etária, ocorreram entre 70 a 79 anos (106 óbitos), 60 a 69 anos (104 óbitos) e 50 a 59 anos (70 óbitos) (Anexo 4). As declarações de óbitos com o CID 10 G12.2 como causa básica de morte totalizaram 348 casos de 2002 a 2006. Mediante a revisão dessas declarações e observando-se os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 326 (93,6%) casos de ELA. No que concernem as ocorrências excluídas, verificou-se que 9/348 (2,7%) casos de morte ocorreram por paralisia supranuclear progressiva (PSP), 9/348 (2,7%) por amiotrofia espinhal progressiva (AMEP), 2/348 (0,6%) por atrofia muscular progressiva (AMP), 1/348 (0,2%) por paralisia bulbar progressiva (PBP) e 1/348 (0,2%) por esclerose múltipla (EM), (Figura 1). 26 Figura 1. Representação esquemática do levantamento das certidões de óbitos registradas pelo PRO-AIM com CID 10 G12.2, município de São Paulo, 2002 a 2006. 348 óbitos CID 10 G12.2 Incluídos 326 (93,6%) ELA 9 (2,7%) PSP Excluídos 22 (6,4%) 9 (2,7%) AMEP 2 (0,6%) AMP 1 (0,2%) PBP 1 (0,2%) EM Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 4.1 Óbitos de ELA segundo a distribuição temporal O número de óbitos de 2002 a 2006 foi respectivamente: 47 (14,4%) casos, 60 (18,4%) casos, 66 (20,2%) casos, 69 (21,2%) casos e 84 (25,8%) casos (Figura 2), totalizando 326 casos em todo o período. Nota-se um aumento absoluto do número de óbitos a cada ano dentro do período estudado. Figura 2. Número de óbitos por ELA por ano de ocorrência, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. 90 80 No. de óbitos 70 60 50 40 30 20 10 0 2002 2003 2004 2005 2006 Ano Fonte: PRO-AIM – SMS/SP. Ao analisar-se o período do estudo como um todo, observou-se também um aumento da taxa de mortalidade (0,12/100.000 habitantes em 2002 para 0,20/100.000 27 habitantes em 2006), assim como das taxas ajustadas para a idade (0,12/100.000 habitantes em 2002 para 0,21/100.000 habitantes em 2006) referente aos óbitos por ELA, notando-se pequenas variações entre os coeficientes de mortalidade nesse mesmo período (Tabela 3). Tabela 3. Taxa de mortalidade e taxa ajustada da ELA dos registros do PRO-AIM, município de São Paulo, de 2002 a 2006. Ano N° de óbitos por ELA 2002 47 2003 60 2004 66 2005 69 2006 84 Total 326 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP População Taxa de mortalidade* 0,12 0,16 0,17 0,17 0,20 - 38177742 38709339 39239362 40442820 41055761 - Taxa ajustada para a idade* 0,12 0,15 0,17 0,18 0,21 - População: IBGE Nota: *Taxa de Mortalidade por 100.000 habitantes 4.2 Óbitos de ELA segundo a pessoa Principais aspectos sociodemográficos da população do estudo Dos 326 casos incluídos nesse estudo, 168/326 (51,6%) eram do sexo feminino e 158/326 (48,4%) eram do sexo masculino. A idade média encontrada na população estudada foi de 64,1 anos (mínima de 25 anos e máxima de 89 anos) e mediana de 65 anos (Tabela 4). Quanto à raça notou-se que 258/326 (79,1%) dos pacientes que foram a óbito eram brancos e 31/326 (9,5%) pardos (Tabela 4). Analisando o estado civil verificou-se que a maior proporção era de indivíduos casados com 193/326 (59,2%) dos casos. Em relação à escolaridade 89/326 (27,3%) dos indivíduos tinham de 4 a 7 anos de estudo, e 65/326 (20%) tinham de 0 a 3 anos de estudo formal (Tabela 4). Em relação ao aspecto ocupação observou-se que 56/326 (17,1%) eram domésticas/donas de casa e beneficiários/pensionistas (Tabela 4). 54/326 (16,5%) dos casos eram de 28 Tabela 4. Características sociodemográficas dos óbitos por ELA, registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Características Total N Sexo Feminino Masculino Total Idade Média Mediana Mínima - máxima 168 158 326 % 51,5 48,5 100,0 64,1 65,0 25 – 89 Raça Brancos Negros Amarelos Pardos Ignorados Total 258 12 5 31 20 326 79,1 3,6 1,5 9,5 6,1 100,0 Estado civil Solteiros Casados Viúvos Separados/outros Ignorados Total 37 193 63 24 9 326 11,3 59,2 19,3 7,3 10,2 100,0 Escolaridade (anos de estudo formal) De 0 a 3 De 4 a 7 De 8 a 11 De 12 a mais Ignorado Total 65 89 55 58 59 326 20,0 27,3 16,9 17,8 18,1 100,0 56 54 7 9 8 6 186 326 17,1 16,5 2,1 2,7 2,4 1,8 57,0 100,0 Ocupação Doméstica/dona de casa Beneficiário/pensionista Educador/professor Comércio/vendas Funcionário público Motorista Outras Total Fonte: PRO-AIM-SMS/SP Óbitos de ELA segundo a raça e o ano de ocorrência Observando-se os óbitos segundo a raça (cor) e por ano de ocorrência, notou-se aumento sucessivo dos óbitos entre os brancos, de 38/258 (14,7%) casos em 2002 29 para 65/258 (25,1%) casos em 2006. Porém, analisando-se a população parda verificou-se maior número de mortes exclusivamente em 2003 com 9/31 (29,0%) casos, com diminuição no ano seguinte para 3/31 (9,6%), finalizando o período do estudo com 7/31 (22,5%) casos (Tabela 5). Tabela 5. Número e percentual de óbitos por ELA segundo a raça (cor) e ano de ocorrência, registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Raça/cor 2002 2003 Ano do óbito 2004 Total 2005 2006 N % N % N % N % N % N % Branca 38 14,7 44 17 54 20,9 57 22,0 65 25,1 258 100 Negra 2 16,6 2 16,6 2 16,6 3 25,1 3 25,1 12 100 Amarela 0 0 0 0 2 40 1 20 2 40 5 100 Parda 6 19,4 9 29 3 9,6 6 19,4 7 22,6 31 100 Ignorado 1 5 5 25 4 20 3 15 7 35 20 100 Total 47 14,4 60 18,4 65 20,0 70 21,5 84 25,7 326 100 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Taxas de mortalidade de ELA segundo o sexo e o ano de ocorrência Comparando-se o sexo masculino ao feminino por ano de ocorrência do óbito, observou-se um aumento absoluto do número de mortes no período de 2002 à 2006, respectivamente para o sexo feminino de 25/168 (14,8%) para 45/168 (26,7%), e para sexo masculino de 22/158 (13,9%) para 39/158 (24,6%). Porém, não houve diferença estatisticamente significante entre sexo masculino e feminino por ano de ocorrência (p>0,05), (Tabela 6). A raça branca predominou tanto no total dos casos 258/326 (79,1%) quanto isoladamente entre os sexos com 133/168 (79,2%) mulheres e 125/158 (79,1%) homens, porém não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) entre os sexos segundo a raça (Tabela 6). Quanto ao estado civil, comparando-se por sexo, houve diferença estatisticamente significante com maior proporção de homens casados 114/158 (72,1%) (p<0,05), (Tabela 6). A idade média dos óbitos entre homens foi de 63,2 anos e para as mulheres 64,9 anos, e em relação à faixa etária entre os homens e mulheres, notou-se maior proporção de óbitos para os homens na idade de 70 a 79 anos 52/158(32,9%) e para 30 as mulheres de 60 a 69 anos com 58/168 (34,6%). No entanto, não houve diferença estatisticamente significante entre os sexos quanto à faixa etária (p>0,05), (Tabela 6). Tabela 6. Características dos óbitos por ELA segundo o sexo, registrados no PROAIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Característica Ano do óbito 2002 2003 2004 2005 2006 Total Raça/cor Branca Negra Amarela Parda Ignorado Total Estado Civil Solteiros Casados Viúvos Separados/outros Ignorados Total Faixa etária De 20 a 29 De 30 a 39 De 40 a 49 De 50 a 59 De 60 a 69 De 70 a 79 80 e mais Total Sexo Masculino N % Sexo Feminino N % Valor de p Total N % a >0,05 22 33 32 32 39 158 13,9 20,8 20,2 20,5 24,6 100,0 25 27 34 37 45 168 14,8 16,0 20,2 22,0 26,7 100,0 47 60 66 69 84 326 14,4 18,4 20,2 21,1 25,7 100,0 b >0,05 125 6 3 16 8 158 79,1 3,8 1,9 10,1 5,1 100,0 133 6 2 15 12 168 79,2 3,6 1,2 8,9 7,1 100,0 258 12 5 31 20 326 79,1 3,7 1,5 9,6 6,1 100,0 b <0,05 12 114 17 10 5 158 7,6 72,1 10,8 6,3 3,2 100,0 25 79 46 13 5 168 14,9 47,2 27,4 7,7 2,9 100,0 37 193 63 23 9 326 11,4 59,3 19,4 7,1 2,8 100,0 >0,05 1 7 15 35 40 52 8 158 0,6 4,4 9,5 22,2 25,3 32,9 5,1 100,0 0 2 13 35 58 48 12 168 0 1,2 7,7 20,8 34,6 28,6 7,1 100,0 1 9 28 70 98 100 20 326 b 0,3 2,8 8,6 21,5 30,1 30,6 6,1 100,0 Fonte: PRO-AIM - SMS/SP a Notas: Teste do qui-quadrado b Teste exato de Fisher As taxas de mortalidade entre homens (0,12/100.000 habitantes em 2002 para 0,19/100.000 habitantes em 2006) comparando-se com as das mulheres (0,13/100.000 habitantes em 2002 para 0,21/100.000 habitantes em 2006) mostram-se semelhantes durante o período do estudo, com exceção do ano de 2003, em que a taxa apresentouse maior para o sexo feminino (0,17/100.000 habitantes) em comparação ao masculino 31 (0,14/100.000 por habitantes). Notou-se também uma tendência ao aumento das taxas em ambos os sexos de 2002 a 2006 (Tabela 7). Tabela 7. Taxas de mortalidade por ELA segundo sexo e ano de ocorrência, dos óbitos registrados no PRO-AIM , município de São Paulo, 2002 a 2006. Ano Sexo Óbitos Taxa de mortalidade * 2002 Feminino Masculino 25 22 0,13 0,12 2003 Feminino Masculino 27 33 0,14 0,17 2004 Feminino Masculino 34 32 0,17 0,17 2005 Feminino Masculino 37 32 0,18 0,16 Feminino Masculino Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 45 39 0,21 0,19 2006 Notas: População IBGE *Taxa de Mortalidade por 100.000 habitantes Quando se analisou a taxa de mortalidade entre os indivíduos por faixa etária, notou-se taxas maiores na faixa etária de 70 a 79 anos com tendência a aumento de 2002 para 2006. No entanto, observaram-se menores taxas de mortalidade na população abaixo dos 30 anos. Na população acima dos 80 anos, notaram-se taxas de mortalidade muito próximas nos anos de 2002, 2005 e 2006 (Tabela 8). Tabela 8. Taxas de mortalidade por ELA segundo o sexo e a faixa etária, dos óbitos registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. 2002 Taxa de Mortalidade 2003 2004 2005 2006 Faixa etária Sexo M Sexo F Sexo M Sexo F Sexo M Sexo F Sexo M Sexo F Sexo M Sexo F De 20 a 29 De 30 a 39 De 40 a 49 De 50 a 59 De 60 a 69 De 70 a 79 0,00 0,03 0,13 0,34 1,01 0,87 0,00 0,03 0,12 0,19 0,86 0,81 0,00 0,10 0,17 0,41 0,78 2,57 0,00 0,03 0,16 0,50 0,85 0,80 0,00 0,03 0,00 0,60 0,77 2,54 0,00 0,00 0,04 0,49 1,39 0,95 0,03 0,03 0,24 0,45 0,53 2,26 0,00 0,00 0,11 0,30 1,09 2,31 0,00 0,03 0,08 0,51 1,26 2,64 0,00 0,00 0,07 0,65 1,16 2,58 80 e mais 0,00 1,62 0,68 0,00 1,34 1,58 1,31 0,77 1,93 0,76 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Nota: *Taxa de Mortalidade por 100.000 habitantes 32 4.3 Óbitos de ELA segundo o local de residência e ocorrência do óbito O presente estudo considerou os óbitos por ELA de residentes e não residentes no município de São Paulo. Dos 326 óbitos ocorridos no município de São Paulo, verificou-se que 292/326 (89,5%) indivíduos residiam no próprio município, 28/326 (8,5%) residiam em municípios da região da Grande São Paulo, 2/326 (0,6%) residiam em municípios do interior do estado de São Paulo, 1/326 (0,3%) residia no litoral sul do estado São Paulo, 1/326 (0,3%) residia em outro estado e 2/326 (0,6%) apresentavam endereços ignorados. Óbitos de ELA segundo o distrito administrativo de residência no município de São Paulo e o ano de ocorrência Em relação aos 292 óbitos de ELA residentes no município de São Paulo, 43/292 (14,7%) casos ocorreram em 2002, 51/292 (17,5%) em 2003, 57/292 (19,5%) em 2004, 64/292 (22,0%) em 2005, 76/292 (26,0%) em 2006 e 1/292 (0,3%) caso com distrito ignorado. 33 Figura 3. Número de óbitos por ELA segundo o distrito administrativo de residência e ano de ocorrência, registrados no PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. 