REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 221 TOMBAMENTO E DESTOMBAMENTO DA CATEDRAL MATRIZ – SÃO SEBASTIÃO- PRESIDENTE PRUDENTE1 SILVA, Robson Ricardo Moreira da2 O presente trabalho monográfico, “Tombamento e Destombamento da Catedral Matriz – São Sebastião de Presidente Prudente”, apresentado como requisito para a obtenção do titulo de Bacharelado em Turismo pela FAPEPE, Faculdade de Presidente Prudente, objetivou apresentar e discutir o tombamento, (através do Decreto nº. 5.512/85 de12 de Abril de 1985 pelo prefeito, na época, Virgílio Tiezzi Júnior, que acatara o requerimento nº. 476/9 de autoria da vereadora Sra. Onaide Cottini Felix), processo este, também norteado pelo CONDEPHAT e o destombamento, (em 18 de outubro de 1993, sancionado pelo então Prefeito Agripino de Oliveira Lima Filho pela Lei Nº. 3.778/93 e apoiado pelo Bispo diocesano, Antônio Augusto Marochi), que além de proporcionar um grande revés na guarda do patrimônio municipal, passou por cima de todos os trâmites burocráticos legais para alcançar seu intento, uma vez que o Laudo do CONDEPHAT, (único meio legal para aprovar o destombamento) e a aprovação pela votação dos vereadores não existem. Também aborda qual o significado e a importância do termo patrimônio para a população do município, Desde os primórdios das formações coletivas a história dos povos é transmitida oralmente de geração a geração. E para transmiti-la, os homens interpretam sinais do passado através de um sem número de objetos que são documentos daquilo que se passou. (MENEZES, 2004, p.49). Procurou-se primeiro o embasamento em livros de autores da área do Patrimônio, e da história de Presidente Prudente, tais como, Haroldo Leitão Camargo, Pedro Paulo Funari, Jaime Pinsky, Boris Fausto, Françoise Choay, Benjamin Resende, Geraldo Soller entre outros, para servir como ponto de partida teórico e buscar elementos em que se pudesse observar a relação do bem patrimonial e a população ao seu entorno. SABER ACADÊMICO - n º 07 - Jun. 2009/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 222 Todo o trabalho se divide em três capítulos, tratando o primeiro sobre o Patrimônio Histórico Cultural, abordando a origem do termo Patrimônio Histórico, na França Revolucionária, de14 de julho de 1789, passando pela vinda da família Real para o Brasil, e trazendo consigo todo o aparato que serviria posteriormente para formar as primeiras bases P. H. C. do país. O acesso aos livros e a uma relativa circulação de idéias foram marcas distintivas do período. Em setembro de 1808, veio a público o primeiro jornal editado da colônia, abriram-se também teatro, bibliotecas, academias literárias e científicas, para atender aos requisitos da Corte e de uma população urbana em rápida expansão. (FAUSTO, 2002, p.125) E finalmente sobre o Estado Novo de Vargas, e sua apropriação do termo como ferramenta de instauração de seu sistema ditatorial, através da identidade nacional. O segundo capítulo apresenta Patrimônio Cultural Sociedade e Turismo, tratando da sistemática da preservação do bem cultural associada á motivação, ligação e identificação que cada localidade tem com seu bem cultural, e a apropriação que o turismo faz com o mesmo. É triste observarmos cidades onde o chamado Turismo histórico exclui a comunidade, que preservou e guardou o bem histórico, do usufruto de sua apreensão e das perspectivas de melhoria da qualidade de vida da comercialização sustentável desse bem patrimonial. (MENEZES, 2004, p. 13). O terceiro capítulo trata do processo de tombamento, os documentos apreciados, laudos, reportagens, enfim todo o processo de Tombamento, com aproximadamente 270 folhas, iniciado em 03 de junho de 1983, e finalmente concluído em 25 de fevereiro de 1984, um amplo e diversificado foro de documentos que constitui ferramenta lícita para a veracidade e legitimidade do ato, consagrando o intento da sociedade no sentido de se tombar este monumento, tendo representada a sua vontade pelo poder público. Aborda também a questão polêmica do