2002 2003 N= 43 N=51 2004 N= 57 2005 N= 64 Fonte: PRO-AIM - SMS/SP 2006 N=76 34 A distribuição dos óbitos por distrito administrativo de residência do município de São Paulo está apresentada na Figura 3 para os anos de 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006. Analisando-se isoladamente os distritos por ano de ocorrência, notou-se algumas oscilações quanto ao número de óbitos, mas observou-se também que os óbitos ocorreram em todos os distritos do município, com as maiores freqüências nos distritos Parque São Lucas 10/292 (3,4%) e Jardim Paulista 8/292 (2,7%) (Anexo 5). Óbitos de ELA segundo o distrito de ocorrência no município de São Paulo e o ano de ocorrência Avaliando-se os distritos separadamente por ocorrência dos óbitos de ELA constatou-se no período total do estudo um maior número nas localidades de Vila Mariana e Bela Vista com 19/326 (5,8 %) casos, Moema com 15/326 (4,6%) casos, Consolação e Parque do Carmo com 14/326 (4,0%) casos, Vila Clementino e Jardim Paulista com 13/326(4,0%), Liberdade com 10/326 (3,1%) casos (Tabela 9). Os demais distritos do município, isoladamente, revelaram-se com menor freqüência de óbitos (Anexo 6). Tabela 9. Número e percentual de óbitos por ELA segundo o distrito administrativo de ocorrência do óbito, dados do PROAIM, município de São Paulo, de 2002 a 2006. Distritos 2002 N 2003 % Vila Mariana 2 4,2 Bela Vista 1 2,1 Moema 2 4,2 Consolação 2 4,2 Pq. Carmo 3 6,3 Vila Clementino 0 0 Jd. Paulista 1 2,1 Liberdade 2 4,2 Outros 19 40,4 Ignorados 15 31,9 Total 47 100,0 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Notas: Pq=Parque Jd= Jardim 2004 2005 2006 Total N % N % N % N % N 6 3 6 5 4 0 3 2 28 3 60 10,0 5,0 10,0 8,3 6,6 0 5,0 3,3 46,6 5,0 100,0 7 5 4 4 3 0 3 2 32 5 65 10,7 7,6 6,1 6,1 4,6 0 4,6 3,0 49,2 7,6 100,0 3 6 2 3 4 0 5 4 37 6 70 4,2 8,5 2,8 4,2 5,7 0 7,1 5,7 52,8 8,5 100,0 1 4 1 0 0 13 1 0 58 6 84 1,1 4,7 1,1 0 0 15,4 1,1 0 69,0 7,1 100,0 19 19 15 14 14 13 13 10 174 35 326 % 5,8 5,8 4,6 4,3 4,3 4,0 4,0 3,1 53,4 10,7 100,0 35 Figura 4. Número de casos de óbitos por ELA segundo o local de ocorrência do óbito, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. 2002 2003 N= 47 N=60 2004 N=65 2005 2006 N= 70 Fonte: PRO-AIM- SMS/SP N=83 36 Óbitos de ELA segundo o estabelecimento de ocorrência no município de São Paulo Ao realizar-se o levantamento dos estabelecimentos de ocorrência dos óbitos por ELA constatou-se o envolvimento de 85 hospitais do município de São Paulo. Contudo, verificou-se maiores freqüências de casos em cinco grandes hospitais de atendimento de maior complexidade na capital e com localização mais próxima do centro. Tais hospitais foram aqui designados por: estabelecimento A com 26/326 (7,9%) casos, estabelecimento B com 19/326 (5,8%) casos, estabelecimento C com 14/326 (5,2%) casos, estabelecimento D com 11/326 (3,3%) casos, estabelecimento E com 10/326 (3,0%) casos (Figura 5). Figura 5. Número de óbitos por ELA segundo os principais hospitais de atendimento no município de São Paulo, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. A 26 óbitos E 10 óbitos B 19 óbitos Total 85 Hospitais D 11 óbitos C 14 óbitos Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Óbitos de ELA segundo a naturalidade dos pacientes Em relação ao país de nascimento dos pacientes que foram ao óbito, 284/326 (87,1%) haviam nascido no Brasil, 19/326 (5,8%) ignorados, 10/326 (3,1%) haviam nascido em Portugal, 4/326 (1,2%) na Itália, 2/326(0,6%) haviam nascido na Espanha, 2/326 no Japão, e finalmente EUA, Egito, Lituânia, Argentina e Romênia contribuíram com 1/326 (0,3%) caso cada um deles. 37 Com relação aos nascidos no Brasil, 164/284 (57,7%) eram indivíduos naturais do estado de São Paulo. Outros estados com maior número de casos foram: Bahia e Minas Gerais contribuindo cada um deles com 28/284 (9,9%) dos óbitos (Tabela 10). Tabela 10. Número e percentual de óbitos por ELA segundo o sexo e o estado de nascimento, dados de óbitos do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Feminino N % Sexo Masculino N % São Paulo Bahia 84 14 51.2 50.0 80 14 Minas Gerais 18 64.3 Pernambuco 4 Alagoas Estado Total N % 48.8 50.0 164 28 100.0 100.0 10 35.7 28 100.0 33.3 8 66.7 12 100.0 3 42.9 4 57.1 7 100.0 Ceará 3 50.0 3 50.0 6 100.0 Sergipe 2 50.0 2 50.0 4 100.0 Rio de Janeiro 3 75.0 1 25.0 4 100.0 Paraná 1 25.0 3 75.0 4 100.0 Santa Catarina 3 100.0 0 0.0 3 100.0 Para 2 100.0 0 0.0 2 100.0 Piauí 2 100.0 0 0.0 2 100.0 Paraíba 1 50.0 1 50.0 2 100.0 Maranhão 0 0.0 1 100.0 1 100.0 Rio Grande do Norte 0 0.0 1 100.0 1 100.0 Espírito Santo 1 100.0 0 0.0 1 100.0 Mato Grosso 0 0.0 1 100.0 1 100.0 Ignorados 7 50.0 52.1 7 50.0 14 100.0 136 47.9 284 100.0 Total Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 148 38 5 DISCUSSÃO A ELA é uma doença neurodegenerativa, com lesão nos neurônios motores (MATIAS-GUIU et al., 2007), que resulta na perda progressiva da capacidade funcional dos pacientes, com limitações e dependências nas tarefas cotidianas, invariavelmente fatal e com um período de sobrevida médio bastante curto (SEJVAR et al., 2005). Além disso, os pacientes que possuem esta doença têm necessidades especiais para auxílio de locomoção, medicamentos que possam prolongar a vida, bem como de suporte à vida ao longo da evolução da doença, tais como assistência a ventilação e alimentação. As informações sobre a epidemiologia descritiva desta doença são amplas e abrangem praticamente todas as regiões demográficas do mundo, ainda que existam áreas como os Estados Unidos, Japão e Itália onde as características epidemiológicas da doença encontram-se mais definidas (MATIAS-GUIU et al., 2007). Porém, a ausência de conhecimento das causas dessa doença faz com que os estudos epidemiológicos tanto de incidência como de prevalência tornem-se importantes ferramentas para a compreensão dos fatores associados a ELA (MATIAS-GUIU et al., 2007). É válido lembrar que a ELA é de difícil diagnóstico, e outras síndromes neurológicas podem mimetizar a doença tais como: a síndrome pós-pólio e as neuropatias motoras (ZANOTELI et al., 2004), podendo gerar restrições quanto o real conhecimento da prevalência, incidência e mortalidade da doença. No Brasil, poucos estudos têm abordado a questão de mortalidade e incidência da ELA, o que dificulta o conhecimento da magnitude desta doença no país, bem como não nos permite identificar possíveis fatores de risco ligados a ELA em nosso meio. Por esse motivo, estudos de mortalidade podem ser úteis no sentido de levantar hipóteses para estudos de incidência que possam testar possíveis fatores associados a ELA. Óbitos de ELA segundo tempo O presente estudo à semelhança da literatura verificou que a ELA no município de São Paulo é uma doença rara, porém é a de maior prevalência dentre as doenças do neurônio motor, com percentuais bastante semelhantes aos apontados por vários 39 autores (SABEL et al., 2003; ARGYRIOU et al., 2004; FORBES et al., 2004; UCCELLI et al., 2007). Em um estudo desenvolvido no Hospital da Universidade de Fortaleza, nordeste brasileiro, foram encontrados 78 casos de ELA dentre 87 casos de DNM, atingindo um percentual de 89% dos casos (CASTRO-COSTA et al., 2000). As taxas de mortalidade específicas para ELA encontradas nesse estudo também são semelhantes a um estudo anterior desenvolvido neste mesmo município, nos anos de 1991 a 1997, cujo coeficiente de mortalidade por ELA e a taxa ajustada variaram de 0,2 /100.000 habitantes a 0,4/100.000 habitantes (MORAES et al., 1998). No município do Rio de Janeiro, em um estudo publicado em 1983, LIMA e colaboradores verificaram taxas de mortalidade por ELA de 0,3 a 0,9/100.000 habitantes no período de 1965 a 1974 (LIMA et al., 1983). Comparando-se as taxa de mortalidade entre São Paulo e Rio de Janeiro, verificou-se que os coeficientes registrados foram muito próximos, assim como a incidência de ELA no Brasil (0,4/100.000) descrita por DIETRICH-NETO e colaboradores em 1998. Em relação à literatura, vários estudos têm mostrado taxas de mortalidade maiores, mas os fatores determinantes para essa situação têm sido pobremente compreendidos pelos seus autores. É importante considerar que possíveis limitações como a dificuldade no diagnóstico da ELA ou mesmo a possibilidade de erro no diagnóstico da doença podem dissimular a real situação, como relataram Chiò e colaboradores (1992), num estudo em que 25,2% de 488 declarações de óbitos por ELA ocorridos em Piemonte estavam com o diagnóstico incorreto, sendo que os erros mais freqüentes eram diagnósticos de esclerose múltipla e tumores malignos (UCCELLI et al., 2007). Um dado que se observou na presente pesquisa refere-se à tendência do aumento das taxas de mortalidade no decorrer de 2002 a 2006. Embora o período do estudo tenha sido curto, assim como o de MORAES e colaboradores (1998). Esses autores também notaram uma tendência a um aumento da mortalidade sobre o tempo no mesmo município. Em outro estudo de mortalidade, NOONAM e colaboradores (2005), nos EUA, durante o período de 1969 a 1998, observaram um aumento de 50% nas taxas de mortalidade em ambos os sexos e aumento de duas vezes na taxa na faixa etária de maiores ou iguais a 65 anos (CHIÒ, 2005). 40 Cada vez mais prevalece a teoria de que a incidência e a mortalidade por ELA têm aumentado sobre o tempo em vários países, como mostraram os estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos (SEJVAR et al., 2005), Itália (MANDRIOLLI et al., 2001; UCCELLI et al., 2007) e Escócia (FORBES et al., 2007). No entanto, o estudo de OKAMATO e colaboradores (2005) é uma exceção, pois revelou diminuição da taxa de mortalidade ajustada de 0,8/100.000 para 0,7/100.000 no período de 1995 a 2001, embora a taxa de mortalidade por ELA tenha aumentado no Japão. Na Itália, em 2007, UCCELLI e colaboradores comentaram que a alta incidência de ELA recentemente observada indica uma possível susceptibilidade dessa população aos fatores desencadeadores da doença, ainda pouco compreendidos. Segundo Chiò (2005), essas tendências podem ser devidas às diferenças em fatores metodológicos, sociais e sanitários, como um aumento da qualidade dos atestados de óbitos, melhora do diagnóstico da ELA e maior acesso a serviços de saúde e em particular aos serviços de neurologia. Essa questão do aumento das taxas de mortalidade têm sido de grande interesse epidemiológico, visto que o suposto aumento da incidência e da mortalidade da doença pode ser indicativo de mudanças nos fatores epidemiológicos que envolvem a ELA (CHIÒ et al., 2005; SEJVAR et al., 2005). Principais aspectos observados segundo pessoa Os óbitos não apresentaram diferença significante segundo o sexo na população do estudo, contrariamente a boa parte da literatura onde há maior incidência e mortalidade no sexo masculino (MILLUL et al., 2005; OKAMOTO et al., 2005; FORBES et al., 2007). A média de idade da população do estudo (64,1 anos) aproximou-se a idade encontrada nos estudos de ELA em países como: Grécia (ARGYRIOU et al., 2004), Japão (OKAMOTO et al., 2005), Estados Unidos (SEJVAR et al., 2005), Itália (MILLUL et al., 2005) e Escócia (FORBES et al., 2007). As taxas de mortalidade por faixa etária prevaleceram nos indivíduos de 60 a 69 anos e 70-79 anos, o que vai ao encontro com o estudo de DIETRICH-NETO e colaboradores (2000), que encontraram a maior incidência de ELA no Brasil na população com idade entre 65 a 74 anos no ano de 1998. 