destombamento que seguiu uma linha contrária ao processo de tombamento, o destombamento foi um processo simplificado e que passou despercebido pela mídia, que pouco ou quase nada se registrou sobre o ato, deixando fortes indícios de uma manobra política que agiu apenas SABER ACADÊMICO - n º 07 - Jun. 2009/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 223 nos bastidores. Na Lei Nº. 3.778/93 de 20 de outubro de 1993 o então prefeito Agripino de Oliveira Lima Filho revoga o decreto Nº. 5.512/85 que dispõe sobre o tombamento da Catedral de São Sebastião deixando claro, a intenção do prefeito em apenas destombar a matriz e não alterar os demais bens tombados. Ainda nessa nova lei o artigo segundo determina que a revogação de decretos de tombamento de bens históricos dependerá da autorização legislativa após a elaboração de processo instruído pelo Condephaat. O agravante é que na época em que se aprovou a lei do destombamento a diretoria do Condephat encontrava-se desativada, e, portanto, o destombamento aconteceu sem o aval do órgão regulamentador do Patrimônio Cultural municipal e em seu acordo, para só á partir daí o Legislativo aprovar esta lei, pois seria necessário o parecer do órgão citado, mas por estar desativado, não existiu documento para a apreciação e a aprovação da Câmara Municipal.Conclui-se ai que a aprovação se deu sem o parecer, evidenciado pela falta de documentos que comprovem a veracidade do ato. Ainda neste capitulo, fez se necessário, dois tipo de coleta de dados, a primeira, por amostragem, entrevistou quatro áreas distintas de munícipes, sendo o primeiro para jovens estudantes da rede pública de ensino, o segundo para professores também da rede pública, o terceiro para profissionais liberais e o quarto para trabalhadores formais, (os de carteira assinada), onde objetivara registrar e discutir a noção que a população do município tem sobre seu bem cultural, já a segunda entrevista foi voltada para os três grandes envolvida no processo de tombamento e destombamento no passado e dias atuais, ou seja, uma entrevista com o Sr. Virgílio T. Junior, outra com o ex bispo Antônio A. Marochi, (estes dois se recusaram a falar sobre o assunto), e o hoje o historiador do Museu de Presidente Prudente Ronaldo Macedo, o único que se posicionou sobre o assunto, lamentando muito este fato e advertindo a população quando o risco da perda da memória histórica municipal. Buscou assim levantar todo o processo de tombamento da Catedral de São Sebastião que se consistiu em um processo moroso, trabalhoso e complexo, mas o importante, é que foi legítimo, não só pelo tramite judicial e legal, mas acima de tudo, pelo empenho daqueles que paciênciosamente, trabalharam não só na sua elaboração, como também na difícil tarefa de conscientização da população quanto à importância de se preservar a Matriz. . Muito mais que um símbolo religioso, procurou identificar a SABER ACADÊMICO - n º 07 - Jun. 2009/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 224 primeira de todas as intenções, o amor primeiro que nasce pelos símbolos municipais e serve de base para a identificação como Nação. Buscou lançar luz ao esforço, em entender não só a política de tombamento e destombamento que ocorreu neste município, mas a tentativa de olhar para o centro de todas as discussões sobre o P.H.C., não só envolvendo o objeto ou monumento, mas a relação que a comunidade atual possui com a herança de seus antepassados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2003. MENEZES, José Newton Coelho. História e Turismo Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. 1 Síntese do trabalho apresentado como exigência parcial para a conclusão do curso de graduação em Turismo da Faculdade de Presidente Prudente (UNIESP). 2 Graduado em Turismo Pela Faculdade de Presidente Prudente (UNIESP). Discente do curso de especialização em Projetos no SENAC. Síntese de Monografia Recebida em 17 de maio de 2009. Aprovada em 05 de junho de 2009. SABER ACADÊMICO - n º 07 - Jun. 2009/ ISSN 1980-5950