41 O número de casos de ELA nas faixas etárias mais velhas pode estar aumentando da mesma forma que expectativa de vida. Segundo CHIÒ (2005), com a idade há um aumento exponencial do risco de mortalidade na espécie humana incluindo a mortalidade por doenças neurodegenerativas. Recentemente, algumas publicações apontam a idade como um preditor em relação à sobrevida de pacientes com ELA, e o início dos sintomas registrados na idade jovem tem sido associado a um melhor prognóstico, pois a doença tende a piorar com a idade (MILLUL et al., 2005). CZAPLINSKI e colaboradores (2006b), em um estudo para identificação de fatores associados à progressão da doença em 832 pacientes com diagnóstico de ELA definida e possível, verificaram que pacientes com faixa etária entre 40-70 anos tiveram maior risco de morrer, ou traqueostomia quando comparados àqueles com idade inferior a 40 anos. Esse achado é confirmado por CZAPLINSKI e colaboradores (2006a) em estudo anterior, onde os autores definiram os fatores preditores para o prolongamento da sobrevida numa população de 1034 pacientes de ELA. Em relação à raça, o presente estudo verificou que houve predominância da raça branca dentre os óbitos por ELA. Outros estudos também constataram maiores taxas de incidência e mortalidade para a raça branca (DIETRICH-NETO et al., 2000; SEJVAR et al., 2007). Uma hipótese para explicar o maior envolvimento da raça branca seria a própria composição racial do município, pois a região metropolitana de São Paulo é constituída de 63,2% de indivíduos brancos (SEADE, 2004). Fatores genéticos ligados à raça branca também podem estar influindo nesses achados. CRONIN e colaboradores (2007), em estudo de revisão sobre variações étnicas na incidência da ELA, sugerem que entre os africanos, asiáticos e hispânicos a incidência da ELA pode ser menor do que entre os brancos. Um estudo realizado nos Estados Unidos revelou que a taxa de mortalidade por ELA também foi maior entre os indivíduos brancos, e os autores levantaram a hipótese de que o maior número de casos entre os brancos poderia ser decorrente de um maior número de diagnósticos da doença nessa raça, uma vez que esses teriam mais acesso aos serviços de saúde. Entretanto, a hipótese de que essa seja uma raça especificamente sujeita a fatores de risco ainda desconhecidos não pode ser descartada (SEJVAR et al., 2005). O estado civil é um aspecto pouco abordado nos estudos epidemiológicos dirigidos a ELA, portanto, não existem parâmetros que nos indiquem sua real 42 importância perante aos casos dessa doença. Nesse estudo, os indivíduos casados corresponderam à maioria dos casos, independente do sexo, podendo estar refletindo simplesmente os dados da população em geral do município onde predominam os indivíduos casados (IBGE, 2006). Outro aspecto pouco investigado é a escolaridade, e no presente estudo verificou-se que 47,3% da população do estudo tinham até 7 anos de estudo formal e 16,3% entre 8 e 11 anos de estudo, dado este semelhante ao perfil do município de São Paulo, que em 2000, onde os indivíduos com idade entre 15 a 64 anos tinham uma média de 8,4 anos de estudo formal (SEADE, 2000). A ocupação é um aspecto interessante de se analisar, pois os achados da literatura são controversos em algumas populações, podendo ser considerado um fator de risco em alguns casos, mas não como um fator determinante para a evolução da ELA, visto que nem todos os casos estão relacionados ao trabalho. Tal questão não apresentou, segundo o presente estudo, nenhuma tendência ligada ao trabalho para a população de ELA no município de São Paulo, provavelmente refletiu o perfil dos indivíduos em geral do município com idade média de 64-65 anos com predomínio de donas de casa, pensionistas e beneficiários. Um estudo epidemiológico realizado na Grécia, também averiguou a relação entre a ELA e a ocupação entre 1990 a 2003, mostrando que o comportamento profissional da população de ELA foi bem semelhante ao censo nacional da população trabalhadora, mesmo entre os pacientes submetidos a riscos ocupacionais (ARGYRIOU et al., 2004). Na região de Modena, na Itália, um estudo revelou maior taxa de mortalidade entre trabalhadores agrícolas comparados aos trabalhadores urbanos, e segundo os autores, fatores ambientais como o trabalho árduo e a manipulação de produtos tóxicos podem ser os responsáveis por tal resultado (MANDRIOLLI et al., 2003). Embora o maior número de casos tenha ocorrido entre agricultores, é importante considerar as características relativas ao trabalho da região em questão, pois esse mesmo estudo foi realizado numa localidade marcada por trabalhadores agrícolas (6,2%), podendo favorecer tal resultado. WEISSKOPF e colaboradores (2005), avaliaram a relação entre a mortalidade e a ocupação em 507 óbitos por ELA no período de 1989 a 2002, e os resultados apontaram risco significativo de aumento da mortalidade entre homens com profissão de programadores e técnicos de laboratório, e de mulheres profissionais da área de 43 montagens de máquinas. Porém, segundo os autores os resultados devem ser interpretados com cautela devido ao pequeno número de indivíduos envolvidos na pesquisa. Em relação ao sexo, na presente pesquisa, não se observou diferenças entre homens e mulheres ao longo do período em números absolutos e percentuais de óbitos por ano de ocorrência. As publicações no Brasil fizeram menção ao predomínio de ELA entre os homens até o momento (LIMA et al., 1983; MORAES et al., 1998; DIETRICHNETO et al., 2000; CASTRO-COSTA et al., 2000; WERNECK et al., 2007). O fato de não termos observado este predomínio no sexo masculino pode ser explicado talvez pelo tempo pequeno de estudo, causalidade ou mesmo uma mudança no perfil da mortalidade geral do município de São Paulo, ou mesmo pela menor sobrevida do sexo masculino que ficariam menos sujeitos às doenças neurodegenerativas, visto que a esperança de vida ao nascer dos homens é menor no estado de São Paulo, cerca de 69,1 anos comparada com a das mulheres que é de 77,2 anos (SEADE, 2004). Ainda segundo o sexo, não se observou diferença significante entre homens e mulheres em relação à faixa etária, mas os achados de Sejvar e colaboradores (2005) contradizem esse resultado, pois revelaram maior prevalência entre mulheres idosas num levantamento com mais de 80.000 óbitos associados a ELA nos Estados Unidos entre 1979 a 2001. Os autores comentaram que o crescimento observado entre mulheres idosas não é resultados de algum artefato observado especificamente, mas justificaram que mudanças no comportamento e no estilo de vida feminino podem favorecer a exposição de fatores preditores de doenças nessa população (SEJVAR et al., 2005). A constatação do aumento da mortalidade por ELA entre as mulheres sobre o tempo também foi verificado na França, de 0,6/100.000 habitantes para 1,1/100.000 habitantes respectivamente entre 1968 a 1971, mas as razões responsáveis por tal resultado foram pouco compreendidas segundo os autores (DURRLEMAN e ALPEROVITCH, 1989). 44 Principais aspectos observados segundo o espaço A maioria dos estudos epidemiológicos dirigidos a ELA apropria-se de dados do local de óbito sem considerar o local de nascimento da população, sendo esse um aspecto importante para as investigações dos fatores associados à doença que podem estar presentes nas condições de nascimento (SABEL et al., 2003). Os óbitos entre os residentes do município de São Paulo totalizaram 89,5% dos óbitos na presente pesquisa. Quanto à naturalidade houve predominância de 57,7% da população nascida no estado de São Paulo. O número de óbitos de indivíduos naturais de outras regiões, possivelmente reflete a própria característica migratória do município de São Paulo que apresentou um total de 533.446 migrantes no ano de 2000 (SEADE, 2000). No presente estudo não foram analisados os casos de óbitos por ELA separadamente por país de nascimento ou mesmo por estado de procedência e naturalidade. Alguns autores têm estudado a migração e a incidência e a prevalência da ELA entre o subgrupos étnicos e num estudo em Londres durante dez anos (19791988) concluíram que as taxas de mortalidade ajustadas eram menores entre os asiáticos, africanos e caribenhos em relação aos naturais da Inglaterra (CRONIN et al., 2007). Em outro estudo em Israel as incidências entre afro-asiáticos que haviam imigrado para aquele país tinham taxas de incidência ajustadas menores quando comparados com a população caucasiana nativa (CRONIN et al., 2007). Recentemente, SEJVAR e colaboradores (2005) citaram uma diferença da mortalidade por ELA segundo a distribuição regional nos EUA. Os autores encontraram maiores taxas ajustadas associadas à mortalidade por ELA nos estados do norte dos EUA quando comparadas aos estados do sul. Tais diferenças não foram compreendidas pelos autores que fizeram analogia entre os fatores ambientais, genéticos, a composição racial e o acesso à saúde nesses estados (CHIÒ, 2005). Porém, estes dados devem ser analisados com cuidado, uma vez que a acurácia das certidões de óbitos podem variar em diferentes áreas do mesmo país, como recentemente ficou comprovado na Itália (CHIÒ, 2005). Outros estudos prospectivos realizados na Escócia, Irlanda, e Itália, desenvolvidos na década de 90, entretanto, não mostraram diferenças relevantes entre as taxas de incidência independente da latitude, condições socioeconômicas ou mesmo etnia, diferentemente dos estudos de mortalidade americanos (CHIÒ, 2005). 45 A distribuição territorial da ELA envolveu quase todos os distritos do município de São Paulo em relação ao local de residência do paciente que foi ao óbito, e quanto ao local de ocorrência as maiores concentrações de óbitos relacionaram-se a localização dos principais serviços de saúde do município com capacidade para atendimento de alta complexidade. Portanto, não se encontrou influência direta desses aspectos para os casos de morte na população do município de São Paulo. As características da mortalidade por ELA encontradas nesse estudo, assim como outros estudos realizados no Brasil são pouco compreendidas (LIMA et al., 1983; MORAES et al., 1998; DIETRICH-NETO et al., 2000; CASTRO-COSTA et al., 2000; WERNECK et al., 2007). Deve-se também considerar que tais regiões possuem maiores concentrações de serviços e instituições de atendimento de alta complexidade, além de grande contingente populacional, e, portanto possuem uma característica diversa das demais regiões do Brasil. Os resultados apresentados neste estudo devem ser analisados considerando algumas limitações. Os dados de mortalidade utilizados neste estudo foram do PROAIM que está situado junto ao Serviço Funerário do Município de São Paulo, desde 1990, e que, em nível municipal, no Estado de São Paulo, é responsável pela inserção de dados no Sistema Oficial de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). Em tais dados não há sub-registro de certidões de óbitos, o que fala a favor da validade interna dos nossos dados. Por outro lado, os atestados de óbitos contêm algumas informações incompletas e muitas vezes imprecisas, e uma vez que são dados secundários, as informações não puderam ser aprofundadas, verificadas ou até melhor investigadas. Outro aspecto relacionado à utilização de certidões de óbitos como fonte de dados é que há limitações na investigação dos fatores que influenciam a sobrevida e a mortalidade como: o tipo da ELA, o sítio de início da doença, o tempo de diagnóstico, o critério diagnóstico utilizado, ou mesmo a acurácia do diagnóstico. Vale ressaltar que as taxas de mortalidade também podem sofrer variações devido à melhoria nos serviços de saúde e nos cuidados aos pacientes, bem como o desenvolvimento de técnicas ou critérios mais sensíveis de diagnóstico. Uma questão importante nos dados de mortalidade refere-se às taxas brutas, por darem uma dimensão adequada da freqüência da doença. As taxas de mortalidade, especialmente das doenças que se relacionam com a idade, como a ELA, e que são de baixa prevalência, são influenciadas pelos óbitos devido ao envelhecimento que não é 46 linear, com um incremento nas fases mais avançadas da vida. Os fatores relacionados ao aparecimento da ELA podem estar mascarados pelo aumento da mortalidade geral (MATIAS-GUIU et al., 2007). Ressalte-se que o período de tempo do estudo também foi pequeno e não permite inferir conclusões, pois pode ser simplesmente fruto de uma tendência no momento da análise e que novos estudos devem ser realizados por períodos maiores para confirmar as tendências de aumento nas taxas de mortalidade. Finalmente, identificar exatamente os fatores associados no desenvolvimento de doenças raras como a ELA é uma questão complexa e difícil. Considerando-se que a ELA provavelmente é uma doença multifatorial, recomenda-se que estudos prospectivos de incidência sejam desenvolvidos que visem não só o melhor conhecimento desta doença grave, rara e fatal; assim como a melhor assistência aos pacientes. 47 6 CONCLUSÕES • O perfil e a mortalidade por ELA no município de São Paulo entre 2002 a 2006 foram semelhantes aos descritos na literatura em diferentes países do mundo. • A ELA no município de São Paulo à semelhança da literatura foi a doença do neurônio mais freqüente no período estudado. • A distribuição dos óbitos segundo o tempo mostrou um aumento do número de óbitos, assim como as taxas de mortalidade e das taxas ajustadas para a idade no período de 2002 a 2006. • Não houve diferença significativa entre os sexos nos óbitos por ELA estudados. • As maiores taxas de mortalidade por idade foram encontradas nas faixas de 60-69 anos e de 70-79 anos. • A raça branca foi a que predominou dentre todas as raças entre os óbitos por ELA. • Na distribuição dos óbitos segundo local verificou-se maior número de dos óbitos entre residentes do município de São Paulo, sem relevância quanto à naturalidade da população do estudo e ao local de residência. • Na distribuição dos óbitos segundo o local de ocorrência verificou-se que segue um padrão com maior número de casos em cinco serviços de atendimento de alta complexidade administrativos. no município de São Paulo, e seus respectivos distritos 48 7 ANEXOS Anexo 1 Termo de Compromisso Nós, abaixo assinados, investigadores responsáveis pelo projeto “Mortalidade por Esclerose Lateral Amiotrófica no município de São Paulo de 2002 a 2006” comprometemo-nos a preservar o anonimato dos sujeitos da pesquisa, bem como garantir o sigilo e a confidencialidade no manuseio das informações relativas aos pacientes estudados. Garantimos, por outro lado, que os dados coletados serão utilizados exclusivamente com os propósitos estabelecidos nos objetivos dessa pesquisa. São Paulo, 29 de outubro de 2007. Mônica Tilli Reis Pessoa Conde Orientadora Sheila Evangelista de Matos Aluna 49 Anexo 2 50 51 52 53 Anexo 3 Tabela 1a- Número de óbitos por DNM segundo o sexo e a causa básica de morte dos registros do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Sexo G12.O N % Causa básica de morte G12.2 G12.8 Total N % N % N % Feminino Masculino Total 8 8 16 179 169 348 4,2 4,5 4,4 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 94,2 95,5 94,8 3 0 3 1,6 0,0 0,8 190 177 367 100,0 100,0 100,0 54 Anexo 4 Tabela 2a- Número de óbitos por DNM segundo o ano da ocorrência e a faixa etária, dados do PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Causa básica mortis Faixa etária (em anos) 2002 < 20 De 20 a29 De 30 a 39 De 40 a 49 De 50 a 59 De 60 a 69 De 70 a 79 80 e mais Total 2003 < 20 De 20 a 29 De 30 a 39 De 40 a 49 De 50 a 59 De 60 a 69 De 70 a 79 80 e mais Total 2004 < 20 De 20 a 29 De 30 a 39 De 40 a 49 De 50 a 59 De 60 a 69 De 70 a 79 80 e mais Total 2005 < 20 De 20 a 29 De 30 a 39 De 40 a 49 De 50 a 59 De 60 a 69 De 70 a 79 80 e mais Total 2006 < 20 De 20 a 29 De 30 a 39 De 40 a 49 De 50 a 59 De 60 a 69 De 70 a 79 80 e mais Total N 3 0 1 0 0 0 0 0 4 G12.0 % 100,0 0,0 33,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7,4 N 0,0 0,0 2 6 8 19 10 5 50 G12.2 % 0,0 0,0 66,7 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 92,6 N 0 0 0 0 0 0 0 0 0 G12.8 % 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 N 3 0 3 6 8 19 10 5 54 Total % 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 3 0 0 0 0 0 1 0 4 60,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,6 0,0 5,8 2 0 4 8 14 17 17 2 64 40,0 0,0 100,0 100,0 100,0 100,0 94,4 66,7 92,8 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 33,3 1,4 5 0 4 8 14 17 18 3 69 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 5 0 0 0 0 0 0 0 5 83,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,5 1 0 2 2 17 23 20 6 71 16,7 0,0 100,0 100,0 100,0 95,8 100,0 100,0 92,2 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,2 0,0 0,0 1,3 6 0 2 2 17 24 20 6 77 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 33,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,3 2 1 1 9 12 17 27 4 73 66,7 100,0 100,0 100,0 100,0 94,4 100,0 100,0 97,3 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,6 0,0 0,0 1,3 3 1 1 9 12 18 27 4 75 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1 0 0 0 0 1 0 0 2 33,3 0,0 0,0 0,0 0,0 3,8 0,0 0,0 2,2 2 1 1 5 19 25 31 6 90 66,7 100,0 100,0 100,0 100,0 96,2 100,0 100,0 97,8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3 1 1 5 19 26 31 6 92 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 55 Anexo 5 Tabela 3a- Número de óbitos por ELA segundo o distrito de residência e ano de ocorrência, registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Distritos ÁGUA RASA ALTO DE PINHEIROS ANHANGUERA ARICANDUVA ARTUR ALVIM BARRA FUNDA BELA VISTA BELEM BOM RETIRO BRASILÂNDIA BUTANTÃ VILA NOVA CACHOEIRINHA CAMPO BELO CAMPO GRANDE CAMPO LIMPO CANGAÍBA VILA CARRÃO CASA VERDE CIDADE ADEMAR CIDADE DUTRA CIDADE LÍDER CIDADE TIRADENTES CONSOLAÇÃO CURSINO ERMELINO MATARAZZO FREGUESIA DO Ó GRAJAÚ GUAIANAZES IGUATEMI IPIRANGA ITAIM PAULISTA ITAIM BIBI ITAQUERA JABAQUARA JAÇANÃ JARAGUÁ JARDIM ÂNGELA JARDIM HELENA JARDIM PAULISTA JARDIM SÃO LUIS IGNORADO TOTAL Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 2002 2003 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 2 1 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 3 2 0 1 1 0 1 0 0 17 0 1 0 0 0 2 0 1 1 1 0 0 1 1 1 0 0 0 0 2 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 3 2 0 0 0 1 0 1 3 1 1 29 Ano do óbito 2004 2005 0 0 0 1 2 0 0 0 2 0 1 0 1 1 0 2 0 0 1 1 1 0 0 2 0 1 1 1 0 1 0 1 2 0 1 1 0 1 1 1 0 27 2 0 0 0 0 0 1 1 1 0 2 0 1 2 2 0 0 2 1 0 1 0 2 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 2 0 1 1 0 25 2006 Total 2 2 1 0 0 0 3 0 1 2 0 1 3 1 0 0 0 0 3 2 0 1 0 1 0 1 2 0 0 1 0 2 1 2 0 0 0 0 2 0 1 35 4 3 1 1 2 2 4 2 5 3 3 1 7 5 4 2 1 4 6 6 2 2 3 3 2 3 5 1 1 4 3 6 6 4 1 3 3 2 8 3 2 133 56 Tabela 3b- Número de óbitos por ELA segundo o distrito de residência e ano de ocorrência, registrados pelo PRO-AIM, município de São Paulo, 2002 a 2006. Ano do óbito Distritos JOSÉ BONIFÁCIO LAJEADO LAPA LIBERDADE LIMÃO MANDAQUI MARSILAC MOEMA MOÓCA MORUMBI PARELHEIROS PARI PEDREIRA PENHA PERDIZES PINHEIROS PIRITUBA PONTE RASA RAPOSO TAVARES REPÚBLICA RIO PEQUENO SACOMÃ SANTA CECÍLIA SANTANA SANTO AMARO SÃO DOMINGOS SÃO LUCAS SÃO MATEUS SÃO MIGUEL SAPOPEMBA SAÚDE TATUAPÉ TREMEMBÉ TUCURUVI VILA ANDRADE VILA CURUÇÁ VILA FORMOSA VILA GUILHERME VILA JACUÍ VILA LEOPOLDINA VILA MARIA VILA MARIANA VILA MATILDE VILA MEDEIROS VILA PRUDENTE VILA CURUÇÁ VILA FORMOSA 2002 2003 0 0 0 1 1 0 0 3 0 0 0 1 0 1 2 1 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 1 0 1 1 0 2004 0 2 1 0 0 1 1 1 2 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 2 0 1 0 1 0 2 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2005 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 3 1 0 1 0 2 2 0 0 0 3 0 1 0 3 0 0 2 0 0 2 0 0 1 1 1 2 0 0 1 0 0 2006 0 0 1 1 1 0 0 0 2 1 1 0 1 0 0 0 1 1 0 1 0 3 1 0 2 1 4 0 0 1 1 1 1 0 0 0 2 0 0 0 2 3 3 0 3 0 0 Total 2 2 1 0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 2 0 2 0 1 0 1 0 1 2 0 1 3 2 1 2 1 3 1 0 0 0 2 0 1 0 0 1 1 1 2 0 1 2 4 4 2 3 3 1 6 5 2 1 1 1 3 5 5 5 1 3 1 3 7 3 2 3 5 10 3 3 7 4 4 7 1 2 4 5 1 2 1 3 6 5 1 7 1 1 57 TOTAL 26 22 30 39 42 159 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Anexo 6 Tabela 4a- Número de óbitos por ELA segundo o distrito e ano ocorrência dos óbitos registrados pelo PRO-AIM no município de São Paulo, 2002 a 2006. Ano do óbito Distritos 2002 2003 2004 2005 2006 Total ACLIMACAO 0 0 0 0 1 1 ALTO DE PINHEIROS 1 2 1 0 3 7 BELA VISTA 1 3 5 6 4 19 BELÉM 0 0 1 0 0 1 BELENZINHO 0 0 0 0 1 1 BUTANTÃ 0 0 2 4 0 6 VILA NOVA CACHOEIRINHA 0 0 0 0 1 1 CAMBUCI 0 0 0 3 1 4 CAMPESTRE 0 0 0 0 1 1 CAMPO BELO 0 0 0 2 1 3 CAMPO GRANDE 0 1 1 0 0 2 CAMPO LIMPO 1 0 0 0 0 1 CANGAIBA 0 0 1 0 0 1 CASA VERDE 0 0 0 1 0 1 CENTRO 0 0 0 0 1 1 CERQUEIRA CÉSAR 0 0 0 0 3 3 CONSOLACÃO 2 5 4 3 0 14 CURSINO 0 0 1 1 0 2 ERMELINO MATARAZZO 0 1 2 0 0 3 GRAJAÚ 2 2 1 0 0 5 IPIRANGA 0 0 1 1 2 4 ITAIM PAULISTA 0 3 0 0 1 4 ITAIM BIBI 0 1 1 1 1 4 ITAQUERA 0 0 0 0 6 6 JABAQUARA 2 2 0 0 5 9 JACANÃ 0 0 4 0 0 4 JARDIM PAULISTA 1 3 3 5 1 13 JARDIM SAO LUÍS 0 1 1 0 0 2 LAJEADO 0 0 1 0 0 1 LAPA 1 2 1 1 1 6 LIBERDADE 2 2 2 4 0 10 58 LIMÃO 0 0 0 0 1 1 IGNORADOS 15 4 6 6 6 37 TOTAL 28 32 39 39 41 179 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP Tabela 4b- Número de óbitos por ELA segundo o distrito e ano ocorrência dos óbitos registrados pelo PRO-AIM no município de São Paulo, 2002 a2006. Distritos 2002 Ano do óbito 2004 2005 2003 2006 Total MANDAQUI 0 0 1 0 0 1 MOEMA 2 6 4 2 1 15 MOÓCA 1 1 0 3 1 6 MORUMBI 0 1 1 3 1 6 PARADA DE TAIPAS 0 0 0 0 1 1 PARQUE DAS NACOES 0 0 0 0 2 2 PARQUE DO CARMO 3 4 3 4 0 14 PARQUE NOVO MUNDO 0 0 0 0 1 1 PENHA 0 0 0 0 2 2 PERDIZES 1 0 0 0 0 1 PINHEIROS 0 0 1 1 0 2 PIRITUBA 0 0 1 0 0 1 POMPÉIA 0 0 0 0 1 1 SACOMÃ 1 1 1 1 0 4 SANTA CECÍLIA 1 1 0 2 1 5 SANTANA 0 0 0 1 1 2 SANTO AMARO 0 3 0 3 0 6 SÃO LUCAS 0 1 0 0 0 1 SÃO MATEUS 0 0 1 0 1 2 SÃO MIGUEL 1 1 0 0 0 2 SÃO MIGUEL PAULISTA 0 0 0 0 1 1 SAPOPEMBA 1 0 1 2 1 5 SAÚDE 1 0 0 0 1 2 SÉ 0 1 0 0 0 1 TATUAPÉ 0 0 0 0 2 2 TREMEMBÉ 1 0 1 0 1 3 TUCURUVI 0 1 0 1 0 2 VILA NOVA CACHOEIRINHA 0 0 0 0 1 1 VILA ALPINA 0 0 0 0 3 3 VILA CLEMENTINO 0 0 0 0 13 13 VIL ROMANA 0 0 0 0 1 1 VILA BUARQUE 0 0 0 0 2 2 59 VILA CAMPO GRANDE 0 0 0 0 1 1 VILA CURUÇÁ 0 1 0 0 0 1 VILA FORMOSA 1 0 0 0 0 1 VILA JACUÍ 1 0 0 0 0 1 VILA LEOPOLDINA 0 0 2 0 0 2 VILA MARIA 1 0 2 1 0 4 VILA MARIANA 2 6 7 3 1 19 VILA MATILDE 0 0 0 1 0 1 VILA MONUMENTO 0 0 0 0 1 1 VILA PRUDENTE TOTAL 1 0 0 3 0 4 19 28 26 31 42 146 Fonte: PRO-AIM – SMS/SP 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aguirre T,Matthijs G,Robberecht W,Tilkin P,Cassiman JJ. 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